As mocinhas de “Ti Ti Ti”

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Girl Power n. 35-2

por Robson Cardoso

 

Lá pelo início de 2010, a Rede Globo andava bastante preocupada com o desempenho de suas novelas do horário das 19 horas. Na época, Tempos Modernos segurava inadmissíveis 24 pontos de ibope, e, por conta disso, a emissora, determinada a alavancar os números de audiência, resolveu radicalizar: disponibilizou 450 milhões para a produção de cada capítulo da nova novela que estrearia em julho, um orçamento digno de novela das 8! E um investimento desses podia bancar muitas coisas: o roteiro da talentosíssima Maria Adelaide Amaral (de Os Maias e A Casa das 7 Mulheres); a presença de Murilo Benício (O Clone, A Favorita), Alexandre Borges (Laços de Família, Caminho das Índias), Cláudia Raia (a eterna Donatela de A Favorita), Malu Mader (Celebridade) e Christiane Torloni (Torre de Babel, Mulheres Apaixonadas), tiranossauros da faixa nobre, para encabeçarem o elenco. E, não podemos esquecer, uma grana nessa quantidade comprava a permissão para a releitura de dois dos maiores sucessos da história da TV brasileira: Plumas e Paetês (1980) e Ti Ti Ti (1985), ambas escritas por Cassiano Gabus Mendes.

 

“Ti-Ti-Ti é beleza, é bom humor, é ação e é Cassiano Gabus Mendes. Estamos trazendo o autor de volta ao horário das sete, onde ele reinou com tanta competência”, exaltou Maria Adelaide, que misturou núcleos da primeira versão de Ti Ti Ti com tramas e personagens de outras obras do autor.

 

A trama

 

Ambientada em São Paulo, a estória gira em torno da rivalidade entre os estilistas Jacques Leclair e Victor Valentim, codinomes dos ambiciosos André Spina, metido a francês, e Ariclenes Martins, com pinta de espanhol, personagens de Alexandre Borges e Murilo Benício. Criados em uma mesma vila na Zona Leste de São Paulo, os dois disputam tudo desde a infância. Depois de adultos, eles se reencontram e, por acaso, acabam brigando por espaço no mundo da moda. “São dois malandros soltos no universo fashion”, sintetiza Murilo. Sem muitos pudores para alcançar seus objetivos, eles travam embates que, segundo o diretor Jorge Fernando, sempre têm a intenção de surpreender. “O humor mudou muito. A comédia ‘pastelão’ não é do que o público ri. Para arrancar uma gargalhada, tem de surpreender”, teorizou, ao falar de um estilo de humor que sempre imperou nas novelas das 19 horas da emissora.

 

O QUINTETO PODEROSO

 

Ti Ti Ti conta com um quinteto feminino reluzente como uma lantejoula dourada: mulheres de classes sociais e estilos pessoais completamente distintos, mas todas com duas coisas em comum: um presente marcado pelos ocorridos passados, e uma trupe de inimigos determinados a derrubá-las da passarela a qualquer custo.

 

JAQUELINE MALDONADO (Cláudia Raia): a classuda Jaqueline é a intensidade em pessoa! Montada em seu salto agulha, ela desfila por aí igual a um cabide de acessórios: óculos de sol, lenços, brincos, pulseiras, anéis e colares gigantes e multicolores. Usa vestidos justos nas curvas e esvoaçantes nos extremos que lhe conferem um ar de ave em extinção. Ela procura estar sempre sorridente e positiva, mas tem um ar debochado e um humor bastante instável. Nos anos 80, teve uma banda de rock chamada Boletim de Ocorrência, e o grupo fazia jus ao nome, pois Jaqueline e suas parceiras acabavam sempre dentro do xilindró após seus protestos ativistas. Envolveu-se com o sovina Breno (Tato Gabus Mendes), de quem engravidou e teve uma menina, a quem chamou de Thaísa (Fernanda Souza).

 

Quando sua filha chegou à adolescência, Jaqueline acabou por encontrar um motivo para botar um ponto final em seu já conturbado casamento: ela conhece Jacques Leclair (Alexandre Borges), um aspirante a estilista, e apaixona-se insanamente por ele. A partir daí, ela o ajuda na concepção de muitos modelos exóticos de vestidos, lapidando os degraus para a subida da marca Leclair ao topo da moda do mercado brasileiro. Apesar de todas as prensas que deu em Jacques, ela nunca conseguiu persuadi-lo a casar-se com ela. Quando descobre que ele está tendo um caso com a secretária Clotilde (Juliana Alves), a peruona resolve virar freira.

 

Em seu período no convento, Jaqueline atendia pelo nome de Irmã Desgosto – que ilustrava com precisão seu estado de espírito por conta da traição de Jacques. Ela acaba conhecendo Thales Salmeron (Armando Babaioff), um belo e jovem surfista, e casa-se com ele para ajudá-lo a receber a herança de uma tia do rapaz.

 

Jaqueline é querida por 2/3 dos personagens da novela, inclusive a família de Jacques, e topa as loucuras mais bisonhas caso precise ajudar seus amigos. Seu maior desejo é destruir Jacques e, no pacote, seu rival Ariclenes também. Jaqueline é a fã número 1 da Xuxa, e quase desmaia quando recebe a visita da Rainha dos Baixinhos em sua festa de aniversário. Embora ainda ame Jacques, ela reconhece que merece coisa melhor na vida, porque o francês fajuto apenas a usou para que a grife Leclair se mantivesse de pé.

 

Jaqueline se arrepende muito por não ter sido uma melhor influência na vida de sua filha, mas acredita que nunca é tarde para se renovar. Embora emane alto-atral, ela é uma mulher amargurada e carente.

 

MARCELA DE ANDRADE (Ísis Valverde): Marcela é uma jovem bonita e carismática. Mora sozinha em Belo Horizonte, após a morte da avó que a criou. É romântica e ao mesmo tempo tem os pés no chão. O que a move é a necessidade de ser feliz. Era apaixonada por Renato (Guilherme Winter), mas fica muito decepcionada ao saber que ele mentiu para ela – ele dizia que era um rapaz humilde, a fim de driblar vagabundas peritas na arte do golpe do baú. Grávida, vai para São Paulo na carona de seu amigo Osmar (Gustavo Leão), mas o carro capota na estrada e o rapaz vem a falecer. Na capital paulista, Marcela é acolhida na casa de Gustavo e Bruna Sampaio (Leopoldo Pacheco e Giulia Gam), os pais de Osmar. Aproveitando-se da situação para manter para sempre em segredo que Osmar era homossexual, Marcela diz que o bebê que está esperando é dele. O melhor amigo de Marcela é o cabelereiro pavio-curto Julinho (André Arteche), justamente o “viúvo” de Osmar.

 

Quando Marcela se apaixona por Edgar (Caio Castro), o irmão do falecido, ela acaba automaticamente tornando-se alvo do ódio da bitch Luísa Salgado, que seria capaz das vilanices mais luciféricas para ferrar com sua vida. Embora tenha sentimentos por Edgar, Marcela sente que sua vida agora gira em torno de Paulinho, seu bebê, e sua carreira profissional como líder de uma coluna de conselhos amorosos da revista Moda Brasil. E quando Luísa dá um jeito de trazer de Londres o desinformado Renato para balançar a cabeça de Marcela, surge o dilema: com quem ficar? Qual dos dois escolher? O pai amoroso que veio reivindicar seu filho ou o lindo rapaz que a acolheu quando tudo à sua volta estava desmoronando?

 

DESIRÉE OLIVEIRA (Mayana Neiva): Desirée foi criada com muito amor por sua mãe Nicole (Elisângela), a quem é extremamente ligada. A vida sorri para a moça quando Ariclenes (Murilo Benício) a escolhe para ser sua modelo-teste para a recém lançada marca Victor Valentim. Tempos depois, Desirée ingressa na turma de modelos da Lugar Models, e passa a sofrer o preconceito comum desse meio tão competitivo. Passou a vida inteira recebendo ferroadas de sua invejosa prima bitch Stefani (Sophie Charlotte), que sempre dava um jeito de lacrar as portas que se abriam convidando Desirée ao sucesso. Apesar de toda a torcida-contra que fazem pra cima dela, Desirée jamais perdeu seu jeito amoroso de ser. Quando menina, seu sonho era casar-se com Armandinho (Alexandre Slaviero), seu namoradinho desde o jardim de infância, mas a vida adulta mostrou à ela o cavalheiro de barba rasa e olhos azuis Jorgito Bianchi (Rafael Cardoso), por quem se apaixona e tem intenção de subir ao altar. Desirée e sua mãe adoram descer a tamanca nos paparazzi que adoram “pescar” escândalos em sua vida e levá-los para a mídia.

REBECA BIANCHI (Christiane Torloni): Rebeca é a mãe superprotetora de Camila (Maria Helena Chira) e Jorgito (Rafael Cardoso). Fica viúva de Orlando (Paulo Goulart) assim que a novela começa. Como ela nunca precisou trabalhar quando o marido a sustentava, agora Rebeca decide arregaçar as mangas e dedicar sua vida ao trabalho. Assume, então, o comando da firma de confecção da família, sem ter o menor conhecimento de contabilidade, administração e planejamento. Na tarefa, conta com a ajuda de dois dedicados funcionários: Breno (Tato Gabus Mendes), o diretor financeiro e administrativo, e Gino (Marco Ricca), o gerente da fábrica. Enquanto Breno está disposto a confundi-la para que ela continue dependendo dele, Gino lhe oferece ajuda autêntica. Mas ela é intuitiva e inteligente e não se deixa enganar facilmente. É uma legítima fera quando o assunto é proteger sua prole, e já meteu a mão na cara da bitch Luísa.

 

SUZANA MARTINS (Malu Mader): ex-mulher de Ariclenes, e mãe de Luti (Humberto Carrão), Suzana é a editora-chefe da revista Moda Brasil, a principal publicação da editora GS. Mulher bonita, culta, é dona de um refinamento natural, apesar da origem modesta. Quando Ari se torna Victor Valentim, ela é obrigada a dar destaque para ele na revista de moda, embora morra de medo que o ex-marido se meta em alguma enrascada. Nunca mais envolveu-se com homem nenhum, e talvez seja por causa disso que ela se sente deprimida quando flagra Ari aos beijos com Marta (Dira Paes), porque ele seguiu a vida dele e ela permanece estagnada.

O último capítulo de Ti Ti Ti vai ao ar na sexta-feira 18 de março. Muita gente está ansiosa para conferir qual será o desfecho de cada uma dessas cinco mulheres de notável fibra: como será que elas derrotarão suas bitches rivais, e ao lado de quem elas irão estar quando o FIM aparecer estampado na tela?

 

Dedico esta edição da Girl Power a um de meus melhores amigos, o Rodrigo Silva, que, assim como eu, acompanhava os “ti ti tis” dessa galera maluca da novela das 7.

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Uma aliada no núcleo do perigo…

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GIRL POWER nº. 35

…seria ela a futura grande heroína?

 

Por Alessandro Chmiel

[email protected]      

Twitter: AleXenite

 

Obs.: possíveis spoilers que não estragarão as surpresas da série. Pode ler e assistir!

 

Agradecendo os comentários da edição passada, este artigo chega pra responder algumas dúvidas que Nikita pode ter causado. Assim como Xena, Nikita é incompleta sem uma ajudante, e xenite que é xenite compara Alex com Gabrielle o tempo todo.

            Assim como informado na Girl Power n.º 34, a heroína Nikita possuía uma missão muito particular: vingar-se da empresa que a transformou em uma assassina profissional e impedir que ela, a Division, faça ainda mais vítimas. Mas derrubar uma estrutura tão poderosa como a Division sozinha seria praticamente impossível sem uma ajudinha, especialmente se esse apoio não viesse lá de dentro. Mas em quem confiar?

            Nikita não queria ajuda em sua caminhada, do mesmo modo que Xena, que nunca ousou sonhar em ter uma amiga na sua jornada. Mas Nikita não pôde deixar de estender a mão à menina desamparada, engolida pelas drogas, à beira da prostituição e do crime. Alex, como explorado pouco a pouco na série, ficou órfã muito cedo, e perambulou pela escuridão de um mundo cruel, fora das ricas paredes da mansão da família. Alexandra Udinov não era mais uma pequena dama, e rumou sem perspectivas de uma vida melhor. Afundou-se nas drogas, e para comprá-las, teve de apelar para serviços sexuais (e fica implícito que Alex sofreu exploração infantil), além de desvendar as artes do crime. Foi então que Nikita surgiu em sua vida. Nikita treinou Alex com uma determinação maternal, ou mesmo como se construísse uma possível “nova Nikita”: redimida. Querendo impedir o destino cruel de Alex, Nikita fez com que a menina largasse as drogas, a vida infame e desproposital, e passar a ser uma mulher novamente, uma pessoa de caráter, que soubesse se defender. Com muito esforço, Nikita recuperou Alex, tornando-a sua pequena aliada na luta contra a Division.

            Enquanto Nikita tem o mundo a sua disposição, Alex a ajuda estando infiltrada na toca dos lobos: presa dentro da Division, tentando destruir o monstro por dentro. Servindo de espiã para Nikita, Alex tem de atuar em ambos os lados, uma espécie de agente dupla, assim como a GP nº. 09, Sydney Bristow. Sua imaturidade, contudo, ameaça intervir no sucesso das duas aliadas, e um desejo de vingança pode colocar tudo a perder.

            Aos poucos, Alex trilha os passos de sua mentora, bem como Gabrielle fez ao longo das seis temporadas de XWP. Entretanto, enquanto Gabrielle vem de uma vida pacífica e parte rumo à luta, Alex surge do submundo para o caminho do bem. Ou seja: Alex seria uma Gabrielle com o passado de uma Evil Xena indefesa. Quer personagem mais interessante que essa? A grande dúvida é se Alex vai persistir nesse caminho do bem, ou se vai aproveitar e escapar enquanto ainda pode para uma vida normal. Será que Nikita será capaz de controlar os impulsos de Alex, assim como Xena fez tantas vezes com Gabrielle?

            Pode parecer que não saibamos muito do passado de Nikita, mas acho que uma das funções primordiais de Alex é recontar essa história, agora na sua pele. Todo o seu sofrimento, suas escolhas éticas, o que vale a pena para se viver – ou para se morrer? Flashes do passado negro de Nikita. Mas Alex está ciente da realidade daquele mundo, ao contrário de Nikita que sempre foi enganada. Mas saber o caminho certo e andar pelo mesmo não é tão simples como parece. Ainda mais quando sua maior inimiga possa ser você mesma.

            A série está no meio da sua segunda temporada, e torço para que continue no ar pela rede CW. Os episódios evoluíram consideravelmente da primeira para a segunda temporada, e juntar os pedacinhos do passado de Alex e de Nikita para montar esse quebra-cabeça vem sendo sensacional. As sequências de luta com Alex são muito bem trabalhadas, e Lyndsy tem mostrado o que Alex tem para oferecer – o que sem dúvida não é pouco!

            Assistam NIKITA, uma série de excelente roteiro e ótima para se fazer conexões com XWP. Pelo jeito, redenção não vai estar fora de moda. Ainda bem!

            Até!

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Eles suspirarão o nome dela antes do fim…

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GIRL POWER – n. 34

…enquanto o exclamaremos como um grito de guerra: NIKITA!

 

Por Alessandro Chmiel
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Twitter: @AleXenite

Revisão: Mary Anne

 

Dedicado às Girl Powers do mundo, pelo dia 08 de março! Em especial ao povo Xenite que me incentivou a assistir a série.

Obs.: artigo baseado no seriado NIKITA que estreou em 2010, e não nos filmes predecessores ou no antigo seriado canadense La Femme Nikita. Sem spoilers também!

Propagandas costumam ser enganosas, principalmente quando se tratam de novos super-heróis. Bem me lembro de, quando criança, assistir as propagandas de XENA no SBT e ver uma mulher bonita em lugares escuros e vestida de marrom e pensar “que coisa sem graça”. Tive que esperar por volta de 4 anos para redescobrir a Princesa Guerreira em todas as suas dimensões e gradientes. O mesmo aconteceu com esta série, que estreou no ano passado e já conta com 15 episódios em sua primeira temporada: NIKITA!
Magrinha, sem passar qualquer tipo de convicção lutadora, a atriz Maggie Q (31) não me atraiu, e acabei descobrindo que não fora somente eu. Muitos não simpatizaram com as espiadelas neste seriado que tinha tudo pra ser uma reinvenção de uma história pra lá de batida. Afinal, vejamos: uma menina de passado obscuro, treinada para ser uma assassina expert para um grande e poderoso grupo do mal, resolve sair das cenas criminosas ao sofrer pessoal e emocionalmente pela própria empresa e obter vingança com as próprias mãos. Isso pode nos lembrar tanto a GP nº. 09 Sydney Bristow (que teve forte inspiração em Xena e Nikita, majoritariamente) quanto nossa própria guerreira grega, que a cada dia tenta limpar as sobras de seu passado sujo. Em contraponto, muitos Xenites eram só elogios ao seriado, e tive que me render. Por Zeus, por que não comecei a assistir desde o comecinho? Uma série sensacional pros fãs de ação e mulheres bonitas botando pra quebrar.

Mas o que torna Nikita tão especial e digna de uma Girl Power? O que impressiona por parte de Nikita é sua força de vontade. Veja bem, ela poderia muito bem sumir do mapa e viver numa ilha deserta, pois ao que tudo indica ela tem muito dinheiro guardado na poupança (subtexto completamente inativo). E ela não faz tudo o que faz por mero desejo vingativo. Seu senso de justiça serve tanto para com ela própria como para todas as outras vítimas da Division, a tal empresa poderosa que “contrata” (a.k.a. pega à força) bandidos mequetrefes e drogados perdidos e os transforma em verdadeiros assassinos, torturadores e espiões. Nikita fora uma dessas vítimas, e morre de medo ao pensar que essa história possa se repetir e nunca ter fim. Cabe a ela, com todo o duro conhecimento adquirido dentro e fora da Division, destruir esse império do mal e permitir que as pessoas desse nosso mundo vivam suas vidas de acordo com suas próprias escolhas.

A série retorna ao ar na televisão americana pelo canal CW dia 07 de abril, e espera-se desvendar mais do passado negro dessa heroína – ainda que ela teime em dizer que não é uma heroína. Acredito que ela apenas não queira – ainda – admitir que é uma vencedora pelo simples fato de continuar lutando, desta vez com a certeza de que está no lado dos justos, e não somente pensando que está fazendo a coisa certa porque os outros assim dizem.

Uma de suas incontáveis características fascinantes é o modo como Nikita lida com as pessoas, especialmente com os homens. Poucas são as mulheres que, assim como Xena, conseguem ludibriar e humilhar a massa masculina sem perder a sensualidade e a soberania que toda mulher possui. Nikita consegue ser graciosa como uma lady, mas se precisar ser agressiva e brigar até destruir o local todo, ela quebra a ponta do salto e mete bronca! Suas habilidades marciais são de deixar qualquer um de queixo caído, e se você já começou a assistir a série, aguarde o episódio 11: Nikita está explosiva! Ela é boa de luta corpo a corpo, armas de médio e grande porte, inclusive com katanas. Impossível assistir NIKITA sem ficar comparando com XENA aqui e ali. Inclusive…

Inclusive, o melhor de tudo: pensam que ela está completamente sozinha?
Ela não está. E a série ainda nos traz um rosto conhecido do Xenaverse. Quer descobrir? Até a edição nº. 35 da Girl Power, Xenites.

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Até a Gabrielle a chamaria de tampinha…

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GIRL POWER – n. 33

…mas certamente a intitularia de grande guerreira! Hit THIS!

Por Alessandro Chmiel

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Twitter: @AleXenite

 

Obs.: artigo feito com base na versão cinematográfica de Kick-Ass, e não nos quadrinhos que a originaram. Qualquer falta de concordância entre o filme e o comic book não é tomado como relevante pelo colunista, certinho? Bom artigo!

 

Há tempos um filme não me surpreendia tanto. Quando avistei os cartazes que anunciavam Kick-Ass (direção de Matthew Vaughn adaptado da obra de Mark Millar e John Romita Jr., 2010) nos cinemas, achei que fosse piada, algum tipo de propaganda de protesto contra os incontáveis filmes de super-heróis. E não deixa de ser uma grande crítica em certas cenas… Pois bem, visto que se tratava de um filme de verdade e muito elogiado, eu… não assisti igual. Porque só podia ser palhaçada. Bem, era pra ser palhaçada também. Contudo, o filme carrega um tom tão sério que incomoda, que acaba pesando mais do que uma comédia de domingo (odeio muito).

Kick-Ass conta a história de um garoto chamado Dave Lizewski (Aaron Johnson, 20), que decide virar um super-herói. Isso mesmo, ele decide: não é mutação, superforça, cicatriz na testa, Ares-me-deu-um-chakram, nada inumano. Apenas vontade de ser um bom moço e lutar pelo bem, pelos fracos, contra a violência das grandes cidades, um Joxer wannabe. Como era de se esperar, o guri, que adota o título de Kick-Ass, apanha mais que o diabo apanha da Xena e quase vai parar nos Campos Elíseos mais cedo, até que alguém – uma menina – salva sua vida das mãos de bandidos sem escrúpulos que não têm tempo pra se chatearem com um moleque desses. A menina mais parece uma pirralhinha saída do Halloween, mas em questão de segundos confere um banho de sangue com material fresquinho dos irmãos da malandragem que intencionavam matar o Joxer versão séc. XXI. E a partir daí, como Joxer sempre admirou Xena, que Dave começa a olhar Hit-Girl como a existência corpórea do seu mais profundo desejo. A partir daí, o filme é dela.

 

Não se engane quando eu digo banho de sangue. Não julguem o tamanho verticalmente prejudicado dela nem o roxo intenso de suas roupas. Hit-Girl luta como uma guerreira adulta, e cada um de seus golpes carrega um objetivo fatal. Ainda assim, melhor do que isso é a sua história. Filha de um policial, a menina Mindy McCready (Chloë Moretz, 13), que carrega esse forte codinome, perdeu a mãe muito cedo, enquanto o pai estava trancafiado na prisão. O pai dela, Damon McCready (Nicholas Cage, 47), é acusado injustamente por porte de drogas: tudo armação de um grande bandido que quis acabar com a felicidade do policial. Sozinha, Mindy é criada pelo parceiro de trabalho do seu pai (o filme não deixa explícito se os dois mantinham uma relação além de amizade), até que ele saia da prisão e reclame a guarda da filha. Com a pequena de volta aos seus braços, Damon aluga o codinome de Big Daddy para fazer justiça com as próprias mãos, enquanto treina a filha para se tornar uma lutadora inescrupulosa, mas do bem, com determinação para cumprir suas missões até o fim.

Mindy não parece contrariada por ter uma vida bastante incomum para uma filhinha do papai. Na verdade, tudo o que ela quer saber é sobre as armas afiadas que ganhará de aniversário, e de que modo é mais divertido matar e ridicularizar o próximo inimigo. Seu pai lhe instrui em todo tipo de absurdo ninja (se bobear até assistia XWP junto com ela…), testando-a física e mentalmente para mantê-la focada em ser uma grande combatente do crime.

 

Para todos que acompanharam a Xena barriguda durante a quinta temporada, o episódio 05×08 – Little Problems seria a melhor comparação. Afinal, Hit-Girl tem apenas a aparência de meiguice e inocência infantis, assim como Daphne após o feitiço de Afrodite que transportou a alma de Xena para o corpo da menina. Desse modo, sempre que Daphne corresse perigo, podia contar com a força descomunal da Princesa Guerreira, mas nem sempre com sua sabedoria. Mindy, enquanto Hit-Girl, é alterego do que ela própria é em sua essência, com um pouco de maquiagem aqui e ali. Suas habilidades são natas, suas responsabilidades, imensas.

 

Acho que o grande lance do filme me lembra, em parte, o episódio tão injustamente difamado 04×10 – The Key to The Kingdom. Após rever e analisar o episódio, concluí que a grande mensagem dele é que não é preciso ser a Xena ou algum grande guerreiro para se fazer o bem ou o que é justo. Não preciso ter um chakram para atingir meus alvos, uma espada para rasgar as dores do mundo, ou mesmo de um grito de guerra para dizer ao mundo “sim, eu estou aqui e pronto para brigar and to kick your ass!!!”. Temos nossas ações, do nosso modo, que vão moldando-nos e ao mundo ao redor. Tanto em TKTTK quanto em Kick-Ass, os heróis sem poderes não desistem, e não desistir é obra de tudo o que a vida consiste. Se a vida dói, por que se entregar à dor? É nossa obrigação como ser humano – principalmente como Xenite – de mostrar que o mundo conta com pessoas dispostas a lutar pelo que acreditam, que têm fé no Bem Maior, que todos os dias vestem a fantasia da sociedade para esconder uma identidade secreta: a de uma pessoa iluminada, com esperança (letra minúscula, povo, ok?) na humanidade e a certeza de que trilhamos o caminho certo. O caminho que Xena nos ensinou, e que a Hit-Girl também exemplifica.

E você, vai lutar até o final? Descubra seus poderes e… kick ass!!!

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Uma identidade virtual, um sonho, uma mulher.

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GIRL POWER – n. 32

A Trindade de uma heroína!

Por Alessandro Chmiel

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            ADQUIRINDO CONEXÃO … … … PADRONIZAÇÃO DE DADOS … … … … … … SESSÃO INICIADA

 

            O que é realidade para você, Xenite? Acordar pela manhã, respirar fundo, espreguiçar-se, lavar o rosto, essas junções de pequenos afazeres humanos? A realidade de Xena e Gabrielle, por exemplo, é pra lá de surrealista: magia, mitologia, viagens no tempo, no espaço, viagens espirituais, ressurreição… Uma infinidade imaginativa que nos encanta quase dez anos após o fim da série. A literatura é fonte de realidades fictícias onde podemos mergulhar e vivenciar outras vidas. E as tais realidades virtuais? Vai dizer que nossos amigos Xenites por todo o Brasil, inclusive os colunistas desta revista tão verdadeira, são fruto de algo que não existe? Para mim a RX é mais concreta do que qualquer pedaço de papel. A noção de real e irreal, hoje e desde sempre, se confunde para longe do tangível. Então, como diria nosso bom e velho Joxer, “acordando e levantando” para a realidade (fictícia? Moahahahaha!!!) de Matrix, e da nossa primeira Girl Power de 2011, Trinity. Conecte-se!

            E se nosso mundo, esse onde você rola a barra da página da RX para ler o artigo até o fim, esse onde o seu PC depende de eletricidade (e onde você já fica irritadiço porque o colunista parece enrolar demais) fosse tudo ilusão? Melhor dizendo: e se você fosse parte de uma programação digital, e tudo não passasse de existência virtual – não é artificialidade plástica, pois a plasticidade não existe, é idealizada para você por outros seres. Esse é o passo inicial de Matrix, e para conferir toda a filosofia por trás da saga, só mesmo vendo a trilogia de filmes dos irmãos Wachowski e outros tantos derivados no anime, nos games, nos livros e discussões mundo afora.

            A heroína Trinity (interpretada por Carrie-Anne Moss – 43) dá as caras logo na primeira cena de Matrix (The Matrix), e quem não entende as leis da Matrix já saca tudo como uma viageira samurai onde pessoas têm o peso de um pergaminho, a agilidade de Hermes e a força de uma Valquíria. Os saltos lembram o Xenaverse em muitos sentidos, onde cada guerreiro habilidoso entende por si quanto tempo pode pairar no ar e dar quantos golpes quiser no oponente (será que a Xena sabia utilizar o nirvana pra saltar tão alto na Grécia antiga?). Mesmo programada, Trinity treinou duramente para poder sobreviver ao mundo virtual da Matrix e combater o domínio das máquinas que colocaram a humanidade sob essa escravidão hipnótica, e realizar o sonho de ser livre, ser humana sem amarras, ser carne e osso de verdade. Ser viva.

            Mas a Trinity do mundo de verdade, no filme, é mais uma das vítimas que vivem escondidas das máquinas exterminadoras de humanos, pobres vítimas das vidas que não escolheram, quase como Gabrielle no universo alternativo de 02×02 – Remember Nothing. Mas assim como o destino da poetisa foi modificado quando Xena entrou em sua vida, Trinity teve a esperança elevada por um salvador, um guia na batalha contra os opressores tecnológicos. Neo (Keanu Reeves – 46) é como o Messias da salvação de todos, em especial do coração de Trinity.

            Como toda heroína que se preze – e aqui encontra-se sua maior semelhança com Xena –, Trinity não serve para mocinha, nem para ser a grande mulher por trás do grande homem, e sim ao seu lado! Além de apresentá-lo ao mundo real (deles, não o nosso da Matrix, confunde um pouco…), ela por inúmeras vezes mostra o caminho para Neo, lhe dando força através de um amor um tanto descomunal: não como simples casalzinho apaixonado, mais como adoração mesmo. Parece familiar? Adicione uma dose de misticismo: Trinity significa Trindade, e muitos fãs de Matrix afirmam que ela não passa de uma criatura figurativa para a santa Trindade Católica: o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. Há cenas nos filmes que deixam subentendida essa relação transcendental da heroína com o divino, e Trinity chega, inclusive, a responder quando Neo exclama “Jesus!” ou “Deus!”, mas o roteiro deixa propositalmente nas entrelinhas.

            Matrix é, de fato, um filme para ser assistido e reassistido. Trinity é um mito entre o real, irreal, físico e sobrenatural, tão forte quanto a nossa Princesa Guerreira é para quem a admira. Além de toda essa magnitude, poucas mulheres ficam tão bem em couro quanto Trinity (a gente sabe disso).

            A Revista Xenite só tem a crescer em 2011, tanto da parte do pessoal colaborador quanto do lado de fora, das centenas de Xenites e não-Xenites leitores, que nos enriquecem com seus comentários sempre bem-vindos. Lembro a todos que sugestões para Girl Power e pedidos para participar como colaborador ou autor da coluna por uma edição são válidos e esperados – como você vê a sua Girl Power? Como ela é através dos seus olhos, e como a receberemos aos nossos? Até fevereiro, porque preciso sair…

            DESCONECTANDO… … … BUSCANDO LINKS DE SAÍDA… … … USUÁRIO OFFLINE

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Mistress Cara: Implacável. Temida. E amada.

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Girl Power n. 31

por Mary Anne 

Faz alguns meses desde que o Bitch Power sobre Mistress Denna foi escrito e desde então eu tenho me preparado para falar sobre outra Mord Sith aqui, mas desta vez no Girl Power. Isso não quer dizer que a Girl do mês seja uma heroína doce como um anjo, afinal, ELA É uma Mord Sith também. Caso alguém não saiba o que é uma Mord Sith, leia os parágrafos iniciais do artigo sobre a Denna: http://www.revistaxenite.com.br/?p=802

Vamos em frente. Assim como expliquei no artigo sobre Denna, tenho que esclarecer logo de início que também existem DUAS Caras (sem trocadilhos, ok?) no Seekerverse, a Cara personagem da saga de livros Sword of Truth, e a Cara da série, Legend of the Seeker.  Porém, ao contrário de como ocorre com Denna, as diferenças físicas e psicológicas entre personagem do livro e da TV não são tão grandes. Arrisco-me até a dizer, que Cara foi uma das personagens mais fielmente retratadas em Legend of the Seeker. E é da Cara de LOTS que começarei a falar aqui.

            Interpretada pela linda e talentosa australiana Tabrett ‘jesus-me-abana’ Bethell, loira e com estonteantes olhos verdes, Cara aparece pela primeira vez em Reckoning (1X22) ainda sob comando de Darken Rahl e com uma missão nada mole: capturar Richard antes que ele bote as caixas da Orden pra funcionar. Mas uma POWERFUL MAGIC, como sempre, acontece e os dois vão parar muitos anos no futuro, onde encontram um mundo devastado em virtude do governo do Rahl. Richard a convence que a melhor chance de voltar para o lugar onde pertencem é lutarem juntos.

            Uma das cenas mais marcantes de Cara no episódio é quando ela entra no templo das Mord Sith e encontra os restos mortais de suas colegas, se aproxima de uma delas e com os olhos marejados diz seu nome.

A cena nos deixa bem claro que Cara é diferente da nossa velha conhecida Denna, que jamais demonstrou emoções. Menos durona, talvez? A gente descobriria em breve.

            Como esperado, Cara se torna uma personagem regular na segunda temporada, e Tabrett Bethell chega arrasando e ganhando o coração dos fãs. E como previsto, ao lado de Bridget Regan, acaba roubando a cena, e ofuscando o próprio protagonista da história.

Com a morte de Darken Rahl, a fidelidade de Cara é direcionada a Richard, que diferente do irmão, não a trata como uma mera escrava, mas como amiga. E mesmo Kahlan e Zedd, que relutaram em confiar nela de início, acabam criando um laço de amizade com a temível mulher de vermelho.

            Como a Cara do livro se difere disso? Bom, pra começar, sua chegada é menos conflituosa: liderando um grupo de Mord Sith, ela o salva e logo jura fidelidade a Richard Rahl, não deixando dúvida sobre suas intenções e, dessa forma, não precisa lutar para ganhar a simpatia de Zedd e Kahlan. Mas isso não quer dizer que sua história seja menos complexa e conflitada do que a da Cara da série. O que a série fez, na verdade, foi recuperar o background da personagem e adicionar nela características de outras Mord Sith presentes em Sword of Truth. O episódio Broken, sobretudo, retrata muito sobre o que ficamos sabendo de Cara no quarto volume da série, Temple of Winds.

Como todas as Mord Sith, ela foi capturada ainda jovem, momento do qual ela relembra vividamente de sua hesitação em matar os homens que a sequestraram, hesitação que mudou sua vida para sempre. Entretanto, ainda que essa hesitação seja seu maior arrependimento, ela não lamenta seu destino como Mord Sith, e tenta desempenhar seu papel da maneira mais competente e determinada possível.

Tendo sido mantida no escuro, com ratos mordiscando sua pele durante a noite, e de dia sendo treinada e passando pelos três testes finais – dobrar sua mãe, seu pai, e por fim matá-lo – Cara cresce para ser destemida e letal em batalha. E de fato, poucas coisas botam medo nessa guerreira ferrenha: Mágica – como todas as Mord Sith –, falhar no dever se proteger o Lord Rahl, ratos, e a ideia de morrer velha e desdentada numa cama.

            Algumas características de outras Mord Sith que acabaram sendo incorporadas na personagem da série é sua relação – por assim dizer – com os esquilos, que ela “herda” de Raina, a qual é mostrada numa cena onde o charmoso Leo Dane tenta conquistar Cara, e sua bissexualidade, que originalmente era característica do casal Raina e Berdine.

            Logo no primeiro episódio Cara aparece dando um beijo de dominação em Triana (sim, aquela pela qual ela chorou em Reckoning), o que nos levou a perceber que elas provavelmente tiveram um affair no passado.

Sim, vocês estão enxergando direito. Triana é interpretada por Charisma Carpenter, a eterna Cordelia de Buffy the Vampire Slayer.

Isso foi o suficiente (e acredito eu que, menos do que isso já seria suficiente) para centenas de subbers, órfãos do maintext subtexto de XWP se convertessem em “Confersiths”, e passassem a “shippar”  “Kahra” ( KAHlan+ CaRA). E é claro que nossos velhos conhecidos, Tapert e Raimi, se aproveitaram da nobreza dos fãs, e revolveram dar uma provocada básica. O episódio Desecrated está de prova, onde eles enfiam Cara e Kahlan confinadas numa tumba, quente, com o ar acabando e com um papo sentimental rolando:

“Você uma vez disse que esse é um mundo difícil e não temos muitas chances de dizer para as pessoas o quanto elas significam pra nós. Não há ninguém que uma Mord Sith deve odiar mais que uma Confessora. Eu fui treinada pra te odiar. Mas não odeio. E eu não quero morrer sem você ficar sabendo… que eu te considero… minha amiga”

Após o papo sentimental, Cara tenta se matar para evitar que o ar acabe tão rápido e Kahlan possa viver, mas Kahlan obviamente não concorda com isso e elas entram numa briga digna de Xena e Callisto, onde Cara grita “PARE DE FINGIR QUE MINHA VIDA VALE TANTO QUANTO A SUA”, e por fim ambas caem sem ar e de mãos dadas.

 

É claro que Tapert e Raimi, sabendo que a receita de 15 anos atrás deu resultado, não pararam por aí, e posteriormente desenterraram um antigo affair de Cara, e faltando três episódios para o fim da série, conhecemos e odiamos com força Dahlia, com quem Cara protagoniza cenas dignas de um The L Word D’Haran.

Mas não, o subtexto que rodeia a personagem não é a única característica que a aproxima do Xenaverse. Sua personalidade e seu jeito de “vilã aprendendo a ser boazinha” trazem uma personagem psicologicamente muito parecida com Xena, sobretudo com a Xena das primeiras temporadas. De início, tentando manter sua postura gelada e intocável (vide Baneling, 2X22), cheia de tiradas irônicas, mas depois deixando seu lado mais monange macio à mostra, o que é possível conferir em cenas como a que mostra Cara admitindo seus sentimentos e sofrendo pela morte de Leo Dane, ou lutando bravamente para salvar uma nightwisp.

 

 

 Outro ponto bastante apreciado, tanto no livro quanto na série, é o seu humor peculiar, com tiradas irônicas ou dizendo aquilo que todo mundo pensa mas não tem coragem de externar, lado esse que podemos conferir em episódios como Creator ou Princess, onde ela própria se obriga a vestir-se de princesa, se comportar como uma lady e falar rimado. Na saga, ela vive “tirando” com a cara de Richard e desafiando suas ordens “de brincadeira”, para tirar o Seeker do sério, coisa que demonstra o grande laço de amizade que se forma entre ambos.

“Se você acabar morto tentando governar o mundo eu vou pessoalmente quebrar cada osso do seu corpo” (Cara, em Blood of the Fold).

            Mas malvada ou boazinha fingindo ser malvada, uma coisa é fato: Cara nos ganhou, e não precisou nem nos dobrar pra isso. É possível ver no fandom, que de modo geral, tanto a Cara da série quanto a do livro, é uma das personagens mais amadas pelos fãs. O motivo disso é difícil dizer, afinal a personagem acaba se mostrando tão complexa e profunda quanto à própria Madre Confessora. Particularmente, um dos aspectos que acho mais interessantes nessa Mord Sith é sua lealdade inquebrável por Richard e Kahlan, o que a transforma não em apenas uma protetora pessoal de ambos, mas uma amiga com quem eles podem contar para tudo. 

 

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Retorno oficial da Revista Xenite!

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Como muitos sabem, a RX passou por um período de dificuldade para se restabelecer e, finalmente, retornar.
Fomos atingidos por um blackout por parte do site que hospedava a revista, resultando em perda de toda a publicação feita desde o início e, sendo assim, precisávamos de um tempo para voltar a ficar de pé e continuar a trazer conteúdo para vocês, leitores.

Pois bem.
Venho com uma enorme satisfação notificar o retorno da Revista Xenite.
Isso mesmo, galera, estamos de volta, para a felicidade dos Xenites e a tristeza dos haters invejosos e recalcados (sim, porque não há o bem se não houver o mal).

Dito isso, para os já membros ativos do grupo, gostaria de alertar que o envio dos artigos – que serão procedidos da mesma maneira que sempre foram – deverá ser feito para o e-mail da revista: [email protected]. Lembrando que estes deverão ser enviados, IMPRETERIVELMENTE, até o dia 29 deste mês que se inicia (fevereiro).
O atraso no envio dos materiais resultará no adiamento da publicação deles. Explico.
Passado 1 (um) minuto da 00h do dia em que o prazo para o envio se encerre, o artigo será publicado apenas na edição seguinte.

As seções do site permanecerão as mesmas, assim como as normas de publicação, o que não impede, porém, que novos escritores se juntem ao barco. Xenites mostrando o seu talento sempre foram e sempre serão bem vindos, então, trabalhemos juntos para que esse trabalho continue sendo feito com a mesma dedicação que os criadores da RX tiveram desde o início.

Mãos à obra, Xenites!
Battle on!

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RX Entrevista: Lucia Nobrega…a criadora de Little Xena e Little Gabrielle

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Nesta edição de janeiro a nossa entrevistada é a Lúcia Nóbrega, respeitada artista, brasileira e que tem sua própia página no Ausxip (www.ausxip.com/lucia). 
Ela faz ilustrações das temporadas virtuais com subtexto e tirinhas das fofas Little Xena e Little Gabrielle e ainda fez uma iluatração especial para nós da RX. Confiram.

Revista Xenite: Olá Lúcia! Você poderia nos contar sobre como e quando foi a primeira vez que você assistiu a série? Quando foi que tomou conhecimento dela? O que te fez ir assistir e o que mais te chamou atenção quando viu?

Lúcia Nóbrega: Bem, a primeira vez que tomei conhecimento da existência da série foi através de uns vídeos americanos de Star Trek Next Generation que um amigo meu de trabalho na Editora Abril costumava me emprestar (Eu era uma Trekie naquela época), no meio dos episódios havia propagandas americanas e lá pelas tantas aparecia umas chamadas da Xena, eu morria de rir porque as chamadas enfatizavam mais a força de Xena e ela me parecia exagerada, pensei que se tratava de uma série de quinta categoria. Quando num belo dia vi chamadas de Xena no SBT, imediatamente a reconheci e por pura curiosidade e pra rir um pouco eu decidi assistir.  Peguei bem no meio do segundo episódio, o “Chariots of War “ bem na hora em que a Xena rasga o vestido e bate nuns 10 bandidos, não preciso dizer que caí na gargalhada, mas ao final do episódio eu já não ria mais e comecei a achar que ela era melhor do que eu pensava e para coroar fui atraída pela frase final de Gabrielle quando respondeu a Xena que não sentia mais falta de sua família pois tinha a ela, pensei: Aí tem alguma coisa, vou assistir pra ver até onde isso vai. E vi, me apaixonei pela série e fiz tantos amigos nos lugares mais distantes por causa dela..

RX: A partir de que momento voe começou a ilustrar Xena e Gabrielle?

LN: Assim que descobri a Internet e passei a vasculhar o Xenaverse lá pros idos de 1999 eu achei o site da MaryD, o AUSXIP (Australian Xena Information Page). Era e continua sendo o melhor site de Xena do mundo, acabara de criar a Little Xena e a Little Gabby como uma forma de homenagem à série no estilo que eu mais conhecia que é o do desenho infantil, já que sou profissional de Histórias em Quadrinhos. Enviei os meus desenhos para MaryD e pedi que coloca-se nas páginas de artes de fãs do site, mas ela gostou tanto da Little Xena que colocou como logo da pagina do What’s New, daí vieram pedidos para fazer as piadinhas semanais e posteriormente o Subtext season. Foi assim que tudo começo.

RX: Você já tinha conhecimento de seus dons artísticos para desenhar antes de Xena?

LN:Eu sou profissional de Histórias em Quadrinhos, sou roteirista e desenhista. Trabalhei nos estúdios de Maurício de Sousa, na verdade aprendi tudo lá, desenhar e escrever. Com Xena fazendo as ilustrações do Subtext Season descobri que podia fazer desenho sério também, pintando com o computador, antes disso nunca me atrevi.

RX: Você poderia citar outro dom que a série despertou em você?

LN: Não acredito em dom, acredito em níveis de sensibilidade. Xena transportou a minha sensibilidade para um nível mais libertário por assim dizer, derrubou barreiras e me fez desenhar o que eu nunca pensei que desenharia um dia.

RX: Como você classificaria seus desenhos? Qual a sua visão sobre eles?

LN: Meus desenhos não são perfeitos, se alguém ficar muito tempo olhando pra eles vai notar um monte de defeitos, mas eu não gosto mesmo de perfeição, tenho horror a gente  perfeccionistas, pra mim isso não é qualidade. O que é importante é colocar alma no desenho e isso eu tenho certeza que consegui colocar e é por isso que os defeitos passam desapercebidos.

RX: Você prefere fazer as ilustrações da temporada virtual com subtexto ou as tirinhas da Little Xena e Gabrielle?

LN: Sempre gostei mais da Little Xena e Gabby, apesar de que fazer piadinha é difícil, mas meu reino é o infantil. Gostei muito de fazer as ilustrações, mas elas são muito trabalhosas e me tomam muito tempo.

RX: Quando foi que você começou a se relacionar com outras pessoas do Xenaverse? Qual foi a importância disso pra você?

LN: A primeira pessoa foi a MaryD. Meu inglês era limitado, tanto quanto o meu conhecimento de internet, mas com MaryD aprendi as primeiras noções de comportamento ao se comunicar por email,  ao mesmo tempo fui ficando mais fluente na língua. Assim que a Little Xena saiu no AUSXIP recebi emails de diversos lugares no mundo, veio dos USA claro, a maioria,  veio da França, Itália, Peru, Venezuela, Paquistão, Nova Zelândia, Inglaterra, até do Kuweit e Sirilanka. A importância dessa abertura para mundo através da Xena foi ampliar o meu mundinho tão estreito em que eu vivia.

RX: Como foi que você conseguiu a ilustrar as temporadas virtuais com subtexto? Alguém a chamou?

LN: Fui convidada pelo grupo do Subtext Season, elas me pediram que fizesse as cenas que nunca tínhamos visto em Xena na a série normal, eu entendi que teria que fazer as cenas que todo mundo gostaria de ver, as mais românticas em especial. A Tarefa foi mais tranqüila tendo os ótimos textos em mãos das melhores bardas do Xenaverse.

RX: Você as lê? Gosta? Recomenda? Por quê? Pode nos contar um pouco sobre seu ep. das temporadas virtuais com subtexto favorito?

LN: Eu li todas logicamente, o grupo sempre discutiu cada episódio antes de colocar na Net, e eu tinha que apresentar cada ilustração para o grupo para aprovação, houve algumas que eu precisei modificar, tiveram outras que eu ousei mais e só o grupo pode ver. Eu acho as histórias do  subtext season  mais fieis à Xena original. Eu consigo ver as personagens realmente, se eu não acreditasse nelas não poderia retratá-las. Recomendo por isso mesmo, pra quem ficou chocado com o final de Xena original pode contar com esta boa continuação alternativa. 
Tem muitas histórias que eu gostei da temporada virtual, cada uma oferecia uma cena legal pra fazer, um desafio diferente. Eu gostei, por exemplo, do episódio “Cloning Around” não tenho certeza se é este o nome, mas me lembro bem que essa história foi muito difícil de ilustrar e ao mesmo tempo muito gratificante e deu pra fazer algumas brincadeiras, por exemplo, na ilustração em que os clones de Xena e Gabby estão indo para a convenção de carro a Gabby tem um guia de ruas no colo, esse guia é uma cópia do guia de São Paulo e tem um traço vermelho mostrando o caminho pra minha casa lá em Tucuruvi.

RX: Você prefere ilustrar ep.s de que gênero? Por quê?

LN: Eu prefiro realmente trabalhar com o universo infantil, por isso sempre vou preferir lidar com a Little Xena. Quanto aos desenhos adultos, gosto do subtexto simplesmente porque acredito nele ao assistir a série original e como qualquer fã também quero ver as cenas que o Robert Tapert ficou nos devendo.

RX: Quando faz seus trabalhos, põe neles algum aspecto pessoal? Qual?

LN: Sim, claro, a sensibilidade é pessoal e ela comanda a sua arte, todo desenhista faz isso mesmo que inconscientemente. Minhas ilustrações são muito coloridas, tem muita luz, adoro fazer aquele céu azul com nuvens brancas rosadas na base, as margaridas do campo, as folhas no chão, sou muito romântica e Xena e Gabby é a expressão desse meu lado.

RX: De que maneira você nunca retrataria Xena e Gabrielle? Por quê?

LN: Eu sou da ala do Xenaverse que é mais romântica, água com açúcar mesmo, não acredito que Xena e Gabby tenham uma relação tipo “Sado-masoquista”. Por isso jamais as retrataria assim,

RX: Você conhece alguém no elenco?Já foi a uma XenaCON ou concerto da Lucy? Poderia contar sobre isso?

LN: Não conheço a Lucy nem a Renee. Conheci Katerine Fugate, Robert Trebor e Steven Sears quando fui na Xenacon de 2001, a última Xenacon em Pasadena com a Lucy ainda de cabelos negros e a Renee grávida pela primeira vez, aquela convenção foi inesquecível, encontrei muitos fãs da Little Xena (Não havia ainda, a Subtext virtual season) que foram muito amáveis comigo e me trataram como se eu fosse uma estrela, foi muito bom para o meu ego. Em maio deste ano fui à convenção em Londres e assisti ao concerto da Lucy, foi muito empolgante e divertido, gostei muito.

RX: Qual foi a sua maior realização Xenite?

LN: Foram as amizades que fiz com Xenites maravilhosos pelo mundo.

RX: Há algo relacionado a Xena que você queira?

LN: EU QUERO UM FILME EM QUE A XENA VENHA PARA O MUNDO DOS VIVOS E PARA A SUA GABRIELLE!!!!!!!!!!!!!

RX: Sobre a Melissa Good( roteirista de dois ep.s da 6ª temporada). Dizem que você a conhece a um bom tempo e que vocês são boas amigas. Poderia contar um pouco sobre esse relacionamento? Quando se conheceram? Como foi?

LN: Como todo xenite que se presa eu devorei os fanfictions de Melissa Good, foram os primeiros que li, foi assim que tomei conhecimento de sua existência, depois com os trabalhos do Subtext Season, tive a oportunidade de ter um maior contato com ela e graças às convenções pude encontrá-la pessoalmente.

 

RX: Tem alguém que ainda queira conhecer?

LN: Quero conhecer MaryD, até hoje nunca nos encontramos mas construímos uma bonita amizade via internet.

RX: Como são feitos seus desenhos?

LN: A Little Xena é totalmente desenhada à mão livre, depois escaneada e pintada no Photoshop já as ilustrações do subtext season é outra história, não é a minha especialidade então eu criei o meu próprio jeito. Eu faço primeiro uma montagem de fotografias da cena, junto braços, corpos diferentes para conseguir o efeito que eu quero, depois imprimo a montagem e com um papel vegetal por cima copio os traços fazendo os ajustes para que tudo fique coeso, como por exemplo: colocar uma roupa diferente se for necessário, mudar o cabelo e assim por diante, o resultado final é escaneado e pintado no Photoshop.

RX: Tem algum valor que a série tenha adicionado à sua vida?

LN: A série abriu os meus olhos, expandiu os meus horizontes.

RX: Imagino que você seja subber. Se eu estiver certa, o que a faz acreditar que entre Xena e Gabby há “algo mais” e em que momento chegou a essa conclusão?

LN: Sim sou subber. Já no segundo episódio vi possibilidades na frase final de Gabrielle como disse antes. Achei que elas poderiam vir a ter um romance, e acabaram tendo muito mais do que isso, elas são almas gêmeas ligadas por um amor transcendental.

RX: Da 1ª a 4ª temporada?Qual foi a sua preferida e por quê?

 

LN: A quarta temporada. Gostei das histórias na Índia, especialmente “Between the Lines”. Adorei o “Ides of March”. Este último repassei a cena do calabouço trocentas vezes. Acho que foi uma temporada onde o subtext ganhou mais força, onde elas passaram a ser “soulmates,” almas gêmeas mesmo e a Gabby cresceu muito.

RX: E ep. qual você prefere na série? Por quê?

 

LN: Esta é difícil. Eu adoro o Ides of March mas acho que vou ficar com o When Fates Collide da sexta temporada, absolutamente lindo, é a apoteose do Subtexto. Não importa o que o destino prepare nada separa Xena de Gabby e mais, Gabby foi capaz de destruir um mundo para ter Xena de volta.

RX: Tem algum ep. na série, que foi exibido e você não goste? Por quê?

LN: Eu não gosto do Fish Stick, aquele que se passa no fundo do mar, achei uma bobagem só.

RX: Qual personagem você mais gosta?Porque?

LN: Eu gosto de Xena. Gosto do fato dela ter um passado obscuro onde se pode sempre visitar e ter surpresas incríveis. Gosto do seu carinho por Gabby. Do jeito que ela aprendeu a respeitá-la. Gosto de sua força, de sua ira, mas aí é mérito de Lucy Lawless, ela convence bem.

RX: Você se identifica com esse personagem de alguma maneira?
 LN: Não, não me identifico com Xena, me identifico mais com Gabby da primeira temporada, simples contadora de histórias seguindo sua ídola, essa sou eu.

RX: Na série tem algum personagem que você ache dispensável? Porque?

LN: Dos personagens fixos não dispensaria ninguém, acho que todos tem o seu espaço.

RX: Seu trabalho já foi criticado alguma vez? Se sim, como foi? O que você pensou? Reagiu de alguma forma? Como?

LN: Só uma vez um rapaz disse que eu não fazia bem as mãos se referindo as ilustrações do Subtext Season, eu concordei, porque não faço bem mesmo as mãos, e também não tinha muito tempo para trabalhá-las melhor.

RX: Você mudaria algo na série? Se sim, pode dizer o que?

LN: Mudaria o final, Aquilo foi a coisa mais estúpida que alguém poderia fazer, onde o Robert Tapert estava com a cabeça???

RX: O que você diria as personagens Xena e Gabrielle se elas existissem e você pudesse falar com elas?

LN: Não acham que está na hora de parar, arrumar uma casinha e construir família?

RX: E se pudesse ajudá-las de alguma forma? Como seria?

LN: Eu me ofereceria pra fazer uma pintura delas pra colocar na parede no alto da lareira da tal casinha.

RX: Se não existisse Xena? Como você imagina que sua vida seria agora? Xena mudou sua vida? Em que aspecto?
 LN: Sim, Xena e Gabby ampliou os meus horizontes e abriu os meus olhos. Só gostaria que elas tivessem aparecido mais cedo na minha vida.

RX: Você poderia descrever sua vida xenite em uma só palavra? Qual?

LN: Xena pra mim significa antes de tudo “Liberdade. 

RX: Você poderia mandar uma mensagem para os xenites, algo bem especial, se possível algo focado no ano novo, uma mensagem?

LN: Desejo a todos os xenites um 2009 muito feliz e de esperança que o sonhado filme de Xena vire realidade, a gente merece por tantos anos de dedicação á série. Battle on sempre!
 RX: Obrigada!

 

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É uma verdade universalmente conhecida…

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Girl Power n. 30

Duas Girl Powers  em uma! Junte a personalidade à espada!

 

Texto e imagens: Cristina Bordinhão

Revisão e apoio: Alessandro Chmiel

 

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Alessandro por ter me disponibilizado este espaço pra falar um pouquinho sobre minha personagem literária favorita. Espero que aproveitem!

 

“É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa.

É com tal afirmação que a narração de Orgulho e Preconceito começa, abrindo espaço para que as personagens sejam introduzidas já em um ambiente pré-determinado pela posição social garantida em um bom (ou mau) casamento. A Inglaterra vitoriana (séc. XVIII-XIX) é palco das peripécias da excêntrica família Bennet, da onde se destaca nossa girl power desse mês, que atende pelo nome de Elizabeth Bennet.

Lizzy (como é carinhosamente chamada pelos amigos), segunda filha mais velha dos Bennet, a mais sagaz, inteligente e sarcástica das cinco, se encontra como uma figura contra a corrente de uma Inglaterra vitoriana na qual a mulher nada mais era do que um “enfeite” e progenitora de filhos, sem direito algum a dinheiro ou propriedades.  No clã Bennet, então, a situação era mais grave: como a Mrs. e o Mr. Bennet não tiveram nenhum filho homem, todos os bens da família seriam confiscados após a morte do patriarca, deixando as seis mulheres “sem eira nem beira”. A “solução” para tal seria um marido rico para as filhas.

Lizzy se encontra em uma sinuca de bico quando o excêntrico e prolixo Mr. Collins faz a temida proposta à nossa heroína: ou ela o aceita e livra a família de problemas com dinheiro (além de não tornar-se “a tia encalhada”), ou vai contra o “bom-senso”, uma vez que, com a recusa do casamento, a família encontra-se fadada à miséria no momento em que a figura paterna sumir.  Além de tudo isso, sua irmã mais velha apaixona-se por um jovem rapaz cheio da grana, Charles Bingley: tudo parece perfeito até ele simplesmente sumir do mapa e fugir do compromisso. Quer mais? O melhor amigo de Bingley, o misterioso Mr. Darcy, torna-se alvo de comentários pelo seu jeito casmurro e fechado (e também por ser charmoso, milionário e não procurando uma esposa), atraindo a atenção da jovem Elizabeth – que, por ter um temperamento forte e julgar as pessoas rapidamente, o vê como um chato, arrogante, orgulhoso e preconceituoso. O que ele fez pra merecer isso? A desprezou. Pobre Mr. Darcy.

Em um enredo cheio de reviravoltas, nossa heroína se encaixa de forma surpreendente, expressando seu ponto de vista através de atitudes polêmicas e cheias de vigor. Ajuda a sua irmã a encontrar o amado, sem pensar nas consequências dos atos, briga com a amiga Charlotte Lucas por ter se casado sem nenhum interesse amoroso, briga com a mãe por não querer casar-se por dinheiro, enfim, não tem medo algum de assumir publicamente suas opiniões, tão avançadas para a época em que vivia. Chegando ao final da história podemos perceber que as atitudes tomadas por Lizzy são apenas fruto de seus impulsos, guiados apenas pelo amor e uma tentativa de fazer as pessoas ao seu redor serem mais felizes. Como uma boa história de Jane Austen, apesar de todos os infortúnios o final se revela de maneira divertida, esclarecedora e feliz.

Tá achando a história complicada? Cheia de detalhes? E se, além de tudo isso, eu te pedir pra juntar zumbis ao enredo? Foi assim que “Orgulho e Preconceito e Zumbis” (Pride and Prejudice and Zombies, Quirk Ed., 2009, 320p.) nasceu, de acordo com seu criador, Seth Grahame-Smith. O enredo é o mesmo, só que dessa vez a Inglaterra vitoriana é infestada com uma praga que transforma seres humanos em zumbis famintos por cérebros. Elizabeth e suas irmãs são caça-zumbis, que, treinadas pelo pai, defendem seu vilarejo contra os mortos-vivos.

Nossa heroína permanece com sua opinião implacável e seu intensificado senso de julgamento de pessoas. Adicione a essa personalidade marcante uma espada e saiba que muitas cabeças irão rolar e muitos corações serão arrancados (literalmente e figurativamente). Lizzy não aceita a sociedade como é e faz de tudo pra mostrar que as mulheres têm um espaço mais do que garantido na Inglaterra vitoriana. Nosso amigo, o rejeitado Mr. Darcy, aparece nessa versão como o matador de zumbis mais famoso do sul do país, deixando assim Lizzy com ciúmes e com a espada na mão.

Em uma narrativa nua e crua, cheia de descrições, a história desenrola-se, mostrando o lado sombrio das personagens da comédia romântica de Jane Austen. A tia do Mr. Darcy, tida apenas como uma pessoa rancorosa e fria, que demonstra não ter sentimentos bons pela mocinha Bennet, na versão “zumbizada”, é uma mestre nas artes marciais, com uma horda de ninjas prontos para defendê-la. Juntando uma tia superprotetora e uma heroína hiperativa, o que temos? Fight!  A cena de luta entre as duas com suas katanas pode ser comparada com a briga da Noiva com Elle em Kill Bill. Sangue, golpes inusitados e frases de efeito não faltam!

Entre idas e vindas, zumbis dilacerados, descrições sanguinolentas e casamentos feitos e desfeitos, nossa heroína descobre o amor em meio ao campo de batalha e, entre encontros e desencontros, Lizzy coloca toda a sua força de vontade em destroçar zumbis e proteger a família. Dentro do coração dessa guerreira existe amor para dar e vender, o problema é saber procurar e chegar e acertar o ponto exato da doçura de nossa heroína, disponível para poucos e fieis amigos. (Isso é Xena, não? – por Alê!)

Enfim, nossa heroína vitoriana é exemplo de Girl Power até os dias de hoje por sua personalidade e fidelidade inabaláveis, assim como um coração gigante e sempre uma resposta na ponta da língua. Não importa se esteja matando zumbis ou não, Lizzy sempre será um ícone do seu tempo, uma personagem anacrônica que consegue ser atual em qualquer época onde possa estar inserida.

 

LEIA!

Jane Austen. Orgulho e Preconceito. L&PM Editores, 2009. Aprox. R$25

Jane Austen e Seth Grahame-Smith. Orgulho e Preconceito e Zumbis. Ed. 2010. P. aprox. R$30

P.S. As imagens de “Orgulho e Preconceito” que utilizei nesse artigo vêm da versão fílmica de 2005, produzida pela Universal e estrelando Keira Knightley. Pra saber quem mais já foi Elizabeth Bennet seja na telinha ou na telona, acesse http://www.imdb.com/character/ch0003183/ (tem até Lizzy de Bollywood em versão musical!). Já as imagens de “Orgulho e Preconceito e Zumbis” são as ilustrações originais do livro, desenhadas por Philip Smiley.

 

ASSISTA!

Orgulho e Preconceito – 1994 – série clássica da BBC estreando Jennifer Ehle e Colin Firth.

Orgulho e Preconceito – 2005 – filme da Universal estreando Keira Knightley e Matthew MacFadyen

Noiva e Preconceito (Bride and Prejudice) – versão musical Bollywoodiana do livro! 

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Tal pai, tal filha

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GIRL POWER – n. 28

Filha, Esposa e Mãe – O Amor Incondicional de uma Girl Power

 

Texto e Imagens: Rodrigo A. Silva

Email: [email protected]

Revisão: Alessandro Chmiel

 

Dedicado a duas mulheres especiais: minha mãe, que se apaixonou à primeira vista pelo Zorro quando fomos ao cinema assistir ao filme The Legend of Zorro em 2005; e a Camila Conceição (Chapo), minha amiga Xenite que, assim como Elena, consegue manifestar a força, a habilidade e a coragem de uma verdadeira guerreira sem perder a feminilidade, a beleza e a sensibilidade. 

 

Aqueles que já tiveram a oportunidade de assistir aos filmes The Mask of Zorro (1998) e sua sequência The Legend of Zorro (2005) concordarão comigo quanto à escolha dessa personagem como tema para a Girl Power do mês de setembro. Quanto aos demais, espero que o meu artigo possa inspirá-los a ir até a locadora mais próxima, alugar esses dois filmes emocionantes e fazer uma sessão pipoca ao lado de uma pessoa especial.

Ela é morena, alta, bonita e sensual. Ela salta, ela chuta, ela bate e sabe manejar a espada como ninguém. Será que a própria Xena resolveu dar o ar da graça na GP deste mês? Talvez. Já que no Xenaverse quase tudo é possível. Elena De La Vega poderia muito bem ser uma descendente distante, ou mesmo uma reencarnação da nossa amada princesa guerreira. Se ela fosse uma descendente isso explicaria a força no sangue da família De La Vega, já que o pai de Elena era o próprio Zorro e o filho dela com Alejandro, o pequeno Joaquin De La Vega, além de lutar como gente grande, dá várias cambalhotas e piruetas ao longo do filme que nem o próprio Solan em seus sonhos mais alucinantes deve ter imaginado dar.

 

Elena De La Vega em The Mask of Zorro:

 

A história de nossa Girl Power começa de maneira muito triste. Seu pai era o fora da lei mais famoso e mais procurado de toda a Califórnia, mas por trás da máscara do Zorro, Don Diego DeLa Vegaera um senhor de terras rico e invejado, principalmente por Don Rafael Montero, um governador corrupto que era apaixonado por Esperanza De La Vega, mãe de Elena.

 

Quando Rafael descobriu que Don Diego era o Zorro, tinha em mãos a desculpa perfeita para destruir o rival e tomar tudo o que ele tinha. Mas o plano de Rafael não foi totalmente bem sucedido, pois para proteger a vida do marido, Esperanza age como escudo e morre com um tiro certeiro no coração. Rafael culpa Diego pela morte da amada e para puni-lo decide mantê-lo vivo carregando para sempre essa culpa e sabendo que Rafael ficaria com tudo o que antes lhe pertencia, incluindo sua filhinha Elena.

 

Semelhantemente a Eve, que foi levada por Octavius para Roma para ser educada e treinada, Elena foi levada por Rafael para a Espanha, onde recebeu uma educação nobre, além de aprender o manejo da espada por meio de aulas de esgrima que teve desde muito pequena. Pode-se dizer que ela foi criada como uma princesa, uma princesa guerreira latina, mas diferentemente de Eve, Elena era uma jovem com princípios, virtudes e valores familiares que sempre a mantiveram no caminho do amor, da honra e da justiça.

 

Quando Rafael Monteiro é nomeado para ocupar novamente o cargo de governador da Califórnia, Elena, já adulta, volta com ele. De volta a sua terra natal, Elena começa a desconfiar do caráter de seu pai adotivo e questiona suas verdadeiras origens. Além disso, ela começa a se envolver com dois homens: um deles é um bandido mascarado que invade sua casa e com quem ela trava um duelo de espadas nada convencional; o outro, um nobre almofadinha que visita sua casa e com quem ela dança apaixonadamente mostrando toda a sensualidade de seu sangue latino. O que Elena não podia imaginar era que o charmoso bandido mascarado e o jovem almofadinha eram a mesma pessoa: Alejandro, o novo Zorro, treinado pelo verdadeiro pai de Elena, Don Diego DeLa Vega.

 

Elena e Alejandro: Uma dança sensual.

Disfarçados respectivamente como um nobre da corte espanhola e seu criado, Alejandro e Diego se infiltram em uma festa na mansão de Don Rafael e descobrem que este pretende comprar a região da Califórnia com ouro retirado de uma mina clandestina onde prisioneiros, homens, mulheres e crianças, são explorados como escravos.

 Apesar de estar aparentemente alienada a toda a confusão a sua volta, ao longo da trama Elena começa a perceber que o pai (adotivo) dela não era exatamente a pessoa honrada que aparentava ser e começa a investigar os planos obscuros de Rafael. Ao descobrir toda a verdade, mesmo amando seu pai adotivo, Elena se une ao seu verdadeiro pai e a Alejandro, e juntos lutam para salvar os escravos prisioneiros da mina clandestina antes que esta seja destruída por uma explosão.

 

Elena e Zorro no estábulo: uma luta nada convencional!

Elena De La Vega em The Legend of Zorro:

 

Dez anos se passaram desde que Elena e Alejandro se casaram. Eles têm um filho peralta que adora provocar o professor e dar cambalhotas no meio da sala de aula para a alegria dos coleguinhas. Mas dominar essa ferinha hiperativa será o menor dos problemas dessa mamãe guerreira. O estado da Califórnia está prestes a ser integrado aos Estados Unidos da América e Elena quer apenas curtir o momento ao lado de sua família e aproveitar a nova vida como uma senhora legitimamente americana, mas Alejandro acredita que ainda existem ameaças capazes de impedir essa anexação e insiste, contra a vontade dela, a continuar lutando pelo povo como Zorro.

Em uma dessa lutas, a máscara do Zorro cai e dois agentes do governo americano descobrem a sua verdadeira identidade.

Nesse filme, Elena parece encarnar uma versão latina da espiã Sydney Bristow (GP nº. 09). Passeando por uma feira livre, ela sente que está sendo seguida e observada. Ela caminha inocentemente em direção a um beco e espera até que os sujeitos se aproximem. Elena então os surpreende com uma incrível sequência de golpes, com direito a utilizar um bastão semelhante ao de Gabrielle e aplicar golpes dignos de uma guerreira amazona. Os dois sujeitos eram na verdade dois espiões americanos. Eles descobriram a verdadeira identidade do Zorro e com esse trunfo recrutam Elena e a obrigam a espionar um certo conde francês, Armand, que acreditam estar tramando algo contra os EUA.

Elena e Zorro: Espionando o conde Armand.

Eles estavam certos: conde Armand planejava fornecer explosivos de nitroglicerina para os soldados da guerra civil americana para que o país fosse dizimado.

Elena, então, luta ao lado do marido e do filho para destruir os planos de Armand e assegurar o futuro da Califórnia como um dos estados pertencentes aos EUA.

Elena De La Vega: Pronta para a batalha!

A principal semelhança com o Xenaverse que me inspirou a escrever este artigo foram as incríveis sequências de luta de Elena. Não tem como alguém assistir a essas sequências e não se lembrar de algumas das lutas de Xena ou das guerreiras amazonas.

Assim como Xena, Elena DeLa Vegamostrou que a verdadeira força de uma guerreira está na força de seu coração. Ela luta pelo bem estar dos fracos e oprimidos, mas quando sua família é ameaçada ele mostra uma força diferente, uma força plena capaz de realizar qualquer coisa, a força do amor incondicional que só sentimos por aqueles que são parte de nós.

Elena e seu filho Joaquin: Final Feliz!

Agradeço do fundo do meu coração ao Alê por mais esta oportunidade de poder escrever em uma de suas colunas. Espero que tenham gostado do meu artigo. Fiquem a vontade para fazer comentários, criticas e sugestões. Até a próxima!

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