Ares: o deus mais Xenite… ou não.

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Por Cris ‘Barda’ Penoni

 

                -ACORDA, BARDA! –Aquela voz já conhecida berrou no meu ouvido. Pulei de susto. Eu estava dormindo.
-Íris, isso são hora? –Peguei meu relógio. 2:36. Fazia só 10 minutos que eu tinha deitado.
A deusa-mensageira olhou pra mim, com desdém.
-Não fui eu quem mandou você ficar acordada até tão tarde assistindo Cold Case. Bom, de qualquer jeito, você tem uma entrevista agora.
-Agora? Íris, são 2:37. –Conferi o relógio de novo.
-Como se isso significasse alguma coisa no Olimpo. É outro fuso horário, queridinha.
Qualquer coisa que eu dissesse não ia adiantar. Resignada, perguntei:
-Quem é o deus ou deusa da vez?
Íris não me respondeu; me transportou para o Olimpo imediatamente. Sem me dar nem um minuto pra trocar meu pijama de sapinhos por uma roupa apresentável.

            Cris ‘Barda’ Penoni: É uma grande honra ser convocada para entrevistá-lo, Ares. Em nome da Revista Xenite, eu agradeço muito a oportunidade.
Ares,Deus da Guerra: Sintam-se privilegiados. É realmente uma grande honra me entrevistar. Diferente do que o Obama disse sobre o Lula, eu é que sou o cara.
C’B’P: Aham… A guerra sempre esteve presente na História da humanidade. Você esteve envolvido em todas elas?
A,DdG: Não em todas, porque eu não existo desde a época dos Titãs, que foi quando as primeiras guerras existiram. Mas a partir do momento em que a mamã…, digo, Hera… Hera me deu à luz, eu sabia que a guerra era pra mim.
C’B’P: Você não era muito popular entre os gregos, mas os romanos o adoravam. Como você explica isso?
A,DdG: Em primeiro lugar, os espartanos me adoravam, e eles eram gregos. A questão é que os atenienses que mandavam na Grécia. Aqueles pensadores preferiam a Atena, que também é deusa da guerra. Por isso eu não era muito venerado na Grécia. Mas os romanos sabiam escolher direito. E escolhendo certo, dominaram grande parte do mundo conhecido na época. O único problema era aquela história de ficar mudando os nomes…
C’B’P: Então você não gosta do nome “Marte”?
A,DdG: Prefiro Ares. É mais imponente. Não acha? A-RES! Viu?
C’B’P: Vi. Mudando de assunto, qual a sua opinião sobre as séries Xena Warrior Princess e Hercules the Legendary Journeys? 
A,DdG: Eu ficava incomodado com as vezes que Xena derrotava Ares. É claro que nenhum guerreiro (ou guerreira) jamais conseguiu me derrotar. Isso me dava uma raiva do Tártaro: onde já se viu o deus da guerra ser derrotado e enganado tantas vezes por uma mesma pessoa?? Maldição! Lembro de quando assisti Amphipolis Under Siege. Cara, eu fiquei tão irado que joguei a televisão novinha do Hermes pela janela do salão de comunicações do Olimpo. Espatifou feio… Mas ele não reclamou. Até hoje não entendi porquê.
C’B’P: Em Hércules, o personagem Ares foi até transformado em deus do amor. Foi humilhante?
A,DdG: Ô, se foi… Peraí, ninguém humilha o deus da guerra não, falou? Fiquei com uma raiva imensa, explodi uns infelizes que estavam passando perto de mim e tal. Mas ninguém me humilha! Ninguém tem poder pra isso, tá sabendo?
C’B’P: Em Xena, você perdeu a sua imortalidade. Você consegue imaginar como seria sua vida caso isso acontecesse de verdade?
A,DdG: Claro. Eu seria o presidente de algum país bem guerreiro, tipo os Estados Unidos ou a Coréia do Norte. Já me imaginou como ditador? Ia ser massa.
C’B’P: Em todos os seus milênios como deus da guerra, você nunca quis fazer algo diferente?
A,DdG: Não. A guerra é o meu negócio, apesar de eu também gostar de caçar.
C’B’P: Você se considera um cara sentimental?
A,DdG: Quê? Como assim?
C’B’P: É que o Ares, personagem de Xena, algumas vezes se declarou um cara sentimental…
A,DdG: Eu… (constrangido) eu não quero falar sobre isso. 
C’B’P: Então você é sentimental?
A,DdG: CLARO QUE NÃO! 
C’B’P: Então, por que não quer falar sobre isso?
A,DdG: Porque foi humilhante ver na televisão um personagem baseado em mim, se declarando sentimental.
C’B’P: Mas você disse que ninguém tem o poder de te humilhar…
A,DdG: E ninguém tem mesmo!
C’B’P: Só que Hefesto te humilhou, há muitos séculos atrás.
A,DdG: Tá falando de quê?
C’B’P: Da vez que ele apanhou você com a Afrodite. Vocês ficaram presos em uma rede especial que o deus-ferreiro havia feito. Depois até foram colocados em exposição no Olimpo. Não é verdade?
A,DdG: (murmurando) Tá, é verdade. Ele me humilhou.  
C’B’P: Você pode repetir? Eu não consegui entender…
A,DdG: É VERDADE. HEFESTO ME HUMILHOU! HAHA. PODE RIR DA MINHA CARA SE QUISER TAMBÉM! (silêncio) Satisfeita?
C’B’P: Vamos mudar um pouco o rumo da entrevista. Eu vou fazer algumas perguntas rápidas, e você responde a primeira coisa que vier na sua cabeça, certo?
A,DdG: Certo.
C’B’P: Arma favorita?
A,DdG: Espada.
C’B’P: Maior conquista até hoje?
A,DdG: A 2ª guerra mundial.
C’B’P: Um arrependimento?
A,DdG: Não me arrependo de nada.
C’B’P: Uma injustiça?
A,DdG: Existir prêmio Nobel da Paz e não existir o prêmio Nobel da Guerra.
C’B’P: Um sonho?
A,DdG: Ao contrário das Misses, que pedem a “paz mundial”, eu quero é a maior guerra possível!
C’B’P: Para terminar, gostaria de deixar um recado para os leitores da Revista Xenite?
A,DdG: Diferenciem os personagens dos deuses em que eles são baseados. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. E, Barda, da próxima vez que for entrevistar alguém, eu sugiro que use uma armadura e não esse pija…
C’B’P: Droga! A bateria do gravador está acabando… Íris! ÍRIS! Acabou a entrevista por aqui! (Bocejando) Me manda de volta pra casa que eu estou morrendo de sono!

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Entrevista Exclusiva – HERA

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Por Cris “Barda” Penoni

 

            Eu estava terminando meu artigo sobre as musas, queridos xenites, quando uma voz vagamente familiar me chamou. Era a mensageira dos deuses, Ísis…
-É Íris! Íris! –a mensageira me fuzilou com os olhos. –Ísis é aquela deusa egípcia! Meu nome é ÍRIS! 
-Ah, me desculpa. Eu tenho um problema com nomes… E faz pouco tempo que eu li sobre mitologia egípcia. Eu me confundi…
Ainda me olhando de maneira irritada, Íris disse:
-É, barda… parece que sua entrevista com Zeus agradou tanto aos leitores da Revista Xenite quanto a alguns deuses lá do Olimpo. –Íris falou, parecendo incomodada. –Dessa vez eu fui enviada por Hera, que deseja ter a mesma oportunidade que o senhor Zeus.
E, mais uma vez, eu fui transportada até o Monte Olimpo, onde a deusa do casamento e do par…

            Hera, Deusa do Casamento, do Parto, etc.: Antes de tudo, eu tenho que puxar a sua orelha, jovenzinha! Você, que tanto escreve sobre mitologia, tem cometido muitos erros! Primeiro, chamou Íris de “Ísis”. E depois, você falou que eu sou deusa dos partos! Queridinha, a deusa dos partos é a Ártemis… Eu sou deusa da família.
Cris ‘Barda’ Penoni: Ah, mil perdões, poderosa Hera! Não sei onde eu estava com a cabeça… Prometo que esses erros não se repetirão.
Hera, Deusa do Casamento, da FAMÍLIA, etc.: Eu acredito em você, querida. Agora, acho que temos uma entrevista, correto?
C’B’P: Oh, sim, senhora.

RX entrevista: Hera, deusa do Casamento, da Família, etc.

C’B’P: A primeira pergunta é: o que a senhora pensa e sente sobre a humanidade de hoje, que não mais venera os deuses do Olimpo?
H,DdC,dF,e: Sinto-me aborrecida. Nós, deuses do Olimpo, trouxemos conhecimento aos ocidentais. Nós cuidamos deles e velamos por sua sociedade. Quando ficaram crescidinhos, quiseram sair do berço da civilização ocidental, e viraram as costas para aqueles que sempre os sustentaram. Já estou vendo que daqui uns 2 ou 3 milênios, os ocidentais criarão um asilo para os deuses do Olimpo…
C’B’P: Você se considera, então, como uma mãe para os ocidentais?
H,DdC,dF,e: Sem dúvida alguma. Não é como se todos tivessem saído de dentro de mim, mas eu os considero meus filhos.
C’B’P: Seu marido é conhecido, entre outras coisas, por ser um grande pulador de cerca bastante infiel. Como é estar com a cabeça cheia de chifres nessa situação?
H,DdC,dF,e: Ai, isso é bastante complicado para mim. Quero dizer, ele se casou comigo, por que é que não me respeita? Sabe, querida, nenhuma mulher merece passar pelo que eu passo com o ingrato do meu marido. Mas eu tenho meus métodos de me vingar…
C’B’P: Há bastante fama em algumas de suas vinganças sobre os casos extraconjugais de Zeus e os possíveis filhos dele, e por isso, muitas pessoas têm uma imagem negativa da senhora. O que a senhora pode dizer a respeito disso?
H,DdC,dF,e: Bom, eu concordo que peguei pesado em algumas situações. Mas acho que todos entendem meus motivos. Eu sabia que estava sendo traída; não podia ficar de braços cruzados. Ou vocês esperavam que eu fosse aceitar numa boa? Comigo não, violão. (risos) Zeus e todas as vagab… aham… as interesseiras que se envolveram com ele tiveram o que mereciam. 
C’B’P: Mas, a senhora não acha que é injusto se vingar dos filhos de Zeus com outras mulheres? Eles não têm culpa do que aconteceu…
H,DdC,dF,e: Mortais… Até hoje não entenderam a lógica do mundo ocidental. Já ouviu falar em juros? É isso que são minhas vinganças contra os filhos: juros sobre a traição sofrida.
C’B’P: Ah… Claro. Mudando de assunto, o que a senhora pensa sobre as séries Xena – Warrior Princess e Hercules The Legendary Journeys? A forma como a senhora e os outros deuses foram retratados está de acordo?
H,DdC,dF,e: Pelo Olimpo! Aquele Kevin Sorbo é ri-dí-cu-lo. Certo que eu não gosto do Hércules (o verdadeiro), mas o ator que contrataram para interpretá-lo… pelo amor do meu marido! Vou dizer: eu fiquei com pena daquele moleque filho da Alcmena. Até pedi desculpas pela vez em que coloquei serpentes no berço dele… Já sobre a Xena eu não tenho o que falar. Não assisti mais que uns 10 episódios. E não gostei nada daquela história de Crepúsculo dos Deuses. Você viu o que fizeram? Fui colocada ao lado de Hércules, contra o meu marido! Tem algum absurdo maior que esse?
C’B’P: Gostaria de fazer agora uma pergunta que foi sugerida por uma leitora… 
H,DdC,dF,e: Ficaria encantada em responder.
C’B’P: Chapo pergunta: O que você acha da idéia do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo ser proibido em certos países que se dizem ”em desenvolvimento”?
H,DdC,dF,e: Acho isso uma pena. Acho que todos deveriam ter o direito de se casar… Inclusive, eu fico muito feliz que existem pessoas que lutem pelo direito de se casar com alguém do mesmo sexo. Muito melhor do que os anarquistas e as feministas que querem acabar com a sagrada instituição do casamento…
C’B’P: Aham… Já que a senhora tocou nesse assunto… Algumas pessoas consideram o casamento como uma manifestação do patriarcado, que não resulta em nenhum bem às mulheres. O que você tem a falar sobre isso?
H,DdC,dF,e: Querida, eu sou a deusa do casamento. O que você espera que eu diga? Opa, espera um pouco… Você não é uma daquelas meninas da comunidade Neo-Amazonas, que ficam falando absurdos sobre o casamento? Não consigo acreditar que meninas tão inteligentes possam dizer tais absurdos. 
C’B’P: O… o que? Eu… é… Ah, espera um pouco aí! Eu sou a entrevistadora; eu que faço as perguntas aqui! (silêncio) Bom, vamos esquecer essa história de opiniões sobre o casamento. No mês passado, durante a entrevista com seu marido, eu, por acaso, ouvi que Barack Obama poderia ser filho de Zeus. Isso é verdade?
H,DdC,dF,e: Sinceramente, eu não sei. Meu marido me mostrou provas convincentes de que Obama não é filho dele, mas ainda tenho as minhas dúvidas…
C’B’P: Caso Obama seja realmente filho de seu marido, o que a senhora pretende fazer?
H,DdC,dF,e: Acho que… que você não precisa ficar sabendo. “Em briga de marido e mulher, não se mete a colher”.
C’B’P: Ah, me desculpe. Só para finalizar nossa entrevista, que mensagem a senhora gostaria de deixar para os leitores da Revista Xenite? 
H,DdC,dF,e: Meus queridos… Não confundam os absurdos que aquele Tapert inventou com a verdadeira história dos deuses. Quase nada que ele incluiu nos seriados que vocês assistem está correto. E além disso, sempre se lembrem que os deuses velam por todos vocês. Mas não ousem chegar perto do meu Zeus. Ele é só meu. (silêncio) Ah, acho que é isso que eu tenho para falar… (silêncio) ÍRIS! Pode levar a barda embora! A entrevista já terminou!

            Pois é, xenites, mais uma vez a Revista Xenite saiu na frente e conseguiu essa entrevista exclusiva. O que acharam?

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9 irmãs muito talentosas e 2 erros em XWP

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Por Cris ‘Barda’ Penoni

            As Musas estão entre as figuras mitológicas mais aclamadas na cultura ocidental. Muitos artistas se inspiraram no mito das musas, e até mesmo no Xenaverse elas foram citadas (vale deixar claro que as citações xeníticas fogem completamente da mitologia verdadeira).
Conta a mitologia que Zeus e Mnemosine (deusa da memória) tiveram um caso, que teve como resultado o nascimento de 9 deusas de grandes talentos artísticos. Elas foram criadas pelo caçador Croto, e eram comandadas por Apolo. Possuíam o dom de ver o passado, o presente e o futuro, e podiam banir toda tristeza e dor. Suas vozes eram melódicas e agradáveis, e elas comumente cantavam em coro. Não gostavam de ser comparadas com os mortais, chegando até mesmo a punir os que ousassem a se dizer iguais ou superiores a elas na arte da música.
O culto das musas teve sua origem na Trácia (conhecem alguém dessa região?) ou na Pieria, a leste do Monte Olimpo. Ali, conta a mitologia, era um dos locais bastante frequentados pelas musas. Outras partes da Grécia que recebiam a visita constante das nove irmãs eram o Monte Parnaso, em Delfos, e o Monte Hélicon (já ouviram falar?), na Beócia. 

Calíope: Esqueçam do que é dito em A Tale of Two Muses; Calíope é a deusa da poesia épica e da eloquência. É a mais velha, além de ser considerada a líder das musas. Seu nome significa “bela voz”, e seus símbolos são a tabuleta e o buril.  Geralmente, representa-se Calíope como uma jovem de ar majestoso, com uma coroa de ouro. Conta-se que Apolo se apaixonou por ela, e juntos tiveram dois filhos, Himeneu e Iálemo. Com Eagro, seu marido, a musa gerou Orfeu, o cantor da Trácia.

            Clio: Deusa da História. Seu nome significa “a que confere fama”. É representada segurando um rolo de pergaminho ou um cesto com livros. A ela é creditada a introdução do alfabeto fenício na Grécia. Clio é representada como uma jovem coroada de louros, geralmente descansando sobre o globo terrestre, próxima à figura do tempo. Por essa representação, pode-se entender que a História chega a todos os lugares, em todas as épocas.

            Erato: Deusa da poesia erótica; seu nome significa “a que desperta desejo”. É uma jovem ninfa coroada de mirto e rosas. Carrega uma lira e um arco.

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                      Calíope                           Clio                                Erato

           Euterpe: Deusa da música e da poesia lírica. Seu nome significa “a que dá alegria”. Foi a inventora da flauta, assim como de outros instrumentos de sopro. É representada tocando a sua invenção.

            Melpômene: seu nome significa “a cantora”. É a deusa da tragédia. Usa a máscara da tragédia e folhas de videira. Seu aspecto sempre é sério e grave.

            Polímnia: deusa da poesia sacra e dos hinos religiosos; seu nome significa “a de muitos hinos”. Possui uma atitude pensativa, veste-se de branco e usa um véu. Em algumas representações, traz o dedo na boca (não me perguntem por que, eu não achei uma explicação para isso).

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                 Euterpe                      Melpômene             Polímnia

            Talia: Musa da comédia, seu nome significa “a festiva”. Usa a máscara da comédia e carrega ramos de hera. Talia (que pode ser chamada também de Tália) é o oposto de Melpômene.

        Terpsícore: Mais um errinho dos roteiristas de XWP. No episódio Lyre, Lyre, Hearts on Fire, esta musa foi apresentada como a da música. Na verdade, Terpsícore é a deusa da dança. Seu nome significa “a que adora dançar”. Esta musa também regia corais e carregava uma cítara ou lira. Alguns autores a consideram a mãe das sereias.

            Urânia: seu nome significa “celeste”, e é a deusa da astronomia. Seus símbolos eram o globo celeste e o compasso. É representada usando um vestido azul-celeste, coroada de estrelas. Pode estar segurando um globo terrestre ou instrumentos matemáticos de medição.

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            Talia                   Terpsícore              Urânia

            Essas são as 9 musas, Xenites. Espero que agora, quando forem começar algum trabalho artístico, vocês saibam a quem dirigir as suas preces. Agora, se mesmo depois de ter lido, vocês não saibam a quem se dirigir, vale rezar para todas. O que importa é ter a inspiração no momento certo, não é?
Fico por aqui… opa! Parece que não. O Olimpo me convoca para mais uma entrevista… Quem será desta vez?

Referências: http://www.edukbr.com.br/artemanhas/mit_grega.asp (imagens, inclusive)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Musas

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Zeus – Falando sobre trabalho, Natal e família

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Por Cris “Barda” Penoni 

            Certo, o tema desse mês é Natal. É meio complicado arranjar um tema mitológico que se encaixe aqui (ano passado eu falei sobre os símbolos natalinos e coisas do gênero…). Enquanto eu lutava com minha cabeça, buscando alguma ideia que fosse pelo menos razoável, a deusa Ísis, mensageira dos deuses, apareceu pra mim. 
“Você foi escolhida para realizar uma entrevista exclusiva com Zeus.”
Eu, me sentindo o último pergaminho da Biblioteca de Alexandria, perguntei:
“E por que eu fui escolhida? Porque sou a melhor barda da face da terra?” (mas como você se acha, hein, colega?)
Ísis riu da minha cara, e disse:
“Não. Você era uma das últimas opções. Só que, todos os grandes bardos estão muito ocupados. Você, ao contrário, fica o dia inteiro na frente desse computador, assistindo Buffy, ou tweetando, ou roubando dos seus amigos na Colheita Feliz. Então, como você é a mais desocupada entre todos os bardos que eu encontrei até agora, é você quem vai se entrevistar Zeus.”
“Só por isso? Deprimi agora…”
“Ah, não é só porque você é uma inútil com muito tempo livre, não. Também tem o fato de que o patrão está querendo aumentar a popularidade dele entre os mortais, e você faz parte do staff da Revista Xenite. Melhor ainda: você é a barda que escreve os artigos de mitologia. Então, é a oportunidade perfeita: eu te levo pra essa entrevista com Zeus, deixo o chefe feliz, e consigo meu aumento! Sabia que desde a invenção do rádio eu não recebo aumento?…”
Com o orgulho muito ferido – ela me chamou de inútil! – lá fui eu, com a deusa mensageira, ouvir o que o mais poderoso dos deuses tinha a falar. Aqui está a entrevista, em que Zeus revela como é ser um deus, além de falar sobre seus gostos e sua família.

Cris ‘Barda’ Penoni: Como é ser um deus?
Zeus, deus do céu, do raio etc.:  É incrível. Entenda, eu tenho a melhor profissão do mundo. Sou poderoso, controlo as condições atmosféricas do planeta, tenho milhares de súditos, as pessoas me adoram… ou pelo menos, me adoravam, até que aqueles traíras dos romanos decidiram abandonar meu culto, e adotar o Cristianismo. Você é cristã, não é? (eu tento negar, mas ele diz) Esse seu nome, Cristiane, deixa óbvio. Mas não pense que meu culto está extinto. Não está. Toda vez que alguém faz algum filme, livro ou série que se fundamenta na mitologia, eu ganho novos seguidores. Sabe, quando vocês, Xenites, escolhem dizer “Meu Zeus”, ao invés de “Meu Deus”, é como se meu culto ganhasse novo fôlego. Isso não é o ideal, mas já serve.

C’B’P: Já que estamos falando sobre os xenites, o que você tem a dizer sobre Xena? O senhor gosta da série ou acha que Robert Tapert foi muito petulante ao criar a história?
Z,DdC,dR e.: Eu simplesmente a-do-ro! É uma das melhores séries que os mortais já produziram. Aquele Ares ficou igualzinho ao verdadeiro: mimado, convencido, brigão, mulherengo… E a Lucy Lawless, meu eu, o que é aquela mulher? (Zeus assobia) A única coisa que me magoou como telespectador foi aquela história do crepúsculo dos deuses. Até parece que alguém ia conseguir me matar… (risos) Mas era uma série boa. Eu queria muito que não tivesse acabado na 6ª temporada. Entenda: não é sempre que a gente encontra uma série interessante. E quando a gente encontra, ela dura só 6 anos? Em termos de vida de um deus, isso é como apenas alguns segundos…

C’B’P: Então o senhor é fã de Xena? Qual é seu episódio preferido?
Z,DdC,dR e.: Os shippers que me desculpem, mas o meu episódio preferido é One Against An Army. Sério. Eu me emociono bastante com aquele episódio… Sem contar que aquela luta, quando aconteceu, foi emocionante. O corredor de Maratona recebeu altas honrarias aqui no Olimpo Society Club.

C’B’P: E qual episódio o senhor não gosta? Quero dizer, sem contar God Fearing Child, que é o episódio em que, teoricamente, o senhor morre.
Z,DdC,dR e.: Nossa, nem me fale em God Fearing Child… Mas, se tem um episódio que eu não gosto de jeito nenhum, é A Solstice Carol. Esse episódio faz apologia àquele homem cujos ensinamentos levaram à impopularidade dos deuses olímpicos. Natal… isso é uma estratégia da oposição. Sabe, o Poderoso.

C’B’P: O Poderoso? Quer dizer Deus?
Z,DdR,dC e.: É, ele mesmo. Detesto falar isso, mas ele está além de mim. Pronto. Você insistiu, eu falei. Eu não queria falar, você que me obrigou…

C’B’P: Então, onde estávamos mesmo?… Ah, é: o senhor não gosta do Natal? 
Z,DdC,dR e.: Não. Não gosto. Você acredita que os olímpicos acabaram se curvando a essa tradição não-pagã? É um absurdo. Uns deuses inferiores desmiolados enfeitam o Olimpo com aqueles pisca-piscas que me deixam bacante da vida… Mas não são só essas subdivindades que comemoram o Natal. Apolo e as Musas se revezam, cantando e tocando “Noite feliz”, e Pã monta um presépio! Um presépio bem no meio do topo do Olimpo, dá pra acreditar? Hera e eu já marcamos uma reunião com os condôminos. Vamos ver se alguém mais vai comemorar o Natal lá no coração da religião greco-romana.

C’B’P: Mas o senhor não acha que o Natal é uma bela data? Uma época em que se renovam as esperanças? Uma época em que você demonstra o seu amor ao próximo? Independente da crença religiosa?
Z,DdC,dR e.: Você acredita nessa baboseira, jovenzinha? Isso é tudo desculpa. Sério, eu até não detestaria tanto o Natal se não fosse por todo o capitalismo envolvido. Pra falar a verdade, não tenho nada contra o filho do Poderoso. São as vendas de Natal que me chateiam. Esses comerciantes são mais ferozes que as Fúrias! Não sei de onde é que tiraram essa ideia de comprar presentes para comemorar o nascimento do filho do Poderoso. E, entenda, eu acabo ficando numa situação ruim, tendo tantos filhos em tantos lugares diferentes do mundo. Muitos deles foram educados dentro da religião do Poderoso, além de viverem sob estímulos capitalistas. Não há dinar olímpico que dê conta de comprar todos os presentes.

C’B’P: O senhor está dizendo que o principal motivo para o senhor não gostar do Natal é porque tem de comprar presentes para todos os seus filhos?
Z,DdC,dR e.: Não, não é isso… [o telefone celular toca] Com licença, preciso atender… [ao telefone] Não, Barack. Papai já falou que não pode te dar o impeachment do Ahmadinejad como presente de Natal. (…) E daí? Ganhou o Nobel da Paz? Não é mais que a sua obrigação… (…) Sinto muito, mas o papai está passando por um momento difícil. Você sabe, o Olimpo ainda está se recuperando dos efeitos da crise… (…) Tchau, filho. Dá um beijo na Michelle!… [desliga] Desculpe-me. Viu, é por isso que eu não gosto do Natal. Todos os meus filhos só me ligam para pedir presentes. Esse que acabou de me ligar, o Barack, é um bom rapaz. Mas me diz se ele já me convidou para jantar na casa nova? Até parece…

C’B’P: Peraí, o senhor é o pai do Barack Obama? Zeus é o pai de Barack Obama?
Z,DdC,dR e.: Psiu, fale baixo, ou a minha mulher vai ouvir e…
Hera, Deusa do Casamento, do Parto etc.: Então, era o que eu suspeitava: ele é mesmo seu filho? Me dá um segundo, que eu vou mandar uma górgona atacar a Casa Branca…
Z,DdC,dR e.: Hera, não, não faça isso com ele… Você sabe que ele já começou o governo tendo que resolver todas as maldições que você colocou no George…
H,DdC,dP e.: Quer saber, não vou mandar uma górgona não… Vou é…
Ísis, Deusa Mensageira dos Deuses, Assistente de Imprensa do Olimpo: Barda! Sua entrevista exclusiva com Zeus já está terminada. Vou levar-lhe de volta para o mundo dos mortais, agora!
C’B’P: Não, espera… Agora eu estou interessada…
I,DMdD,AdIdO: Você volta agora!

            E essa é a entrevista com Zeus.

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Espero que tenham gostado da brincadeira desse mês. Se tiverem qualquer sugestão para matérias de mitologia, me avisem e, na medida do possível, eu usarei as sugestões.
Comentem e votem!
Até mês que vem.

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Reunião de Última hora

Comentários

Por Dani Coelho

 

            Atenção! A Assembleia Geral de Deuses Olimpianos convoca seus membros para uma discussão. Está aberta mais uma sessão na qual os deuses irão dizer por onde raios eles andam.
O tema em questão retrata pontos do passado e redireciona os caminhos dos deuses. Alguns não puderam comparecer, mas deixaram recados. As “desculpas” serão analisadas pelo comitê Xenite para saber se todos ainda continuam no poder.
Seguem os argumentos para análise…
Poseidon – Não muito satisfeito com a ideia de perder forças que são explicadas por fenômenos meteorológicos e devastação ambiental. Declarou que se os humanos continuarem assim, matando os animais dos oceanos, ele fará o maior Tsunami já visto por algum mortal. Essas são só prévias de sua ira. Ainda prestando serviço pela natureza, tomando conta dos mares.
Afrodite – Estava num desfile da D&G e depois entraria numa reunião com Armani. Está com a agenda lotada de compromissos e desfiles, já que a beleza está em alta. Mas também anda preocupada com a falta de amor de muitos, já que a moda agora é a “pegação”. Deixou um bilhete com um pedido de desculpas, mas que ainda quer ser lembrada nas paixões.
Hermes – Muito atarefado também com seu novo ramo na comunicação (tecnologia 3D, IPhone principalmente) diz que é indiferente à valorização de seu nome. A justificativa chegará via Twitter.
Apolo – Fazendo um acordo com o Sol para uma diminuição de Raios UVA e UVB. Acha que se for posto para fora de seu posto, a luz se apagará de vez e o mundo não resistirá a um novo caos. Foi visto, ultimamente, contemplando algumas artes no MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo – N.R.).
Atena – Virou a chefia do vestibular. Está sendo investigada por ter trabalhadores subordinados a ela, envolvidos com o esquema de fraudes do ENEM. Sabe que tem chances de ganhar um prêmio Nobel, se fizer com que seu melhor discípulo capte sua sabedoria por osmose. Torce pela valorização dos jovens.
Hefestos – Entrou em depressão depois que o homem das cavernas descobriu o fogo e estava tomando remédio tarja preta quando inventamos o fósforo. Ele não se conforma em como ficamos desdenhosos de uma arma tão poderosa. Para não afundar de vez, resgatou suas forças e dedicou-se ao seu outro ramo, o trabalho. Fundou o PT e está na política agora. Manteve-se sentado e de olho atento na reunião.
Hera – Praticamente uma santa nos dias atuais. Fez tanto sucesso com os casamentos, que torce para os novos de desfazerem e serem feitos outros no lugar. Arrumou um esquema com as igrejas e consegue vaga pra qualquer um. Está na justiça contra a Jontex (fabricante de camisinha), pois diz não está dando conta da quantidade de nenéns nascendo. A maternidade cansa! Deu uma passadinha na reunião, pois ia correndo para um parto.
Hades – Não quis saber de assembleia nenhuma. Estava ocupado em um uma guerra no Oriente Médio. Vai saber…
Ares – No comando da mesma guerra do Oriente Médio. Não perdeu as forças. Inclusive, às vezes se faz presente em crises entre irmãos de três anos de idade, por exemplo, pra ver qual deles fica com a chupeta. Adora provocar.
Ártemis – Ninguém sabe dela há anos. Especula-se que esteja inconformada com a urbanização e sua caça esteja fadada ao fracasso. Não quis nem saber das matanças das baleias.
Zeus – Ainda com o ego lá em cima, não decide afinal o que fazer com o clima. Cheio de processos pelas companhias aéreas por quedas de aviões. Apareceu na reunião vestindo um terno de milhões, com guarda-chuva num dia de Sol. Encheu o saco e saiu. Na chuva. Rindo de lado, é claro.
Dionísio – Bêbado. Não lembrava nem seu nome. Deve muito num bar e está na mira da Skol.

            Para o primeiro momento da reunião, somente esses deram as caras ou deixaram algum recado. Os demais ainda não foram localizados. Para mais informações, ligue para a central Xenite.
Participe dessa decisão. Seu voto vale 1 dinar!!!

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Mitologia céltica: natureza, druidas e bardos

Comentários

Por Cris “Barda” Penoni

 

            Bem-vindos a mais um artigo de Mitologia na RX! Mês passado, eu resolvi fugir um pouco à regra e não falei de mitologia greco-romana ou nórdica. O mesmo acontece desta vez. Só que não é para falar mais uma vez da mitologia egípcia; este mês, eu trago uma espécie de introdução à mitologia céltica.

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Durante muitos séculos, a cultura e religião celtas só foram conhecidas através de informações dadas por autores gregos e, principalmente, romanos. O motivo para isso era o fato dos antigos celtas não conhecerem a escrita. Com a cristianização da Irlanda, os monges introduziram o alfabeto latino e assim criaram as línguas escritas célticas, entre elas o gaélico. Por volta do século XII, as tradições orais – épicas e mitológicas – foram reunidas em manuscritos. Através do estudo da arte e da literatura celta, chegou-se à conclusão de que havia um substrato espiritual comum aos diversos povos célticos: um sentimento mágico da natureza e uma rejeição do realismo, sendo completamente contrária às crenças greco-romanas.
O conhecimento religioso dos celtas ficava aos cuidados da classe intelectual dirigente, os druidas. Eram sacerdotes, poetas e sábios, que desde a infância aprendiam todo o conhecimento literário e histórico, além das leis célticas. Eles, além de atuarem como juízes, ensinavam às pessoas e praticavam adivinhação, magia e sacrifícios (poucas vezes se tratava de sacrifício humano).
Os druidas ensinavam a literatura e a religião aos bardos e vates, que eram responsáveis por transmitir as histórias. Com a desaparição da classe druida, após a chegada do cristianismo, os bardos galeses e os filidh irlandeses herdaram, preservaram e ampliaram a cultura céltica, e é através da reunião das histórias bárdicas que hoje se conhece a tradição celta. As mais antigas histórias coletadas estão no Leabhar na h-Uidhe (O livro da vaca castanha), também chamado de O livro de Ulster, e o Leabhar Laighneach (Livro de Leinster), ambas no século XV. No século seguinte, importantes coletâneas, como o Livro do leão de Lismore, se juntaram a esse acervo.

            Crenças: Os celtas veneravam diversos animais, como o javali, o touro, o urso, o cavalo, o porco e a serpente. O culto, inicialmente, era celebrado nos bosques, e seguia um calendário baseado na agricultura. Suas festas mais importantes eram o Beltane, em 1º de maio, e o Samhaim, em 1º de novembro. 
O panteão destes cultos é bastante complexo e, apesar das tentativas romanas, não há correspondência precisa entre os deuses celtas e os latinos.
Havia três principais deuses: Lug – deus druida, mago, sábio e rei dos deuses -, Dagda – senhor dos elementos e das tormentas. Os gauleses o chamavam de Taranis, e ele era frequentemente representado como Cernunnos, senhor dos animais – e, por fim, Ogme – deus da guerra. 
Havia outras divindades, e as femininas, como a deusa-égua Epona, tinham grande importância nos ritos de fertilidade.
As divindades celtas não eram antropomórficas (de forma semelhante ao homem – N.R.) e não possuíam funções específicas; na maior parte, estavam ligados a esferas não tão precisas. 
Os celtas possuíam uma concepção do mundo como perpétua metamorfose, e isso pode ser exemplificado através do deus do mar, Mannanan, uma força mágica e misteriosa que escondia as terras férteis do futuro (Tir na nog, “terra da juventude”, em irlandês, ou Ynys Afallach, “país das maçãs”, em galês). Essa terra deu origem à ilha de Avalon, que se destaca nas lendas sobre o rei Artur.

            Bom, pessoal, é isso por enquanto. Se quiserem saber mais coisas sobre a mitologia celta, ou qualquer outro assunto, deixem comentários com sugestões e eu farei o meu melhor!
Até a próxima RX!

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Outros Deuses

Comentários

Por Cris “Barda” Penoni

 

Olá, Xenites! Bem vindos a mais um artigo de mitologia!

Em XWP nós estamos muito acostumados com a mitologia greco-romana e um pouquinho de mitologia nórdica. E assim tem sido a Mitologia aqui na RX. Estava pensando: que tal falar sobre alguma coisa um pouquinho diferente desta vez? Então, Xenites, subbers, shippers, bitexers ou horsetexters, Lawlers ou ROCkers, eu convido todos vocês para conhecer um pouquinho da…

Mitologia Egípcia

Uma das características mais marcantes da mitologia egípcia é o antropozoomorfismo, ou seja, as divindades, na maior parte das vezes são representadas simultaneamente com partes humanas e animais. É bem provável que alguns mitos gregos tenham origem nos egípcios, e, assim como aconteceu entre a mitologia grega e a latina, há uma identificação entre as divindades do Egito Antigo e as da Grécia.

Estas são algumas das divindades do panteão egípcio.

Rá: Era a divindade suprema da mitologia egípcia. Deus do Sol e senhor da criação. Segundo a lenda, Rá foi o primeiro rei do Egito, mas deixou a Terra por causa da mesquinhez humana. Era o deus oficial dos faraós, e muitas vezes eles eram considerados, ao mesmo tempo, filhos e a própria reencarnação de Rá. No médio império, Rá perdeu a sua importância para Osíris, e no novo império, os faraós tebanos impuseram a todo Egito o culto a Amon-Rá, sincretismo entre Rá e o deus Amon.

Como deus do sol, Rá cruzava o céu durante o dia, em sua barca solar. De noite, ele viajava em outra barca, no mundo subterrâneo. Antes do nascer do novo dia, Rá deveria derrotar a maléfica serpente Apepi.

Rá era representado como um homem com cabeça de falcão, sobre a qual havia o disco do Sol, emergindo do caos para diferenciar a si mesmo e criar outros deuses.

Osíris: Deus dos mortos; é um dos deuses mais importantes do politeísmo do Egito Antigo. Ele simboliza o poder criativo da natureza, começando pelo renascer da vegetação até as cheias anuais do Nilo. Está ligado à fertilidade e era a personificação do faraó morto.

Era casado com Ísis e, por gozar de grande prestígio no mundo, despertou a inveja de Seth, o espírito do mal. Seth esquartejou Osíris em 14 pedaços e os espalhou pelo mundo. Ísis conseguiu encontrar e enterrar treze deles, exceto o pênis, e com isso Osíris ganhou vida nova como senhor do mundo subterrâneo.

A partir de 2000 a.C. surgiu a crença de que todo homem morto identificava-se com Osíris. Isso não significava ressurreição (ou reencarnação), já que Osíris permanecia no mundo dos mortos. Porém há a ideia de imortalidade.

Este deus era representado em forma de múmia, e festivais em sua honra eram celebrados todos os anos. A crença de que a imortalidade seria alcançada pelo culto ao deus foi mantida mesmo depois da decadência da civilização egípcia. Na Grécia se conservaram as invocações dos mistérios de Osíris, e havia muita identificação entre ele e Dionísio.

Ísis: Grande feiticeira e deusa da fertilidade das lavouras, era mulher de Osíris e mãe de Hórus. Era símbolo da maternidade e, também, a principal divindade nos ritos funerários. Ísis usava seus dotes de feiticeira para curar os doentes e ressuscitar os mortos.

Pelos cuidados dispensados a seu filho, Hórus, Ísis recebe o caráter de deusa protetora, mas sua característica mais marcante é o grande poder mágico, superior aos das outras divindades. Era invocada para auxiliar os doentes, por ser superior a Anúbis, deus da morte.

Anúbis: Antes que Osíris fosse o deus do mundo dos mortos, Anúbis o era. E mesmo após perder seu lugar, esse deus permaneceu sendo invocado em ritos funerários – ele era o encarregado do embalsamamento dos corpos. Também era seu dever guiar as almas até a presença de Osíris. Segundo a mitologia, Anúbis era filho de Néftis e de Osíris, mas algumas versões dizem que os deuses são irmãos.

Apelidado como “guia dos caminhos”, por sua função de conduzir as almas, Anúbis perdurou no panteão egípcio por muitos séculos, e depois da conquista do Egito por Alexandre Magno, o deus foi integrado à religião grega.

Amon: Inicialmente um deus de Tebas, seu culto foi difundido no Egito a partir do século XVI a.C. Foi provavelmente o deus mais adorado em todo o Egito Antigo. Seu nome significa “O Oculto”.

O faraó Amenhotep IV (Akenaton) tentou substituir o culto de Amon pelo do deus Aton, mas assim que esse faraó morreu, o antigo culto reconquistou suas forças.Com a invasão de Alexandre, o Grande, o culto de Amon chegou até a Grécia e Roma, sendo identificado com Zeus/Júpiter.

Amon é representado por um homem com cabeça de carneiro.

Ah, só uma coisa que preciso esclarecer: no mundo antigo, existiam duas Tebas: a Tebas egípcia, que deu origem ao culto de Amon, e a Tebas grega, conhecida por ter abrigado vários personagens mitológicos, como Hércules e o desventurado Édipo. Talvez essa seja uma informação que vocês já saibam. Mas eu demorei um certo tempo para entender que eram cidades diferentes…

É isso aí, Xenites! Eu sei que é pouca coisa, mas perdoem essa barda por seu limitado conhecimento em mitologia egípcia. Espero que tenham gostado! Comentem, deixem sugestões (via comentário, scrap, twitter…) e até a próxima!

Bibliografia: O livro de ouro da mitologia – Thomas Bulfinch
Enciclopédia Barsa 

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Distorções em XWP

Comentários

  Por Cris ‘Barda’ Penoni

           

            Olá xenites! Bem vindos novamente. Cá estou eu, aproveitando o intervalo dos estudos (o ENEM está quase chegando…), para trazer a vocês mais algum assunto mitológico. Espero que gostem!

Esse artigo foi baseado em anotações que eu fazia em 2006, apenas por diversão. Caso vocês encontrem aqui argumentos que estejam incorretos, por favor, avisem e me mandem referências que expliquem onde está meu erro. Eu gosto de mitologia e tenho o hábito de estudá-la, mas não conheço todas as nuances dos mitos. E sobre os fatos bíblicos, eu andei pesquisando algumas coisas, mas também não sou nenhuma especialista…

 

 

            Todo mundo está cansado de saber que Tapert & Cia adaptavam os fatos mitológicos, históricos, bíblicos, etc. da forma que mais lhes convinha para a criação dos roteiros dos episódios. Aqui estão alguns fatos e mitos que ganharam versões ligeiramente diferentes, tanto em XWP quanto em HTLJ.

Os titãs: Conta a mitologia que, após serem derrotados por Zeus e os outros deuses, os Titãs foram aprisionados nas profundezas do Tártaro, privados da luz do sol. Poucos foram aqueles que não receberam tal castigo (como Atlas, que ao invés de ficar com seus “irmãozinhos”, foi obrigado a sustentar o mundo em seus ombros), mas todos foram castigados de alguma forma.
E então, eu lhes pergunto: Como é que tantos Titãs estavam em uma caverna, esperando que a Deusa Virgem (ou Gabrielle) os libertasse?
Iolaus: As únicas referências ao baixinho se encontram na segunda das 12 tarefas de Hércules, quando o herói enfrenta a Hidra de Lerna. Nas versões que eu conheço, Iolaus ou é um primo, ou um sobrinho ou um servo de Hércules. Mas nunca o melhor amigo e vizinho de infância, companheiro de tantas aventuras, conforme demonstrado em HTLJ.
Afrodite, Ares e Hefesto: Em Hércules há um episódio em que Afrodite é presa por Hefesto, e, ao ver uma escultura que o deus-ferreiro fez em homenagem a ela, a deusa do amor se apaixona. Na mitologia não é bem assim… 
O casamento dos dois é arranjado por Zeus, que o faz por reconhecer os bons serviços prestados por Hefesto. Afrodite, em algumas versões, até se empolga inicialmente pelo talento de seu marido, mas… Fala sério, ele é muito feio para a deusa do amor e da beleza! Então, ela começa a ter suas puladas de cerca e seu principal amante acaba sendo… Ares! (Para mais detalhes, releiam o artigo de Maio – Ares e Afrodite).
E caímos em um ponto interessante: em XWP e HTLJ tanto Ares quanto Afrodite são deuses movidos por suas paixões, futilidades e os egos maiores que mil Olimpos (o que, em termos mitológicos está correto). Mas vocês já notaram o carinho fraternal –verdadeiro- entre os dois deuses? Quantas vezes ouvimos Ares chamar Afrodite de “irmãzinha”? E o contrário? 
Onde foi parar a paixão dos dois? Onde foi parar o tórrido romance entre os dois deuses mais volúveis da mitologia?
Orfeu, Eurídice, Baco e as Bacantes: Em linhas gerais, Eurídice morreu ao pisar em uma cobra venenosa enquanto tentava fugir de um pastor que a assediara. Nada de ficar presa entre um exército de humanos e um de bacantes, conforme é dito em Girls Just Wanna have Fun. Na verdade, Baco –ou Dionísio, tanto faz- não tem nada a ver com o infortúnio do mais célebre músico da Grécia Antiga.
E já que estamos falando de GJWHF, vamos esclarecer algumas coisas: bacantes não são versões gregas de uma mistura sinistra de vampiro com lobisomem. Elas eram simplesmente sacerdotisas (ou em algumas referências, apenas adoradoras) de Dionísio. Tudo bem que elas eram adeptas de um bom vinho e de danças desenfreadas, típicas do culto a Dionísio. Mas elas não eram sugadoras de sangue. (Antes que alguém diga alguma coisa… Sim, eu sei que uma vez as bacantes estraçalharam o rei Penteu, como se fossem feras. Mas ele estava espiando, e isso não é uma coisa muito aconselhável de se fazer.)
Baco também não era o deus bizarro, mau e sanguinolento que o episódio demonstra. A mitologia o apresenta como o deus das uvas, do vinho e do teatro. Tinha seus exageros, é claro –quem nunca ouviu falar nos bacanais? –mas não era assim um cara do lado negro da força.
Helena e sua amizade com Xena: Em Beware Greek Bearing Gifts, na 1ª temporada, ficamos sabendo que Xena e Helena eram amigas. Não lembro se há alguma menção a qual época a amizade das duas surgiu. Mas é improvável que tenha sido quando elas eram crianças, porque a Trácia ficava a nordeste da Grécia Antiga, enquanto Esparta (a terra de Helena) se localizava no sul do país. Uma distância considerável para uma época sem carros ou internet… Então, vamos considerar que essa amizade surgiu na época de warlord de Xena. Só que pelos meus cálculos, Tróia já estava em guerra, e eu não consigo visualizar como uma amizade poderia surgir ali… Bom, Xena é Xena, e ela tem os famosos many skills dela. Essa é a única explicação que eu vejo neste momento.
Homero, Safo e Sófocles: Segundo os historiadores, a (verdadeira) Guerra de Tróia ocorreu no século XII a.C. Pois é. Passam-se três séculos e então Homero escreve o seu mais famoso poema, contando a história de Aquiles, Helena, Menelau, etc.
Mas eu não sei se vocês repararam uma coisinha, que a tradução mal feita deixou ainda menos evidente. Em Athens City Academy of the Performing Bards, aquele bardo que Gabrielle conhece, o Órion, no final, revela seu verdadeiro nome: Homer. Acontece que Homer é Homero em inglês.  Ou seja, em questão de alguns episódios, temos um avanço de 3 séculos!
O problema é que, em Many Happy Returns (6ª temporada), Safo “aparece”. Acontece que Safo viveu entre os séculos VII e VI a.C. Legal. Seis temporadas, mais ou menos 30 anos… E mais três séculos se passaram, como mágica!
Ainda não terminei aqui. Quarta temporada. The play is the thing. E mais um autor grego de renome aparece em XWP: Sófocles. Que viveu no século V a.C.
Ok, tentem acompanhar a linha do tempo de acordo com os autores gregos que de fato existiram:
1ª temporada: Século IX a.C.
4ª temporada: Século V a.C.
6ª temporada: Século VI a.C.
Alguém me explica como? Ah, ainda existe aquele fato da Guerra de Tróia ter acontecido no século XII a.C….
Júlio César, Cleópatra e o menino Jesus: César morreu em 15 de março de 44 a.C. Certo.  “Idos de Março” é exatamente o dia 15 desse mês, e nesse ponto, não há distorção quanto a história de César. Mas… espera aí… Cleópatra não morreu em 31 a.C.? Ou seja, 13 anos depois de César. No entanto em XWP as mortes desses dois personagens se dão com uma distância de mais ou menos um ano… Hum, que estranho!
Mas a situação fica pior quando a gente lembra que na segunda temporada, em Solstice carol, lá no finalzinho, a Gabrielle dá o Tobias de presente para um casal com um bebê de colo. Isso não teria nenhuma importância, não fossem as sugestões/evidências de que aquele recém-nascido não era ninguém menos que Ele, o Menino Jesus. Ou seja, Solstice carol acontece no ano 1 d.C. 
O que eu quero dizer é que: 
a) Na segunda temporada, estamos no ano 1 da era Cristã;
b)Na quarta temporada, voltamos no tempo e vamos parar em 44 a.C.;
c) E, finalmente, na quinta temporada (antes que passem os 25 anos na tumba de gelo), pulamos cerca de 13 anos em relação a temporada anterior. 
E ainda tem as datas que eu citei no item anterior… Ou seja, quando se trata de XWP, o tempo é relativo!
Mael e Icus: Claramente, Altared State é uma adaptação tapertiana da história de Abraão e Isaac, em que Deus ordena que seu servo sacrifique seu filho. Como sabemos, antes que Isaac seja sacrificado, Deus se manifesta e diz a Abraão que o sacrifício não é mais necessário porque ele provou que ama a Deus acima de qualquer coisa. (Gênesis, cap. 22). Como  maior parte das personagens bíblicas, Abraão teve inúmeros filhos, entre eles Isaac e Ismael.
O personagem de Karl Urban em AS é uma referência a Ismael, e Icus, representa Isaac. Mas quem disse que na Bíblia havia bolo de nozes aditivado e um plano maléfico de Ismael contra seu irmão? Mas temos de dar um desconto: no fim, o episódio acaba sendo fiel ao desfecho bíblico, com Deus impedindo o sacrifício.

 

Espero que ninguém tenha saído com um nó no cérebro, depois de tantas confusões de datas, fatos e mitos. Bom, comentem, deixem sugestões, críticas. E até mês que vem!

 

                                                                                    Referências: Enciclopédia Barsa (artigos sobre César, Cleópatra Homero, Safo, Sófocles)
Bíblia
O Livro de ouro da mitologia – Thomas Bulfinch
Contos e Lendas da mitologia grega –  Claude Pouzadoux
Odisséia – Homero (Série Reencontro)

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Os deuses vivendo no século XXI

Comentários

 Por Cris ‘Barda’ Penoni

           

            Olá, xenites! Meio em cima da hora eu estou aqui, escrevendo o artigo de mitologia deste mês. Espero que apesar da pressa, vocês tenham uma boa leitura…

——————————————————————————————————

            Não sei qual é a relação de vocês com os livros. Eu, particularmente, sempre que posso, estou lendo. E aproveitando as férias com uma semana extra (quase todas as escolas estão fechadas por causa da gripe A), é claro que eu caí nos livros por pura diversão.
O último que eu peguei é “O Ladrão de Raios”, de Rick Riordan. Lendo a orelha do livro, antes de decidir lê-lo, meu coração deu um salto: um livro atual inspirado na mitologia grega! (Entendeu agora o que os livros têm a ver?).
Como ainda estou no início do livro, não dá nem para deixar spoilers aqui… Mas posso contar o que me fez ter a ideia deste artigo.
Na orelha do livro, está escrito:
“E se os deuses do Olimpo estivessem vivos em pleno século XXI? E se eles ainda se apaixonassem por mortais e tivessem filhos que pudessem se tornar heróis?”
Sabem o que isso me fez lembrar? De Ares, em Deja vu all over again, perguntando se Henry/Xena sabia como era viver em um mundo onde ele não era mais adorado. E com a imaginação muito ativa nestas férias, eu fiquei pensando… Caso eles realmente existissem e estivessem por aí, neste mundo que não os adora mais, como eles se virariam? O resultado é esse:

            Zeus: Considerando que seus domínios são o céu e a justiça, podemos dizer que ele está passando por maus bocados… Quero dizer, olha a quantidade de aviões cruzando os céus sem ao menos pedir licença! Acho que eu sei o culpado de tantos desastres na aviação…

E a questão da justiça, então? Piorou! Porque Sarney ainda está lá, mesmo depois de todos os atos secretos e tal! Sério, o Brasil não deve ser um dos lugares preferidos de Zeus, vou te contar…

 

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            Poseidon: Esse aqui está feliz, com certeza. Pensem bem: com todo o aquecimento global e aquelas calotas polares derretendo, o domínio de Poseidon só aumenta. Enquanto a terra firme vai diminuindo de extensão, os oceanos só crescem…

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Por outro lado, ele também tem seus motivos para estar bacante da vida! Vocês com certeza já ouviram falar das ilhas de lixo que estão boiando pelos mares… Alguém aí gostaria de ter gente jogando um monte de lixo no seu quintal? Eca! Eu com certeza não…

            Hades: Talvez o que menos reparou as mudanças pelas quais o mundo passou nos últimos 30 séculos. Na verdade, acredito que os negócios dele só prosperam, visto que a população mundial foi crescendo e crescendo. Vejam, se tem mais gente viva, mais gente morre. O problema é que eu acho que ninguém mais é enterrado com um dinar entre os dentes, e então ou Caronte parou de atravessar as almas pelo Estige ou ele está aceitando cartão de crédito…

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            Apolo: Atualmente, é chamado de emo pelos deuses mais “macho man”. Deixa eu explicar… Todo artista verdadeiro tem alma sensível, correto? E vocês acham que um artista de alma sensível ficaria feliz por ver a poesia tão desvalorizada e a música tão… funk-popozuda-rebola-até-o-chão-chão-chão? Claro que não! Então como ele está atualmente um pouco mais depressivo, triste com os rumos da arte, ele passou lápis preto nos olhos, deixou a franja crescer, adotou o listrado –tão fashion!…

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Mas ele jura pelo Estige que não escuta My Chemical Romance! Nem NX Zero!

 

            Ares: Bom, como o próprio deixou subentendido em DVAOA, o orgulho dele está ferido demais porque as pessoas não o adoram nos tempos de hoje. Só que isso não significam que as coisas para o lado dele estejam difíceis. É só olhar para o Oriente Médio, para a Coréia do Norte e para as guerras nos morros. 
É bem verdade que um dos grandes aliados dele entre os mortais deixou o poder no início do ano, mas Ares acredita que pode convencer Obama a ser seu presidente guerreiro. Ou não.

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            Hefesto: Quase foi atingido pelo desemprego gerado pela crise econômica no fim do ano passado.

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Mas nenhuma montadora seria louca de demitir o deus-metalúrgico (deus-ferreiro é tão século XIX), de modo que a única coisa que Hefesto precisou fazer foi um curso de capacitação para lidar com os robôs.

            Hermes: Comunicação ultra-rápida, a marca de nosso tempo, é uma contribuição do astuto deus-mensageiro. Twitter, MSN, Skype, Orkut, celular… Tudo isso não permite que Hermes tenha um segundo de descanso! Mas ele parece não se importar, e promete grandes avanços para o futuro…

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O lado ruim –para nós, mortais- é que a outra atividade típica de Hermes também tem prosperado bastante. Olhem a Câmara, olhem o Senado, olhem os impostos… Sim, a ladroeira também está de vento em popa, graças a Hermes!

            Dionísio: “Beber, cair, beber, cair, beber, cair e levantar” e ”Ô vida amargurada, não aguento mais, vou lá na vendinha tomar um pingão” são dois refrões pelos quais Dionísio se orgulha muito de ter incluído no repertório dos ouvintes do sertanejo universitário. Ou seja, Dionísio não é apenas amante da vinha, como também da cevada. E da cana. E do que quer que dê origem às outras bebidas alcoólicas…

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Os Alcoólicos Anônimos NÃO agradecem!

            Hera: Sua área específica – o casamento – vive cheia de altos e baixos.
Altos: O casamento de celebridades, a aprovação da Proposição 8 na Califórnia.
Baixos: O divórcio de celebridades, a ratificação da Proposição 8.

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Mas ela agora também se responsabiliza pela “união estável” e os namoros. Porque se superar uma ficada, Hera já fica feliz!

            Afrodite: Já ouviram falar em “Ditadura da Beleza”? Pois é, essa é uma invenção de nossa querida e desmiolada Afrodite…
Afrodite tem trabalhado arduamente nas festas, nos bastidores de novelas e filmes, nos reality shows da vida e nos clipes da MTV. Ou seja, onde quer que esteja alguém disposto a se apaixonar ou pelo menos se divertir –em termos “afrodíticos”*-, Afrodite está lá, dando a sua benção.

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            Atena: Na parte da guerra ela vai muito bem, obrigada. Já na parte da sabedoria… Bom, viva os nerds que queriam estar na escola ao invés de nessa semana extra de férias por causa da Influenza A (H1N1).

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Okay, isso foi um exagero. Atena tem feito muita coisa ultimamente. Uma de suas recentes vitórias foi fazer com que a banda “Os semi-novos” vencesse aquela Garagem do Faustão. Vai dizer que você nunca ouviu aquele refrão: “O nerd de hoje é o cara rico de amanhã (…) Garota escolha já o seu nerd”? Mais que aprovado pela deusa da sabedoria!

            Ártemis: Caçar ela já não pode: muitas espécies estão em risco de extinção. Sua outra área de atuação, contudo, tem registrado índices conflitantes…
Principalmente na China. A deusa achou que com a proibição de mais de um filho por casal, ela teria um pouco de descanso no seu trabalho como parteira. Mas fala sério: são mais de 1 bilhão e 200 milhões de chinas! Mesmo que cada dois chineses tenham apenas um filho, isso é muita coisa!

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            Deméter: Essa vive metida em discussões sobre transgênicos. Afinal de contas, e daí que a soja tenha genes de tubarão, ou tomates tenham genes de boi? O importante é plantar!

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E por que essa demora na reforma agrária? E daí que a Amazônia está cheia de espécies vegetais e animais não-catalogadas? É preciso plantar! Somos mais de 6 bilhões, precisamos alimentar toda essa gente!

            Héstia: Está desaparecida, escondida numa gruta, provavelmente. Depois que viu os clipes da Lady Gaga, Héstia provavelmente nunca mais será a mesma!

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            Isso é o que eu acredito que aconteceu com cada um dos deuses. Concordo plenamente que eu viajei na maionese. É falta de aula, eu juro!
Mês que vem eu prometo estar aqui de novo, com algum assunto mitológico. Qualquer sugestão de assunto, é só mandar um e-mail para [email protected] ou, se preferirem o twitter, mandem suas ideias para @abarda (e não se esqueçam de dar um follow!)
Para quem quiser saber mais sobre a série Percy Jackson, é só dar um pulinho na seção “Livros” (a menos que já tenham feito isso, é claro).
Um beijo e até a próxima!

*Não, a palavra não está errada. Eu não quis dizer “afrodisíacos”, e sim “afrodíticos” mesmo. É um neologismo, dãããã!

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Baucis e Filêmon

Comentários

Por Cris ‘Barda’ Penoni

            Julho passou voando, não foi? E, em meio a tantos trabalhos escolares, provas e outro compromissos, já chegou a data de entrega das matérias da RX…
Esse mês, ao invés de uma matéria informativa sobre algum assunto mitológico, decidi contar uma história da mitologia grega. Afinal, era assim que as crenças eram passadas na Grécia Antiga: através de histórias.

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Na Frígia há uma montanha, onde uma tília e um carvalho se erguem, lado a lado, rodeados por um muro baixo. Não muito longe dali fica um pântano, que agora serve de refúgio para aves aquáticas, mas antes era um local seco e habitado por humanos.  
Certa vez, dois viajantes desconhecidos passaram por ali. A noite já estava muito avançada, e eles batiam nas portas, pedindo abrigo e comida, mas muitos aldeões se recusavam a se levantar para atendê-los. Os que se levantavam, o faziam apenas para expulsar os viajantes: onde já se viu acordar alguém tão tarde da noite?
Os viajantes foram de casa em casa, sendo sempre mandados embora pelos moradores. Até que eles pediram acolhimento em uma velha choupana. Ali vivia a velha Baucis e seu marido Filêmon. Eles estavam casados desde muito novos, e sempre viveram em harmonia. Nunca tiveram muitas riquezas: sempre faltava alguma coisa. Mas com dedicação e disposição, eles sempre conseguiram superar as dificuldades da vida. Viviam em estado de igualdade: Baucis e Filêmon se amavam e se respeitavam, e nem ele mandava nela, nem ela mandava nele. 
Eles acolheram os viajantes, e se dispuseram a fazer uma sopa e a servir um vinho. A velha arrumava as coisas, enquanto seu marido cozinhava para os viajantes. Não possuíam muito para oferecer, e por isso mesmo não fizeram um banquete. Todos os ingredientes para a sopa que Filêmon fazia foram pegos em poucas quantidades, pois se ele e sua mulher gastasse muito com aquela visita inesperada, eles mesmos não teriam o que comer nos dias seguintes.
Apesar da simplicidade do acolhimento, o casal de velhos estava sendo sincero ao oferecer algum conforto aos viajantes. Tão logo a sopa ficou pronta, Baucis e Filêmon fizeram questão de servir aos estranhos, que também se serviram de vinho.
Mas algo inimaginável acontecia com o vinho: quanto mais ele era servido, mais vinho aparecia na jarra. Os visitantes eram deuses!, concluiu Baucis. Ela e o marido ajoelharam-se em frente as ilustres presenças, que se revelaram como Zeus e Hermes, e imploraram aos deuses que os perdoassem pela acolhida simples e pela comida insuficiente.
Decidiram, então, servir aos deuses o velho ganso que fazia as vezes de um cão de guarda. Os dois velhos saíram correndo atrás do animal, que era mais rápido e conseguia fugir da perseguição. O ganso se refugiou entre as duas presenças olímpicas. Zeus então disse:
-Parem com isso! Buscamos acolhimento em todo o vilarejo, e nenhuma casa nos ofereceu abrigo. Vocês foram os únicos a se importarem com os viajantes desconhecidos, e por isso, nós lhes recompensaremos.
O deus ordenou ao casal que saísse da choupana, e subisse a montanha. Muito assustados, os velhos obedeceram à ordem divina. A uma certa altura da caminhada, Filêmon olhou para trás e levou um susto: a aldeia inteira estava sendo invadida por água. As casas de seus vizinhos estavam submersas, mas a casa dos velhos flutuava. E, ainda mais surpreendente: ela estava se transformando. As paredes de madeira velha haviam sido substituídas por pedra. O chão agora era de mármore, e as portas estavam ornamentadas com baixos-relevos e muitos detalhes em ouro. Havia colunas muito belas, e o teto estava mais alto e mil vezes mais belo. A casa era agora um belo templo.
Zeus, ao lado de Hermes, disse aos bondosos velhos:
-Filêmon, excelente velho, e você, piedosa Baucis… Vocês foram bons conosco, e por isso nós lhes damos a oportunidade de pedir um favor.
O casal discutiu por alguns instantes, e então Filêmon comunicou aos deuses a vontade dele e de sua mulher.
-Bondosos deuses, – disse, humildemente – gostaríamos de ser os sacerdotes e guardiões deste belo templo em que se transformou nossa choupana. E, por amar muito minha mulher e por ela muito me amar, também pedimos que Baucis jamais me veja morrer, e que eu não a veja morta. Quando chegar a hora de um, que chegue a hora do outro.
Os deuses consentiram o pedido do casal, e durante muitos anos, Baucis e Filêmon cuidaram do templo recebendo os visitantes e lhes contando a história da visita divina que um dia receberam.
Um dia, porém, Baucis notou que folhas surgiam na cabeça do marido. Filêmon viu os galhos que saíam do tronco de sua mulher. Eles entenderam que a hora da morte havia chegado, e começaram a se despedir, trocando palavras de carinho, respeito e gratidão, até que a casaca nodosa das árvores em que eles haviam se tornado lhes fechou a boca, acabando com a parte humana que ainda existia.
Dizem que até hoje existe o templo e as duas árvores. O guia de viajantes daquela montanha reconta o caso para todos os que passam por ali, e foi desta forma que a história do bondoso casal se espalhou pelo mundo, chegando até mim. E por ser uma bela história, achei que ela devia ser contada para vocês.

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            A história acima tem como base a versão encontrada em “O Livro de Ouro da Mitologia: Histórias de Deuses e Heróis” (The age of fable), de Thomas Bulfinch (ed. Ediouro, Rio de Janeiro, 2006. Tradução por David Jardim) . Mas a forma que foi escrita e contada é de autoria da barda que assina o artigo!

 

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