RX entrevista…Jacqueline Kim
Por: Mary Anne
Meus queridos xenites! Aqui estou com outra entrevista incrível pra vocês! Desta vez lhes trago a mulher responsável pelo papel de uma das mais importantes mentoras na vida de Xena: Jacqueline Kim, nossa eterna Lao Ma!
Entrevistar Jacqueline foi uma das experiências mais legais em todos esses anos que tenho trabalhado na Revista Xenite. Ela é uma pessoa encantadoras e muito simpática! Um grande obrigada a ela, por ser tão atenciosa!
E também, meu agradecimento ao Alessandro Chmiel, nosso tradutor guerreiro, por me ajudar com a tradução para o Português.
Caso vocês prefiram ler a versão original em inglês confiram aqui:
Recados dados, curtam nossa querida Jacqueline Kim, nos contando sobre sua carreira, seu projeto musical “This I Heard”, música brasileira, e claro, seu papel em Xena Warrior Princess. Divirtam-se!
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Mary Anne: Então, você pode nos contar um pouco sobre como começou sua carreira de atriz? O que surgiu na sua vida primeiro, música ou atuação?
Jacqueline Kim: A música veio primeiro. Minhas irmãs e eu começamos a estudar piano ainda muito crianças, 4, 5 anos. Nós cantávamos também. Aprendi minha primeira harmonia no jardim de infância, no tempo que havia programas musicais. Quando penso nisso, eu me sentiria perdida sem as aulas de arte e música. Minha mãe também nos mandava a um acampamento musical nos verões. Tínhamos muita sorte.
Comecei a participar de performances no palco no final da sexta série (!). Futuramente, eu estudaria atuação e discurso em um teatro da comunidade local, que se tornaria uma segunda casa ao longo dos meus anos de escola secundária. Predominantemente, eu estava realizando musicais, mas meu professor encorajou-me a tentar atuação “direta”. Fiz audições para duas escolas, uma escola de teatro musical em Pittsburgh, Pensilvânia, e uma escola de drama em Chicago, Illinois, e entrei na escola de Chicago.
MA: Quando se trata de atuar, qual seu favorito – TV, teatro ou filmes?
JK: Eu diria que tudo depende do roteiro e das pessoas reunidas para realizá-lo. Talvez os filmes tenham se tornado minha grande afinidade. Eu gosto muito de trabalhar com a câmera e, agora, tendo passado pela escola de cinema, eu tenha mais compaixão/compreensão da maior parte da equipe envolvida. Faz algum tempo que eu tenha feito algo de grande orçamento, então eu diria que tenho estado envolvida e seja apoiadora de filmes independentes em geral.
MA: O que lhe inspirou a escrever “Present”? Você planeja algum projeto similar acontecendo no futuro?
JK: “Present” foi possível após eu receber algum lucro num seriado de pouca duração, “Threshold”. Eu o fiz porque queria entender como filmar no formato cinematográfico, já que eu estava contemplando dirigir um longa-metragem e queria saber se trabalharia com filme ou vídeo. A história era simples na minha cabeça e tinha a ver com esse ensinamento: “Se você quer cuidar do futuro, cuide do presente”, do qual meu professor (Thich Nhat Hanh) e outros como Eckhart Tolle haviam me transmitido. Não me vejo fazendo um curta-metragem similar no futuro, mas atualmente estou coescrevendo e produzindo um longa que será uma versão de um curta do qual participei, chamado “Advantageous” (traduz-se “Vantajoso”), que se passa no tempo futuro. Aqui está o link se alguém quiser conferir: www.futurestates.tv/episodes/advantageous
MA: Pode nos falar de “This I Heard”? Como começou? Que influências musicais você possui?
JK: “This I Heard” é um projeto/banda nascida de muito encorajamento e apoio de pessoas na comunidade budista (novamente). Sou uma pessoa tímida quando se trata de tocar ou cantar, mas me encontrei com outras pessoas com esses essas reservas, e músicas simplesmente se escreviam (em mim) quando estava bem tranqüila e em paz. Logo fui questionada se dividiria mais de minha música. Escrevi uma canção para crianças no monastério em que estava; elas estavam prestes a tomar votos de proteger a paz e todas as formas de vida, por exemplo. As pessoas gostaram tanto que me pediram para fazer uma gravação. Então… baseado em vários sutras1, que começavam com os seguintes dizeres: “Isso ouvi Buda dizer certa manhã…” (“Thus I heard the Buddha say one morning…”), a banda (e o nome dela) nasceu. Tenho escrito canções aqui e acolá por muito tempo. Esse pedido deu-me uma boa desculpa para me preparar e concentrar e criar meu primeiro EP, que eu fiz com a ajuda da artista de som, Mileece.
Minhas influências musicais são bastante amplas. Diria que as primordiais foram Rickie Lee Jones e Joni Mitchell. Mas também fui criada com jazz e música clássica (amo Keith Jarrett e Arvo Part, por exemplo) e estava grudada em música pop na minha juventude, crescendo em Detroit. Influências posteriores são cantores-compositores como PJ Harvey e Feist, juntamente com grandes minimalistas como Brian Eno e Aphex Twin. Acho a música de Little Dragon inspiradora de uma maneira não tradicional, também.
MA: Quais instrumentos você toca?
JK: Piano, violão, flauta, oboé (muito tempo atrás!), e gosto de percussão. Tenho o sonho de aprender mridingam, que é um tambor indiano (N.T.: conhece-se esse instrumento como “Deva Vaadyam”, ou “instrumento dos deuses” – Fonte: Wikipédia.).
MA: O que significa a capa do CD? Me faz lembrar da faixa 6, “Everything Changes” (“Tudo Muda”)…
JK:A capa do CD foi criada por um artista especializada em desenhos muito detalhados. Adorei a harmonia e precisão e a retratação do indivíduo saindo de um lindo conjunto.
MA: Você gostaria de vir ao Brasil algum dia? Nós adoraríamos ter você aqui!
JK: Obrigada! Eu ADORARIA ir ao Brasil. Fui convidada diversas vezes mas não encontrei a hora certa.
MA: Você já escutou algum músico brasileiro?
JK: Estou sorrindo. Cresci ouvindo Brasil ’66 e só por causa dos meus pais tão legais. Aí tive a sorte de cantar com uma banda de blues brasileira no início da faculdade, então fizemos muitas canções do Mendes, que eu cresci ouvindo. Um amigo em Paris era casado com uma moça brasileira, então quando eu ia lá, ela tocava muita música. Me deram um álbum do Tim Maia, e nós ouvíamos muito Caetano Veloso e Gilberto Gil. Minha irmã também me apresentou Cesária Évora2 . Pra finalizar, nossa professora de piano enquanto crescíamos era brasileira, Maria Meirelles!
MA: Agora sobre seu papel em Xena, a Princesa Guerreira…Como você conseguiu o papel de Lao Ma?
JK: Foi muito simples. O papel me foi oferecido.
MA: Apesar do fato de Lao Ma ter aparecido em apenas dois episódios, ela teve um importante papel na história de Xena. Como foi interpretar uma personagem que era o completo oposto de Xena… Digo, enquanto Xena se tratava de fúria, vingança e destruição, Lao Ma era paz e serenidade, e ainda assim possuía esse incrível poder sobre a Princesa Guerreira. Como foi o processo de trazer Lao Ma de fora do roteiro, digo, como você deu vida à personagem?
JK: Eu acho que ela foi concebida com paixão e muita prudência por parte do escritor RJ (R. J. Stewart), que é o passo mais importante. Nós passamos um tempo juntos, mas não falamos muito sobre ela. Eu acho que Lao Ma funcionou bem para mim porque eu entendo o que é viver vidas duplas. Ela era casada com uma pessoa opressora e não era tratada muito bem. Ao mesmo tempo, por causa de sua consciência através do sofrimento, ela descobriu muita liberdade. Eu acho que atores vivem vidas duplas, mulheres certamente vivem e também por ser asiático-americana, eu fui criada para me autotraduzir através do véu de culturas diferentes. Então embora Lao Ma aparentasse envolta de paz, penso eu, assim como Xena, havia uma chama dentro dela. Ela deu duro de si para manter a positividade fluindo dela e controlou suas reações negativas às coisas porque ela tinha um grande motivo: sustentar-se emocionalmente para que assim pudesse ficar com o filho dela (o que é irônico, porque mais tarde ele a mataria). No final, eu penso que Lao Ma sucumbiu porque em algum ponto no passado dela, ela mesma desejou o mal aos outros. É uma coisa poderosa, o carma.
Nós tínhamos um figurino tão bacana, o cenário na Nova Zelândia era de perder o fôlego, e os outros atores eram diversão pura. Tudo isso tornou fácil e cativante dar vida a personagem. Eu queria que tivesse durado mais.
MA: A cena do “beijo” sob a água foi difícil de filmar?
JK: Na verdade não. Eu contei essa história algumas vezes nas convenções… Eu acho que é uma das favoritas. Nós filmamos a cena em uma jacuzzi imunda. Eu acho que a água estava turva para a iluminação ser mais efetiva embaixo d’água. Lucy foi maravilhosa. Pouco antes de submergirmos, ela disse: “Não se incomode em abrir seus olhos na água – eu encontrarei sua boca”. E ela mais que certamente encontrou. Trabalhar com a Lucy foi uma grande experiência. Ela trabalha duro e me fez sentir confortável para trabalhar em conjunto desde o primeiro dia.
MA: Você tem algo em comum com a personagem? Você é vegetariana como ela?
JK: Claro. Eu acredito no poder da introspecção. E não, eu não sou vegetariana atualmente, embora eu acredite nisso profundamente. Eu acho que para sustentar inteiramente o processo de criação e matança da carne, nós tomamos tremendos recursos da produção de grãos, por exemplo, que poderiam sustentar muitas outras pessoas do que apenas poucos prestigiados. Eu tentei ser no passado e provavelmente tentarei novamente.
MA: Você teve chance de ver os episódios onde as filhas gêmeas de Lao Ma aparecem?
JK: Não! Talvez eu pegue no YouTube ou no Hulu…
MA: Você pratica algum tipo de arte marcial, técnica de autodefesa ou yoga?
JK: Estudei Iyengar Yoga, por cerca de 13 anos, e um pouco de Tae Kwon Do. Eu acho que uma das mais efetivas técnicas de autodefesa (e alento mental) é a percepção do momento presente.
MA: Muito obrigada Jacqueline, suas respostas realmente me fizeram sorrir!
JK: Obregado (sic), Mary Anne. Que fique bem!
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Sutras1 : N.T.: escrituras canônicas budistas.
Cesária Évora2: N.T.: provavelmente nossa amada entrevistada se confuindiu, pois se trata de uma cantora cabo-verdiana.
To know more about This I Heard you can check the links below:
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SoundCloud: http://soundcloud.com/thisiheard
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Gostei muito da entrevista e dela poder ser conferida em português. Brigado aos dois e é super legal isso dela assumir não ser vegetariana e entender que flutua entre duas culturas. Parabéns M.A.
Um agradecimento à Jacqueline.
Ola Jacqueline. Desejo dizer que gostei muito de saber da tua história de vida musical e seria muito legal ter acesso ao teu trabalho nesta área. A Lao Ma foi uma personagem muito legal e o que mais me impressionou em tua atuação é que ela [você] conseguiu sair do esteriotipo de submissão e não caiu no da prepotência, foi filosófica sem ser didática e sensual sem ser vulgar. Passou a idéia de ter um poder e domina-lo a ponto de não precisar exerce-lo. Parabéns pela atuação, onde a linguagem corporal, expressões faciais e brilho no olhar disseram muito pra quem assiste com o coração livre. Obrigada.
Obregado <33
Fofa!
Jacqueline é uma fofa! Super atenciosa e acolhedora. Foi um prazer entrevistá-la!
Me apaixonei por essa mulher mais ainda! S2
Iluminada!