Lista de menções do Passado de Xena

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Fui fazendo essas listas de cabeça, junto com o Pow, para que tivessemos uma base e uma orientação de como aconteceu tudo mais ou menos.

Claro, tudo é passível de erro e qualquer detalhe que tenha aparecido desapercebido por nós é muito bem vindo. Afinal quanto mais olhos e cabeças maior a chance de acertarmos! E talvez também isso ajude a termos mais epifanias sobre nossas teorias malucas sobre as coisas. Tapert agradece!

Lista de menções do Passado de Xena:

1ª temporada

  • 05 – The Path not taken >> Menciona ultima vez que Xena e Marcus se viram. Foi quando atacaram Sífolis[?], sem datas, só muito tempo atrás.
  • 09 – Death in chains>> Toxius menciona ter visto Xena lutar em Nespar
  • 10 – hooves and harlots >> Xena diz ter lutado contra os centauros e não ganhou. Menciona Corinto.
  • 11 – Lobo negro>> 10 anos desde que não via a garota lobo negro
  • 12 – Beware Greeks Bearing Gifts (epi tróia) >> Conheceu Helena em Esparta, antes da Guerra. Sem datas

2ª Temporada

  • 01 – Orphan of War>> Xena entrega Solan. Xena manca. Nove anos desde a morte de Boreas.
  • 03 – The Giant Killer>> 10 anos desde o acontecimento com Golias. Batalha contra Gareth numa campanha. Não menciona qual seria esta campanha.
  • 12- Destiny>> 10 invernos atrás conheceu César e teve as pernas quebradas. O episodio se passa em Nápoles.
  • 17  – The Execution>> Xena mata um homem(q Melieger é acusado de assassinar) no inverno passado enquanto Gabby estava na academia de bardos.
  • 18- Blind Faith>> Palemon cita a batalha de Xena em Vivloucher onde ela incendiou as reservas de óleo. Menciona os homens q xena massacrou em Corinto.
  • 20 – The Price>> Rapaz chama ela de Warrior Princess of KALMAE

 

3ª temporada

  • 04 – The Deliverer>> Xena foi aliada à Boadicea na Gália, sem datas.
  • 06 – The Debt I>> após as pernas quebradas, Xena vai para o LESTE. Conhece Boreas no caminho até a China (não na China propriamente dita)
  • 11 – Maternal Instincts >> Xena diz que faz 1 ano 2 meses e 12 dias desde que viu Solan pela ultima vez (em Orphan of War)
  • 12 – Forgiven>> Xena diz que antes da vila dela ser atacada ela andava com os badboys de Amphipolis

4ª Temporada

  • 01 – Adventures in the sin trade I >> Cena entre Xena e Boreas discutindo se vão ou não se aliar às amazonas contra os centauros. Boreas diz que com isso nada fica entre eles e a Grécia. Episódio pós China. Revela que Alti foi uma Amazona. Xena está grávida. O Exercito veio do Oeste.
  • 02 – Adventures in the sin trade II>> Solan amaldiçoado por Alti. Xena mata as amazonas do Norte[?]
  • 07 – Locked up and tied down>> Xena não manca. Possui a espada e roupas parecidas com as de Xemanesa/evilxena
  • 09 – Past Imperfect >> Roupa de Xena saqueadora (igual a de destiny). Pós Alti que a mandou atrás da pedra de Ixion para se tornar a destruidora de nações. Era a batalha de Corinto. Xena gravidíssima e parindo pelos cotovelos. Boreas se junta aos centauros. Boreas morre.
  • 11 – Daughter of Pomira – Xena enfrenta a Horda. Com armadura completa. Xena reconhece o presente que deu pra Pilí. Um cinto Romano. Pilí foi tirada da família há 6 anos. Pai de Pilí ex soldado.
  • 12 – If the shoe fits >> Xena teve um padrasto
  • 16  – The Way >> Xena aprendeu a subir em arvores com as amazonas. Diz que escutou sobre O Caminho na Grécia, China, Anatólia[wtf] e Índia.

5ª Temporada

  • 02 – Chakram>> Ares roubou o Chakram negro do deus Kali anos atrás
  • 04 – Animal Atraction>> Tália Cavalgou com Xena anos atrás. Não dá datas.

6ª Temporada

  • 04 – The Rheingold >> Xena diz que os acontecimentos do norte foram muito antes de conhecer Gabby, sem datas.  Brunhilda diz que o reino de terror de Xena acabou há quase 35 anos. Xena foi o demônio vindo da china. Já portava Chakram e espada. Roupa parecida com pirata(pré César)
  • 08 – The Ring>> Odin diz que não vê xena há 35 anos.

 

 

Também disposto de forma tosca a linha de raciocínio para montar o passado de Xena. Não seguimos a risca pois certas coisas simplesmente não tem como situar no tempo. A exemplo a tomada do exército de Boadicéa.

  1. lyceus morre
  2. césar episodio destiny
  3. Mongólia[?], conhece Boreas
  4. China, conhece Lao Ma, cura a perna
  5. Japão, já sabia pontos de pressão e não mancava
  6. Grécia(países como Bulgária) mata cyane, conhece alti e o xamanismo, fica gravida de solan
  7. Batalha de corinto, nasce solan, boreas se une aos centauros, nasce solan, morre boreas
  8. Gália, trái Boadicea toma seu exercito(sem ter como ter certeza) e destrói Cirra
  9. encontra Ares, ganha espada, mata talassa, depois com o chakram se torna Valquíria
  10. Encontra Hercules

 

PS: se cada coisa dessas desse um ano, daria certinho os “10 anos atras” , mas isso é pura coincidencia, não foi proposital KKKK

 

Se vocês conseguirem enchergar algum conflito entre as listas e o vídeo, avise-nos!

Valeu galera!

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Porque Ares e Xena são socialmente errados como casal.

Comentários

 

Eu sei que levantarei a fúria da legião que acha Xena e Ares a coisa mais fofa, sexy, interessante do mundo com esse artigo, mas eu peço que leiam até o final. Não se trata de uma birra boba de subtexto X shippertexto.

Provavelmente a maior parte dos leitores sabem que eu não sou exatamente partidária do shippertext presente na série, mas sosseguem aí e leiam o argumento desse artigo antes de vir de mimimi. Mesmo criança, com meus olhos inocentes incapazes de romper a barreira da superfície e mergulhar na interpretação do subtexto, a idéia de Xena e Ares nunca me pareceu plausível, o que na época eu julgava ser devido ao caráter vilânico do Deus da Guerra.

Em 2006, voltei a assistir Xena, e embora não lembrasse de quase nada, lembrava-me de Ares. Mesmo assim, Xena e Ares como possível casal nunca ganhou minha simpatia, embora na época eu não entendesse plenamente o porque disso. Evidentemente, eu passei a LER o subtexto presente entre Xena e Gabrielle, e elas se tornaram o casal canônico que passei a apoiar, mas essa não era a única  razão pela qual continuei achando que Xena e Ares nunca teriam dado certo.

É FATO que Xena foi uma série que influenciou a vida de muitas pessoas, desde seus primeiros anos de existência. O livro How Xena Changed our Lives traz uma extensa coletânea de depoimentos de vidas tocadas por Xena. Mas não é preciso ir longe, mesmo no nosso fandom brasileiro, é fácil encontrar inúmeras pessoas dispostas a dizer como Xena influenciou suas vidas positivamente.

Afinal, esse é o papel dos heróis na mídia – ou deveria ser pelo menos -, não apenas entreter, mas também educar, dar exemplo, mostrar que força não vem apenas de músculos, mas também de um coração e cabeças preparados pra tomar decisões certas, por mais difíceis que elas possam ser. Não precisa ser criança,  pra se espelhar no Superman, no Batman ou na Mulher Maravilha. Às vezes heróis podem afirmar coisas óbvias que adultos acabam esquecendo no decorrer do  caminho. Como podem ESCOLHER serem fortes, por exemplo.

O fato é que no decorrer de seis anos de série, vimos Ares rondando Xena. Tem gente que acha todo o enredo uma história de amor em potencial, aquela coisa “LINDA” da  guerreira tentando resistir ao seu lado negro, mas não resistindo aos encantos do Deus da Guerra. Tem gente que acha sexy porque “Ares é gostoso e Xena é linda então eles combinam”. Tem gente que acha legal, pela simples cultura de adoração de vilões que se instalou nos tempos recentes. Mas o fato é que uma  porcentagem muito grande de quem forma uma opinião positiva sobre o casal potencial, ignora alguns fatos claros:

(a lista a seguir é apenas descritiva, mas é importante citá-la)

  • Ares começa a série tentando seduzir Xena, manipulá-la para ela voltar a servi-lo como guerreira.
  • Em seguida Ares se passa por pai da guerreira para mexer com seu emocional e se utilizando de sua vulnerabilidade, novamente manipulá-la.
  • Posteriormente, ele se alia a Callisto para invadir os sonhos de Xena e afundá-la em culpa. Quando Xena e Callisto trocam de corpo, Ares USA o corpo de Xena enquanto Callisto está apropriada do mesmo.
  • Em The Furies, novamente Ares arma um plano para convencer Xena e MATAR SUA MÃE, deixando ela louca e vulnerável com o intento de novamente se aproveitar dela.
  • Ares então leva Gabrielle para o reino do Chin para que ela traia Xena, o que não apenas condena a relação delas, mas condena também Xena à morte.
  • Em The Bitter Suite, Ares incita Xena a matar Gabrielle, e em seguida se utiliza da vulnerabilidade dela para dizer que seria sua “rocha”.
  • Em Sacrifice, Ares se utiliza da dívida de Gabrielle para com ele para ameaçar a vida de Xena, armando para que sua linha da vida fosse cortada se Xena matasse Esperança.
  • Em Chakram, novamente Ares se aproveita da falta de memória e vulnerabilidade de Xena para manipulá-la e usá-la, tentando convencer que ela deve novamente servi-lo como guerreira. Então ele a ameaça para que ela lhe entregue o chakram da luz, caso contrário ele mataria seus amigos.
  • Em Sucession por pura diversão, Ares usa Xena como galo de briga, colocando ela e Gabrielle numa situação de conflito em relação à Mavican.
  • Como percebe que Xena não cederá a ser sua guerreira novamente, Ares começa a cogitar USAR Gabrielle para esse propósito, já que ela vai aos poucos se mostrando uma guerreira mais desenvolvida.
  • Em Seeds of Faith, mesmo Xena tendo poupado a vida de Ares, ele tenta matá-la, e só pára, porque se o fizesse, fortaleceria a mensagem de Eli.
  • Em God Fearing a Child, por uma birra entre irmãos, Ares tenta impedir Hércules de conseguir salvar a vida de Xena e seu bebê.
  • Em Eternal Bonds, Ares usa seus poderes para MAIS UMA VEZ, manipular Xena.
  • Em Amphipolis Under Siege, o episódio queridinho dos shippers, Ares CHANTAGEIA Xena para proteger seu bebê, tentando usá-la como uma mera reprodutora para que gerasse um herdeiro pra ele.
  • Na ausência de Xena, Ares se envolve sexualmente e corrompe A FILHA DE XENA. E novamente, chantageia Xena para que ela lhe dê um herdeiro, caso contrário entregaria a filha aos deuses.
  • O que parecia um ato de altruísmo, efetuado em Motherhood, logo se mostra um mero favor sendo cobrado em Coming Home, quando Ares diz que Xena lhe deve e tem de ajudá-lo a restaurar seus poderes. No final, ele quase mata Xena, lhe agredindo violentamente.
  • Em Path of Vengeance, Ares novamente usa seus poderes para atingir Xena e basicamente se justifica dizendo que “é o que ele faz” e que precisava ganhar sua reputação novamente.
  • Em Soul Posession, vemos Ares manipulando uma Xena vulnerável pela suposta morte de Gabrielle e a FORÇA a casar com ele, em troca de informações sobre a mesma, sendo que o próprio Ares a havia salvo e escondido. E em seguida mais uma vez chantageia Xena para que ele deixe Gabrielle viver em troca de se casar com ele na próxima vida.
  • Isso é claro, sem contar o fato de Ares estar constantemente “stalkeando” (perseguindo, espiando) Xena.

Exposto tudo isso, e analisado criticamente, percebe-se que não houve personagem mais ABUSIVO em 6 anos de série do que Ares. Agora, alguns fatos da vida real:

  • Violência contra mulher é um dos maiores problemas de saúde pública mundial.
  • A forma de violência sofrida pode resultar em problemas de saúde física, mental, sexual, reprodutiva, bem como aumentar a vulnerabilidade ao HIV, infecções, gravidez indesejadas, abortos induzidos, depressão, stress pós-traumático, dificuldades de sono, distúrbios alimentares, stress emocional e tentativas de suicídio.
  • Entre 15% das mulheres no Japão e 71% das mulheres na Etiópia, relataram ter sofrido violência física ou sexual vinda de um parceiro íntimo.
  • Entre 0.3 e 11.5% das mulheres relataram sofrer violência sexual de um não parceiro, desde os 15 anos de idade.
  • 17% das mulheres na Tanzânia, 24% no Peru e 30% em Bangladesh afirmam que sua primeira experiência sexual foi forçada.

De acordo com o World Health Organization (Organização Mundial da Saúde, OMS) a ONU define violência contra mulher como “qualquer ato de violência de gênero físico, mental, psicológico incluindo atos de ameaça, coerção, privação de liberdade ocorrendo em vida pública ou privada”.

De acordo com o Center for Disease Control dos Estados Unidos, as formas de violência podem ser: dominância, humilhação, isolamento, ameaças, intimidação, negação e culpa. De natureza física, atos que causem dor, ferimentos, sofrimento físico como bater, estapear, chutar, sufocar, empurrar, queimar e outros tipos. Da natureza sexual, qualquer ato sexual, tentativa de obter ato sexual, comentários sexuais contra a vontade da pessoa. De Natureza emocional, humilhação pública ou privada, sonegação de informação, chantagem, isolamento, abuso verbal, intimidação, controle de liberdade, ameaça.

Eu acho que não precisa nem eu repassar os atos de Ares para com Xena para mostrar que vários deles se encaixam como tópicos de violência contra mulher, seja ela física, mental, emocional, etc.

Inúmeros são os casos de mulheres reais que não dão um basta por uma variedade de razões:

  • “Ele me ama, só tem um temperamento difícil”
  • “Eu não vou achar outro”
  • “Foi um acidente”
  • “Ele tem temperamento forte, mas é um cara legal e atraente”
  • “Eu acho sexy ele ser tão “atencioso” “
  • “Essas coisas são normais entre um casal”
  • “Ele é homem, isso é normal”
  • “Eu não devia tê-lo contrariado”
Mas não. Não são normais, não foi um acidente, não é sexy, e ele não é um cara legal. Não. Não há atração física ou emocional, não há em absoluto NENHUMA RAZÃO para alguém ficar num relacionamento abusivo. Claro, ainda existem as “razões” mais extremas:
 
  • “Como eu vou sustentar meus filhos sozinha?”
  • “Se eu o denunciar ele vai me matar”
  • “Se eu não aceitar, ele vai descontar nas crianças.”
 
Independente de qual for a razão, seja ela pessoal, seja ela extrema, é aí que é preciso agir. Conscientização e educação são os passos mais básicos e necessários, mas é necessário uma mudança de CULTURA também.
 
E quando falo em mudança de CULTURA, é porque nossa cultura É preocupante, seja a cultura na qual mulheres são objetificadas, são colocadas numa posição servil que é encarada como normal, ou a nojenta cultura do estupro, que se instalou e se naturalizou. Hoje quando uma mulher é estuprada é comum ouvir comentários do tipo “Ah, mas ela provocou o cara”, “Onde já se viu andar com roupas curtas desse jeito”, “Onde já se viu mulher andar na rua a essa hora da noite”, “Mulher de respeito não se veste assim”. Hoje é comum as pessoas encararem estupro como culpa da mulher, basta tomar como exemplo o caso ocorrido poucos meses atrás onde duas adolescentes foram estupradas POR TODOS OS INTEGRANTES da banda New Hit, e um número indecente de pessoas ficou do lado da banda, chamando as meninas de vagabundas aproveitadoras mesmo quando o laudo médico comprovou o crime.
 
Vai ter gente que vai dizer “mas que cultura de estupro, isso é coisa de feminista mal comida” e eu digo, aquela na qual comediante dizer que homem que estupra mulher feia não merece cadeia, merece um abraço é uma “piada” engraçada.  É aquela onde comercial de preservativo brinca que sexo sem consentimento queima calorias. Aquela onde comercial de cerveja (ah, categoria nojentinha de publicidade) brinca mostrando homens invisíveis assediando mulheres sexualmente. E tantos outros exemplos que poderiam ser citados. É dessa cultura que a gente precisa se livrar, através de uma mudança de pensamento, de conscientização e de educação, pois quando ela se instala e naturaliza, ocorrem casos AINDA mais extremos como esse. Mas uma ferramenta aliada também é a mídia, que queiramos ou não, é uma ferramenta massiva de influência nas pessoas. E é essa mídia que precisa trazer personagens fortes, que não levam desaforo e sabem dar um basta precisam entrar como modelos e não menininhas de cabeça oca deslumbradas pelo namorado vampiro que viola sua privacidade, invade sua casa, ouve suas conversas, a ameaça, pode machucá-la fisicamente, pode matá-la, mas ela prefere morrer do que viver sem ele.
 
Aí vai ter gente que vai falar “Zeus do Olimpo, a Mary viajou legal. Que Hades tem a ver cultura de estupro e todo esse blábláblá  com Xena e Ares?”. Então eu digo : Vão se informar. Estupro não é apenas aquele que acontece num beco escuro de noite. Ele acontece dentro de lares. Ele acontece entre casais quando sexo sem consentimento é praticado.  Desde 2009, as leis brasileiras deixaram de considerar estupro apenas quando há penetração. Hoje temos uma das leis mais abrangentes do mundo, e passar a mão também pode ser visto como estupro. Ou seja, aquela coisa “engraçadinha” que acontece na propaganda de cerveja é CRIME.  É algo que tem que se aprender a ver como ERRADO. Assim como errado foi, Ares usar o corpo de Xena enquanto Callisto estava nele. Assim como foi errado Ares induzir sonhos eróticos. Assim como foi errado Ares chantagear Xena para fazer sexo com ele em troca da proteção da filha.
 
“Ah. Mas no fundo o Ares amava Xena. Ele fez atos de bondade também, ele salvou Eve e Gabrielle!”
 
Como vocês garotas (e até mesmo garotos) se sentiriam tendo um parceiro(a) que constantemente lhes manipula, lhes chantageia, persegue, aproveita-se das suas vulnerabilidades, lhe agride fisicamente, lhe abusa emocionalmente e mentalmente,  lhe controla, lhe usa, tenta matar as pessoas com quem você importa e quer usá-la (o) como “servas(os)” pra um propósito que vai contra suas crenças? Pensem nisso antes de dizer que Xena e Ares deveriam ficar juntos porque “Kevin Smith era gostoso e tinha química com Lucy Lawless”.
 
 
E ainda assim sempre terão os que dirão “MAS ELE É O DEUS DA GUERRA, É ISSO QUE ELE FAZ”. O triste é na vida real a gente ouvir “Mas homem é assim mesmo, se a mulher dá bandeira ele não sabe se controlar”.
 
Se Ares é o Deus da Guerra e esse pode ser considerado o “normal” dele, fico feliz que Xena, na qualidade de uma mulher, humana e forte, tenha sido sábia o suficiente para se desvencilhar dele. Então é por isso que Robert Tapert e seu grupo de escritores estão de parabéns por não colocar Xena e Ares como um casal permanente. É por isso que Melissa Good está de parabéns por colocar Xena em Coming Home dando um basta em Ares:  “Você foi mau para mim, Ares. Você ainda é”. Porque é essa frase que tem que sair da boca de muita mulher que sofre violência doméstica e sexual ou abusos emocionais.
 
 
Para uma leitura mais profunda no assunto:
 

 

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OS SINOS

Comentários

 

 

 

Por quem os sinos dobram, episódio 16 temporada 2 é  quando Xena deixa Gabrielle sozinha e vai atender a um pedido do rei Ata, precisando viajar rápido em Argo e entre as duas fica o diálogo de que Gabrielle saberá dar conta se algo aparecer nos próximos três dias.

Por uma aposta com Cupido, Afrodite encanta  Joxer e a cada toque de sino ele adquire incríveis habilidades guerreiras e galanteadoras (quase como Autolicus) , ou perde estas habilidades , voltando a ser o Joxer que conhecemos. Agrega-se a isso  uma quase automática veneração dele por parte das mulheres no entorno.

Gabrielle conhece Cupido e Afrodite em seu templo e surpreendentemente Joxer reconhece a deusa do amor. Astutamente a barda usa o amor de Afrodite por seu templo para chantageá-la e fazer que retire o encantamento de Joxer.Até Gabrielle cai atraída pela incrível personalidade deste Joxer lutador e charmoso , sendo beijada por  seu encantador  amigo e saindo do transe dando uns tapas no próprio rosto e declarando ser assustador.

No final do episódio tudo se esclarece e Joxer toma uma ducha fria de realidade, caindo em si que a natural falta de habilidade é sua verdadeira natureza e é aí que encontramos a grande pérola do episódio:  “Os deuses não podem nos dar nada que não esteja em nossos corações” – Xena.

 

 

 

Se isso é um fato ou se Xena inventou para animar o “Poderoso” não faz diferença, porque é verdadeiro o conceito. Somente podemos estabelecer relações com o mundo baseados em nossas percepções e os sentimentos são a parte atuante delas.

O caráter, a índole, a tendência vai sendo formada no ser humano e as crenças e a moral são moldadas dentro da sociedade em que vivemos. Joxer sempre se mostrou capaz de muitas coisas maravilhosas e mesmo não tendo habilidades tinha a alma de um guerreiro, sabia estar do lado correto da força.

Também temos momentos em que os sinos dobram e revelamos forças e capacidades ignoradas no dia a dia. Cuidando de quem amamos, dobrando turnos no trabalho, dedicando um grau a mais de foco nos estudos – os  TCCs que o digam.

O importante é descobrirmos em nossa vida, por quem os sinos dobram.

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A Sétima Arte, Colorida (9)

Comentários

Olá pessoal que tem acompanhado a coluna!

Infelizmente tenho que iniciar o artigo dizendo que essa é a última edição do Sétima Arte, pois percebemos pela ausência de comentários que não estava sendo exatamente produtivo. Enfim, foi bom enquanto durou, e agradeço a todos que participaram.

Essa última edição teve os filmes escolhidos através de sorteio, e dessa vez terá comentários apenas meus e da Aryane.

Vamos lá

 

MULHOLLAND DRIVE (2001)

Mary

Um dos maiores quebra-cabeças mentais presentes na história do cinema. Se você gosta de comédias românticas ou dramas blockbusters que escancaram a história na tela e apenas a contam, Mulholland Drive não é um filme pra você. É um filme pra pensar, pra interpretar, pra esmiuçar, e virar de ponta cabeça como um verdadeiro cubo mágico cinematográfico, e essa foi uma das características que mais me fascinou na obra. À primeira vista, ele parece um emaranhado de acontecimentos, mas a história é basicamente sobre amor, vingança e arrependimento, tudo sentido com uma intensidade tão assustadora por Betty/Diane que chegam a criar uma realidade paralela. Pra desvendar a história, é só catar as peças deixadas pelo caminho nessa realidade e ter uma boa viagem. Instigante, assustador, complexo e brilhante. David Lynch ao criá-lo, não jogou um emaranhado sem noção de acontecimentos como muitos podem supor. Ele deu um presente, ao espectador, ele chamou o espectador a ver que é capaz de construir a história em sua mente, tudo isso com o bônus das atuações incríveis de Naomi Watts e Laura Harring.

Nota: 4,5

 

Ary

É o típico filme que ninguém entende. Digo, a Mary entendeu, mas é uma exceção, porque o roteiro é completamente confuso, cheio de pegadinhas e simbolismos. Não gostei, não assistiria de novo, nem pra talvez entender mesmo o filme, porque eu tive que ler algumas explicações na internet pra poder fazer essa resenha pra vocês. Ou seja, eu sou o senso comum, sou a maioria das pessoas. Porém, o filme tem seu lado bom: o romance. As duas atrizes possuem uma química inigualável e elas realmente convencem. O problema mesmo é as descobertas que você faz ao longo da película.
Não tenho nada contra filmes enigmáticos, só acho que a “doideira” tem que ser mais plausível.

Nota: 3,0

MÉDIA: 3,7

 

LE FATE IGNORANTI (2001) 

 

Mary

A sinopse diz que é um filme sobre uma mulher que fica viúva e descobre que seu marido tinha um relacionamento homossexual, mas o filme é bem mais que isso. É uma história sobre o amor, e como ele pode ser “bagunçado” e confuso e perturbador e surpreendente a depender de quem o sente. Embora seja em sua essência um drama, o filme tem momentos de comédia, com um típico humor italiano.

Nota: 4,0

 

Ary

O filme de 2001 é italiano, mas isso não tira a sua simlicidade e eu realmente recomendo que assistam! Não possui muitos clichês e o desenrolar da trama é surpreendente!
As interpretações são incríveis, o roteiro, esplêndido! Uma mulher que fica viúva e logo descobre que o Marido tinha um relacionamento Homossexual com outro cara.. Como não se sentir atraído a assistir algo assim? Possui um humor leve e a progressiva abertura da mente da personagem principal nos deixa boquiabertos.

Nota: 4,0

MÉDIA: 4,0

BREAKFAST ON PLUTO (2005)

 

Mary

Que filme gostoso de assistir! Trilha sonora perfeita, humor perfeito, figurinos lindos! A história é basicamente um “garoto” que sonha em encontrar sua mãe biológica e nessa jornada que começa em sua infância e prossegue até a vida adulta, ele faz inúmeras descobertas sobre sua sexualidade, suas emoções e as pessoas que lhe rodeiam. E ao redor dessa narrativa, temos temas paralelos como o terrorismo do IRA, o catolicismo conservador, prostituição, tudo ao som de bandas incríveis dos anos 70.  O personagem tem algo apaixonante: Embora sua vida seja cheia de decepções e dor, jamais o ouvimos reclamar. Ele luta por seus sonhos e corre atrás do seus objetivos com unhas e dentes, sem jamais perder o bom humor e a empatia.

Nota: 4,0

Ary

Filme encantador! Primeiro eu me apaixonei pelo Patrick, que possui uma determinação impressionante, fora o carisma do ator que é transbordado na telinha.
O figurino eh excelente, o roteiro é bacana (mesmo me dando sono em algumas POUCAS partes) e a trilha sonora é digna de Oscar! Se o filme tivesse alguns minutos a menos, seria bem mais gostoso. Porém, não deixa de ser uma delícia!
Eu ainda estou com algumas cenas na cabeça e dificilmente vou tirá-las…

Nota: 4,5

MÉDIA: 4,2

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A mulher mais importante em toda a criação.

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Você acorda pela manhã, frustrado com mais um dia da sua rotina. Você vai para o seu emprego meia boca, e depois às compras e depois sai com seus amigos pra tomar uma cerveja. Você sente frio, calor, você corre na chuva para pegar o ônibus, e às vezes você senta e suspira cansado da sua vida medíocre, com a sensação de que você não está fazendo nenhuma diferença. Você não é um médico que salva vidas, um bombeiro que trabalha quando há um desastre ou um cientista que descobre coisas incríveis sobre a Terra. E às vezes você nem mesmo acredita que cada uma de suas ações únicas, contribuem para o girar dessa gigante força cósmica que é o universo.

O Girl Power desse mês vem falar de uma mulher assim. Uma trabalhadora temporária, com uma família esquisita e um temperamento difícil. Uma mulher que pensava não ser “nada em especial”, sempre gritando com todos porque era o único modo de se fazer ser ouvida. Um simples ser humano que acabou descobrindo ser a Mulher mais Importante em toda a criação: Donna Noble.

Donna Noble (Catherine Tate) é a companion na série Doctor Who. Se você não sabe do que se trata Doctor Who pare imediatamente tudo que estiver fazendo e vá assistir, porque apesar de DW ser uma série que ninguém leva muito a sério pela sinopse, assim como Xena, é o tipo de série que te prende e te cativa e faz você ficar fascinado com personagens apaixonantes (assim como Xena). Mas eu não vou falar do Doctor aqui, leia isso e sejam felizes. Voltemos ao nosso foco, afinal eu não re-assisti toda a quarta temporada e me desidratei em lágrimas à toa.

Donna é uma personagem apresentada a nós no episódio final da segunda temporada, Runaway Bride, e volta posteriormente como companion fixa durante a quarta temporada. Assim como todas as companheiras do Doctor, falar sobre Donna é um pouco complexo devido à tudo que envolve sua história, mas sobre ela podemos dizer que diferente de boa parte das demais companions, ela não ESCOLHEU embarcar na TARDIS. Ela foi abduzida. No dia do seu casamento. Usando um vestido de noiva. E mesmo ficando mais irritada que uma harpia de TPM, achado que o Doctor era um lunático (mas hey, quem estamos enganando…) e tendo voltado para o conforto e segurança de seu lar onde vivia com uma mãe super irritante e um avô obcecado por aliens, ela não resistiu, e um ano mais tarde  ela o reencontra e finalmente embarca na TARDIS por vontade própria, de mala, cuia, e MUITO mais bagagem.

Agora, quem havia assistido somente as três primeiras temporadas da série nova, podia pensar que Doctor Who se tratava de um senhor do tempo viajando com mocinhas jovens e atraentes, mas felizmente Donna vem pra provar o contrário. Na casa dos 40, ela não faz  o estilo “jovenzinha deslumbrada pelos encantos do alien boy“. Seu encantamento, é pela vida de aventuras e novidades que ele poderia lhe proporcionar, tão diferente da vida dela. E diferente de Rose e Martha nos seus primeiros momentos, Donna não o endeusa. Muito pelo contrário, ela grita com ele, lhe chama de louco e lhe dá até uns tapas quando necessário pra botá-lo no lugar. Tudo isso faz com que ela tenha uma relação muito parecida com a de uma irmã mais velha para o Doutor, embora ele seja mais de 860 anos mais velho que ela. 

Algo que todo whovian deve saber, é que o Doctor não deve viajar sozinho. Para um Senhor do Tempo de 900 e tantos anos, com os DOIS corações carregados de mágoa, ira, entre outras feridas emocionais, qualquer “gatilho” pode significar a destruição de um planeta. Ele PRECISA do elemento humano ao lado dele para controlar esse “lado negro” latente. E com Donna vemos ele exalar uma leveza diferente da que Rose ou Martha lhe proporcionavam. Ela não o coloca num pedestal o tempo todo, então ele não precisa ser perfeito o tempo todo.

Um vídeo que traduz muito bem em dois minutos a relação dos dois, é o vídeo abaixo. Podem assistir tranquilos, não tem nenhum spoiler significativo:

embedded by Embedded Video

YouTube Direkt

Mas infelizmente – ou felizmente, para nós, que tivemos uma quarta temporada ÉPICA – nem só de leveza e humor a história de Donna Noble é circundada. O título desse Girl Power não é à toa.  Se existe algum herói humano em Doctor Who, muito provavelmente essa seria Donna Noble.

Atenção, a partir daqui tem:

É basicamente graças à Donna que o Doctor está vivo, e por consequência, os 7 bilhões de pessoas que habitam a terra e os outros quadrilhões que habitam o universo também estão vivos. É por ela, num dia comum ter tomado à decisão de VIRAR   À ESQUERDA e continuar na sua carreira medíocre de empregada temporária, que ela conheceu o Doctor e conseguiu salvá-lo, num momento onde sua ira de 900 anos o levaria à queda. É Donna quem fez as perguntas mais sem noção possíveis, que levaram o Doctor à conclusões brilhantes que salvaram a Terra. E sobretudo é Donna, com a intuição e instinto de sobrevivência humanos e uma pitada grande de perspicácia de Senhor do Tempo em sua mente, quem salvou o universo quando os Daleks haviam transformado a Terra e mais 26 planetas num sistema de engrenagem pra destruir toda a criação. E o mais triste de tudo: Ela jamais poderá se lembrar.

“Doctor: You’v saved my life in so  many ways”

Donna foi provavelmente a única humana em todo o Universo a saber como era ser um Senhor do Tempo, já que através de um processo de Meta Crise – sobre o qual não darei mais detalhes pra poupar de spoilers maiores- ela se transformou no “Doctor Donna”, fato que não apenas a transformou em alguém brilhante (talvez mais brilhante que o próprio Doctor), mas possibilitou que ela salvasse todo o Universo. O problema, contudo, é que humanos são frágeis demais para aguentar o fardo que é a mente de um Senhor do Tempo, e o fato que fez Donna finalmente perceber que ela era importante, e não apenas uma empregada temporária, também lhe condenaria à morte se não fosse revertido e toda a sua memória apagada, o que a condenou à voltar à uma vida terrena normal, sem memória alguma do Doctor e suas viagens.

Essa é a história de Donna Noble. A Mulher mais Importante da criação, aquela que salvou não apenas o universo, mas também o salvador do universo, aquela que com uma simples decisão de virar à esquerda, garantiu a segurança de um número inestimável de seres, e aquela que segundo seu avô “às vezes tem aquele olhar, como se ela estivesse tão triste, mas não conseguisse lembrar por que”.


 “Eu eu quero que você saiba, que há mundos lá fora, seguros lá no céu, por causa dela. Que há pessoas vivendo na luz e cantando canções sobre Donna Noble, há milhões de anos luz. Eles nunca a esquecerão, enquanto ela jamais lembrará. E por um momento, por um momento brilhante…ela foi a mulher mais importante de todo o universo”.

 

Leia Também:

A Garota que Esperou

O Último Centurião

A Mulher que Caminhou pelo mundo

Muito Mais que uma loirinha ajudante

The Doctor. Just the Doctor

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Subtexto: o antes e o depois

Comentários

 O objetivo desse artigo não é ser mais um texto longo e exaustivo defendendo o subtexto. Já passei dessa fase xenite. O objetivo é mostrar que Xena fez escola. E não apenas fez escola, mas talvez tenha se inspirado em escolas anteriores.

Quando se busca pelo termo “subtext” no Google, as primeiras entradas são relacionadas à XWP, contudo não é apenas nessa série tema de nossa revista que ele se encontra. Ele já existia antes, e mesmo numa geração midíatica muito mais liberal, ele continua existindo. E talvez o mais incrível,seja perceber que ele não é exclusividade de romances ou possíveis romances gay. O subtexto pegou até pares heterossexuais ou, quem diria, aliens.

Então, devido a esse fato, listarei abaixo uma relação de séries e filmes que trazem uma pitada desse tempero que consegue turbinar muitas produções. Naturalmente existem MUITO mais obras e casais que poderiam ser incluídos abaixo, no entanto vou falar daqueles sobre os quais consegui levantar mais informações. Talvez uma segunda parte desse artigo surja no futuro, ou se alguém tiver interesse em escrevê-la, fique à vontade!

E não esqueçam de comentar!

 

Subtexto a.X (antes de Xena)

 

Calamity Jane (1953)

Década de 50. Evidentemente o mais perto de uma retratação lésbica que teríamos na mídia mainstream, seria através do subtexto. Durante a pesquisa que fiz para esse artigo vi muita gente comentando o subtexto presente nesse filme. Interpretada por Doris Day, “Jane Calamidade” é uma conhecida figura do folclore americano, e nesse filme musical ela é retratada como uma heroína crossdresser cheia de atitude

Seja devido à música “My Secret Love”, seja devido aos rumores de que a Jane Calamidade da vida real era lésbica, o fato é que lá na década de 50 o subtexto já imperava.

 

Blair e Jo – Facts of Life (1979 – 1988)

Adaptado no Brasil pra “Vivendo e Aprendendo”, Facts of Life foi um sitcom de 9 temporadas. O suposto subtexto que é bem provável ter sido um acidente de percurso (como muitos casos de subtexto se iniciaram) fica por contra das amigas Blair e Jo.  De acordo com algumas leituras que fiz,  havia um produtor na equipe da série que queria tirar Jo do armário, mas evidentemente nunca recebeu autorização da NBC para tal. Deixo com vocês um videozinho com música brega. E aí, o que acham, rola uma vibe?

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YouTube Direkt

Cagney & Lacey (1981 – 1988)

Uma espécie de antepassado de Rizzoli and Isles, conta a história de duas detetives (embora em Rizzles, Maura seja uma médica), sendo Christine Cagney uma mulher super focada na carreira, solteira e trabalhadora enquanto Mary Beth Lacey era casada e mãe.

Curiosamente, a preocupação dos produtores em não “lesbificar” a série acidentalmente era tanta, que houve um aumento de orçamento para roupas e acessórios das duas protagonistas, onde se usou e abusou de coisas mais femininas como peles e pérolas. Tudo em vão, a fatia de fãs que via subtexto surgiu da mesma forma.

 

Thelma & Louise (1991)

Particularmente eu não vejo subtexto forte nesse filme, mas partindo do pressuposto que se “alguém viu, é porque existia”, e como subtexto é algo muito mais relacionado ao espectador do que ao criador, eu não podia deixar de incluí-lo na lista, já que ele aparece muito quando se fala em subtexto.

Susan Sarandon e Geena Davis formam uma dupla unida por um profundo laço de amizade e por um crime cometido.

Apesar de não se encontrar cenas de banheira e outras insinuações, o filme tem muito mérito porque cutuca um assunto que em 1991, nem todas as produções tinha coragem de tratar: violência contra mulher e tentativa de estupro (temas que deram origem ao crime cometido pelas mulheres, que reagiram).

E o subtexto que o envolve tão profundamente se dá principalmente por causa da cena final, a qual vocês podem conferir no video abaixo. Mas cuidado, spoilerzaço!


Thelma & Louise por Ange-diable

 

 Tomates Verdes Fritos (1991)

 Ah, um dos meu queridinhos que eu não podia deixar de falar! E eu nao vou falar pouco, já aviso!

Diferente dos citados anteriormente, Tomates não é um caso de subtexto acidental. Ele foi premeditado, mas calma lá, eu explico. O filme se baseia na obra “Fried Green Tomatoes at the Whistle Stop Café”, de Fannie Flagg lançado em 1987. O livro, mesmo lançado na década de 80, não faz questão nenhuma de esconder que as personagens Ruth e Idgie se amam, são apaixonadas e levam uma vida de casal (embora muita água tenha rolado pra que elas conseguissem isso, e não por questões sexuais). O diferencial é que em nenhum momento da obra as palavra “lésbica” ou “gay” são citadas. Elas apenas se amam e criam uma criança juntas, e através de seus corações puros e bondosos, ganham o amor e respeito das pessoas. 

É claro que a história não gira somente em torno desse fato. Na verdade, Tomates consegue ser uma obra incrivelmente abrangente, trazendo outros temas como preconceito racial, a Grande Depressão, a revolução feminina ocorrida nos anos 80, abandono de idosos, o quão prejudicial a submissão feminina pode ser e é sobretudo uma história sobre a força da amizade. Ou seja, temas ótimos pra se enfiar numa produção fílmica, e foi o que fizeram em 1991.

O problema era convencer aquela sociedade branca, heterossexual e rica a assistir um filme que tratava, entre outras coisas, de duas mulheres que se amavam. Então o subtexto se fez necessário, o que é compreensível. Contudo, mesmo tudo tendo ficado no plano subtextual nas telonas, é QUASE impossível assistir sem perceber o grande amor entre elas. Eu digo QUASE, porque até hoje muitas pessoas assistem e juram de pés juntos que Idgie e Ruth não eram nada mais do que super amigas (que viveram juntas. E criaram uma criança juntas. E se amavam)… Mas o que podemos dizer? Mesmo com uns 4 beijos, vários banhos juntas e 287492742984 declarações, ainda tem gente que jura que Xena e Gabrielle são quase irmãs.

O fato é que o filme fez o maior sucesso, ganhou Oscars, e muitas famílias brancas, heterossexuais e ricas saíram das salas de cinema sem perceber nada. Ou talvez desejando não perceber, vai entender né.

 

 Subtexto d.X (depois de Xena)

 

Foxfire (1996)

Angelina Jolie. Eu podia parar aí.
Bom, Foxfire, ou adaptado “Rebeldes”, é um filme com nuances gays, sem usar a palavra gay.
O flme retrata a reação de um grupo de adolescentes em relação à um professor abusivo, lideradas por Legs (Angelina Jolie), que tem uma amizade super fofa e subtextual com Maddie (Hedy Buress).

O filme é baseado no livro Foxfire: Confessions of a Girl Gang, de Joyce Carol Oates, mas confesso que embora tenha achado o filme bastante interessante, não cheguei a conferir o livro pra ver se o sub deixava de ser sub e virava texto. De qualquer modo, vale a pena assistir.

 

Buffy e Faith

Eu posso estar cometendo algum tipo de blasfêmia diante de Fuffy (?) shippers, mas eu nunca abracei o subtexto entre Buffy e Faith. Sempre o considerei fruto de um certo “wishful thinking” a mais, como é o caso de Sara e Catherine em CSI, por exemplo. No entanto ele existe, os adoradores dele existem, e até mesmo eu, que nunca me envolvi nele, vi uma ou duas cenas na série que poderiam corroborar com ele. Talvez o fato de eu ter uma visão muito hetero da Buffy faz com que eu não me empolgue muito, mas vale lembrar que ela já se aventurou pelo lado colorido da força, nas HQ’s lançadas como continuação da série. Infelizmente, não foi com a Faith.

 

 Girl, Interrupted (1999)

Outro filme que faz parte dos meus queridinhos. E novamente, Angelina Jolie.

Independente de nuances gays ou não (que são tão sutis quanto as de Thelma e Louise, se limitando a um beijo), é inegável que a relação de Lisa e Susanna é algo muito peculiar. Uma, sofre de um caso grave de sociopatia, outra, síndrome Borderline, e a paisagem de fundo desse encontro é, naturalmente, um sanatório, onde ambas começam a causar muita confusão. Além disso, a história contada tem três camadas, a real (porque é baseado numa história real), a literária (do livro autobiográfico de Susanna Kaysen) e a fílmica, estrelando Winona e Angelina. O laço que elas formam é bastante interessante, e vale a pena conferir. Vocês vão ficar com a música Downtown na cabeça por umas duas semanas.

 

Fang & Vanille (Final Fantasy XIII)

Vou confessar que eu não joguei o jogo e não conheço as personagens, mas durante minhas pesquisas encontrei uma quantidade bastante considerável de debate sobre a possível relação romântica de ambas. De acordo com o que li, parece que os produtores do jogo inseriram pequenas cenas isoladas que podem sugerir um algo mais. Há quem jure que existam cenas cortadas, e parece que a parte de Fang havia sido originalmente escrita pra um personagem masculino, o que justificaria a relação. Mas tendo olhado em uns 5 fóruns de jogos, tudo que encontrei foi calorosos fronts de guerra debates que muito se assemelham à shippers x subbers em XWP.

 Jess e Jules – Bend it like Beckham (2002)

 

Esse é um filme britânico de 2002, que conta a história de uma garota de 18 anos cujos pais esperam que ela vá pra faculdade de direito, aprenda as delícias da culinária indiana e finalmente sossegue na vida com um decente rapaz indiano, mas em vez disso ela se apaixona por…futebol. E mantém uma amizade BEM próxima com a melhor amiga, da qual os pais super suspeitam.

Subtexto? Na verdade, a história é um pouco diferente. Um caso muito claro do “subtexto que não foi”. Originalmente a idéia do filme era trazer Jess e Jules como um casal, PORÉM, o diretor ficou com receio que isso causasse uma impressão muito negativa no espectadores indianos e o filme afundasse. Então toda a história do romance entre elas, acabou sendo reduzida à mãe de uma das personagens jurando que a filha tem um affair com a melhor amiga, quando na verdade não tem. Coisa chata né?

 

Jane e Maura – Rizzoli and Isles (2010)

CSI goes Xena.

Talvez essa fosse uma boa síntese de Rizzoli and Isles, a primeira série dessa década a tacar fogo nas(os) orfãs(os) de Xena afoitos por subtexto. Tudo isso por causa da QUÍMICA GRITANTE entre a dupla de “morena, alta e fatal” e “loira, baixinha, tagarela”, ou em outras palavras, Rizzles.

Como os próprios promos da série provocam, elas são o par perfeito, porém, dificilmente isso romperá a barreira do sub, primeiro, porque a série é baseado em livros que nada tem de gay, e segundo, porque a produção já percebeu que provocar dá mais audiência que entregar. E pra isso, toda semana acham algum cara aleatório pra servir de caso pra uma das duas, em meio à várias falas e insinuações e olhares. Sim, vocês já viram isso acontecer antes.

Mas hey, a esperança é bem difícil de matar, né?

 Myka Bering e H.G. Wells (Warehouse 13)

A série é sobre agentes de um Serviço Secreto que trabalham pra um grupo do governo (tudo super secreto) que sai à caça de artefatos perigosos e sobrenaturais pra armazená-los no “Galpão 13”.

Jaime Murray (sim, aquela de Spartacus) interpreta a morena sexy, misteriosa e bisexual Helena G. Wells (rá, e vocês achando que era o escritor né!), a qual troca longos olhares com Myka. E também química. Muita química.

E parece que já deram carta branca pra um dos escritores “brincar” com o subtexto, então existe mais chance de algo rolar do que em Rizzoli and Isles. Torçam aí, fangirls.

Regina e Emma – Once Upon a Time (2011)

Falar do enredo de Once Upon a Time é uma tarefa complicadíssima. Imagine uma caixa, jogue nela todas as histórias de contos de fadas que você conhece, adicione um punhado de conteúdo adulto, tampe e mexa bem.

O ponto de partida do enredo, é a história da Branca de Neve, que naturalmente tem uma relação de cão e gato com a Rainha Malvada. Assim como na história, Branca se casa com o príncipe e tem uma filha. Mas a história não acaba e vivem felizes pare sempre. A rainha, cheia de recalque, joga uma maldição no reino todo, que faz com que todos os personagens – incluindo ela –  acabem indo parar numa terra sem mágica – nosso mundo real- onde não envelhecem porque o tempo está congelado e não tem memória de quem são. A única que se salva, é a filha da Branca, que foi enfiada num armário (oh, wait) e portanto cresceu longe da praga jogada pela Rainha. Enquanto isso, em Storybrook ( brook…book…entenderam?), a cidadezinha onde todos os personagens confinados habitam, apenas um ser entre eles parece perceber que tem algo errado, o filho adotivo da prefeita Regina Mills (a Rainha Malvada) Esse filho adotivo, por acaso, é filho biológico de Emma Swan, a filha crescida de Branca de Neve que crescendo em Boston, levou uma vida muito ferrada com direito à roubos, vida amorosa desastrosa e gravidez precoce, mas perto dos 30 anos, com a resolução de tomar juízo, recebe uma visita inesperada do moleque que lhe “elege” pra salvadora de Storybrook.

UFA, que confusão, mas o que vocês esperavam que saísse da mente de um produtor de Lost? Explicado isso, vamos entender onde entra o subtexto nisso: Naturalmente Regina Mills (Rainha Malvada) não gosta nem um pouco da ideia do seu filhote adotivo ir atrás da mãe biológica, e isso basta pra por as duas num pé de guerra danado, principalmente quando Emma percebe que Regina não é lá o exemplo de mãe do ano.

Isso leva à discussões acaloradas entre as duas e até algumas brigas (que não tem nada de tapinha e puxão de cabelo, tem é soco de mão fechada mesmo) e como no ponto de vista lesbificador das fangirls da internet, toda discussão acalorada é naturalmente fruto de tensão sexual, assim nasceu o subtexto SwanQueen. É claro que o jeito levemente butch de Emma também contribuiu.

E é claro que a partir do momento em que os escritores se tornaram conscientes do que estava ocorrendo, eles ficaram abusados e resolveram brincar com a coisa, principalmente tendo roteiristas que trabalharam em Buffy. Quer provas? Num determinado episódio Regina não consegue fazer a sua mágica funcionar, justamente quando precisava usá-la pra algo bom. Bastou Emma encostar nela que *puf*, a mágica acontece. Cena bem familiar pra quem assistiu o episódio “Hush” de Buffy, onde Willow e Tara tem uma situação quase igual.

É claro que há várias outras cenas que corroboram com a visão subtextual entre elas, mas enquanto nada oficial acontece, resta às fangirls esperarem as duas pararem de se bicar por causa do filho e resolverem criarem ele juntas como um casal feliz. Seria uma revolução e tanto na história dos contos de fada, não?

 Max e Caroline – 2 Broke Girls (2011)

2 Broke Girls, é uma série que conta as aventuras de duas companheiras de apartamento que financeiramente quebradas, se esforçam trabalhando como garçonetes a fim de juntar dinheiro pra iniciar um empreendimento de cupcakes. Uma delas acostumado com o estilo de vida difícil, tem que mostrar a ótica de ser “classe média” para a outra, que sempre viveu no luxo, e isso evidentemente leva à muitas discussões. Essas discussões acabam colaborando pra aquela premissa básica de comédia romântica que “todo par que se odeia, acaba se apaixonando”, e embora a última intenção do criador da série fosse colocar tensão sexual entre ambas, esse parece mais um caso onde a criação acabam fugindo do controle do criador, nessa situação, por causa da – adivinhem – química entre ambas.  E o incrível é que mesmo a audiência heterossexual acaba não conseguindo deixar de comparar Max e Caroline com um casal que fica se bicando por coisas do cotidiano.

Conclusão…

Enfim, o subtexto já estava aí muito antes de Xena Warrior Princess pensar em existir, e provavelmente continuará existindo mesmo quando nosso mundo se desacorrentar de preconceitos. Seja fruto de pistas reais deixadas pelos produtores, seja fruto de wishful thinking por parte dos fãs de seriadores e filmes, é fato que ele sempre consegue gerar muito debate e discussão.

Fontes:

After Ellen.

Muitos tumblrs.

FOERST, Angelika. Subtext Matters: The Queered Curriculum Behind the Warrior Princess and the Bard, 2008.

WALTERS, Suzanna Danuta. All the Rage: The Story of Gay Visibility in America

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Dezembro 2012

Comentários

Olá queridos xenites..

Quero iniciar esse editorial dizendo que foi uma honra para mim trabalhar com vocês desde 2008. Nesses quatro anos de vida, a Revista Xenite nos trouxe muitas alegrias, bom conteúdo e união. Muitas foram as informações trocadas, risadas e até mesmo discussões acaloradas. É uma pena que tudo tem um fim, mas espero que essa última edição da RX possa fechar sua história com chave de ouro.

Agora, CASO O MUNDO NÃO ACABE, ou sejamos salvos do Apocalipse pelas reencarnações de Xena e Gabrielle, Buffy, Dean e Sam ou Doctor,  a gente reabre as portas em Janeiro, não se preocupem 😛

Vocês acharam mesmo que se livrariam de nós? Podem parar de comemorar, ou chorar (aqueles que nos querem bem) e vão ler essa edição fresquinha, vão!

UM FELIZ SOLSTÍCIO PARA TODOS. Que venha 2013!

 

Tirinha: O Chakram – Mára

Os fãs de/em Xena Warrior Princess – Mary Anne

Um Xenite Pequeno e a Compreensão da Morte – Robson Cardoso

Gabrielle “Dedos leves” de Potédia – Mára

(In)tolerância para todos os (des)gostos – Lorenzo

A Sétima Arte, Colorida (8) – Titus, Mary e Ary

BITCHPOWER: OXENTE, my God, a Bruxa está de volta – Mary Anne

GIRLPOWER: A Mulher Maravilha – Mára

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GIRL POWER – MULHER MARAVILHA

Comentários

 

 Uma releitura sobre a Mulher Maravilha e suas origens

 

Pesquisa e redação: Mára Núbia

Revisão e edição: Alessandro Chmiel

M M  e o Fim do Mundo

Um recado …

  

      Uma princesa que cumpre seu destino indicado pelos deuses em levar a fraternidade e harmonia entre todos os componentes da humanidade independentemente de sexo, cor, credo, origem, e mesmo reverente à sua mãe e rainha, não deixa o perigo e as armadilhas da vida a desviarem do caminho do bem maior.

      Diana Prince, princesa das amazonas, é a maior heroína de todos os tempos. Num mundo de homens, leva a mensagem de lutar pelo que é correto e em defesa do verdadeiro papel feminino no mundo.

      Forte, franca, verdadeira, veloz, bela e bondosa. Em uma só mulher, todos os atributos de uma grande princesa, que entende servir ao povo e conduzi-lo à verdadeira grandeza como principal função da realeza. Seu povo, por ordem divina, passa a ser toda a humanidade, e a grandeza está em auxiliar a todos em reconhecerem-se dotados do poder inerente em cada ser humano. A fé em si mesmo.

      Farei um apanhado da Mulher Maravilha de George Pérez, Len Wein e Greg Potter, pós-crise, e a do seriado de TV da WB.

 

 VAMOS À HISTÓRIA – HQ

 

      Em tempos de pré-história, um homem das cavernas angustiado, ferido e furioso por ter perdido a mão em uma caçada e ser discriminado pelo grupo, chega em sua caverna, sendo acolhido por sua companheira. A atenção dela ofende e ele a agride, matando-a no local.  A alma desta mulher se une a várias outras vítimas deste tipo de violência numa espécie de limbo, na caverna das almas no reino de Hades, interior de Gaia, incluindo a da criança que ela esperava.

 

      Os Deuses Olímpicos, reunidos em assembleia, traçam planos para que a humanidade possa sempre reverenciá-los e ser levada ao progresso. Ares deseja esta nova ordem dedicada à guerra, mas Artemis e Atena argumentam que deveria ser uma ordem de guerreiras, criadas no esplendor da paz e fraternidade. Recebem autorização para isso e buscam aquelas almas puras, e das águas do lago emerge uma raça de mulheres. Apenas uma alma ficou naquele espaço sagrado, aguardando o momento adequado de surgir. A primeira a emergir das águas foi Hipólita e a segunda Antíope, e elas lideraram as amazonas em Temyscira.

      Hércules, buscando o cinturão da Rainha Hipólita como um de seus trabalhos para Euristeu, invade a ilha com um grupo de guerreiros, sendo derrotado pela rainha, mas apresenta-se como aliado e em um jantar, droga Hipólita subjugando-a e a todas as amazonas. São acorrentadas, violadas, espancadas e mortas.

      Presa em um calabouço, Hipólita ora e é atendida, recebendo a capacidade de se mover com extrema rapidez. Assim, ela surge em vários pontos da ilha, libertando suas irmãs e as conduzindo à vitória. Mas elas haviam sido advertidas de que deveriam manter os ideais de fraternidade e justiça, porém não dão ouvidos à sua rainha e buscam vingança, maculando assim o propósito para o qual foram criadas, que era levar uma ordem dedicada à convivência harmoniosa entre homens e mulheres para o progresso da humanidade.

      Recebem a possibilidade de voltarem ao estado puro, mas deveriam se penitenciar protegendo a humanidade do terrível mal guardado no subsolo de uma ilha protegida dos olhares dos homens. Antíope renega as deusas, pois entende que elas não auxiliaram quando estavam sendo massacradas. Ela entrega seu cinturão para Hipólita e segue vai com um grupo de seguidoras ainda em busca de vingança, enquanto Hipólita e suas irmãs marcham através do mar que Posseidon abre a pedido de Ceres até a ilha que denominam Paraíso e lá constroem uma civilização, enquanto impedem o mal de sair, tornando-se imortais e carcereiras, protetoras da humanidade.

      Muitos anos depois, tomada de incrível melancolia, a rainha Hipólita é orientada pelo Oráculo e recebe indicações de ir até o litoral, e moldar uma criança no barro do paraíso, pois sua tristeza era por sua filha e, abrindo sua alma à Artemis, revelou o que ia em seu coração. As deusas se reuniram novamente no núcleo de Gaia e enviaram a alma de sua criança para aquele bebê moldado, que se tornou a única criança com quem elas conviveram em mais de 30 séculos e a única da Ilha Paraíso. A criança recebeu o nome de uma aviadora americana que caiu na ilha há muitos anos e salvou a vida de muitas guerreiras, auxiliando a conter o grande mal do subsolo. Seu nome era Diana, e esta seria Diana, princesa das amazonas. As deusas lhe concederam dádivas que lhe seriam próprias quando atingisse a idade adulta. Deméter concedeu a força e poder como a própria terra; Afrodite, beleza e um coração amoroso; Atena, sabedoria; Héstia, afinidade com o fogo para abrir o coração dos homens; e o deus Hermes, velocidade e poder de voo. 

          Era uma criança com mais de mil mães, e Diana cresceu se tornando uma linda mulher. Forte, sábia e bela.

 

Diana

A Mulher Maravilha

          Através do Oráculo, a rainha é sabedora que deverá enviar uma campeã ao mundo dos homens para combater Ares e proíbe a princesa de participar do torneio que escolheria a campeã, cuja prova final para a vencedora seria a do trovão, capaz de destruir com um estampido: uma pistola que a aviadora usara em um tiro ao alvo, na qual esta vencedora atuará como alvo e deverá se manter viva desviando as balas com o bracelete de metal, que todas usam no pulso, como lembrete da escravidão que foram submetidas por Hércules.

      A princesa participa disfarçada por ordem divina, vence, recebe o laço da verdade dos próprios deuses e é testemunha da queda de um avião com um piloto militar veterano da segunda guerra, de quem trata e é peça chave para vencer Ares, não lhe passando despercebido que seus trajes guerreiros e os emblemas do homem são semelhantes.

      A Mulher Maravilha vem para o mundo dos homens, encontra uma professora de História que a auxilia, estabelecendo-se como embaixadora de Temyscira; vence Ares, que planejava uma grande guerra, ao conseguir fazer Ares perceber que o fim da humanidade ocasionaria o fim dos deuses, pois reinaria sobre um nada.

                                   

Diana e Trevor

O Cel Steve Trevor e a Mulher Maravilha
2ª Guerra Mundial

 

                

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             Assim se estabeleceu a releitura desta heroína, a maior amazona de todos os tempos. É neste momento da queda do aviador da segunda guerra que inicia a Mulher Maravilha da série de TV, estrelada por Lynda Carter, que se manteve por três temporadas. Apenas na primeira temporada desta série, o fato acontece durante a segunda guerra mundial e antecede o torneio de escolha da campeã.        

      Também aqui, Diana salva o piloto, que foi o primeiro homem com o qual tivera contato, e quis tratá-lo como enfermeira, alegando um estudo científico e com métodos próprios e indolores. A “cientista” da Ilha investiga o que trouxe este homem ao paraíso, ficando sabedora da segunda guerra mundial e da ameaça nazista. (Aliás uma cena engraçada foi a rainha Hipólita recordando dos homens e suas atitudes de violência, ganância, sua …  […]  –  assim mesmo, com reticências, onde  a expressão da atriz dando a entender algo luxurioso é impagável e a explicação da rainha para a filha de que a ilha é chamada de paraíso, por não haver homens nela, é algo que vale a pena ver.)

       Participando disfarçada do torneio que seleciona a campeã, o qual ela vence contra as ordens da rainha, Diana recebe o traje guerreiro, o cinto, a tiara e o laço da verdade, indo para o mundo dos homens. Entretanto, ao deixar o coronel em um hospital, percebe que terá que andar disfarçada. Para ficar próxima ao Cel. Steve Trevor, ela assume um posto como sua ordenança, a praça Diana Prince no Departamento de Guerra, e com acesso a informações privilegiadas  ela combate os nazistas, salvando o mundo e o Coronel diversas vezes.

 

 

 

 

 

A Mulher Maravilha e a paz mundial

 

   A série não explica como foi o retorno de Diana para a Ilha Paraíso, mas em 1977, tentando impedir terroristas internacionais de se darem bem, um agente da inteligência faz o avião cair no Triângulo das Bermudas, sobre a Ilha Paraíso.

      Já conhecedoras do mundo exterior, as amazonas vão investigar e Diana tem uma grande surpresa ao se deparar com um homem idêntico ao Steve Trevor que conheceu na década de 1940.

      Analisando os documentos e fazendo uma investigação mais minuciosa, num transe hipnótico as amazonas descobrem tratar-se do filho do Coronel que Diana conhecera (“filhos como uma forma própria de imortalidade”) e ela se dá conta que a ameaça atual é semelhante e talvez maior que a dos nazistas. São os tempos da guerra fria, e a “inteligência” para qual Steve trabalha recebe uma nova e poliglota agente capaz de usar as armas, tecnologias e veículos da época, que atuará como parceira de investigações, mas ainda subordinada a ele. 

      O grupo (Comando de Defesa Interagências da América) tem acesso direto ao presidente através de uma videoconferência, com computadores enormes em salas que abrem com códigos. Um robozinho ligado ao computador (que sabe a identidade secreta da Mulher Maravilha) dá o toque cômico. Lutam contra negociantes de armas, loucos que querem dominar o mundo, potências estrangeiras e terroristas, havendo inclusive um extraterrestre que aparece tanto na década de 1940, numa espécie de julgamento interplanetário da terra e da humanidade, como na de 70 para derrotar invasores ladrões de cérebro.

      A série aborda de forma leve temas como os campos de concentração para descendentes de japoneses nos EUA, preconceitos sociais, e exerce seu charme nas mais diferentes situações, como clonagem de Hitler na Argentina, uma menina superpoderosa de uma civilização mística, o mundo da música ou órfãos em um rancho.

 

 varias faces de Diana

 

      De qualquer maneira, a Mulher Maravilha é uma super-heroína em todas as dimensões, sempre fazendo o possível para não tirar uma vida e extremamente feminina. Defendendo crianças, correndo atrás de bandidos e mantendo a paz mundial, com uma filosofia de convivência harmônica mesmo nestes ambientes belicosos.

 Algumas considerações sobre a Mulher Maravilha e Xena

 

      Temos sempre que perceber que talvez as semelhanças entre as heroínas estejam em serem mulheres ligadas ao Panteão Grego, belíssimas, donas de uma linda voz e que fazem o que acreditam ser o certo, terminando aí qualquer semelhança.

      A Mulher Maravilha é imortal (no sentido de não adoecer, nem envelhecer). Já Xena não quis aproveitar as chances de imortalidade e jamais foi, pretendeu ser ou se comportou como se fosse uma amazona, não sendo bem-vinda pelos Olímpicos; a Mulher Maravilha é a amazona por excelência, princesa de Temyscira, abençoada dos deuses.

      Podemos considerar que Xena jamais teria um comandante, muito menos um parceiro que lhe determinasse o que fazer (Bórias que o diga), e Diana ou se disfarçava em papéis submissos ou se aliava a grupos onde homens davam as cartas e tinha “um interesse muito interessado” em Steve Trevor (pai e filho,) sempre salvando-os de encrencas, enquanto Xena tinha interesse em salvar Gabrielle.

      Há uma entrevista de Lynda Carter onde perguntam pra ela sobre Xena e ela depois de elogiar LL e dizer que ambas as personagens eram ícones do poder feminino, diz algo como: […] “a Mulher Maravilha tinha classe e a Xena é… Xena                                                                                                 (num tom de voz que representa toda a força da Princesa Guerreira – quase como o dublador da apresentação da série no Brasil)”.                                                                        Confira: <http://www.youtube.com/watch?v=bzw8TWMZcEU>.

 

      E ela tem toda a razão! Embora Xena fosse capaz de se disfarçar e também usar sua sensualidade para atingir os objetivos, não era uma dama. Uma dama não sobreviveria em seu mundo e ela era uma guerreira solitária (sem um séquito), que tomava banho em rios e lagos, andava a cavalo no sol, caçava sua comida e lutava, inclusive matando para se defender – e suas sósias estão aí para atestar que “modos de dama” não desenvolvem aquela musculatura nem as habilidades necessárias para manipular armas ou situações. Princesa Diana (de todos os nomes tinham que escolher este?? Uma homenagem talvez??), Sacerdotisa Leah ou até mesmo Meg (que também não era uma dama, mas não tinha as habilidades guerreiras).

 

      As atrizes têm muito mais em comum do que o fato de terem sido Miss Nova Zelândia (LL) e Miss Estados Unidos / Miss Mundo (LC), lindas e com sorrisos marcantes. Ambas foram ou são cantoras, em ambas as séries cantam por seus personagens e ambas as séries apresentam concursos de Miss e situações de musicais.

Tem uma coisa que a Mulher Maravilha sempre irá vencer a Xena: o concurso de corrida com bota de salto alto e bico fino. Quer coisa mais urbana, de quem usa tecnologia e veículos motorizados (ou outra propulsão qualquer)?

 

 Mulher Maravilha e Xena

 

 

Agradecemos os comentários!

 

Curiosidades

 

1 – A aviadora Diana era mãe do Cel. Steve Trevor, e ele é salvo pela princesa Diana na versão da releitura nas HQs e na série televisiva da década de 1970.

2 – A prova do Trovão da releitura HQ onde capitã Philipus atira para matar,  na série da teve é tratada como balas e braceletes e as duas competidoras finalistas atiram uma na outra como numa roleta russa a alguns passos de distância,.

3 – Nas HQs, Diana voa e desconhece o avião a quem ela e suas irmãs chamam de pássaro, enquanto na série de TV há o famoso avião invisível nos mesmos desenhos e aerodinâmica arredondada dos aviões da segunda guerra (década de 1940) e em seu retorno na década de 70 apresenta um desenho coerente com aviões de guerra da época – caça supersônico.

4 – O criador da Mulher Maravilha, sob o pseudônimo de Charles Moulton, William Moulton Marston é um dos criadores do detector de mentiras (polígrafo), o que seria a inspiração para o famoso laço da verdade.

5 – A Mulher Maravilha mantém muitos dados sobre as amazonas e mitologia  próximos.

6 – Na série de TV, a força de Diana vem de um metal chamado Feminum, do qual é feito os braceletes que usa; sem eles, é uma mulher comum. A tiara servia como um comunicador (usavam o espelho como tela) e também podia ser lançada como um bumerangue, sempre voltando para as mãos de sua dona.

7 – Em dezembro de 1941, foi a primeira heroína criada pela DC Comics.

 

8- Lynda Jean Córdoba Carter (Phoenix, 24 de julho de 1951) é uma atriz norte-americana. 3 turnês como cantora, e cantou duas canções num episódio de W.W.

 

Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lynda_Carter

BIBLIOTECA DC VOLUME 1- MULHER MARAVILHA,  PANINI BOOKS. MAIO 2008.

http://moviebuffone.blogspot.com.br/2010/08/especial-series-mulher-maravilha-lynda_3546.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mulher-Maravilha

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OXENTE, my God. A Bruxa volta, direto do túnel do tempo.

Comentários

Foi numa conversa com o Titus, que tive a idéia de retirar essa Bitch brazuca do FUNDO do túnel do tempo direto para o Video Show para a RX.

Os xenites mais bebês provavelmente não lembram dela, mas eu, com então 8 anos de idade (e um crush inconsciente pela Adriana Esteves que fazia a mocinha girl power da mesma novela) já me encolhia de medo e ria muito com a vilã mais maquiavélica de A Indomada (1997), Maria Altiva de Mendonça e Albuquerque.

Eva Wilva esbanjando talento, sempre deu um show de interpretação em toda novela que se fez presente, mas Altiva se destacou muito por sua mistura de megerice e humor. E vocês achando que Nazaré Tedesco foi original nesse quesito hein.

Numa cidadezinha Nordestina do tamanho de um ovo, chamada Greenville, de população toda metida a Britânica que saia disparando frases em Inglês, Altiva desfilava seu vestido beato em meio à vários “Oxente, my God”.

Mas de beata ela só tinha mesmo a pose e o vestido, porque por trás da sua falsa figura religiosa (que invocava raios divinos pra acertar a igreja e interromper casamento de quenga), a mulher era o mal encarnado e tinha como objetivo de vida infernizar a vida de sua sobrinha, a mocinha da trama, Helena, interpretada por Adriana Esteves.

O talento era tanto que Eva Wilma levou pela interpretação o prêmio APCA e o troféu Imprensa de melhor atriz em 1997, tamanho foi o impacto da vilã naquele ano.

Mas provavelmente a cena mais marcante da vilã, foi justamente o seu fim. Altiva arma tanto para matar a sobrinha, que acaba vítima de sua própria armadilha, e morre queimada numa cabana, mas como vilã boa é vilã que inferniza o povo até depois de morta – e ALTI que o diga – o espectro de Altiva aparece na fumaça pairando sobre a cidade de Greenville em meio a risadas macabras e soltando um “I WILL BE BACK! ME AGUARDEM, EU VOLTAREI”.

embedded by Embedded Video

 E não é que 15 anos depois ela “volta” de certa forma? Na novela Fina Estampa desse ano (2012) Eva Wilva volta como Íris, a tia da principal vilã da novela, Teresa Cristina.

Íris é cheio dos bordões “altivos”, soltando “Oxente my God” e “Thank you very much, viu bichinho?” em vários momentos.

Em uma das cenas que chamou a atenção, tia Íris diz à sobrinha:
“Eu não disse que eu voltava? I’m back, eu voltei!”

 

E no final de Fina Estampa, descobrimos o motivo de tanta brabeza engarrafada através dos anos. A personagem chuta a porta do armário, assume seu romance gay com Alice (Thaís de Campos), e ambas viram caminhoneiras e partem para GREENVILLE, para viverem felizes para sempre – ou não.

Depois de tudo isso, só nos resta concluir que Altiva era ninguém menos que a reencarnação da ALTI. Até o nome é sugestivo né, ALTIva. Só assim pra explicar ela morrer, ficar rindo na fumaça e ainda voltar pra vilanizar anos depois, tal qual nossa xamanesa dura de matar.

 

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A Sétima Arte, Colorida (8)

Comentários

 Ary Mello 

Mary Anne 

Olá pessoal! Nesse mês de Dezembro quem escolheu os filmes foi o Titus!

Espero que vocês gostem das escolhas, e já sabem! Caso os tenham visto, sintam-se à vontade para deixar seus próprios comentários ali embaixo!

Lembrando que assim como neste mês, aceitamos convidados na coluna para meses futuros. Para participar basta enviar um e-mail para [email protected] para se informar sobre disponibilidade e pegar a lista de filmes para o mês seguinte!

 

VICKY CRISTINA BARCELONA (2008)

 

Titus

Engraçado que o maior motivo que me fez assistir a esse filme foi essa coluna aqui, de películas LGBTetc, mas depois de muito tempo de filme corrido eu pensei: “Por que eu vou escrever sobre isso, se não tem nada gay?”, mas depois a coisa muda de figura – porém… Sinceramente, a pitada lésbica que tem é só pra dar um temperozinho a mais, ajudando na construção da alma artista da Cristina (Scarlett Johansson). Você vai querer ver esse filme por muito mais do que isso.

Pelo pouco que vi de Woody Allen, notei que o estilo dele, embora aborde temas profundos e subjetivos, nos é passado nuns ambientes mais lights, são filmes gostosos de ver num sábado de manhã / à tarde, e isso me cativa. Pra começar, o filme tem como cenário a deliciosa Barcelona, como diz o título, já tá dando pra sentir? É uma das obras mais completas em termos de Arte: é o Cinema retratando a Pintura, a Poesia, a Arquitetura e a Música – 5 das 7 artes originais! Amo muito tudo isso, mas MENINE, lembrando que é Barcelona, o tipo de música que toca no filme é a espanhola, mais cigana, sangre fervendo, o que me hipnotiza, assim como acontece com Vicky (Rebecca Hall)… Aí quando tocou uma música que era tema dos meus aquecimentos na aula de flamenco, lembranças de 7 anos atrás, não aguentei: me arrepiei e emocionei. Entrou pro meu TOP, must-see!

PS: A música do meu passado: http://www.youtube.com/watch?v=NvlrCKi-ss4

Nota: 5,0

 

Ary

Por ser um filme do Woody Allen, eu esperava mais! A história é vazia, sem graça. Poucas cenas nos deixam interessados na trama… E a Penélope Cruz, por incrível que pareça, consegue ser chata. Digo, a personagem dela. Fora que eu achei o filme completamente machista! Um homem com todos os trejeitos de cafajeste, pega duas das mais perfeitas atrizes ever.. Aí, elas acabam tendo um mini rolo, porque é isso, nem lésbico consegue ser, de tão MINI que é.  Já a fotografia é belíssima! É de ficar babando. Minha nota vai ser por respeito ao Woody Allen e a interpretação da Penélope que conseguiu ser chata! LOL E outra coisa, o nome deveria ser: Maria Helena Cristina Barcelona!

Nota: 3,0

 

Mary

Não é exatamente um filme gay feminino, apenas tem sua nuance, devido a algumas cenas. Não sou grande conhecedora do Woody Allen, então não creio que eu possa comparar com outras obras. Entendo o mérito do filme por sua – tentativa de – profundidade e grandes atuações (gostei muito da atuação do Javier nesse filme, embora o personagem seja cafajeste), mas no conjunto total, achei ele de certa forma incompleto. Creio que seja porque pra mim soou bem linear. Mas a fotografia é linda.

 Nota: 2,0

MÉDIA: 3,0

 

LES CHANSONS D’AMOUR (2007)

Titus                                

Ó, confesso que o hype era muito maior pra mim: um musical, francês, com o Louis Garrel, e sendo um bissexual – tinha tudo pra eu AMAR esse filme, mas eu não sabia que ele era tão triste e pálido, aí acabou broxando um tanto. Faz vários meses que eu vi e esse filme não é desses que eu fosse querer rever… então não me lembro de muita coisa. Eu sei que ele tem de tudo, momento hetero, gay e bi – atende a todos os públicos.As músicas que eu mais gosto são“As-Tu Déjà Aimé?”, cantada pelo Ismael (Louis Garrel s2) e o Erwann (GrégoireLeprince-Ringuet), e “MaMémoireSale” (uma cena de amor entre eles, bem soft, mas fofa), ambas as músicas são composição de Alex Beaupain.

Beleza que o filme não é ruim, mas eu acho que se ele tivesse me marcado mesmo, eu me lembraria de mais coisas. A propósito, o Garrel não canta muito bem, desculpa, mas continua sendo perfeito pra mim.

Nota: 3,0

Ary

É um bom musical. As letras são bem construídas, faz a gente viajar e se encantar, se interpretarmos corretamente o sentido delas.
É um belo filme estrangeiro, fugindo do esteriótipo americanizado de que tudo o que é bom, tem que vim de Hollywood.
O filme fala de um ménage, isso mesmo! E Lois Garrel… consegue nos tocar a fundo!
Preciso dizer que amei o fato do filme ser inteiro em francês? Acho que isso dispensa comentários. E acho que Ryan Murphy (diretor de séries e filmes) deveria se basear no entrelaço formado pelo roteiro e pelas músicas e aplicar isso em Glee. #FicaDica

Nota: 3,0

Mary

Filmes todo poético cheio de musiquinhas aconchegantes. E o mais importante, traz uma mensagem anti-fórmula. Quando se passa uma vida procurando por padrões, e razões e medidas, às vezes esquecemos do mais importante: viver.
A sociedade quer que você ande em linha reta, e se explique e se justifique e se encaixe num sistema que FAÇA SENTIDO, quando às vezes o mais importante da vida não precisa FAZER SENTIDO, mas sim SER SENTIDO. Acho que isso é a síntese do que a trajetória de Ismael nos passa,com seus erros e acertos.

Nota: 3,5

 

MÉDIA: 3,1

 

LA MALA EDUCACIÓN (2004)

Titus

Este filme me ganhou desde os créditos iniciais. Na verdade, a direção de arte nele todo é linda, toda trabalhada no camp ou kitsch , que é o lance do brega, das personagens caricatas – eu definiria como a estética baseada no movimento de vanguarda artístico que foi o fauvismo – grande marca de Pedro Almodóvar, um dos nomes mais importantes do Cinema Contemporâneo.

Como um legítimo Almodóvar, o filme exige que tomemos um tempo para digeri-lo, com suas tantas subnarrativas, de diferentes personagens (ou não), com diversos leitores e pontos de vista – semelhante a um dos traços do Cinema Noir; e tal relação, de certa forma, nos é quase explicitamente demonstrada na fala do Sr. Berenguer / Padre Manolo, dirigindo-se à Ángel / Juan: “É como se todos os filmes falassem de nós.” (eles estão saindo de uma sessão de filmes noir), e as personagens no diálogo estão envolvidas em um assassinato, reafirmando a influência do Noir na história.

Não irei agora me estender muito, comentarei mais as coisas que me chamaram a atenção, bem. A Mary disse que não sabia de quem mais sentir raiva, mas eu não consigo sentir raiva de ninguém, são todas personagens ambíguas – Noir de novo, cofcof – que têm seus motivos emocionais para errar como erraram… Até o nojento do Sr. Berenguer me comove com o amor que sente pelo Ángel. Ah! Eu A-M-O a Zahara e a(o) Paquito, principalmente a cena deles na frente do cinema, ARRE lol, e todos os louros / Oscars pra atuação e beleza do Gael García Bernal, homem ou mulher – as bee vão [g]amar!

Última coisa: há quem diga que a obra é autobiográfica, ou seja, que o Almodóvar viveu toda aquela loucura, coitado, e depois de ver a última frase do filme, eu concordo. Vejam e tirem suas próprias conclusões!

Nota: 5,0

 

Ary

Direção esplêndida, senhoras e senhores!

“La Mala Educación”, é possivelmente o mais Almodóvar de toda a filmografia do escritor espanhol. Decididamente um filme íntimo e pessoal. Não tem a sensibilidade feminina de outros filmes, mas não aquele toque pessoal e irreverente que o espanhol coloca em tudo o que faz.  A temática não é agradável, pedofilia, abuso sexual de crianças por membros da igreja… Mas aqui Almodóvar faz questão de fazer isso mesmo, de incomodar o espectador pelo subentendido…
Na idade adulta reflectem-se traços da dita “má educação”, aqui tudo é mais explícito, mais duro, da forma que Almodóvar encontrou de mostrar o amor, sobretudo entre os homens.

Nota: 4,5

Mary

Não sei de quem sinto mais raiva ou mais pena nesse filme.
É praticamente um enredo de novela mexicana, e não que isso seja ruim, porque o enredo é muitíssimo bem amarrado, mas dá tantas voltas que me fez querer encher de tabefes quase todos os personagens.
Tirando isso, é um filme denso, e bastante triste, ao se pensar que um menino doce e sensível, ao ser vítima de abusos acaba se tornando um ser humano decadente. Não comentarei sobre os outros personagens envolvidos, senão soltaria spoilers violentos que tirariam toda a graça do filme, mas o Gael Garcia Bernal fez um ótimo trabalho como um filho de uma bacante manca.

Nota: 4,5

 

MÉDIA: 4,6

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