Ares: o deus mais Xenite… ou não.

Por:

Por Cris ‘Barda’ Penoni

 

                -ACORDA, BARDA! –Aquela voz já conhecida berrou no meu ouvido. Pulei de susto. Eu estava dormindo.
-Íris, isso são hora? –Peguei meu relógio. 2:36. Fazia só 10 minutos que eu tinha deitado.
A deusa-mensageira olhou pra mim, com desdém.
-Não fui eu quem mandou você ficar acordada até tão tarde assistindo Cold Case. Bom, de qualquer jeito, você tem uma entrevista agora.
-Agora? Íris, são 2:37. –Conferi o relógio de novo.
-Como se isso significasse alguma coisa no Olimpo. É outro fuso horário, queridinha.
Qualquer coisa que eu dissesse não ia adiantar. Resignada, perguntei:
-Quem é o deus ou deusa da vez?
Íris não me respondeu; me transportou para o Olimpo imediatamente. Sem me dar nem um minuto pra trocar meu pijama de sapinhos por uma roupa apresentável.

            Cris ‘Barda’ Penoni: É uma grande honra ser convocada para entrevistá-lo, Ares. Em nome da Revista Xenite, eu agradeço muito a oportunidade.
Ares,Deus da Guerra: Sintam-se privilegiados. É realmente uma grande honra me entrevistar. Diferente do que o Obama disse sobre o Lula, eu é que sou o cara.
C’B’P: Aham… A guerra sempre esteve presente na História da humanidade. Você esteve envolvido em todas elas?
A,DdG: Não em todas, porque eu não existo desde a época dos Titãs, que foi quando as primeiras guerras existiram. Mas a partir do momento em que a mamã…, digo, Hera… Hera me deu à luz, eu sabia que a guerra era pra mim.
C’B’P: Você não era muito popular entre os gregos, mas os romanos o adoravam. Como você explica isso?
A,DdG: Em primeiro lugar, os espartanos me adoravam, e eles eram gregos. A questão é que os atenienses que mandavam na Grécia. Aqueles pensadores preferiam a Atena, que também é deusa da guerra. Por isso eu não era muito venerado na Grécia. Mas os romanos sabiam escolher direito. E escolhendo certo, dominaram grande parte do mundo conhecido na época. O único problema era aquela história de ficar mudando os nomes…
C’B’P: Então você não gosta do nome “Marte”?
A,DdG: Prefiro Ares. É mais imponente. Não acha? A-RES! Viu?
C’B’P: Vi. Mudando de assunto, qual a sua opinião sobre as séries Xena Warrior Princess e Hercules the Legendary Journeys? 
A,DdG: Eu ficava incomodado com as vezes que Xena derrotava Ares. É claro que nenhum guerreiro (ou guerreira) jamais conseguiu me derrotar. Isso me dava uma raiva do Tártaro: onde já se viu o deus da guerra ser derrotado e enganado tantas vezes por uma mesma pessoa?? Maldição! Lembro de quando assisti Amphipolis Under Siege. Cara, eu fiquei tão irado que joguei a televisão novinha do Hermes pela janela do salão de comunicações do Olimpo. Espatifou feio… Mas ele não reclamou. Até hoje não entendi porquê.
C’B’P: Em Hércules, o personagem Ares foi até transformado em deus do amor. Foi humilhante?
A,DdG: Ô, se foi… Peraí, ninguém humilha o deus da guerra não, falou? Fiquei com uma raiva imensa, explodi uns infelizes que estavam passando perto de mim e tal. Mas ninguém me humilha! Ninguém tem poder pra isso, tá sabendo?
C’B’P: Em Xena, você perdeu a sua imortalidade. Você consegue imaginar como seria sua vida caso isso acontecesse de verdade?
A,DdG: Claro. Eu seria o presidente de algum país bem guerreiro, tipo os Estados Unidos ou a Coréia do Norte. Já me imaginou como ditador? Ia ser massa.
C’B’P: Em todos os seus milênios como deus da guerra, você nunca quis fazer algo diferente?
A,DdG: Não. A guerra é o meu negócio, apesar de eu também gostar de caçar.
C’B’P: Você se considera um cara sentimental?
A,DdG: Quê? Como assim?
C’B’P: É que o Ares, personagem de Xena, algumas vezes se declarou um cara sentimental…
A,DdG: Eu… (constrangido) eu não quero falar sobre isso. 
C’B’P: Então você é sentimental?
A,DdG: CLARO QUE NÃO! 
C’B’P: Então, por que não quer falar sobre isso?
A,DdG: Porque foi humilhante ver na televisão um personagem baseado em mim, se declarando sentimental.
C’B’P: Mas você disse que ninguém tem o poder de te humilhar…
A,DdG: E ninguém tem mesmo!
C’B’P: Só que Hefesto te humilhou, há muitos séculos atrás.
A,DdG: Tá falando de quê?
C’B’P: Da vez que ele apanhou você com a Afrodite. Vocês ficaram presos em uma rede especial que o deus-ferreiro havia feito. Depois até foram colocados em exposição no Olimpo. Não é verdade?
A,DdG: (murmurando) Tá, é verdade. Ele me humilhou.  
C’B’P: Você pode repetir? Eu não consegui entender…
A,DdG: É VERDADE. HEFESTO ME HUMILHOU! HAHA. PODE RIR DA MINHA CARA SE QUISER TAMBÉM! (silêncio) Satisfeita?
C’B’P: Vamos mudar um pouco o rumo da entrevista. Eu vou fazer algumas perguntas rápidas, e você responde a primeira coisa que vier na sua cabeça, certo?
A,DdG: Certo.
C’B’P: Arma favorita?
A,DdG: Espada.
C’B’P: Maior conquista até hoje?
A,DdG: A 2ª guerra mundial.
C’B’P: Um arrependimento?
A,DdG: Não me arrependo de nada.
C’B’P: Uma injustiça?
A,DdG: Existir prêmio Nobel da Paz e não existir o prêmio Nobel da Guerra.
C’B’P: Um sonho?
A,DdG: Ao contrário das Misses, que pedem a “paz mundial”, eu quero é a maior guerra possível!
C’B’P: Para terminar, gostaria de deixar um recado para os leitores da Revista Xenite?
A,DdG: Diferenciem os personagens dos deuses em que eles são baseados. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. E, Barda, da próxima vez que for entrevistar alguém, eu sugiro que use uma armadura e não esse pija…
C’B’P: Droga! A bateria do gravador está acabando… Íris! ÍRIS! Acabou a entrevista por aqui! (Bocejando) Me manda de volta pra casa que eu estou morrendo de sono!

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