Zeus – Falando sobre trabalho, Natal e família
Por: ABarda
Por Cris “Barda” Penoni
Certo, o tema desse mês é Natal. É meio complicado arranjar um tema mitológico que se encaixe aqui (ano passado eu falei sobre os símbolos natalinos e coisas do gênero…). Enquanto eu lutava com minha cabeça, buscando alguma ideia que fosse pelo menos razoável, a deusa Ísis, mensageira dos deuses, apareceu pra mim.
“Você foi escolhida para realizar uma entrevista exclusiva com Zeus.”
Eu, me sentindo o último pergaminho da Biblioteca de Alexandria, perguntei:
“E por que eu fui escolhida? Porque sou a melhor barda da face da terra?” (mas como você se acha, hein, colega?)
Ísis riu da minha cara, e disse:
“Não. Você era uma das últimas opções. Só que, todos os grandes bardos estão muito ocupados. Você, ao contrário, fica o dia inteiro na frente desse computador, assistindo Buffy, ou tweetando, ou roubando dos seus amigos na Colheita Feliz. Então, como você é a mais desocupada entre todos os bardos que eu encontrei até agora, é você quem vai se entrevistar Zeus.”
“Só por isso? Deprimi agora…”
“Ah, não é só porque você é uma inútil com muito tempo livre, não. Também tem o fato de que o patrão está querendo aumentar a popularidade dele entre os mortais, e você faz parte do staff da Revista Xenite. Melhor ainda: você é a barda que escreve os artigos de mitologia. Então, é a oportunidade perfeita: eu te levo pra essa entrevista com Zeus, deixo o chefe feliz, e consigo meu aumento! Sabia que desde a invenção do rádio eu não recebo aumento?…”
Com o orgulho muito ferido – ela me chamou de inútil! – lá fui eu, com a deusa mensageira, ouvir o que o mais poderoso dos deuses tinha a falar. Aqui está a entrevista, em que Zeus revela como é ser um deus, além de falar sobre seus gostos e sua família.
Cris ‘Barda’ Penoni: Como é ser um deus?
Zeus, deus do céu, do raio etc.: É incrível. Entenda, eu tenho a melhor profissão do mundo. Sou poderoso, controlo as condições atmosféricas do planeta, tenho milhares de súditos, as pessoas me adoram… ou pelo menos, me adoravam, até que aqueles traíras dos romanos decidiram abandonar meu culto, e adotar o Cristianismo. Você é cristã, não é? (eu tento negar, mas ele diz) Esse seu nome, Cristiane, deixa óbvio. Mas não pense que meu culto está extinto. Não está. Toda vez que alguém faz algum filme, livro ou série que se fundamenta na mitologia, eu ganho novos seguidores. Sabe, quando vocês, Xenites, escolhem dizer “Meu Zeus”, ao invés de “Meu Deus”, é como se meu culto ganhasse novo fôlego. Isso não é o ideal, mas já serve.
C’B’P: Já que estamos falando sobre os xenites, o que você tem a dizer sobre Xena? O senhor gosta da série ou acha que Robert Tapert foi muito petulante ao criar a história?
Z,DdC,dR e.: Eu simplesmente a-do-ro! É uma das melhores séries que os mortais já produziram. Aquele Ares ficou igualzinho ao verdadeiro: mimado, convencido, brigão, mulherengo… E a Lucy Lawless, meu eu, o que é aquela mulher? (Zeus assobia) A única coisa que me magoou como telespectador foi aquela história do crepúsculo dos deuses. Até parece que alguém ia conseguir me matar… (risos) Mas era uma série boa. Eu queria muito que não tivesse acabado na 6ª temporada. Entenda: não é sempre que a gente encontra uma série interessante. E quando a gente encontra, ela dura só 6 anos? Em termos de vida de um deus, isso é como apenas alguns segundos…
C’B’P: Então o senhor é fã de Xena? Qual é seu episódio preferido?
Z,DdC,dR e.: Os shippers que me desculpem, mas o meu episódio preferido é One Against An Army. Sério. Eu me emociono bastante com aquele episódio… Sem contar que aquela luta, quando aconteceu, foi emocionante. O corredor de Maratona recebeu altas honrarias aqui no Olimpo Society Club.
C’B’P: E qual episódio o senhor não gosta? Quero dizer, sem contar God Fearing Child, que é o episódio em que, teoricamente, o senhor morre.
Z,DdC,dR e.: Nossa, nem me fale em God Fearing Child… Mas, se tem um episódio que eu não gosto de jeito nenhum, é A Solstice Carol. Esse episódio faz apologia àquele homem cujos ensinamentos levaram à impopularidade dos deuses olímpicos. Natal… isso é uma estratégia da oposição. Sabe, o Poderoso.
C’B’P: O Poderoso? Quer dizer Deus?
Z,DdR,dC e.: É, ele mesmo. Detesto falar isso, mas ele está além de mim. Pronto. Você insistiu, eu falei. Eu não queria falar, você que me obrigou…
C’B’P: Então, onde estávamos mesmo?… Ah, é: o senhor não gosta do Natal?
Z,DdC,dR e.: Não. Não gosto. Você acredita que os olímpicos acabaram se curvando a essa tradição não-pagã? É um absurdo. Uns deuses inferiores desmiolados enfeitam o Olimpo com aqueles pisca-piscas que me deixam bacante da vida… Mas não são só essas subdivindades que comemoram o Natal. Apolo e as Musas se revezam, cantando e tocando “Noite feliz”, e Pã monta um presépio! Um presépio bem no meio do topo do Olimpo, dá pra acreditar? Hera e eu já marcamos uma reunião com os condôminos. Vamos ver se alguém mais vai comemorar o Natal lá no coração da religião greco-romana.
C’B’P: Mas o senhor não acha que o Natal é uma bela data? Uma época em que se renovam as esperanças? Uma época em que você demonstra o seu amor ao próximo? Independente da crença religiosa?
Z,DdC,dR e.: Você acredita nessa baboseira, jovenzinha? Isso é tudo desculpa. Sério, eu até não detestaria tanto o Natal se não fosse por todo o capitalismo envolvido. Pra falar a verdade, não tenho nada contra o filho do Poderoso. São as vendas de Natal que me chateiam. Esses comerciantes são mais ferozes que as Fúrias! Não sei de onde é que tiraram essa ideia de comprar presentes para comemorar o nascimento do filho do Poderoso. E, entenda, eu acabo ficando numa situação ruim, tendo tantos filhos em tantos lugares diferentes do mundo. Muitos deles foram educados dentro da religião do Poderoso, além de viverem sob estímulos capitalistas. Não há dinar olímpico que dê conta de comprar todos os presentes.
C’B’P: O senhor está dizendo que o principal motivo para o senhor não gostar do Natal é porque tem de comprar presentes para todos os seus filhos?
Z,DdC,dR e.: Não, não é isso… [o telefone celular toca] Com licença, preciso atender… [ao telefone] Não, Barack. Papai já falou que não pode te dar o impeachment do Ahmadinejad como presente de Natal. (…) E daí? Ganhou o Nobel da Paz? Não é mais que a sua obrigação… (…) Sinto muito, mas o papai está passando por um momento difícil. Você sabe, o Olimpo ainda está se recuperando dos efeitos da crise… (…) Tchau, filho. Dá um beijo na Michelle!… [desliga] Desculpe-me. Viu, é por isso que eu não gosto do Natal. Todos os meus filhos só me ligam para pedir presentes. Esse que acabou de me ligar, o Barack, é um bom rapaz. Mas me diz se ele já me convidou para jantar na casa nova? Até parece…
C’B’P: Peraí, o senhor é o pai do Barack Obama? Zeus é o pai de Barack Obama?
Z,DdC,dR e.: Psiu, fale baixo, ou a minha mulher vai ouvir e…
Hera, Deusa do Casamento, do Parto etc.: Então, era o que eu suspeitava: ele é mesmo seu filho? Me dá um segundo, que eu vou mandar uma górgona atacar a Casa Branca…
Z,DdC,dR e.: Hera, não, não faça isso com ele… Você sabe que ele já começou o governo tendo que resolver todas as maldições que você colocou no George…
H,DdC,dP e.: Quer saber, não vou mandar uma górgona não… Vou é…
Ísis, Deusa Mensageira dos Deuses, Assistente de Imprensa do Olimpo: Barda! Sua entrevista exclusiva com Zeus já está terminada. Vou levar-lhe de volta para o mundo dos mortais, agora!
C’B’P: Não, espera… Agora eu estou interessada…
I,DMdD,AdIdO: Você volta agora!
E essa é a entrevista com Zeus.
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Espero que tenham gostado da brincadeira desse mês. Se tiverem qualquer sugestão para matérias de mitologia, me avisem e, na medida do possível, eu usarei as sugestões.
Comentem e votem!
Até mês que vem.
Oiiiiiiiii … to lendo meio fora da ordem em ordem agora. Quero dizer isso não é dia de ler a deste mes mas agora que achei como fazer . Eu resolvi ler todos de mitologia. Sugestão: esta mensageira que te carrega me é desconhecida. Que tal entrevistar ela ou fazer um apanhado sobre ela? Essa de Zeus ser paid do Obama e a Hera ter amaldiçoado o George foi genial !!! Parabéns.