Um herói como eu e você, ou talvez nem tão parecido
Por: Pedro Henrique
Esse mês quem ocupa (novamente) o posto honrado e disputado de Boy Power é o Batman. Combinado com a estreia de um dos filmes mais aguardados do ano, nada melhor do que analisar amplamente o personagem e conhecer um pouco mais sobre a origem do herói.
Nascido e criado em Gotham, ainda criança, Bruce Wayne viu seus pais serem assassinados a sangue frio por um bandido contratado pela máfia local; fato determinante para que viajasse ao redor do mundo com o dinheiro que herdara de seus pais em busca de conhecimentos acerca dos motivos da mente criminosa, adquirir conhecimentos em diversas áreas, moldar o físico e investir pesado na luta contra o crime, culminando em um dos super heróis mais conhecidos e mais complexos das histórias em quadrinhos.
O personagem foi criado pelo desenhista Bob Kane, e sua primeira participação nas histórias em quadrinhos foi na edição nº 27 da Detetive Comics (DC Comics). Com o passar do tempo, sofreu diversas modificações para adequação à mídia que o divulgava: histórias em quadrinhos que, supostamente, seriam direcionadas ao público infantil. Devido à complexidade do personagem e, também, pelo fato de ser um personagem bastante sombrio, com características de um antiherói, foi necessário realizar diversos retoques no universo do Batman.
Essas principais reformulações definiram e afetaram significativamente o personagem. O símbolo da roupa principal permaneceu no formato de um morcego, mas com uma forma amarela em volta; as histórias do personagem se tornaram menos sombrias, logicamente e, a princípio, bastante fantasiosas, flertando, inclusive, com estilos característicos de ficção científica, e isso gerou uma diminuição (também bastante significativa) para o lucro das histórias de Batman.
Superadas essas mudanças, Bruce Wayne decide adotar um órfão, que teve os pais mortos de forma parecida com os seus: Dick Grayson, que se tornaria o Robin. Robin surge como um contraponto à escuridão do Cavaleiro das Trevas, quase como uma Gabrielle para Xena, e olha que as semelhanças não param por aí. A partir disso, começam a surgir os famosos boatos e especulações acerca da relação do Batman com o seu sideckick, Robin, o que se revelou não passar de especulação do público e dos fãs em geral, já que o objetivo apresentado nas HQs se restringe a ter uma auxílio na luta incansável contra o crime, mesmo apesar do roteirista Grant Morrison ter afirmado categoricamente ser o personagem homossexual:
“A gayzice faz parte do Batman. Não estou falando em gay num sentido pejorativo, mas Batman é muito, muito gay. Não tem como negar. É óbvio que enquanto personagem fictício ele é heterossexual, mas a base do conceito é absolutamente gay. Acho que é por isso que todo mundo gosta. Todas as mulheres querem ele, e saem usando essas roupas provocantes, pulando de telhado em telhado para chegar nele. E ele não está nem aí – quer mais é sair por aí com o velho e o guri.”
O que faz com que fique a pergunta: podem essas especulações ser tratadas como subtextos? Há quem diga que sim, e não; isso sempre foi um fator divisor entre a opinião dos fãs.
Além de Robin, Batman também possui outros aliados, como o doce mordomo Alfred Pennyworth (brilhantemente interpretado por Michael Caine na trilogia de Christopher Nolan – Foto), que representou uma figura paterna para Bruce, além de um amigo e um suporte essencial na trajetória do Herói.
Por outro lado, o comissário Gordon, interpretado por Gary Oldman, aparece como uma figura mais do que necessária no combate ao crime em Gotham, para também servir de auxílio ao homem- morcego.
Independente disso, Batman se tornou um símbolo fundamental na luta contra o crime na sombria Gotham, o que não impediu que passasse o título para outros personagens, como Jean-Paul Valley, que assumiu quando Batman enfrentou Bane (vilão de ‘Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge’) e ficou paraplégico em “A Queda do Morcego”, vítima de um dos planos do vilão.
Por acepção lógica, Batman figura na lista de um dos heróis mais realistas já criado pela DC Comics, notadamente por não ter nenhum tipo de poder e seu universo ser, atualmente, livre de conteúdos mais fantasiosos. Suas características o tornam um personagem tridimensional e multifacetado e extremamente complexo.
Em diversos arcos de sua história, o Batman lidou, em sua maioria, com vilões psicopatas, dignos de uma vaga garantida no ‘Asilo Arkham’, a clínica psiquiátrica bastante conhecida do universo. Dentre eles, certamente o mais conhecido é o Coringa; um psicopata cujas origens não são claras nem para os diversos roteiristas que passaram pelo universo.
Coringa é um personagem extremamente sádico, que se veste, literalmente, como um palhaço, para causar um terror psicológico inimaginável em todos os seus oponentes. O maior objetivo deste personagem é torturar o Batman e fazer com que este perca a sanidade – como é demonstrado mais à frente, nas HQs, que Batman efetivamente se torna um psicopata, a ponto do governo local solicitar a ajuda do Super-Homem para impedir os atos insanos do herói. Na abordagem mais recente deste vilão, ele foi interpretado de forma que chega a ser chocante por Heath Ledger, que faleceu em 2008.
Surgimento em outras mídias
Com o passar dos anos, além de histórias em quadrinhos, Batman surgiu em outras mídias, como a cômica série de televisão, exibida entre 1966 a 1968, onde Adam West interpretava o personagem principal.
O primeiro filme a ser levado ao cinema pelas mãos do brilhante Tim Burton: Batman em 1989; logo depois, paralelamente ao lançamento da sequência do filme de Burton, em 1992, “Batman – O Retorno, estreava na TV, pela Warner Bros, a série animada, que fez bastante sucesso na época, bem como os dois primeiros filmes de Burton, aclamados pela crítica.
Quando se pensava que tudo era lucro e material interessante para o Cavaleiro das Trevas no cinema, surgiram, em 1995 e 1997 os filmes do diretor Joel Shumacher, arruinando a arquitetura gótica apropriada aos filmes do Homem-Morcego de Gotham e substituindo por um samba de enredo sem limites com Batman Eternamente e Batman & Robin, respectivamente. Até mamilos colocaram na roupa dos personagens. Só faltavam os desfiles de carnaval propriamente ditos.
Se havia duas coisas que os dois filmes tinham em comum, eram a possibilidade de prosperar, por conta de um elenco estelar e com grande potencial, construído por Tim Burton. O que foi categoricamente provado ao contrário. Os filmes foram um fiasco, o que desacreditou a trajetória de Batman nos cinemas.
Mas nem tudo estava perdido. Um novo diretor, decidido a dar uma nova origem (e digna de aplausos, diga-se de passagem) ao herói surgiu: Christopher Nolan. Quando o personagem foi completamente desacreditado por suas adaptações anteriores, a Warner resolveu se aventurar nesse perigoso que se tornara tão perigoso, o de adaptar, novamente, o herói aos cinemas e para isso, escolheram um diretor com experiência em filmes menores, mas com um potencial (como acabou se tornando verdade posteriormente) para se estabelecer como um dos diretores mais ambiciosos e inventivos da atualidade.
A trilogia de Nolan foi composta por Batman Begins, em 2005, O Cavaleiro das Trevas, em 2008 e O Cavaleiro das Trevas Ressurge, em 2012. Os três foram bem aceitos pela crítica e, até o momento, sucessos de bilheteria.
O ator escolhido para viver o personagem foi Christian Bale, um britânico que já havia sido intérprete de outros trabalhos tão (ou mais) complexos quanto/ do que o do Homem-Morcego. Em 2012, Nolan se despede do herói, apresentando um encerramento mais do que digno para a trilogia, considerada por muitos, a adaptação definitiva do herói aos cinemas.
oncordo com você sobre o Batman no cinema e sabemos que ele surgiu numa época difícil da vida americana. O Batman ter sido interpretado por diferentes atores na série anterior a atual com os personagens coadjuvantes tanto mocinhos quanto bandidos por atores de peso fizeram a gente viajar na inocência de um tempo em que ele foi adocicado mas não podemos esquecer o Alfred daquele filme cômico a que te referes. Ele foi mais que perfeito.
A grande questão pra mim é que ele é um personagem que age a margem da lei e muitas vezes a ultrapassa, quase numa ditatorial idéia de que bandido não tem direitos civis, não deve ser tratado como ser humano. [Capitão Nascimento???] O super-homem, como o Hércules possui a noção de estar acima dos adversários e pode se dar ao luxo de ser muito , muito ético. Batman apresenta uma ética toda própria
[Xena???] Ele é movido por senso de vingança, mais que de justiça e a Xena por culpa, mais que por justiça. O Robin [Dick] se tornou o Asa Noturna e foi pros Titãs e o Batman vai se perdendo ficando cada vez mais parecido com os vilões que combate enquanto a Xena já foi um deles.
Não acho que ele seja um herói como nós, deixo isso mais pro Homem Aranha que tem contas pra pagar ou o antigo Flash (já que o jovem é milionário). Ele me lembra muito o Fantasma, embora ele seja o primeiro da Dinastia. A grande questão que o Batman me trouxe foi que se desejamos realizar um projeto temos de nos preparar para isso e ir até o fim.
Abraços e parabéns pelo artigo.
Que texto! Muito bem escrito, Pedro. Parabéns! Nunca fui fã de HQs, mas sempre gostava do Batman, acho que o seu lado sombrio que me estigava. Sempre havia algo que eu queria saber do heroi. De certo, houve uma época em que não me interessava mais, acredito que deve ter sido nessa fase ruim que ele teve. Enfim, por mais que eu não ache o Bale um excelente ator, até mesmo fazendo Batman, acho que foi digno ter tamanha responsabilidade em fazer a personagem. Por fim, o último filme eu fiquei sem ar. Fantástico! Digno de aplausos!