Caminho das Índias: O Bhagavad Gita

Comentários

Por Cris “Barda” Penoni

   Desde que a novela “Caminho das Índias” estreou no horário nobre da Rede Globo eu tenho considerado a possibilidade de escrever um artigo sobre a religiosidade hindu. E finalmente chegou o mês de fazer isso! 
Mas, ao contrário do que se possa esperar, eu não vou recontar alguma história religiosa hindu, nem explicarei as castas, nem nada disso. O artigo desse mês é apenas um convite.

    O hinduísmo (assim como outras religiões) possui um conjunto de livros considerados sagrados. Um dos mais importantes é o Mahabharata, onde está o Bhagavad Gita (A Sublime Canção), escrito por Krishna (sim, a divindade azul que ajudou Xena em “The way”). Ele é um poema místico-filosófico que traz as ideias de espiritualidade do hinduísmo. Nele, Krishna e Arjuna, filho de Indra, dialogam, e Krishna ensina a filosofia bramânica, falando sobre os deveres próprios dos membros de cada casta e os meios de se libertar do karma e do ciclo de reencarnações.

   A editora Martin Claret, em sua coleção “A Obra-Prima de Cada Autor”, lançou o “Bhagavad Gita”, traduzido e comentado pelo filósofo e educador Huberto Rohden. Nas notas explicativas, há comparações com falas da Bíblia e de grandes pensadores da Antiguidade, como Platão e Aristóteles.
Há alguns dias comecei a ler, e é incrível! Muitas das coisas que li até agora (o que não é muito, ainda estou no capítulo 3) fazem sentido, e algumas vezes, remetem o pensamento a XWP. Por exemplo, no capítulo 3, há a seguinte frase:

   “Melhor é morrer no cumprimento do dever do que viver com temor, á mercê dos instintos inferiores.”

   Isso lembra muito a fala de Lyceus em Segunda Chance (Remember Nothing, 02X02):
“Pode ser que seja uma batalha perdida, mas eu prefiro morrer lutando do que viver sem ter tentado!”

   Mesmo que seja uma cultura religiosa completamente diferente, vale a pena ler o Bhagavad Gita. Esse é o meu convite para vocês! Espero que gostem!

   Até mês que vem!

VN:F [1.9.22_1171]
Rating: 0 (from 0 votes)
Be Sociable, Share!

Ares e Afrodite

Comentários

Por Cris ‘Barda’ Penoni ([email protected])

 

            Olá, Xenites, bem vindos a mais um artigo de mitologia. Bem em cima da hora, eu escolhi o tema desse mês, mas tenho a desculpa de estar lendo um livro sobre mitologia greco-romana, que como na maioria dos livros sobre esse assunto, trás preferencialmente os nomes romanos dos deuses, heróis etc.

Bom, a ideia de falar sobre Ares e Afrodite já tinha aparecido no mês passado, quando eu procurava trechos da literatura que fizessem alusão à mitologia.

            Um dos trechos que eu incluí no artigo anterior faz parte da Lira III, do livro Marília de Dirceu, do inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, e tem tudo a ver com o artigo desse mês:

“O próprio Deus da Guerra desumano
Não viveu de amor ileso;
Quis a Vênus, e foi preso
Na rede, que lhe armou o Deus Vulcano.”

            Pois bem, esqueçam momentaneamente os deuses personagens de Xena – Warrior Princess. A mitologia é bem diferente do universo criado por Tapert & Cia.
            Obs: Os nomes entre parênteses referem-se à denominação romana.

Ares

a

            Na mitologia grega, Ares (Marte) é filho de Zeus (Júpiter) e Hera (Juno). Já na versão romana, Ares é filho exclusivamente de Hera, pois a deusa estava enciumada do fato de Zeus ter feito nascer Atena (Minerva), sem a sua participação. A deusa Flora indicou à Hera uma flor que crescia nos campos de Olene, e que apenas pelo contato já se podia engravidar sozinha. (Quem sabe essa é mais uma hipótese também para o nascimento de Eva?)

            Na Grécia, Ares não possuía um culto muito difundido. Só se conhece um templo de Ares, e apenas duas ou três estátuas do deus, principalmente a de Esparta, que era amarrada para que ele não abandonasse os exércitos durante a guerra.

            Já em Roma, ele era muito venerado. Entre os numerosos templos que Ares possuía em Roma, o mais célebre era o que Augusto lhe dedicou, chamado de Marte Vingador.

            Ares teve muitas esposas e filhos: Deimos, Fobos e Hermione, com Afrodite; Rômulo e Remo, com Réia; Evadune, com Tebe; e Cícno, filho de Pisene, que combateu Heracles (Hércules) e por este foi morto.

            Geralmente é acompanhado pela Vitória, mas nem sempre Ares sai vitorioso.

Era representado como um homem de capacete, uma lança e um escudo, podendo estar nu ou vestido em roupas de guerra e com um manto sobre os ombros.

Afrodite

a

            Assim como para Ares (e vários outros deuses), existem duas versões para o nascimento de Afrodite (Vênus). A primeira diz que ela havia nascido da espuma do mar aquecido pelo sangue de Urano, quando Cronos (Saturno) atacou o próprio pai. Isso teria acontecido perto da ilha de Chipre, e Afrodite veio de dentro de uma concha. A outra versão diz que ela nasceu de Zeus e Dionéia, filha de Poseidon (Netuno). Não importa a origem de Afrodite, ela sempre é a deusa do amor, da beleza, dos prazeres.

            Afrodite foi dada por Zeus a Hefesto (Vulcano) como esposa, como agradecimento a todos os trabalhos magníficos do deus-ferreiro. Amou Ares, e os mortais Adônis e Enéias, além de vários outros, menos conhecidos.  Era mãe dos Amores, das Graças, dos Jogos, dos Risos, de Eros (Cupido) e de Anteros.

            Um dos amores mais conhecidos de Afrodite é Adônis, que despertou o ciúme de vários deuses, incluindo Ares. Como consequência disso, Ares se transformou em um javali e atacou Adônis, que morreu, pois Afrodite não foi capaz de chegar a tempo de salvar seu amado.

            Nem sempre ela é uma deusa amável. Para punir Apolo (Febo) por ter contado para Hefesto sobre a traição com Ares, Afrodite amaldiçoou quase todos os amores do deus que guia o carro do Sol.

Ares e Afrodite

            O famoso caso de Afrodite e Ares é contado mais ou menos assim (versão retirada do livro Mitologia Grega e Romana – Mitologia Greco-Romana: um dos mais ricos patrimônios literários legados à Humanidade, de P. Commelin, traduzido por Thomaz Lopes) :

            “Marte tinha se posto em guarda contra os olhos perspicazes de Febo, seu rival junto da bela deusa, e colocara Alectrion, seu favorito, como sentinela, mas, tendo esse adormecido, Febo percebeu os culpados, e correu a prevenir Vulcano. O marido ultrajado envolveu-os em uma rede que tanto tinha de sólida como de invisível, e tomou todos os deuses como testemunhas do seu crime e confusão. Marte castigou ao seu predileto, mudando-o em galo; desde então essa ave procura reparar seu erro, anunciando com o canto o nascimento do astro do dia. Vulcano, a pedido de Netuno e sob a responsabilidade deste, desfez os maravilhosos laços. Os cativos, postos em liberdade, voaram, um para a Trácia, sua terra natal, a outra para Pafos, seu reino preferido.”

            ——————————————————————————————————————————–

            Como a mitologia é apenas pano de fundo de muitas histórias em XWP, é bom ter consciência de que pouco do que está ali está de acordo com o que gregos e romanos contavam. Por isso, quem se interessar pelo assunto pode (e deve) consultar livros que tratam da mitologia de forma fiel. Claro que se os roteiristas tivessem seguido à risca a mitologia, XWP seria muito diferente do que vemos, mas é bom saber como as coisas eram de fato.

            Até a próxima edição, Xenites, e se Zeus quiser, ela vai ser impressa!!!

            (Qualquer ideia de artigo, me mandem um e-mail, que eu prometo pensar com carinho nas sugestões!)

VN:F [1.9.22_1171]
Rating: +1 (from 1 vote)
Be Sociable, Share!

A Literatura e a Mitologia

Comentários

Por Cris ‘Barda’ Penoni ([email protected])

 

            Pois bem, caros Xenites… Mais um artigo de mitologia! Não sei bem como o artigo de março (‘Hera’) foi recebido por vocês, mas eu mesma não gostei dele. Por esse motivo, estou me esforçando ao máximo para fazer um bom artigo esse mês. Confesso que desde que “Caminho das Índias” começou a passar, estou tentada a escrever um artigo sobre o hinduísmo… Só que isso é uma ideia que eu não vou utilizar (por enquanto…).

            Há algumas semanas eu estava na aula, ouvindo minha professora de Literatura falar sobre Fernando Pessoa. Um dos heterônimos dele, o Ricardo Reis, tinha uma tendência árcade, e a mitologia greco-romana é muito presente em seus poemas. Então, uma lâmpada se acendeu logo acima da minha cabeça e –puf- uma nova ideia para artigo!

            Então, parando com essa introdução e começando  a aula de literatura o artigo!

 

            A relação (sem subtexto!) da literatura com a mitologia (principalmente greco-romana) é bem marcante. Um exemplo fácil disso é que os estilos são divididos entre “apolíneos” e “dionisíacos”. A referência não poderia ser menos direta… Um faz referência a Apolo, um deus de muitas habilidades (rsrsrs); o outro, a Dionísio, deus do vinho, do teatro, das bacantes…
Os estilos apolíneos são mais ligados à razão, à realidade, à exatidão, à lógica, à forma perfeita. Já os estilos dionisíacos são emotivos, trabalham questões como o sonho, a ambiguidade, pensamentos difusos…

Na Grécia Antiga (e em Roma também), obviamente, a literatura era diretamente influenciada pela mitologia. Autores como Homero, Virgílio, Ovídio e Sófocles são um dos mais conhecidos por seus textos com forte embasamento mitológico. Quem nunca ouviu falar em Ilíada e Odisséia atire o primeiro chakram…

Durante os (muitos) séculos em que a Igreja Católica comandou a Europa, a mitologia foi praticamente colocada de lado. Porém, no fim do século XIII, à medida que as pessoas voltaram a conquistar a sua liberdade de pensamento, surge a Renascença, e a mitologia volta a fazer parte da vida das pessoas. Nesse momento, ela já não é mais a religião; ela é uma parte da cultura. Conhecer a mitologia demonstrava erudição e muitos dos textos do Classicismo (escola literária da época) fazem referência à mitologia.
Camões, o maior poeta da língua portuguesa, em “Os Lusíadas” (por exemplo), se utiliza de menções a episódios mitológicos enquanto narra as aventuras portuguesas.
Só como exemplo, no Canto IV está a seguinte estrofe, que faz referência ao nosso conhecido Escovinha à Hércules (que é chamado de Alcides) e os seus 12 trabalhos:

– “Imaginai tamanhas aventuras,
Quais Euristeu a Alcides inventava,
O leão Cleoneu, Harpias duras,
O porco de Erimanto, a Hidra brava,
Descer enfim às sombras vãs e escuras
Onde os campos de Dite a Estige lava;
Porque a maior perigo, a mor afronta,
Por vós, ó Rei, o espírito e a carne é pronta.”

Depois do Classicismo, houve o Barroco, que provavelmente não citava muito a mitologia, pelo simples fato de ser um estilo com um forte lado religioso. 
O próximo estilo a tratar de temas mitológicos foi o Arcadismo, no século XVIII. O próprio nome do estilo já revela a influência clássica grega. Arcádia era uma região na Grécia Antiga habitada por pastores e poetas.
Um dos poetas brasileiros mais importantes nesse estilo era Tomás Antônio Gonzaga. Sua obra mais importante é Marília de Dirceu, e é dela que foi retirado o trecho a seguir:

Lira III

“(…)
Cupido entrou no Céu. O grande Jove
Uma vez se mudou em chuva de ouro;
Outras vezes tomou as várias formas
De General de Tebas, velha, e touro.
O próprio Deus da Guerra desumano
Não viveu de amor ileso;
Quis a Vênus, e foi preso
Na rede, que lhe armou o Deus Vulcano.
(…)”

Esse trecho faz várias referências, principalmente às puladas de cerca de Zeus (chamado de Jove).  O final se refere ao romance que Ares e Afrodite tiveram. Ela era casada com Hefesto (Vulcano), mas como o pobre deus-ferreiro era feio demais, Afrodite precisava de “companhia” a sua altura, e então, ela e Ares começaram uma bela história de … bom, não preciso dizer, não é? Mas Hefesto deu um jeito para se vingar, e construiu uma rede de malha de aço tão perfeitamente forjado que nem mesmo um deus poderia fugir. Ares e Afrodite foram pegos e Hefesto, para completar a vingança, ofereceu aos deuses do Monte Olimpo o casal ainda preso na rede como uma diversão (bem bizarra, por sinal)…

O estilo seguinte foi o Romantismo, que não tem muita citação à mitologia. 
O Realismo / Naturalismo (segunda metade do séc. XIX) também não faz tanta referência à mitologia, mas eu me lembro que Machado de Assis cita alguns episódios mitológicos em Dom Casmurro.

Ainda no século XIX, surgiu o Parnasianismo. Mais uma vez, a referência já está implícita no nome do estilo… No caso, Parnaso era uma região na Grécia na qual se dizia viverem as Musas. O Parnasianismo busca o “belo pelo belo”, e suas poesias são, em geral, descritivas.
Abaixo, um trecho de “Anima chloridis”, de Raimundo Correia:

“Rola a foice de Ceres luminosa
No azul… Flora, vens já, que a alma te sente
No éter fino, na luz, na água, na umbrosa
Selva, e em tudo te aspira avidamente.
(…)”

O texto mais “chatinho” é uma característica parnasiana, já que o estilo sempre usa palavras menos comuns. Ceres é o nome romano de Deméter e Flora é a vilã de A Favorita a deusa itálica das flores.

Quase ao mesmo tempo da existência do Parnasianismo, havia o Simbolismo. Não é um estilo marcado pela utilização da mitologia, mas pode ser que existam textos dentro deste estilo que tratem de algum tema mitológico.

No início do século XX, a literatura passou por muitas mudanças, que resultaram no Modernismo. E então, chegamos no ponto que começou esse artigo…

O Modernismo é uma escola literária muito variada, e é difícil definir características exatas… Para não complicar (e estender isso mais que o Tártaro), vamos dizer que cada autor escolhia o seu rumo.

Em Portugal, um dos poetas modernistas mais importantes é Fernando Pessoa, e seu heterônimo Ricardo Reis tinha um estilo próximo do árcade, o que resultou em muitas poesias com temas mitológicos… Como essa aqui:

“De Apolo o carro rodou pra fora 
Da vista. 
A poeira que levantara 
Ficou enchendo de leve névoa o horizonte; 

A flauta calma de Pã, descendo 
Seu tom agudo no ar pausado, 
Deu mais tristezas ao moribundo 
Dia suave. 

Cálida e loura, núbil e triste, 
Tu, mondadeira dos prados quentes, 
Ficas ouvindo, com os teus passos 
Mais arrastados, 

A flauta antiga do deus durando 
Com o ar que cresce pra vento leve, 
E sei que pensas na deusa clara 
Nada dos mares, 

E que vão ondas lá muito adentro 
Do que o teu seio sente cansado 
Enquanto a flauta sorrindo chora 
Palidamente.”

            E, daí para a frente, a literatura (e toda a arte em geral) foi tomando rumos mais imprevisíveis, que não dá para citar mais onde exatamente tem mitologia ou não…
Bom, é isso. O assunto, na verdade, é muito extenso, e para catalogar tudo quanto é tipo de autor que usou referências mitológica em seus textos, levaríamos vidas e vidas…

            Até o mês que vem, com mais um artigo sobre mitologia…

“A autora desse artigo andou lendo a Desciclopédia”

VN:F [1.9.22_1171]
Rating: 0 (from 0 votes)
Be Sociable, Share!

Hera

Comentários

Por Cris Penoni ([email protected])

 

            8 de março é o dia internacional da mulher. Por esse motivo, esse mês, a coluna Mitologia está falando de Hera.

            Hera (Juno, na mitologia romana) era a esposa e irmã de Zeus. Era filha de Cronos e Réia, e mãe de Ares e Hefesto. Sua área de influência é tudo que na Grécia Antiga estava ligado ao “universo feminino”. Dessa forma, Hera era a protetora do matrimônio e da fecundidade. Contudo, nas lendas, ela era a deusa da vegetação.
Seus símbolos são o pavão, a romã (símbolo do amor conjugal) e um cetro, encimado com um cuco.
 
Conta a lenda que Zeus namorou Hera por 300 anos até conseguir convencê-la de se casar com ele. Apesar de todo o sacrifício para convencê-la, Zeus nunca foi muito fiel, e possuía muitas amantes. Hera perseguia a quase todas elas e seus filhos; os únicos que não eram perseguidos eram Hermes e sua mãe, Maia, por conta da grande inteligência do deus mensageiro. Quando se casou, Hera recebeu de presente de Gaia (sua avó) uma árvore que dava maçãs de ouro. Essa árvore foi colocada no jardim das Hespérides, ninfas do poente que cuidavam da árvore.

            Era muito orgulhosa e ciumenta, e seu maior desejo era ser mais bonita que Afrodite, sua maior inimiga.

            Hera era venerada em muitos lugares, em especial Argos, e por isso, também era conhecida como Argéia. Também era muito popular em Creta e Samos, onde os Argonautas construíram um grande templo em sua homenagem – esse templo era o maior de toda a Grécia. Em Olímpia, o Heraion, templo de Hera, precedeu o de Zeus. Nele eram organizadas corridas de mulheres, desde os tempos imemoráveis, de quatro em quatro anos, em comemoração daHeraia.

            Em Hercules The Legendary Journeys, Hera é quase sempre representada pelos olhos de pavão, e foi representada pela atriz Meg Foster. Em Xena, no episódio God Fearing Child, Hera ajuda Hércules a conseguir um osso de Cronos para matar Zeus, e ela morre na hora em que Eve nasce.

            Apesar de todas as suas interferências na vida dos mortais, suas batalhas e problemas do dia-a-dia, Hera era uma das deusas mais veneradas na Grécia Antiga.

Ficamos por aqui esse mês. Sei que esse não foi um dos artigos mais interessantes de mitologia, mas peço desculpas pela correria que foi meu mês de fevereiro. Na próxima edição, eu prometo um texto interessante!

VN:F [1.9.22_1171]
Rating: 0 (from 0 votes)
Be Sociable, Share!

A Décima Musa: Safo

Comentários

Por Cris Penoni ([email protected])

 

            Seguindo a lista de sugestões que recebi no fim de dezembro (quando, desesperada por não ter escolhido um tema para ser discutido aqui, pedi sugestão dos membros da UX), esse mês eu vou falar de Safo.
Espero que estejam com paciência para ler trechos de poemas…

            Para falar a verdade, eu não concordo em encaixar Safo como “mitologia, personagem mitológico”, uma vez que ela existiu de verdade. Porém, sua vida e obra possuem muitos detalhes que não se sabem se são verdadeiros, ou seja, existem lendas a respeito dela, que é a maior entre todas as poetisas gregas. E é por isso que eu aceitei a sugestão da Éris e da Vivianni para falar de Safo.

image

Safo (em grego, Σαπφώ, transl. Sapphō) nasceu na ilha grega de Lesbos, na cidade de Eresos, por volta do ano 612 a.C. Ela é considerada a maior poetisa da Antiguidade, e provavelmente foi a primeira mulher a fazer poesia importante na cultura ocidental.                                                                                               

Pouco se sabe sofre a vida de Safo, e menos ainda sobre a sua aparência física, mas em alguns lugares diz-se que ela era sedutora, apesar de não se encaixar nos padrões de beleza da época (embora Sócrates a tenha chamado de “A Bela”). Ela era baixa, magra e tinha cabelos e olhos negros. Apesar disso, ela possuía um atrativo pessoal formidável (levando alguns a acreditar que ela poderia dominar feras com seu olhar). Mas essa não é a razão de sua fama.

Safo era de uma família rica e por isso pôde estudar poesia, retórica e dança. Mesmo pertencendo à aristocracia, eram poucas as possibilidades para uma mulher na época (quase tudo estava relacionado aos afazeres domésticos). Mas isso não era um empecilho para Safo: desde os 19 anos ela já participava da vida social de Lesbos, na política (segundo alguns), e principalmente através de suas poesias.

image

Apesar de ter nascido em Eresos, Safo viveu maior parte de sua vida em Mitilene, cidade mais importante de Lesbos. Aos 19 anos ela passou a viver em Pirra, pois foi exilada, junto com outros aristocratas, acusados de ter participado de uma conspiração contra Pitaco (ou Pítaco), ditador de Lesbos na época. Outro poeta, Alceu, também participou da conjuração. Ele teria sido o mais notável poeta da época se não fosse justamente por Safo. No exílio, Alceu tentou namorar Safo, e conta-se que ele enviou-lhe um bilhete: “Oh pura Safo, de violetas coroada e de suave sorriso, queria dizer-te algo, mas a vergonha me impede”. A resposta de Safo: “Se teus desejos fossem decentes e nobres e tua língua incapaz de proferir baixezas, não permitirias que a vergonha te nublasse os olhos – dirias claramente aquilo que desejasses”. Alceu dedicou a Safo muitas odes e serenatas.

d

Ilustração representando Safo

            Logo depois de voltar do exílio em Pirra, Safo foi novamente exilada, e dessa vez foi morar na Sicília. Lá ela se casou com um industrial, Cercolas, que lhe deu uma filha, Cleis. Ele morreu pouco tempo depois do casamento, deixando Safo viúva e rica. Cinco anos depois do segundo exílio, Safo volta a viver em Lesbos, onde se torna uma líder no campo intelectual. (E é aí que começa a parte que interessa a todos os Xenites, principalmente os subbers).

A Escola de Safo

d 
Safo, por Klimt

Safo fundou em Mitilene uma escola para moças, onde ela as ensinava música, poesia e dança. Essa foi considerada a primeira “escola de aperfeiçoamento” da História. As alunas eram chamadas de hetairai (amigas, companheiras), e logo começaram a surgir boatos em Mitilene sobre os costumes na escola, principalmente sobre Safo amar suas alunas. A primeira aluna a ter sido tirada da escola por conta dos boatos foi Atis – a favorita de Safo. Ela foi a maior amante de Safo, mas acabou se apaixonando por um moço, fato que causou muito ciúme em Safo. Por conta desse episódio, Safo escreveu o seguinte poema, traduzido para o português:

“Semelhante aos deuses parece-me que há de ser o feliz 
mancebo que, sentado à tua frente, ou ao teu lado, 
te contemple e, em silêncio, te ouça a argêntea voz 
e o riso abafado do amor. Oh, isso – isso só – é bastante 
para ferir-me o perturbado coração, fazendo-o tremer 
dentro do meu peito! 
Pois basta que, por um instante, eu te veja 
para que, como por magia, minha voz emudeça; 
sim, basta isso, para que minha língua se paralise, 
e eu sinta sob a carne impalpável fogo 
a incendiar-me as entranhas. 
Meus olhos ficam cegos e um fragor de ondas 
soa-me aos ouvidos; 
o suor desce-me em rios pelo corpo, um tremor (…)”

Essa parte grifada (por mim), inclusive, é a que deu origem ao suposto poema de Safo que Xena dá para Gabrielle em Many Happy Returns: 

“Há um momento quando olho para você
Que eu fico sem palavras
A língua trava
Então um fogo corre sob a minha pele e eu tremo
Empalideço porque estou morrendo de tanto amor
Ou é assim que me sinto.”

            Após os boatos, a escola de Safo rapidamente se desfez, o que foi um duro golpe para a poetisa. Essa desgraça em sua vida, contudo, foi a faísca que deu início à explosão do talento de Safo, e é a partir daí que seus poemas mais consagrados foram escritos. O “Adeus à Atis” veio logo após, e até hoje esse poema é considerado um dos mais perfeitos versos líricos de todos os tempos, que foi modelo de estilo pela singeleza e sobriedade. Expressões que Safo usou para caracterizar Atis (como, “doce e amargo tormento”) foram depois muito utilizadas por poetas através dos tempos.

Segundo Ovídio, Safo voltou a gostar de homens na idade madura, e a lenda conta que, por causa de um amor não correspondido pelo marinheiro Faonte, ela se suicidou, pulando de um precipício na ilha de Leucas. No Livro de Ouro da Mitologia, de Thomas Bulfinch, em um capítulo dedicado aos poetas da antiguidade, o autor fala sobre esse episódio, acrescentando que a tradição popular diz que quem desse o “Pulo da Amante” (como ficou conhecido suposto final trágico de Safo), se não morresse, ficaria curado do seu amor. Porém, existem poemas que sugerem que Safo tenha atingido à velhice, o que torna o suicídio apenas uma lenda.

Honras e referências

Safo, por toda a sua genialidade poética, foi considerada uma dos chamados “Nove Poetas Líricos”, e assim como Homero era conhecido como “O Poeta”, Safo era conhecida como “A Poetisa”.

Também se conta que o ditador Sólon, que não gostava de poesia, ficou tão feliz em ouvir seu neto (ou sobrinho) declamando um poema de Safo, que disse que queria aprendê-lo e depois morrer.

No século III a.C. eruditos alexandrinos recolheram os poemas de Safo em uma coleção de 10 livros, mas durante a Idade Média, a maior parte foi queimada. Restaram apenas alguns versos, e mais outros foram encontrados em tiras de pergaminhos em um sarcófago. Apesar de poucos, os versos que resistiram à ação do tempo comprovam a genialidade e a beleza do estilo de Safo.

O maior reconhecimento, talvez, veio através de Platão, na frase:

Há quem afirme serem nove as musas. Que erro!
Pois não vêem que Safo de Lesbos é a décima?”

E, claro, o dicionário também foi enriquecido: a palavra lésbica, no significado usado atualmente, é nada mais que uma referência à Safo (para quem não entendeu a conexão: a palavra faz referência ao local onde Safo nasceu e viveu a maior parte de sua vida, Lesbos).

Para terminar esse artigo, mais uma parte dos versos de Safo que sobreviveram ao tempo, à hipocrisia, ao preconceito e ao fogo da Inquisição:

A Átis

Não minto: eu me queria morta.
Deixava-me, desfeita em lágrimas:

“Mas, ah, que triste a nossa sina!
Eu vou contra a vontade, juro,
Safo”. “Seja feliz”, eu disse,

“E lembre-se de quanto a quero.
Ou já esqueceu? Pois vou lembrar-lhe
Os nossos momentos de amor.

Quantas grinaldas, no seu colo,
– Rosas, violetas, açafrão –
Trançamos juntas! Multiflores

Colares atei para o tenro
Pescoço de Átis; os perfumes
Nos cabelos, os óleos raros

Da sua pele em minha pele!
[…]
Cama macia, o amor nascia
De sua beleza, e eu matava
A sua sede” […]

Cai a lua, caem as plêiades e
É meia-noite, o tempo passa e
Eu só, aqui deitada, desejante.

– Adolescência, adolescência,
Você se vai, aonde vai?
– Não volto mais para você,
Para você volto mais não.

 É isso por esse mês, Xenites. Espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais dessa poetisa tantas vezes citadas nos fóruns Xenites. Se alguém tiver mais sugestões de matérias para Mitologia, é só me avisar! Até mês que vem!

VN:F [1.9.22_1171]
Rating: 0 (from 0 votes)
Be Sociable, Share!

As Valquírias

Comentários

Por Cris Penoni ([email protected])

 

            Não é só de mitologia grega que vivia XWP. E não é só de mitologia grega que sobrevive essa coluna. Pegando a sugestão de algumas pessoas, este mês o artigo é sobre as Valquírias, da mitologia nórdica.  

1 

            As Valquírias eram virgens guerreiras. Elas eram loiras de olhos azuis, cavalgavam corcéis, vestiam-se com armaduras, elmos e carregavam lanças (ou arcos e flechas). Correspondem de certo modo as Erínias (Fúrias), da mitologia greco-romana, sendo as “Defensoras dos assassinados” mas elas não possuíam a ânsia grega de vingança do matricídio, típica das Eríneas. No entanto, o nome de algumas Valquírias retêm uma concepção das selvagens primais das Erínias: Hlokk (a Estridente), Goll (a Gritadora) e Skogul (a Violenta).

1

Estátua de uma Valquíria com lança – Copenhagen, Dinamarca.

             

Enquanto os homens lutavam nos campos de batalha, um outro exército sobrevoava os combates. Eram as Valquírias, montadas em cavalos alados, com a única função de selecionar entre os soldados mortos os mais bravos. A tarefa era feita com ajuda do deus Tyr, que indicava quais dentre os mortos mereciam ser escolhidos. Metade desses era levada para o palácio da deusa Freya. Ela é uma das líderes das Valquírias, além de ser a deusa do amor sensual, da fertilidade e do parto. No palácio de Freya, os soldados tinham uma vida de descanso e prazeres, e quando suas mulheres ou amantes morriam, Freya as convidava para juntarem-se a eles.A outra metade dos escolhidos era levada pelas Valquírias ao Valhalla, palácio onde Odin mantinha aqueles que formariam seu exército durante a batalha do Ragnarök (Destino Final dos Deuses).              

              

1

The Valkyrie’s Vigil (A Vigília da Valquíria), de Edward Robert Hughes

            

As Valquírias serviam também de mensageira de Odin, e enquanto cavalgavam pelos céus, suas armaduras faiscavam, provocando o fenômeno conhecido como Aurora Boreal.           

            As Valquírias originais eram: Brynhild ou Brynhildr (“correspondente da batalha”,                                                      muitas vezes confundida com Brunhilde, da Saga dos Nibelungos), Sigrun (“Runa da Vitória”), Kara, Mist, Skogul (“Batalha” ou “A Violenta”), Prour (“Força”), Herfjotur (“Grilhão de Guerra”), Raogrior (“Paz do Deus”), Gunnr (“Lança da Batalha”), Skuld (“Aquela que se Torna”), Sigrdrifa (“Nevasca da Vitória”), Svava, Hist (“A Agitadora”), Skeggjold (“Usando Um Machado de Guerra”), Hildr (“Batalha”), Hlokk (“A Estridente” ou “Estrondo de Guerra”), Goll ou Göll (“Choro de Batalha” ou “A Gritadora”), Randgrior (“Escudo da Paz”), Reginleif (“Herança dos Deuses”), Rota (“Aquela Que Causa Tumulto”) e Gondul ou Göndul (“Varinha Encantada” ou “Lobisomem”).

            O mito das Valquírias inspirou o compositor alemão Richard Wagner a compor uma ópera, “Die Walküre” (A Valquíria). Além disso, as Valquírias são um tema muito comum nas representações artísticas, como pinturas, desenhos e esculturas, principalmente nos países do norte da Europa e Alemanha.

            Existe ainda um jogo de videogame inspirado no mito das Valquírias. É o “Valkyrie Profile”, da Sony, que tem como personagem principal Leneth, uma Valquíria com a missão de recrutar combatentes para o Ragnarök. O jogo foi lançado para o Playstation, e alguns anos depois, devido ao grande sucesso, foi relançado para o PSP (playstation portátil) e uma seqüência para o Playstation 2, com o subtítulo de “Leneth” para o PSP e”Silmeria” para o PS2, que foca a história centenas de anos antes do dos ocorridos na primeira versão do jogo.

            
——————————————————————————————————————————

            O tema desse mês foi escolhido baseado nas sugestões que recebi na Universidade Xenite, por scrap e MSN. Espero que os que sugeriram “Mitologia Nórdica” ou “Valquírias” tenham gostado do resultado. Mês que vem eu volto com mais um tema sugerido por outros xenites…

 

VN:F [1.9.22_1171]
Rating: 0 (from 0 votes)
Be Sociable, Share!

Feliz Natal… Mitológico

Comentários

Por Cristiane Penoni

[email protected]

               

Peço espaço para fugir completamente (ou não) da mitologia nessa edição. Tenho um bom motivo, e, pelo título, é bem óbvio qual seja ele.
Dia 25 é, para todos a maioria dos cristãos, o dia do nascimento de Jesus Cristo. Inspirada nisso, eu pego os últimos dias do mês de novembro para ler algum material que fala dessa data…e, er…,  para fazer meu artigo (de última hora) para a RX. Aqui está o resultado da minha pesquisa instantânea:

* Os cristãos substituíram a antiga festa romana do solstício de inverno pela do Natal. (Alguém aí já ouviu falar em algo parecido com isso? Onde mesmo que foi que eu vi algo assim?)
* O Natal é uma festa associada à festa do Ano Novo, além de ser muito ligada à tradição familiar romana.
* A piedade popular é movida pela ternura dos motivos infantis, que são enfatizados nessa data.
* Uma das manifestações mais típicas são as canções ao Menino Jesus, acompanhadas por instrumentos musicais tradicionais. Um exemplo dessa tradição, são os Sternsiger (Cantores da Estrela) alemães. Eles lembram os Três Reis Magos que viram a estrela que os guiou até Belém, onde encontraram o Menino Jesus. Esses Sternsinger batem de porta em porta, recolhendo doações para crianças de países pobres.
* Apesar de, em 245 d.C., o teólogo Orígenes repudiar a celebração do nascimento de Jesus “como se fosse ele um faraó”, o Natal já era incluído nas festividades cristãs no ano de 336, segundo o almanaque romano. 
*Na Roma do Oriente, tanto o Natal como o dia de batismo de Jesus eram comemorados em 6 de janeiro. No século IV as igrejas orientais adotaram o dia 25 como o Natal, e o dia 6 de janeiro passou a ser o dia da Epifania (“Manifestação”). No Ocidente, 6 de janeiro é o dia dos Reis Magos.
* A festa do Natal foi oficialmente instituída em 354, pelo bispo romano Libério. O dia 25 não se trata realmente da data de nascimento  de Cristo, mas sim, à substituição de festas pagãs por motivos cristãos. 
* Alusões dos padres a Cristo como “sol de justiça” (Malaquias 4:2) e “luz do mundo” (João 8:12) e as primeiras celebrações da festa natalina na colina vaticana revelam um sincretismo da comemoração com as festas pagãs. Isso vem do fato dessa colina ter sido o lugar onde os pagãos prestavam tributos às divindades do Oriente. Além disso, era nessa época celebrada a festa do solstício de inverno. Como 21 de dezembro é a noite mais longa do ano no hemisfério norte, os antigos pagãos faziam festas nessa data, pedindo a volta do sol. Isso sugerem que a possível razão para a escolha da data de 25 de dezembro como o dia do Natal era que os primeiros cristãos buscavam que a data coincidisse com a festa romana dedicada “ao nascimento do sol inconquistado”, que comemorava o solstício de inverno.
* No mundo romano, a Saturnália era comemorada em 17 de dezembro, e era uma data de troca de presentes e de alegria. Além disso, em 25 de dezembro, era tido como a data de nascimento do deus iraniano Mitra, o Sol da Virtude. 
* No ano novo romano, comemorado em 1º de janeiro, era comum decorar as casas com folhagens, e dar presentes aos pobres e às crianças. 
* Dionísio, o Pequeno, um monge que vivia em Roma, fixou, erroneamente, a data de nascimento de Jesus. Jesus não nasceu no ano 0 (que, na verdade, nunca existiu), nem no ano 1, mas provavelmente entre 7 e 4 anos antes. Se não fosse assim, Ele não haveria nascido no reinado de Herodes, já que o rei morreu em 4 a.C.
*Keppler propôs que a Estrela de Belém era, na verdade, a extraordinária conjunção de Júpiter e Saturno, no ano 7 a. C., que aconteceu não apenas uma, mas três vezes em questão de meses. Essa conjunção possui uma interpretação astrológica e mitológica interessante:  Júpiter (Zeus para os gregos, Marduk para os babilônios) era o planeta (e deus) dos reis, enquanto Saturno, planeta dos judeus e do sabá. Isso poderia ser considerado o anúncio do nascimento de um deus e rei dos judeus.

Alguns símbolos do Natal (suas histórias ou significados):

* Os fogos e luzes são símbolos de ternura e vida longa.
* O costume dos pinheiros enfeitados difundiu-se durante o século XIX.
* No século XIII são Francisco de Assis iniciou o costume de representar o nascimento de Jesus com figuras em torno do presépio de Belém.
* As procissões representam a adoração dos Reis Magos.
* A crença popular acreditava que os sinos espantavam os maus espíritos. 
* As guirlandas, feitas de azevinho, simbolizam a vida durante o inverno.

Espero que tenham gostado da matéria dessa edição.

FELIZ SOLSTÍCIO DE INVERNO, FELIZ NATAL, FELIZ ANO NOVO XENITE PARA VOCÊS!  

(Fontes de pesquisa: Enciclopédia Barsa; Seleções do Reader’s Digest –  dezembro de 2006; Revista Witch – ed. nº 10 – dezembro de 2002)

VN:F [1.9.22_1171]
Rating: 0 (from 0 votes)
Be Sociable, Share!

Duendes e XWP

Comentários

Por Tainara Nogueira

  

Olá amigos Xenites, estamos num clima Natalino… E falando em Natal, é bom se lembrar dos duendes fofos e verdes e sexys (Risos). Estava conversando com Tito e ele disse que seria minha chance de falar dos duendes, levando em conta meu elo familiar com eles. O problema seria em como poderia relacionar isso com XWP, mas os duendes estão em todas as partes. É de conhecimentos de todos que a História está muito presente no seriado e que não é nem um pouco fiel a ela, é uma grande mistura de mitos. Em XWP muitas histórias estão relacionadas com mitos da Europa. Duendes são personagens da mitologia européia semelhantes a Fadas e Goblins. Existe muitos mitos em relação aos duendes. Na atualidade, estes pequenos seres, são investigados pela parapsicologia e são chamados de ECNI (Entidades coexistentes não identificadas). É de meu conhecimento que existe um calendário anual da afinidade energética e de como vibram no decorrer dos doze meses do ano. Para ficar divertido relacionei cada duende com um personagem de XWP. 
Mês de Janeiro: duende Rimon. É o que trás prosperidade e harmonia. É muito brincalhão e alegre. Assim como Joxer, o alvo cômico de XWP. 
Mês de fevereiro: duende Wull. É o que nos ajuda a melhorar a auto-estima, nos transbordando de forças e energias, necessárias para sairmos de depressões ou superarmos grandes desilusões. Também no amor e sedução é um grande aliado da mulher.Pode ser invocado, em qualquer época do ano, mas é no mês de fevereiro que sua vibração torna-se maior.Seria o Cupido, que encarnava a paixão e o amor em todas as suas manifestações. 
Mês de Março: duende Verny. É o que nos auxilia a nos libertar de forças de baixo astral e limpar nossa casa e negócios. Se fazem presentes, chamando-os pelos nomes e acendendo um incenso de limpeza.Eu pensei em Cyrene,parece que ela sempre está limpando alguma coisa…mães! 
Mês de Abril: duende Jefte. Ele é um grande protetor e administrador monetário que nos orienta com a administração de nosso dinheiro. Sem ele, sofremos uma grande perda da nossa dignidade. Eles nos ajudarão de imediato a acomodar todo o tipo de situações referentes a trabalho e dinheiro. Seria o Salmoneous, o viajante negociante. Aquele da música: Xe-ena, chegando à sua cidade/Xe-ena, não desdenhe. 
Mês de Maio: duende Clion. Ele nos dará forças quando nossa energia decair, vítima dos avatares da vida. É bom invocá-lo, quando estamos com nossa defesas muito baixas, muito estressados ou quando estivermos diante de uma delicada decisão de negócios.Nos acompanhará, protegendo-nos e nos envolvendo com um círculo magnético que nos energizará.Eli,ele está sempre ajudando na busca de caminhos.

Mês de Junho: duende Yark. É um duende que se pode invocar em qualquer momento de nossas vidas que nos for exigida calma. A ansiedade e o nervosismo podem nos levar aos atos impulsivos e indesejados. Lao Ma ajudou Xena e exercitou uma profunda influência espiritual na Princesa Guerreira. 
Mês de Julho: duende Edoss. Ele nos ajuda a trabalharmos a falta de confiança de nós mesmos, como também, os sentimentos de inveja e ciúmes que obscurecem nossa aura. O descrédito pessoal pode levar-nos a desejos destrutivos. Todos nós nascemos com algum dom que é inigualável. Quando chamado, virá em nosso auxílio, limpando nosso campo áurico e nos outorgando confiança e segurança. Enviará então seus raios com cor de arco-íris para uma total harmonia. Ou seja, Gabrielle ajudando Xena a encontrar o caminho certo. 
Mês de Agosto: duende Oldh. Este conhece todos os poderes mágico-alquímicos deste planeta. Devemos chamá-lo em casos de  qualquer tipo de problema de saúde, dores e proteção do feto durante sua gestação. Realmente não sabia qual personagem relacionar, pensei então no episódio Is There a Doctor in the House – Xena e Gabrielle reencontram Ephiny, que agora ela está grávida de um centaurinho e pronta para dar a luz. Mas elas estão no meio de uma guerra e precisam se esconder dentro de um templo até a guerra acabar. Xena feriu Marmax, um mitoano, e o leva para um templo thessálio. Lá dentro Xena e Gabrielle ajudam a cuidar dos feridos. 
Mês de Setembro: duende Pyloo. É o duende do amor, caudilho dos apaixonados.Só o chame quando houver problemas de índole amorosa ou de desunião, com o seu cônjuge ou familiar.Duende Aphrodite,a Deusa do Amor, trajada em lingeries, pode ser superficial, manipulativa, e concentrada em si mesma, mas é ainda uma das mais populares dentre os Deuses do Olympo.E sempre espalha o amor  com seu jeito. 
Mês de Outubro: duende: Smark. Ele possui um efeito de proteção incrível. Zela pelos humanos não permitindo que nada de mal lhes aconteça. Encaixa-se perfeitamente com Xena e seu instinto protetor. 
Mês de Novembro: Basy.Ele que cuida do caldeirão de ouro. É ele que nos orienta no que se refere ao tema de dinheiro. Só mesmo Autolycus, mesmo se denominando Rei dos Ladrões, sabe cuidar melhor que ninguém do dinheiro roubado.
E finalmente o mês de Dezembro: duende Vikran. Afugenta todas as ondas de negatividade que nos rodeiam. Como é o último mês do ano, ele irá nos envolver com os seus raios dos sete poderes, que nos deixará mais revigorados e entusiasmados para encararmos as festividades desse mês. Xena e Gabrielle estão sempre trazendo alegrias para todos e para nós, nos dando alegria para nossas comemorações de Solstício. 
Duendes estão em todas as partes. Afinal, alguma coisa pode ser provada no Xenaverse? 
Espero que tenham gostado. Feliz Solstício para todos. E obrigado meus queridos amigos duendes (Risos).

VN:F [1.9.22_1171]
Rating: 0 (from 0 votes)
Be Sociable, Share!

A Bíblia e a Mitologia – Parte 2

Comentários

Por Cristiane Penoni

[email protected]

                Na edição passada, eu comecei a fazer comparações entre fatos narrados na mitologia e na Bíblia. Nesse mês, eu continuo no livro da Gênesis, algumas gerações após a expulsão do Éden.
No capítulo 6, Deus se entristece com o ser humano, e se decide a acabar com sua criação, que não respeita sua palavra. Apenas um homem é digno aos olhos de Deus: Noé. 
No mesmo capítulo, Deus anuncia o dilúvio. “A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência. (…) Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra. (…)”(Gen. 6; 11 e 13) 
Na mitologia grega existe um episódio que lembra o dilúvio bíblico. “Dirigindo-se à assembléia, Júpiter expôs as terríveis condições que reinavam na Terra e encerrou as suas palavras anunciando a intenção de destruir todos os seus habitantes e fazer surgir uma nova raça, diferente da primeira, que seria mais digna de viver e saberia melhor cultuar os deuses.” (O livro de ouro da Mitologia – BULFINCH, Thomas. Cap. II, pg. 26).
Nas duas narrativas o dilúvio cobre a terra, acabando com animais, plantas, pessoas e construções. Na Bíblia, os únicos sobreviventes são Noé e sua esposa, seus filhos e suas esposas e um casal de cada espécie animal. Na mitologia, os únicos sobreviventes são Deucalião e sua esposa, Pirra. Eles se abrigaram no monte Parnaso, que foi o único que ficou acima do nível da água. Os dois sobreviveram porque Deucalião era um homem justo, e Pirra era uma fiel devota dos deuses. 
Depois do fim do dilúvio, na Bíblia, Deus manda Noé sair da arca. Após isso, Noé ergue um altar, e Deus se decide a nunca mais punir a terra pela maldade do homem. Após isso, ele abençoa a Noé e seus filhos, e lhes diz: “Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra.” (Gen. 9; 1)
Na mitologia, depois do fim do dilúvio, Deucalião sugere que ele e Pirra devem ir a um templo, para saber o que devem fazer. O oráculo lhes diz: “Saí do templo com a cabeça coberta e as vestes desatadas e atirai para trás os ossos de vossa mãe.” Eles concluem que a mãe a qual o oráculo se refere é a terra, e que os ossos são, na verdade, as pedras. Fazem o que o oráculo disse, e as pedras que Deucalião atira transformam-se em homens, e as que Pirra atira transformam-se em mulheres.

            Toda vez que um mito se repete em culturas diferentes, eu penso que é possível que algo parecido com aquelas situações realmente tenha acontecido. Nesse caso, parece muito provável que realmente tenha ocorrido um dilúvio em tempos remotos. Cada povo o contou de forma diferente, de acordo com sua tradição, suas crenças… Porém, ambos contaram fatos que se parecem, não há como negar.

VN:F [1.9.22_1171]
Rating: 0 (from 0 votes)
Be Sociable, Share!

A Bíblia e a Mitologia – Parte 1

Comentários

Por Cristiane Penoni

[email protected]

 

 Tanto religião quanto mitologia sempre me interessaram. Há algum tempo, estudando livros sobre mitologia e lendo a Bíblia (sim, não inverti a ordem das coisas), percebi que alguns mitos são muito parecidos com fatos narrados na Bíblia, principalmente no livro da Gênesis. Foi daí que surgiu a idéia desse artigo. Como são muitos fatos que podemos estabelecer uma comparação, vou dividir esse artigo em duas partes. Essa primeira é sobre a criação do universo e sobre a primeira mulher.

 A Bíblia diz que a criação do mundo foi assim: 
“No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas. Disse Deus: Haja a luz, e houve luz”. Gn, 1.1-3
Se observarmos a forma que os antigos gregos narravam a criação do mundo, perceberemos muitas semelhanças, como neste trecho retirado de O Livro de Ouro da Mitologia (The age of fable, Thomas Bulfinch):
“A terra, o mar, e o ar estavam todos misturados; assim a terra não era sólida, o mar não era líquido e o ar não era transparente. Deus e a Natureza intervieram finalmente e puseram fim a essa discórdia, separando a terra do mar e o céu de ambos”.
Continuando a leitura de ambos os livros (Gênesis e O Livro de Ouro da Mitologia), vemos que se fala sobre a criação do firmamento, da criação dos mares, das plantas, dos animais e do homem. São tantos pontos em comum que podemos até nos perguntar se os gregos tiveram contato com os hebreus (ou o contrário), e a partir desse encontro uma ou outra civilização tenha dado início aos seus próprios mitos.

 A criação da mulher, na mitologia grega, tem duas versões. A primeira (que Bulfinch considera absurda, e é a mais popular) diz que a primeira mulher (Pandora) foi criada como forma de punir os homens pelo roubo do fogo. Ainda segundo essa versão, os deuses a criaram no céu, e cada um deu a ela algo para aperfeiçoá-la. Ela foi dada para Epimeteu, que tinha em sua casa uma caixa onde ficavam guardados itens malignos. Pandora, tomada por grande curiosidade de saber o que aquela caixa continha, abriu a caixa. Várias pragas saíram da caixa; pragas que agiam tanto no corpo quanto no espírito. A única coisa que restou dentro da caixa depois que Pandora conseguiu fechá-la foi a esperança. 
A segunda versão é que Pandora era um presente sincero de Zeus para os homens. Como presente de casamento, os deuses lhe deram uma caixa em que cada um havia colocado um bem. Pandora abriu a caixa e todos os bens saíram, ficando apenas a esperança. “Essa versão é, sem dúvida, mais aceitável que a primeira. Realmente, como poderia a esperança, jóia tão preciosa quanto é, ter sido misturada a toda a sorte de males, como na primeira versão? (Bulfinch)”.
A Bíblia diz que a primeira mulher (Eva) foi criada para auxiliar Adão. Isso é descrito no cap. 2 da Gênesis, do versículo 18 ao 25. No mesmo capítulo, nos versículos 16 e 17, porém, Deus dá uma ordem ao homem, sobre uma árvore que se encontra no meio do Éden.
“E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: ‘De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás’”.
No cap. 3, há a narração da queda do homem.
“Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: ‘É assim que Deus disse: ‘Não comereis de toda árvore do jardim? ’’ Respondeu-lhe a mulher: ‘Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: ‘Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais’’. Então, a serpente disse à mulher: ‘É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal’. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.” Gn, 3.1-6
Mais para frente, Deus descobre a transgressão dos humanos e da atitude da cobra. Deus condena a cobra a rastejar; condena a mulher a sofrer as dores do parto e a ser submissa ao homem. Além disso, Deus cria inimizade entre a serpente e a mulher. O homem é condenado a trabalhar para conseguir se alimentar. 
Mais uma comparação surge. Em ambas as histórias, a mulher foi criada depois do homem (seja como castigo, seja como presente), e a curiosidade da mulher trouxe à humanidade o sofrimento. 
O poeta inglês John Milton utilizou-se da comparação óbvia entre Pandora e Eva no Livro IV, de Paraíso Perdido:

            “Mais bela que Pandora a quem os deuses
            Cumularam de todos os seus bens
            E, ah! bem semelhante desgraça,
            Quando ao insensato filho de Jafete
            Por Hermes conduzido, a humanidade
            Tomou, com sua esplêndida beleza,
            E caiu a vingança sobre aquele
            Que de Jove furtou o sacro fogo”.

 Bom, por enquanto é isso. Mês que vem eu continuo as comparações. 

VN:F [1.9.22_1171]
Rating: 0 (from 0 votes)
Be Sociable, Share!