Uma heroína com nome de flor; uma heroína com fome de força!

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Por Alessandro Chmiel

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GIRL POWER – n. 10

aaPessoal Xenite, olá mais uma vez! Devagar, devagar, chegamos à décima edição da RX, e também da GIRL POWER! Muito obrigado a todos que acompanharam até aqui.
Para esse mês de março – e na correria que ele encerra -, a homenageada pela RX é uma heroína lá do Japão. Não, não é a Akemi (para quem tem fobia e/ou amaldiçoa esse nome). A guerreira a ser apresentada pra vocês, amigos Xenites, vem de um mangá japonês que, após enorme sucesso de vendas, dominou o mundo através do anime – o famoso desenho animado japonês – NARUTO.
“Peraí, o cara vem me falar de uma pivete de cabelo rosa daquele desenho pra criança?!”, alguns de vocês podem se perguntar (claro, não necessariamente nessa mesma ordem ou com as mesmas palavras, enfim). Sim, é a menina do desenho, mas NARUTO conta com um universo que eu não indicaria para criança nenhuma.
O anime que passa num desses canais de televisão aberta, com uma péssima dublagem e edição, deixa muito a desejar. Minha versão – e de milhares de outros fãs – é a que assistimos na internet, através de sites especializados, como o narutoPROJECT.
Vale baixar alguns episódios, uns dez no mínimo para perceber a complexidade da história, para conferir. A saga conta a trajetória do menino Uzumaki Naruto, um garoto solitário que sonha em ser o maior ninja de todos e tornar-se um Hokage – o grande regente da Vila da Folha, seu lugar de origem e vivência. Acompanhado pelos colegas de time Uchiha Sasuke, um menino misterioso que encanta as mocinhas com sua beleza e causa inveja nos garotos por suas habilidades, e Haruno Sakura, uma linda e disciplinada mocinha (sim, ela é uma das “mocinhas encantadas”), Naruto realiza missões para sua vila encarando inimigos e desafios inimagináveis, cabíveis nesse universo que mescla um Japão feudal com tecnologias, sabedoria ninja, clãs e equipes do bem, do mal e variações, o valor da amizade incondicional e personagens significativamente carismáticos.

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Certamente, se Sakura fosse descartável, já a teriam matado ou afastado faz tempo. Bem no comecinho da série, ela se mostrava a mais inútil das criaturas – depois de Naruto, claro – pela necessidade de ser constantemente protegida. Sempre com um sorrisinho bobo no rosto, a menina ficava de escanteio em qualquer situação um pouco mais arriscada. Tanto Sasuke quanto Naruto progrediam a cada nova aventura, em especial o herói da história, esfregando na cara de todos que tinha capacidade de ser um ninja muito melhor. Sakura demora para enxergar o valor que seu amigo tem, frequentemente tampado por Sasuke.

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Sua indiferença é totalmente esquecida em um dos episódios mais bonitos de NARUTO, o 32º: “O florescer de Sakura! A volta da determinação!”. Encurralada por seus inimigos e sem a ajuda dos companheiros nocauteados e doentes atrás de si, Sakura é obrigada a lutar por si mesma e por eles. Sempre mimadinha e vaidosa, Sakura, num impulso de determinação e simbologia de uma nova fase, corta seus longos e femininos cabelos como prova de que a predisposição ninja vai além da beleza – alguém aí lembrou da mudança de fase pós-haircut de Gabrielle? -. Nunca mais Sakura iria falhar ou decepcionar seus companheiros, deixando de ser um ponto fraco e um fardo no grupo.

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Na série que dá sequência a NARUTO (Naruto Shippuuden, também disponível para download no narutoPROJECT), a galera está na fase adolescente e mais evoluída, e é onde Sakura mostra todo o seu potencial. Forte como um brutamontes, Sakura é ágil e detona até grandes pedregulhos! O próprio comandante do grupo, Kakashi-sensei, em um treino com a garota diz que se tomasse um único soco dela, seria o seu fim. Também pudera, Sakura é discípula de Tsunade-sama, uma mulher medonha com ares de tia boazuda que, quando enfurecida, destrói o que vier pela frente! É também nessa fase que Sakura dá ênfase à qualidade de ninja curandeiro, indispensável em um trabalho de equipe, sendo uma das melhoras curandeiras da vila.

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NARUTO ainda promete ter vida longa nos mangás e no anime, ainda que tudo já esteja se encaminhando para o desfecho. Do futuro de Sakura ainda pouco se sabe, apenas de que ela certamente seguirá Naruto onde quer que ele vá, como amiga ou algo mais, mas como uma ninja por si mesma. É alarmante sua semelhança com Gabrielle e sua evolução no seriado. De uma simples garotinha inteligente e inocente para uma guerreira forte, destemida e justa. Impossível não fazer comparações ao longo de “chorantes” episódios – não “chorantes” de ruins, mas de emocionantes mesmo! -.

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Pedindo perdão pela brevidade e pela demora da postagem, espero ainda assim que tenham gostado da GP de março! A todas as mulheres do mundo, em especial às Xenites, meus parabéns pelo dia de vocês, espelhos de Xena e Gabrielle ou não. Vocês todas são as nossas GIRL POWER’s de cada dia!
Mês que vem tem mais, com outra valentona de gibis, porém há mais tempo e muito mais próxima do que das terras do Oriente. Ah, sim, e não deixem de conferir a BITCH POWER de março também! Até lá, turminha!

Agradecimentos ao meu melhor amigo Diego Skieresz, “naruteiro” de primeira!

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Ela também já foi uma vilã. Mesmo sem saber!

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Por Alessandro Chmiel

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GIRL POWER – n. 09

sOlá galera Xenite! Sem enrolação por hoje, apenas espero que gostem da GP desse mês.
Tudo começou em 2001, quando o então não-tão-famoso roteirista J. J. Abrams escreveu e produziu o episódio piloto de ALIAS, estrelando ninguém menos que Jennifer Garner no papel principal. Ao que parecia – e parece, para quem não conhece hoje -, a série era mais uma das infinitas produções na grade da programação americana sobre espionagem, bombas, CIA, terrorismo, missões impossíveis, algo como o intuito de fazer parecer que os Estados Unidos eram fortes e poderiam combater todos os males que enfrentavam na época.

sA história não é simples, mas resumirei pra vocês – sem spoilers! -: a agenteSydney Bristow (Jen Garner) trabalhou durante sete anos como agente de campo para uma companhia intitulada SD-6, que dizia-se uma brecha da CIA original especializada em operações mais sérias, sem complicações burocráticas ou “éticas” como a CIA. Pensem nisso como “o lado negro da força”. Num belo dia, Sydney Bristow sai de uma aula da faculdade de Literatura – sim, ela estuda e trabalha como agente secreta! – e é abordada por Danny Hech (Edward Atterton), seu atual namorado, que a pede em casamento. Sydney se vê confusa e oprimida, e decide contar para ele quem realmente é, implorando para que ele não deixe essa informação vazar.
Sydney, em meio a uma missão com seu parceiro Marcus Dixon (Carl Lumby), mal sabe que Danny deixa “escapar” o fato de Sydney ser uma espiã na sua secretária eletrônica. Arvin Sloane (Ron Rifkin), chefe da SD-6, tomando conhecimento do vazamento de informações da inteligência, manda acabar com a vida de Danny. Sydney, desesperada ao encontrar o corpo do noivo na banheira de sua casa, parte enraivecida ao encontro de Sloane, exigindo explicações. A justificativa do velho e poderoso homem é clara: Sydney ultrapassara o acordo de sigilo, e qualquer ameaça à instituição é considerada um vírus que precisa ser eliminado.
Estupefata com o que aconteceu, e carregando um grande peso de culpa, Sydney abandona a SD-6 para tentar uma vida “normal” como estudante. Perseguida no meio de uma garagem, Sydney é salva por seu pai, Jack Bristow (Victor Garber), que até então sabia-se tratar de um vendedor de peças de avião. É então que Sydney descobre a verdade: a SD-6 não faz parte do governo americano, ela é, sim, inimiga do estado. Isto é, Sydney Bristow trabalhou sete anos para o grupo a quem pensava estar enfrentando, trabalhando para o inimigo.
É aí que ela tem um plano: Sydney decide cumprir mais uma missão para a SD-6, no intuito de provar que ainda pode e quer trabalhar para a instituição. Missão cumprida, Sydney Bristow vai até a sede da CIA – a verdadeira CIA – e conta sua história. É desse ponto que nasce sua nova vida e seu maior perigo: Sydney Bristow se torna uma agente dupla, trabalhando primordialmente para a CIA, mas infiltrada na SD-6, mentindo para todos sobre o que faz, burlando missões da SD-6 em prol da CIA. Como parceiro nessa jornada dupla, alguém tão próximo mas também tão distante: seu pai, Jack Bristow, também é agente da CIA, e também é agente duplo na SD-6. Nada de vendedor de peças aviatórias. Para ajudá-la nesse trabalho extremamente arriscado, Sydney conta com o apoio de Michael Vaughn (Michael Vartan), um jovem agente da CIA que atua como suporte em tudo o que se passa no trabalho de Sydney.

sAchou pouco para uma grande série? Pode ser, mas há muito mais em jogo. Sydney Bristow é, sem dúvida, uma das personagens mais fantásticas que se pode conhecer. Numa vida de múltiplas personalidades, Sydney é obrigada a fingir o tempo todo, e ser uma pessoa diferente para cada um que conhece, desde o pai, o parceiro de equipe, os amigos da vida acadêmica e, principalmente, o chefe da SD-6, Sloane, o qual Sydney tem como objetivo primordial destruir, bem como a sede da SD-6. “Não é cortar um braço do monstro, isso é sobre matar o monstro”, palavras de Vaughn.

Sydney Bristow lembra a nossa Xena em muitos aspectos. No que se diz respeito às habilidades mentais, Sydney sempre está um passo à frente, com raciocínio rápido e perspicaz, além de falar diversas línguas. No combate, não é diferente. ALIAS usa um sistema mais “realista” de luta do que em XENA, com combates mais próximos e muita porrada forte. Uma das grandes diferenças entre Xena e Syd é que Xena, em grande parte do tempo, encara uma dezena de inimigos e não leva um arranhão. As lutas de Sydney, em contraponto, são bem mais pesadas, e ela apanha bastante até conseguir sair vitoriosa de um combate. Uma luta entre as duas? Difícil dizer quem ganharia. Mesmo mesclando os universos de batalha, ambas são ágeis, fortes e resistentes à dor. Eu opino que as duas sairiam arranhadas, com hematomas e cabelos bagunçados, mas caminhariam lado a lado dando risada depois de alguns minutos. Afinal, uma coisa que é indubitável em Sydney é que ela preza e muito o Bem Maior do mundo, e não vê descanso até colocar um ponto final numa rede de inimigos que se espalha a cada instante.
Fora dos assuntos mais obscuros de seu trabalho, não é exagero definir Sydney Bristow como um anjo. Não há nada de mais belo nos episódios do que o imenso sorriso reluzente dessa heroína. ssSeu bom senso assemelha-se com o de Gabrielle, no carinho com que trata as pessoas à sua volta e do verdadeiro poder da amizade em sua vida. As mesmas mãos que atiram, socam e sangram também sabem ser carinhosas, afetuosas e delicadas. Em um ponto Sydney não se compara à barda guerreira: Sydney foitreinada a sempre duvidar do caráter de todos que entram e passam por sua vida, inclusive pessoas da sua família, metida em espionagem até as gengivas!

 

s            A série acabou em 2005, deixando alguns fãs decepcionados com a falta de cuidado na elaboração de alguns episódios – e até de temporadas inteiras -, agradando mesmo a quem aprendeu a ser fã de Sydney, Jack e toda a trupe que todo dia arrisca a vida pra salvar o mundo. Culpo o diretor, J. J. Abrams, pela ausência de tato com que lidou com as últimas duas temporadas, onde focou toda sua atenção na sérieLOST. O curioso é que ele havia largado FELICITY no meio do caminho para produzir ALIAS, e a série não parece ter acabado tão bem. Muitos dizem que J. J. estragou ALIAS na elaboração e enfoque de LOST. E o que pode chocar ainda mais, J. J. Abrams está na equipe deFRINGE, mais uma série repleta de mistérios e drama, mesmo faltando duas temporadas para o fim de LOST. Confuso, muito confuso, mas talvez sejam problemas que todo seriado enfrente, ou, conclusão infeliz e mais provável, o senhor Abrams não consegue ir até o fim em suas magníficas criações. Para quem lembra de “The King of Assassins” da terceira temporada de XENA, uma das grandes vilãs de Sydney é Anna Espinoza, interpretada por Gina “Cleópatra” Torres. Os inimigos de ALIAS são um trunfo, desde o aterrorizante e sádico Sloane até a graça malévola do Sr. Sark – trocadilho com sarcastic.
Fica a dica para todos assistirem ALIAS (com o subtítulo de CODINOME PERIGO aqui no Brasil), que conta com as cinco temporadas nas melhores locadoras. IMPLORO para não assistirem a versão dublada: Sydney parece ter 17 anos e não convence você de nada do que fala, ou seja, você não acredita na heroína com essa voz descuidada e desrespeitosa para com a atuação digna dos prêmios que recebeu da mídia de Jen Garner, que também é conhecida por encarnar Elektra nos cinemas. Sydney Bristow foi, recentemente, escolhida como a agente civil mais querida pelo povo americano, derrubando até o nobre agente Jack Bauer de 24 HORAS. Quem curte games também encontra o jogo de ALIAS para PC e para Playstation 2.

 

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“Sou sua pior inimiga. Eu não tenho NADA a perder”.
        Sydney Bristow, na inesquecível missão do episódio piloto, Truth Be Told.           

 Obrigado por chegarem até aqui. Votem, comentem, podem xingar que eu deixo e vocês têm direito. E quem não viu, dá uma conferida na nova seção, quase um GIRL POWER às avessas. Espero sinceramente, para quem chegar a assistir ALIAS e às aventuras de Sydney Bristow, que ela fique no coração de vocês para sempre, assim como ela ficará no meu. Até a próxima GP, com uma menina “animada” que bota pra quebrar – mesmo! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Uma garota poderosa da literatura britânica Puxem a gola, pescoços em risco!

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Por Alessandro Chmiel

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Obs.: pode conter spoilers da obra Drácula.

 

Queridos Xenites, feliz 2009! Apesar dos pesares, 2008 foi um ano maravilhoso pra Comunidade Xenite, em especial pela criação dessa maravilhosa revista. Parabenizo a todos que a constroem a cada mês e agradeço o espaço que tenho na seçãoGirl Power e a todos que a lêem, comentam, criticam, odeiam, enfim, obrigado!
Para variar um pouco, decidi começar o ano fugindo dos vídeo-games e viajando pela literatura. A obra em questão ainda permanece contemporânea, mesmo pertencendo ao século XIX. Escrito em 1897, Drácula (Dracula) foi a maior obra do escritor irlandês Bram Stoker (08/11/1847 – 20/04/1912). É no meio dessa trama de terror, perseguição e horripilantes personagens que trago a nossa heroína desse mês de janeiro: Mina Harker!
Também conhecida como Wilhelmina Murray, seu nome de solteiro, ela era a única mulher no grupo que buscava a destruição do temível Conde Drácula, arriscando não somente ter uma morte terrível como passar o resto da eternidade como uma serva do maior sanguessuga de todos os tempos.

Apesar do que falam da Editora Martin Claret, a edição de “Drácula” ficou bastante boa.

Você pode estar se perguntando: “o que esta mulherzinha faz na GP?”. Antes de ler o livro, eu mesmo jamais pensaria em Mina como uma lutadora ou coisa parecida, vendo-a como uma mera mocinha vitimada das garras e dentes de Drácula. Tudo bem, ela deve ser um zero à esquerda no quesito socos e chutes, mas suas armas são outras e, de muitas formas, bem mais poderosas. Sua inteligência e noção dos fatos traz ao grupo do bem uma grande vantagem sobre o vilão, contando também com forte senso de humanidade que Mina carrega consigo, sabendo que não será a única a ser destruída por Drácula se terminarem perdendo a batalha.
O bom de ler Drácula é sua forma incomum de contar a história. Através de diários, cartas, notícias, memorandos, lembretes, gravações, a história é contada de forma cronológica sob a perspectiva de quem está envolvido nela e através de suas próprias palavras, como Jonathan Harker, marido de Mina, e o famoso Van Helsing. Sem dúvida, é nas passagens de Mina que a visão não somente feminina, mas a de maior sensibilidade dentro da história, que o leitor sente a proximidade e afeição pelo drama vivido pela senhora Harker e seus amigos.
Fora da literatura, Mina Harker participou do filme A Liga Extraordinária (The Extraordinary League of Gentleman, 2003). O filme mistura outros personagens da literatura britânica, americana e francesa, como Dorian Gray, Allan Quatermain, Tom Sawyer e Capitão Nemo, sendo Mina a única personagem feminina. Baseado em uma obra dos quadrinhos, o filme traz Mina interpretada por Peta Wilson. Estejam avisados, porém, que o filme não passa de uma 

grande brincadeira com todos esses personagens. Mina aparece como uma jovem ruiva, já viúva, e com poderes vampirescos (como uma “garota só querendo diversão” – tá bem, péssimo trocadilho com Girls Just Wanna Have Fun de XENA -).
Outro filme bom de ser admirado é o realmente baseado na obra de Stoker. O filme de 1992 é 80% fiel no que diz respeito ao relato dos fatos, porém peca gravemente ao tratar nossa heroína. Mina é apresentada como a reencarnação do antigo amor do Conde Drácula (trama criada exclusivamente para o filme), que a quer de todas as maneiras como sua eterna companheira. Mina sai da imagem de garota inocente dos primeiros 20 minutos de filme e vira quase uma vag****** (imaginem a Xena de Between the Linesgritando o singelo palavrão ao assistir o filme) pouquíssimo apaixonada por Jonathan, que mais parece um paspalhão arriscando a vida pra salvar a “pobre” Mina. Mais um filme para ser visto com cautela, que tem um sabor a mais para quem teve a oportunidade (e paciência) de ler o livro antes (são mais de 430 páginas na edição da Martin Claret, mas vale a pena por não se tratar de uma leitura cansativa).

Talvez essa seja a primeira Girl Power que não se pareça muito com Xena, e sim com Gabrielle, e não há nada de mal nisso. As semelhanças não se restringem ao dom da escrita e da sensibilidade, mas na força com que ambas lidam com as situações, querendo o máximo de participação ativa nas aventuras que, no livro, envolvem Londres e a Transilvânia. Para uma mulher do século XIX, Mina Harker tem uma percepção de mundo extremamente avançada, não conformada em ser apenas uma dona de casa que cuida do marido, tendo habilidade em taquigrafia (incomum para mulheres da época) e ensinando etiqueta e decoro como profissão. Além do mais, Mina luta do modo que sabe, não tendo a força dos homens, mas certamente a grandeza de uma mulher.

 “(…) creio que o gosto da maçã do paraíso ainda permanece um pouco em nossas bocas”.
        Mina Harker em seu diário, ao falar da mulher. Página 227.

             Espero que todos tenham gostado desse mergulho na literatura e que sintam-se intrigados pela brilhante personagem e pela história do vampiro mais famoso do mundo. No mês seguinte, um presente para quem gosta de espiões e uma sugestão de seriado para as férias de verão. Com essa agente secreta, o mundo da espionagem jamais será o mesmo, podem apostar. Aproveitem as férias e experimentem alguns momentos de leitura com Drácula. Só protejam o pescoço, fechem as janelas e comam alho o dia todo. Conselho sempre é bom.
Até a próxima Girl Power, e não esqueçam de comentar!

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Além de uma guerreira, ela também é uma princesa.

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Por Alessandro Chmiel

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Xenites do Brasil, mais uma GP pra vocês! Vou tentar ser sucinto e falar tudo que for pertinente, pois esse mês de novembro – com faculdade, amigos carentes e novos amores – foi muito turbulento e não sobrou tempo MESMO. Imaginem, porém, se eu ia deixar de participar de mais uma RX!
Continuando na série Mortal Kombat, apresento-lhes outra heroína dessa maravilhosa história de luta sangrenta e desejo de um mundo pacífico. Na GP de novembro, falei da primeira “kombatente”, Agente Sonya Blade, que após a estréia no jogo, ficou de fora da seqüência, MK II. Era ali, em meio a fase crítica que entrava a Terra e o mundo desconhecido de Outworld, que surgia a bela guerreira Kitana!

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Kitana: outra representante feminina em MK – tão popular quanto Sonya.

            Seu nome pode soar como a famosa espada samurai, Katana, mas a arma vista acima em forma de leque – na imagem ela segura apenas uma, mas sempre carrega duas delas, chamadas de Steel Fans (Leques de aço). Sua história é bastante complexa para uma personagem feminina de vídeo-games e, assim como Xena, Kitana tem um passado misterioso e intenções primeiramente desconhecidas.

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Sonya Blade e Princesa Kitana em Mortal Kombat – Sholin Monks: elas acabaram tornando-se parceiras na luta pelo bem. Quem sabe até amigas?

            Kitana vive no mundo de Edenia, um belo lugar de seres similares aos humanos, porém com vidas muito longas – tanto que Kitana tem, apesar da aparência de uns 23, mais de 10 MIL ANOS! Filha da rainha Sindel, Kitana vivia em paz no seu mundo. Quando o poderoso imperador Shao Khan invadiu os terrenos de Edenia, assassinou o pai de Kitana, Jerod, e abduziu Sindel como sua Rainha – daí deriva o título de Princesa Kitana. A menina, até então, não sabia dos fatos, tendo Khan a adotado ainda jovem. Com o medo de Kitana descobrir a verdade sobre sua história, Shao Khan manda seu servo Shang Tsung (vilão de MK I) criar um clone de Kitana, a perversa Mileena (que também surge em MK II), para vigiá-la constantemente como sua “irmã” gêmea. Seus figurinos são idênticos, sendo que Mileena não veste azul, e sim um tom que vai do rosa ao roxo, além de ter sido treinada na arte dos Sais (alguém aí lembra dessas armas?).

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Imagem de Mortal Kombat Armageddon: a rivalidade de eras envoltas em mentiras.

            Juntamente com sua “irmã” e com sua melhor amiga Jade (uma guerreira na arte do bastão, vestida de acordo com as outras, em verde, a pele mais bronzeada), Kitana serve Shao Khan como sua assassina particular – algo como As Panteras versão evil. Quando tomou conhecimento de todo o acontecido, Kitana fingiu lealdade ao seu pai adotivo até o momento em que pudesse atacá-lo, ajudando os guerreiros da Terra a livrarem-se do poderoso imperador (mais informações sobre Kitana – a história pode conter controvérsias, tratando-se de um jogo de vídeo-game – , acesse: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Kitana>).

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Kitana, Jade e Mileena em MKSM: jamais subestime a destreza dessas mulheres.

            Um dos fatores interessantes na comparação entre Kitana e Xena, como dito, é o passado repleto de violência e erros. Kitana, após saber de toda a verdade sobre sua família, da mãe, Sindel,  ter sido usurpada pelo padrasto, da irmã que na verdade é um clone em cima de um corpo de monstro (experimente tirar o véu de Mileena), da melhor amiga que sempre serviu como assassina por livre arbítrio, vai contra seu destino infame de assassina e decide redimir-se colaborando na destruição do império de Khan. Auxiliando os guerreiros da Terra, em especial o campeão Liu Kang em uma relação que instiga a libido, Princesa Kitana arma-se de todo o seu conhecimento guerreiro e carisma pessoal para ajudar a turma de heróis, não somente da Terra mas todos os que lutam pelo bem maior, a livrarem-se desse e de outros vindouros tiranos.

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Outras imagens da Princesa: vai um “ventinho” aí?

 

         

 

 

   Quanto às habilidades de Kitana, um adjetivo que definiria suas lutas é “graciosa”. Com movimentos longos imitando uma dança mortal, Kitana não se deixa abater por nenhuma irmã psicótica nem um brutamontes de quatro braços. Utilizando seus Steel Fans, Kitana pode imobilizar seu inimigo no ar através de ondas provocadas por eles, deixando-a livre para um golpe violento. Kitana utiliza os Fans como arma de batalha, além de lançá-los contra o inimigo. Seu golpe finalizador, Fatality, mais famoso é o Kiss of Death (Beijo da Morte), no qual Kitana retira o véu e beija o rosto do adversário, que explode brutalmente pelo feitiço. Em outro deles, Kitana abusa de seus Fans e decapita o pobre inimigo. O último Fatality desenvolvido para ela é uma simples – e nada singela – lançada dos Fans no peito do derrotado inimigo.
Kitana foi muito bem interpretada por Talisa Soto nos dois filmes de MK, apesar do figurino não ter feito seu melhor.
Atualmente, Kitana pode ser vista no novo jogo da série MKMortal Kombat vs DC Universe, ao lado de Liu Kang, Raiden e da própria Sonya Blade. Com um longo cabelo estonteante, Kitana luta de igual para igual contra Super-Homem, Flash, Batman e Mulher-Gato, entre outros. Para quem tem a sorte de poder adquirir um PlayStation 3, o jogo é imperdível, prometendo grande participação dessa bela princesa guerreira.

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Kitana vs Superman: leques mortais; Kitana vs The Flash: Fan Lift, seu golpe clássico.

            Desejo a todos os Xenites do mundo um eXcelente Natal e um 2009 repleto de coisas boas. Lembrem-se: tudo que a gente recebe é porque fazemos por merecer. Tudo bem, você não é um assassino – eu espero! -, mas que tal começar a se redimir dos pequenos erros do dia-a-dia? Seja você também uma Girl Power ou um Boy Power, pois na luta para o bem do nosso mundo, todo mundo é um guerreiro de extrema importância. Até a próxima GP, caindo de boca no pescoço (não é nada sexual, ok?) de uma grande personagem da literatura britânica do século XIX que não deixa de ser uma Girl Power. Afinal, não faz mal nenhum gostar de outras heroínas juntamente de Xena e Gabrielle.

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Xena, algo como o amor…

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Laraíne Ramos

Às vezes me pego pensando nas similaridades que há entre ser fã de algo e um amor verdadeiro. Para os xenites isso devia ser ainda mais próximo, uma vez que a série fala exatamente disso, de quanto amor devemos dispensar pelo que acreditamos e prezamos.
A cada episódio da série vemos uma Xena que busca remendar seu passado sabendo que isso a tornará não uma pessoa melhor, mas alguém mais próximo do seu verdadeiro eu. O que ela procura incansavelmente talvez nem seja o bem supremo total, pois creio que ela estaria a par do quanto seria difícil ter esse poder em suas mãos. Acredito que o que ela procura é a suprema integração com o que é, o que sempre será não importa o que passe.
Talvez seja exatamente isso que procuramos quando olhamos os episódios, essa noção de que não importa os erros que se tenha cometido, nunca nada estará perdido enquanto acreditarmos que o melhor ainda pode ser feito.
Eu costumava pensar que Xena havia concordado muito rápido quando Hércules lhe disse que mudasse. Por que? Não fazia sentido se ela era uma temida conquistadora de nações. Mas a verdade era que ela sempre soube que aquele não era o seu caminho e, por mais que lutasse em escondê-lo, quando enxergou Gabrielle e se dispôs a salvá-la, percebeu que não podia lutar contra sua natureza e que a escolha de lutar com as armas certas era sua e de mais ninguém. Suas crueldades e a sombra em seu coração eram fruto da escolha entre se tornar uma garotinha assustada e fazer algo por si mesma. Por mais que tenha se entregue a um drama de controle forte no início, onde subjugava os outros através da força, no fundo era como o esconderijo que muitas vezes usamos quando queremos, mas não temos a devida coragem de nos livrar de alguma situação incômoda.
É preciso ter coragem para aceitar o caminho mais difícil e longo. Xena poderia nunca ter se tornado uma conquistadora e ainda assim ter conhecido Gabrielle, mas isso a tornaria a Xena que conhecemos e amamos? Não. Por mais erradas que fossem suas escolhas, e por mais difícil que fosse ter de se render quando se poderia chutar tudo, essas escolhas a moldaram como a guerreira que admiramos hoje e que despertou algo importante em todos nós.
Não é por acaso que nos sentamos na frente da televisão e imploramos para que a Record coloque XENA novamente na programação. Não é por acaso que baixamos vídeos, fazemos wallpapers, fanfics ou artigos. Somos assim, pois era isso que havia dentro de nós e que XWP despertou, um lado que muitas pessoas não entendem, mas que nos torna fortes como o chakram que rompe barreiras e derrota os ímpios.
Mas o que nos atrai em XENA? Pancadaria? Uma loira e uma morena bonitas? O subtexto? Pensem e verão que não é nada disso. Xena nos atrai porque nos completa no sentido mais amplo que conseguimos entender. Despertou algo que havia em nosso íntimo, que talvez estivesse escondido ou até mesmo suprimido por um mundo onde não há mais espaço para a bondade em detrimento da ambição e avidez. Ela nos conquistou pelo amor. O amor por tudo que é verdadeiro em si mesmo e nos outros, bom ou mau. E não falo apenas do amor que ela sente por Gabrielle, mas o amor pela verdade, pelo que seria melhor, não pra ela, mas em termo de gerações, de forma que pudesse mostrar para as outras pessoas tudo o que sofreu para aprender.
Quantas vezes pensamos apenas em nós, e na facilidade em aceitar as coisas ou esperar que outro se rebele em nosso lugar, quando a possibilidade de mudar está em nossas mãos? Quantas vezes optamos por ficar no conforto de um posto de comando, quando podemos salvar a vida de uma camponesa que nos ensinaria mais em uma simples expressão do que aprenderíamos com o mestre de armas mais astuto?
XENA é muito mais que uma série, muito mais que LL ou ROC, milhares de vezes mais que o subtexto ou a falta dele. XENA somos nós e o que podemos fazer ou não de nossas vidas. XWP representa a nossa opção entre ser mais um escravo com medo de seu senhor ou um guerreiro digno de viver num mundo onde apesar de nada ser perfeito, com certeza existe em algum lugar uma “camponesa” esperando para ser salva e iluminar a nossa verdadeira busca.

 

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Meu Filho Xenite

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Por Robson Cardoso dos Santos

         

Dedicado a uma pessoa que, assim como Gabrielle esteve com Xena, desejo que esteja comigo até o fim.

 

– Conta o que vai acontecer hoje, paieeeeê!
– Você não prefere que seja surpresa?
– Contaaaa!
– O episódio de hoje se chama “O Retorno de Callisto”. Preciso explicar o que vai acontecer? Não, né? Então vá arrumando aí o aparelho de DVD.
– Posso detonar aquele sorvete agora, pai?
– A janta fica pronta em duas horas, David. Depois você perde o apetite.
– Prometo que daí eu como o treco verde, pai!
– Rúcula? Humm… – avaliei a proposta, coçando o queixo. – Então ficamos combinados. Toca aqui, garoto – o cumprimento com aperto de antebraço era o nosso favorito. Eu sabia que ele mal ia comer no jantar, mas criança merece uns mimos de vez em quando.
Fui para a cozinha apanhar o sorvete no freezer. Uva pro meu moleque. Quando eu era guri, uva era o meu sabor favorito também.
– Anda logo, velho gaudério! – berrou ele.
Que jeito autoritário porém carinhoso de falar as coisas! Voltei sorrindo para a sala. David estava deitado de barriga num almofadão, já fuçando à toa nos botões do controle remoto. Era fim de tarde, o sol laranja tentava abater a barreira que eu fizera com as cortinas, a fim de dar ao ambiente um aspecto de cinema.
Sentei-me ao seu lado no carpete, passando-lhe a tacinha de sorvete. Dispensei a almofada que ele ajeitara pra mim, e apenas me recostei no sofá.
– Play! – vibrou ele, começando a lambuzar-se todo.
Xena e Gabrielle na tela… Eu sempre me emocionava com essa série. Apesar de já ter visto cada episódio mais de 15 vezes, e de adorar os de roteiro cômico, eu sempre tive preferência pelo lado tristonho da saga de Xena. Minha sintonia com essa vertente dramática se estabelecera ao longo dos anos. Com David eu seguia a cronologia exata dos episódios, a fim de mostrar a ele o amadurecimento da série.
David assistia a cada aventura com um brilho tão lindo nos olhos! Assim que ele nasceu, eu assistira a série inteira com ele em meus braços, mas é claro que bebês de colo não se recordam do que se passa à sua volta então. Agora, vendo os episódios pela segunda vez com ele, eu sabia que futuramente ele haveria de se recordar desse pedaço da infância que eu construía dia a dia com ele. Quando ele era bebezinho, a única coisa que acalmava sua choradeira era a soundtrack da série, o repertório oficial do quartinho dele, que o embalava em seu leve soninho no berço. Nem a própria mãe conseguia deixá-lo tão relaxado quanto LoDuca era capaz de fazer!

 

David sempre terminava de assistir aos episódios até o último instante, quando aquele “rosto” imponente da Renaissance era entrecortado por um raio. Às vezes fazia algum comentário engrolado a respeito do que acabara de assistir, resmungando com seus botões. Com freqüência saía dando socos e pontapés no ar, imitando Xena, e corria a pegar seus chakrams feitos com caixas de pizzas e arremessava contra as paredes, mirando em oponentes que só ele via. O fato de nunca voltarem para sua mão, assim como o de Xena retornava, não parecia frustrá-lo. Quando ele pegava o cabo da vassoura para incorporar a Gabrielle com seu cajado, eu tinha de correr pelo apartamento atrás dele. Tornei-me extremamente hábil com meus reflexos para poder apanhar a meio caminho do chão a avalanche de objetos que ele derrubava sem querer das estantes.
Findado o episódio, falei:
– Certo, filho. Agora vá tomar seu banho que eu vou preparar a sua rúcula… – reforcei a palavra e me deliciei com a careta disfarçada por uma falsa determinação que David me deu.
– Beleza, pai – e lá foi ele pro banheiro do meu quarto, aos tropéis, entoando a abertura da série.
Enquanto isso, preparei o grill elétrico para assar a carne. Flambei bananas e caprichei regando com vinagre a famigerada rúcula. Fui verificar o menino e por um momento achei que a banheira havia sido removida para o carpete do meu quarto, tamanha era a “molhação” naquele banheiro.
A campainha tocou.
– Quem vem aí, pai?
– Sua tia Gabrielle e seu tio Jônatan. Eles vieram pela rúcula
– Não precisa lembrar o tempo todo, pai!
– Seque-se – falei rindo, estendendo a toalha pro menino.

 

Corri pra porta para receber meus dois melhores amigos. Devido a uma namorada ciumenta, ao longo dos anos tornara-se difícil ver Gabrielle com tanta freqüência, mas ela sempre dava uma escapadinha pras reuniões de velhos amigos. Jônatan estava muito bem resolvido na vida, namorando um cara rico porém nada hollywoodiano, que era o que ele mais queria na adolescência.
– Oi, meu solteirão favorito! – roncou Gabrielle, radiante.
– Eaê, caminhoneira! – abracei-a forte. – É vinho que estou farejando aí?
– Poisé – respondeu Jônatan. – Imagine que ela não resistiu e veio dando umas goladas no banco do caroneiro!
– Humm, o vinho de Bacchus… – pensei alto. – Pelo menos não era ao volante, né?
– Tu sempre a citar Xena, não tem jeito mesmo… Cadê o centaurinho?
– Não o chame assim, Gabrielle…
– Filha duma bacante!!! – David surgiu no corredor e veio correndo para os braços da “tia” favorita, cabelos pingando.
– Centaurinho manco! Como tu estás grande!
– Não cresci nada do mês passado pra cá, tia Gaby!
– Estás insinuando que eu então devo ter diminuído de tamanho, garoto? Não questione os mais velhos! – brincou Gabrielle. – Tome aqui um presente da tia…
– Uauuuu! Um coliseu de brinquedo! – David estava extasiado. Sorri pensando nos episódios futuros em que César daria as caras em XENA.
Faceira com os agradecimentos elétricos de David, Gaby foi acendendo um cigarro.
– Vamos jantar que eu tô verde de fome! – foi falando Jônatan, fechando a porta.
– Verde me lembra rúcula
– PAPAI!!!
– Fome nada! Tu queres é mergulhar de cara nesse vinho aqui que eu tô ligada!
– E daí, cangaceira? Preciso me apressar senão tu logo secas esse garrafão…
Meus amigos… O que seria de mim sem eles…? Desde a mais tenra infância, nós mantínhamos com gosto nossa amizade. Uns buscavam os outros, e o tempo que passávamos sem nos vermos só fazia nossas reuniões mensais ficarem ainda mais divertidas. Um de meus sonhos já havia se realizado, que era poder publicar textos de minha autoria no jornal mais famoso da cidade. Trabalhava em casa, podia ser um pai presente e nada me dava mais prazer. Outro sonho que eu já via como peça concreta da minha felicidade eram esses dois amigos que nunca esqueciam de mim e que nunca permitiam que eu quisesse me “esquecer” deles!
Mas outro sonho… Ah, o outro sonho… Esse ficava apenas para nutrir minhas noites insones…
– Você parece distante, Robson…
– É o vinho fazendo efeito, queridaaa… – disse Gaby, entre uma garfada de bife.
– Distante? Eu tô bem aqui, gente!
– Não se faça de Joxer! Você tá avoado sim. É sobre o que estou pensando? Ou melhor, sobre QUEM estou pensando? – insistiu Jônatan, analítico como de costume.
– Dave, por que diabos estás comendo essa grama aí? – horrorizou-se Gaby. Notei que Jônatan, vendo-me salvo pelo gongo Gabrielle, revirou os olhos por detrás da taça de vinho.
Aproveitei a deixa:
– Gabrielle, que incentivo é esse, sua vegetariana desertora?! O menino precisa comer salada de vez em quando, e prometeu detonar essa rúcula aí…
– “Detonar” é só pro sorvete, pai. Pra rúcula é “engolir” – corrigiu David, com ar de obviedade.
Sorri. Levantei-me e fui colocar um rock pesado no som da sala.
– Já volto, pessoal. Acho que deixei meu notebook ligado.
Retirei-me da cozinha. Refugiado no corredor, sorri por estar ali com três das pessoas que mais amo na minha vida. Pensei em Xena e Gabrielle, na felicidade que uma experimentou com a outra. Mas eu não estava sozinho naquele corredor… Algo me acompanhava na penumbra… Algo que não se sentia afugentado pela música e risadas altas vindas da cozinha. Era o vazio, aquela sensação de ausência instalando-se dentro de mim sem qualquer pudor. Eu estava consciente da raiva que eu sentia de mim mesmo pela minha incrível habilidade de começar a me sentir miserável nos momentos mais inoportunos. Ali estava eu num ambiente feliz, com pessoas divertidas, uma delas aditivada pelo fulgor da juventude e outras duas por doses de álcool, mas eu sempre tinha essa brutal necessidade de me refugiar nas sombras. Acho que nas trevas é mais saudável para se recordar do passado, para lamentar o futuro que não vimos florescer, e cair na real do presente em que nos jogamos de guampas. Fico tonto… O escuro aqui dentro é mais denso do que o deste apartamento.
Bati com força a porta do banheiro para dar a impressão de que havia entrado ali, não sei se me ouviram da cozinha. Fui para meu quarto. Pelo menos não menti sobre meu notebook estar ligado. A escuridão do quarto era apenas conspurcada pela luz esbranquiçada da tela do PC que se pintava pelas paredes. Fui até a escrivaninha, curvei-me sobre o teclado e, tomando fôlego, abri a pasta de Imagens. Seu conteúdo, em grande parte, era formado por fotos de Xena e Gabrielle, outras tantas de viagens que eu fizera com Gabrielle e Jônatan, e mais uma montoeira de belas cenas do meu filho em diferentes idades. Mas havia uma pasta ali com o nome Rob e… Nunca consegui deletá-la… Isso adiantaria alguma coisa?
Promessas de viajar de encontro a uma pessoa ecoaram na minha cabeça. Se eu nunca tivesse assistido Xena, será que eu acreditaria no lance de almas-gêmeas? O tempo pode ser uma espera cruelmente demorada pra quem já sabe o que quer na vida. E eu sabia… Ah, eu sabia… Onde estaria minha outra asa uma hora dessas? Teria se completado por aí? Voava? Ou sentava, esperava?

 

Eu tinha muitas fotos dessa outra metade do vital acessório que me faltava nas costas. A outra asa. Mas pelo bem da minha sanidade emocional nunca mais tive coragem de olhar para aquelas fotos…
Me encaminhei para a janela. Abri a persiana e deixei o vento de gelo do anoitecer me dar uns tapas na cara. Eu tava mesmo precisando…
Esta minha história ainda teria mais temporadas? Onde foi que os laços perderam seus nós?
Fazia tempo que eu não chorava. Talvez eu fosse vazio no sentido literal da coisa, desprovido de uma carga de lágrimas que tão bem me faria derramar.
Dizem que não existe amor maior do que aquele que alimentamos por um filho nosso. Hoje eu sei disso. Mas aquele amor que tive pela Internet aos meus 20 anos, um amor que não consegui sentir depois com a mãe de David, ainda mexia comigo…
Hoje sei quão longe eu irei porque tenho meu filho por quem viver. Ele, apenas ele. Meu pilar de sustentação, que me chama à razão. Mas ainda hoje desejo ser arrebatado para a loucura que me prometeram mostrar anos atrás.
Soprei meu bafo de vinho no vidro da janela. Desenhei um nome no embaçado que se formou… Venho desenhando esse nome há muitos anos, em muitos lugares. Vem me protegendo como um amuleto. Me protege da besteira que eu gostaria de fazer comigo mesmo. O que fazer quando você precisa, quer, deseja, sangra, anseia, de uma pessoa e não mais de uma lembrança? Uma lembrança se perde com a ausência da voz, mas aquela pessoa parada na minha frente falaria por todas as palavras indizíveis pelo silêncio…
O tempo cura a dor, fecha as feridas, mas eu ainda vejo em mim as cicatrizes, lembro exatamente de cada palavra, das muitas palavras, que gravei no mesmo Orkut e no mesmo MSN de alguém. Como eu poderia esquecer das poesias, das declarações, dos passinhos pra dentro do abismo desse amor?

Continuo na beira desse abismo.

Por favor, me faça cair.

Voltei para a cozinha. O pessoal já terminara de jantar e agora dançava em cima de um palco improvisado: o sofá da sala. Uma alegria que se podia sentir em ondas. David me avistou encostado de ombro no batente da porta da cozinha e veio correndo ao meu encontro com a frase de “O Retorno de Callisto” engatilhada: “Você não escreveu!!!” Obviamente era uma referência à minha demora no quarto. Sua mãozinha envolveu meus dedos e me deixei conduzir para o meio daquele redemoinho de festa.
Com eles, pulei nos almofadões, usando o controle remoto como microfone, passei a imitar o cantor da música que explodia nas caixas de som. Gabrielle e Jônatan, por sua vez, dançavam uma espécie de tango, completamente fora de ritmo com a energia das guitarras no ar.
Chorei. Chorei de rir. Chorei porque a embriaguez do vinho não conseguia mais nublar minha mente, não era mais capaz de me fazer esquecer da pessoa que ainda hoje eu desejo tanto conhecer. Chorei pela distância, pelo tempo, pelo sonho.
Chorei por mim. Chorei por ele.
Chorei por chorar.
Eu ia sobrevivendo, sem sequer me sentir vivo.

 

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Uma Visão Sobre Os Grandes

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Por Juliana

Eu senti a necessidade de escrever aqui talvez apenas para desabafar, ou para compartilhar com vocês a minha experiência nada agradável.
A professora de gramática, literatura e redação da minha escola pediu para que todos trouxessem a letra de uma música e interpretassem seu conteúdo para apresentar. Podíamos apresentar um vídeo, slide ou como quiséssemos. Todos fizeram vídeos e apresentações de músicas muito populares e conhecidas pela maioria, porém eu optei por algo diferente.
Eu havia acabado de assistir “The Bitter Suite” e me senti inspirada, me fascinei pelo mundo de Ilusia, pela sua mensagem de perdão, por aquelas músicas que passaram uma mensagem tão significativa. O meu trabalho foi sobre isso; sei que as pessoas carregam um conceito ruim da série, mas eu só saberia a reação delas se apresentasse o trabalho e eu estava disposta a fazer isso.
Quando as pessoas souberam que meu trabalho era sobre Xena, riram e quando coloquei o vídeo a partir da música “Hate is the star” eles soltaram piadas riram e nem se quer prestaram atenção na música. Eu ouvi comentários do tipo “Como alguém perde tempo fazendo um trabalho sobre Xena?” e uma garota me falando “eu prefiro Buffy!”. E o pior disso tudo foi ver que a professora nem prestou atenção, levantou a cabeça, deu uma olhada e disse:
-“Tinha que ser Juliana! Ou isso é engraçado ou é irônico”.
Eu simplesmente não disse nada, de pensar que um dia cheguei a achar ela legal e a sentir um pingo de admiração. Aquilo pra mim foi a gota d’água, ela simplesmente perdeu meu respeito por ela como professora.
Eu retirei o trabalho do telão super frustrada, eu realmente tinha colocado minha paixão naquele trabalho, mas as pessoas infelizmente não souberam aproveitar isso.
Isso me lembrou um trecho do livro “O Pequeno Príncipe”, trabalhado na escola por essa mesma professora até, que diz assim:
“…Quando encontrava uma que me parecia um pouco esclarecida, fazia a experiência do meu desenho número 1, que sempre conservei comigo. Eu queria saber se ela era na verdade uma pessoa inteligente. Mas a  resposta era sempre a mesma: “É um chapéu”, então eu não falava nem de jibóias nem de florestas virgens, nem de estrelas. Colocava-me no seu nível. Falava de bridge, de golfe, de política e de gravatas. E a pessoa grande ficava encantada de conhecer um homem tão versátil”.
As pessoas nem sempre são inteligentes como parecem, não foram para aceitar algo diferente e compreender a mensagem que eu estava disposta a passar apresentando “The Bitter Suite”; agora para ser vista como uma pessoa inteligente devo me colocar a altura deles, falar sobre esportes, atualidade, países, moda, pois são alienados demais para enxergar além disso.
A princípio eu pensei: “Mas porque é que eu fui burra a ponto de achar que eles entenderiam a mensagem que eu gostaria de passar?”.
Naquele momento me senti sozinha, mas me lembrei de vocês, por isso resolvi escrever isso, acho que vocês são os únicos que podem entender, e hoje eu pude comprovar que vocês são muito especiais, e apesar de eu ter me sentido um pouco triste e frustrada, depois, pensando melhor, me senti honrada, eu percebi que também sou especial.
Xena é uma série que pode parecer tola, mas sabemos o quanto é única e especial, conseguimos ver além do que é visível aos olhos, conseguimos sentir, viver cada momento e apesar de tudo eu estou feliz por ter percebido a dimensão da importância que temos para o mundo; não existe no mundo pessoas assim, tão especiais como nós.
Enquanto houver pessoas como nós no mundo, Xena e toda sua mensagem de redenção, perdão, amor e amizade nunca morrerá!
Quando vocês se sentirem sozinhos, ou magoados, ou frustrados com a falta de respeito que as outras pessoas têm a nós em relação à série, pensem nisso e acreditem: isso só acontece porque nós somos diferentes da maioria, somos especiais!

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6 Anos De Evolução Compartilhada

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Diéssica Ribas

6 anos de evolução compartilhada

Bom, essa poderia ser uma crônica direcionada aquelas pessoas que viram as 6 temporadas, mas até alguém que tenha assistido a dois episódios seguidos consegue perceber: a evolução dos personagens de XWP é gritante. Ontem pela tarde vi Sins of The Past, e pela noite vi A Friend in Need. É praticamente impossível dizer que nada mudou: aquela guriazinha falante e até irritante, que à primeira vista encantou-se com a Princesa Guerreira, só não salvou a vida de Xena pois esta não quis. O cabelo, o jeito, as roupas (cada vez menores), as palavras, na luta, enfim, tudo em Gabrielle mudou. E não só ela, Xena também teve mudança notável no decorrer da série. Além disso, mudaram alguns atores, algumas paisagens, o “clima” entre as protagonistas,… Mas há algo a mais, alguma coisa quase abstrata, mas que faz toda a diferença: a evolução das próprias atrizes.
Nesse quesito, Lucy Lawless ganha de Reneé O’Connor. A americana ROC soube lidar com Gabby com tanto zelo que logo no 1º episódio Gabrielle já ganhou milhões de fãs. ROC conseguiu se passar pela moleca levada e pela sua evolução de uma maneira espetacular – não que não o tenha feito Lucy Lawless – tanto que o que era pra ser temporário sua aparição durou 6 anos. Reneé conseguiu brilhar logo no 1º episódio, por isso digo que, na minha opinião, a atriz Reneé O’Connor não passou por tantas mudanças quanto Lucy. Apesar de já ter vivido, e muito bem vivido, Xena em HTLJ, Lucy Lawless parecia estar um pouco insegura nos 1ºs episódios. Talvez a descrição de Xena para Lucy foi a de uma mulher dura, arrependida, porém com a força de um exército. E é mesmo. Mas se pararmos para pensar, Xena mudou por e com Gabrielle, e Lucy deixou isso bem claro: com o passar dos “tempos”, LL foi se acomodando à personagem, deixando-a mais viva, passando a nós a intenção “Oh, Xena é humana! Ela ri, ela come, ela ama!”, enfim, humanizou-a cada vez mais, apesar de alguns atos de Xena provarem o contrário. Há pessoas que arriscam que essa mudança tão forte de Lucy Lawless tenha sido, além da amizade com Reneé, pelo casamento com Tapert. Bem, sendo por isso ou não, o fato é que Lucy foi cada vez melhorando suas técnicas de atuação, com mais improvisações e mais domínio sobre a personagem, deixando os xenites cada vez mais seus fãns.
OK, agora deixando as atrizes um pouco de lado, vamos pensar no decorrer da vida de Xena e Gabrielle.
Como todos sabemos, muitos xenites seguem à risca os ensinamentos de Xena e Gabby. Mas há muito mais coisas que podemos aprender com XWP do que imaginamos. Um exemplo é que, vendo a evolução das protagonistas, e também das atrizes, podemos concluir que a evolução possa existir para nós mesmos.
Depois de tantos sofrimentos e alegrias, Gabrielle (por exemplo) se tornou uma das melhores guerreiras da Grécia e quem sabe até do “mundo conhecido”. Com isso, aprendemos que mesmo passando por situações difíceis, chegaremos a um estágio elevado, carregado de experiências e conhecimentos.
Às vezes, pensamos em desistir de nossos sonhos, pois pensamos que nunca eles irão realizar-se. Também achamos, às vezes, que a vida é tão ruim que não vale a pena vive-la. Mas uma certeza podemos ter: esses sacrifícios serão muito bem recompensados.
Concluindo, a evolução é uma coisa que acontece naturalmente. Não devemos temê-la nem atrasá-la. Beijos!

 

 

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Sentimento Xenite

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Por Cristiane Penoni

  Algumas vezes, as pessoas olham para mim e dizem: “Xena? Que perda de tempo! É ridículo, mal feito, é impossível… Por que você gasta seu tempo com uma coisa assim?”
  A vontade que me dá é de ter um chackram, ou de saber usar os pontos de pressão, e através da força bruta, ensinar para essas pessoas tudo o que Xena – Warrior Princess pode ser. Mas então, eu me lembro de Gabrielle. É, acho que ela não gostaria muito de me ver agindo dessa forma.
  Mas como eu posso mostrar para os outros o porquê de Xena ser tão importante na minha vida?
 
  Me lembro de quando eu tinha uns 7 anos. Eu estava na casa da minha avó, era domingo, hora do almoço. Liguei a tv. Estava passando “The execution”. Caramba, como aquele episódio me encantou… O plano de Xena para salvar Meleager era simplesmente mais do que a minha imaginação infantil podia criar. Então, ali, aos 7 anos, eu decidi: “eu quero ser que nem a Xena!” 
  A verdade é que eu fiquei muitos anos sem pensar em Xena. Por que pensar em Xena se eu podia assistir Digimon?
  Mas, graças a Record (sim, eu tenho uma coisa para agradecer a essa rede de tv), eu voltei a assistir Xena. Foi em fevereiro ou março de 2006. E depois disso, nada mais conseguia tirar Xena da minha cabeça.
   Foram várias lições que eu aprendi com Xena e Gabrielle. Amizade, amor, lealdade, justiça, perdão… Era sobre esses conceitos que eu ficava pensando ao assistir Xena.
  Mesmo em episódios que me faziam rolar de rir, como If the shoe fits…, eu conseguia tirar alguma lição (nesse caso, é a lição do perdão e da amizade). Não precisava de mais nada, era só chegar em casa depois da escola, ligar a tv e ter certeza: hoje eu vou assistir Xena. Que fosse um episódio triste e lindo (One against an army), ou um engraçado e nojento (In sickness and in hell), ou ainda um episódio revoltante (The priece – eu não gosto muito de episódios em que a Gabrielle tem que se decidir entre a vida de um ou de outro), mas tinha que passar Xena para que meu dia fosse completo. Acordava pensando “Acordando e levantando!”, ia dormir pensando em alguma cena do episódio do dia.  E, algumas vezes, até no sonho eu via Xena e Gabrielle.
  A verdade é que Xena e Gabrielle se tornaram uma espécie de exemplo em minha vida. Xena, porque ela mudou radicalmente, ao deixar de ser a “destruidora de nações”, passando a lutar por justiça, para recompensar seus pecados do passado. Gabrielle, porque ela teve coragem de deixar para trás a segurança da sua vida em Potédia para realizar seu sonho. E Xena e Gabrielle juntas, porque elas mostraram a importância do amor (tanto dentro quanto fora do subtexto). Aí, eu lembro daquela vez, em que eu estava com 7 anos que eu disse: eu quero ser que nem a Xena. Não é só como a Xena, mas é como Gabrielle, e Eli, e as amazonas, e cada personagem que me ensinou algo de bom. Porque Xena – Warrior Princess (o seriado em si, não apenas a personagem de Lucy Lawless) é uma lição de vida. Uma lição que eu quero sempre ter na minha memória, e que eu quero passar para a frente.

   “Algumas vezes, as pessoas olham para mim e dizem: ‘Xena? Que perda de tempo! É ridículo, mal feito, é impossível… Por que você gasta seu tempo com uma coisa assim?’”
A resposta é simples: porque eu tenho dentro de mim o sentimento xenite. Porque eu sei que, se alguma coisa está errada, eu devo fazer algo para mudar. Porque eu não devo esperar que o destino se encarregue de colocar as coisas na minha vida; eu faço o meu destino.
E tudo isso foi Xena que me ensinou.

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SOU XENITE SIM!E COM MUITO ORGULHO!

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Por Girrezi Duarte Ribas

Chega! Não agüento mais ser motivo de riso e piadinhas por ser xenite. Cansei de ouvir: “ai, tu gosta de Xena? ECAA, que coisa mais tosca!”, ou então “cresce, guria.”. Isso é uma coisa que me estressa demais, não somente pelo fato de criticarem XWP, mas pelo fato de não respeitarem minha individualidade. Cada um é um e acabou!
Aliado a isso, o fato de os leigos associarem Xena à homossexualidade é inegável. Pelo menos comigo aconteceu diversas vezes. Independente de ser subber, shipper ou bitexter, quando gostamos de algo, gostamos porque nos chama atenção ou tem algo que nos prende ou com que nos identificamos. E com certeza todos os xenites, antes de acreditarmos no romance da protagonista com A, B ou C, aprendemos a gostar da série. E quando ouço comentários fora do xenaverse, quase sempre são maldosos ou pejorativos justamente pelo motivo relacionado à sexualidade da protagonista. Falam sem ter ciência da realidade.
Mas no dia-a-dia é assim também: faculdade, trabalho, rua, shopping… Sinto que sempre estou sendo observada e criticada, acredito que muita gente se sente assim. Qualquer que seja minha atitude, sei que vão comentar e, às vezes “cravar a espada”.
Saindo um pouco do âmbito xenite, eu já deveria estar acostumada. O mundo é assim. Mas isso me revolta muito. Sempre há um juiz, para tudo; as pessoas têm o costume de exaltar defeitos e atitudes equivocadas dos outros, esquecendo-se que somos humanos e passíveis de cometer erros. Quase sempre erramos tentando acertar, contudo são poucos que enxergam isso. É mais fácil jogar ao vento hipóteses sobre os outros.
Porque diabos as pessoas se preocupam tanto com o corpo alheio? Um só, seu próprio, já bastaria para tomar-lhe uma vida toda de cuidados especial e integralmente voltados para si. Mas não… As pessoas insistem em emitir opiniões e fazer intervenções hipotéticas nos corpos dos outros, com milhares de objetivos banais e justificativas sem fundamento. E o pior: quem o faz certamente esquece de zelar pela sua própria vestimenta carnal, deixando-a às moscas e fazendo com que cheirem pior do que julgam feder a do próximo. Se este indivíduo que se denomina juiz de seus semelhantes terráqueos aponta as feridas alheias, é certo que não percebe as chagas, muitas vezes mais horrendas, que cobrem seu próprio corpo e nem se incomoda mais com a dor que lhe causam desde que ainda tenha voz para gritar ao mundo como é tenebroso o corpo dos outros.
Por que se preocupar tanto com o vizinho que chega tarde, aonde ele foi e o que fez? Ou com a jovem que só se veste de preto, usa piercings e é tatuada? Ou com o garoto que é bailarino? Ou com a jovem que é a melhor no futebol? As pessoas esquecem que enquanto põe defeito nos gostos e valores alheios podem estar sofrendo críticas ainda mais severas a respeito do estilo de vida que optaram levar e crêem ser o correto, e se descobrem, ficam extremamente chateadas e se acham injustiçadas. Que contradição, não é mesmo? Será que para elas existe a lei de “dois pesos, duas medidas”?
Se a energia que nos criou, que chamo de Deus, mas há pessoas que a denominam de outras formas, quisesse que uns cuidassem dos corpos dos outros, certamente teria feito os seres grudados, para que tomassem conta mutuamente dos corpos.  No entanto, essa não é a realidade: somos únicos, cada um com formas, meios e órgãos necessários para ser independentes e cada um cuidar de si. O que as pessoas fazem, ou com quem o fazem, entre quatro paredes não diz respeito a ninguém. E isso não implicará em alterações na vida em sociedade que essas pessoas levam.
Portanto, você que só presta atenção nas chagas alheias, dê mais atenção às suas próprias, que devem estar putrificando o ar ao seu redor e você nem está percebendo. De resto, deixe que Deus, que sabe o que fazer e é tão justo, cuide e vele por todos nós. Não se preocupe, Ele não deixa ninguém desamparado e toma conta das outras pessoas para  que você não tenha essa difícil tarefa e possa se dedicar a você em tempo integral.

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