Encontro Xenite 2012 na Ótica do Bardo Gaúcho
Saí da cama na manhã do dia 27 de Julho de 2012 para me deparar com um quarto extremamente frio e silencioso, mas eu já me encontrava sorrindo, porque eu sabia que dentro de poucas horas eu estaria longe daquele Inverno com atmosfera de sepulcro, em meio à muito calor e à muito barulho. Não um calor de temperatura terrestre, não um barulho de cidade metropolitana. Falo de calor humano, de risadas humanas, fermentadas pela saudade de amigos de quem me despedi há um ano atrás…
Tomar banho, depois o café-da-manhã. Revisar as malas. Ligar para o táxi. Desembarcar na rodoviária. Apanhar o ônibus para Porto Alegre. Tudo isso das 6h00 até às 8h00 AM. Lá pelas 10h30 AM eu chego no Aeroporto Internacional Salgado Filho, e começo a procurar o Alessandro Chmiel em meio à multidão (missão para qualquer escoteiro amador, já que localizar o Alê é muito fácil, mesmo numa floresta de ipês). Lá estava ele na fila da Gol, para fazermos o check-in. Após o abraço de cumprimento sempre cheio de frescor, nos encaminhamos para despachar as malas. Almoçamos lanchinhos que tinham o preço de um manjar do Olimpo, coisa muito típica de aeroportos, que arrancam montanhas de dinares de estômagos necessitados. Feito o forra-pança, estávamos prontos para embarcarmos no avião que nos levaria até Guarulhos, onde Chapo nos daria carona até o hostel.
Após um vôo tranquilo, onde Alê e eu colocamos em dia boa parte dos assuntos que durante um ano não conversamos nem mesmo pela Internet, descemos em SP e nos dirigimos àquele local que, para mim, é o pior momento de uma viagem: a esteira das bagagens, onde tu esperas uma eternidade ao cubo e nada de avistar a sua querida mala voltando pra você.
Pouco depois das 14h, Alessandro e eu passeamos pela calçada, com nosso carrinho de malas. O ar estava quente, eu diria que fazia uns 16°, e sorri pensando na cama gelada que eu recém havia deixado para trás. Nesse meu momento de devaneio, uma voz disse alta: “Vocês não vão mesmo olhar pra mim?”. Era Chapo, dando risada, encostada em seu carro, por onde Alê e eu tínhamos passado reto sem perceber! Mais um ótimo abraço da guria do olho brilhante, e seguimos para o hostel.
Chegando na Pousada dos Franceses, tocamos a campainha e Déh apareceu do outro lado do portão, já bastante afoita, de bermudões e de boné cobrindo sua cabeça raspada. Os abraços que a Déh dá na gente deixam tons arroxeados mais exóticos a cada ano que passa, mas dizem que o amor dói, né? Marisa logo apareceu para nos cumprimentar também, irradiando, como sempre, aquela aura de mãezona carinhosa que ela tem. Entramos para encontrar Yannara e Jasson. Yannara e Jasson… YANNARA E JASSON, entenderam?! Era o primeiro Encontro Xenite de ambos, e finalmente pude conhecer a duende Yan, tão delicada e meiga, tão parecida com minha melhor amiga de infância, como sempre digo para ela! E o Jasson, o Anjo Xenite! Com sua barba de galanteador, parecia demais com o meu melhor amigo! Xenites, se não fosse pela ajuda do Jacboy (Orkut feelings), eu não teria hoje em casa a maioria dos meus itens xenites e buffynites, porque ao longo de 7 anos ele sempre se propôs a auxiliar na realização de sonhos consumistas não somente meus, mas de tantos outros xenites! Tão bom conhecer mais dois membros de nossa família!
Alê e eu só precisávamos providenciar o check-in para nosso quarto, já que nossas diárias já estavam pagas e, portanto, reservadas há meses. Fomos apresentados às xenites Leila, Mara e Aline, que vieram para reforçar o time feminino de xenites. Leila é uma mulher tão serena, tão receptiva, que você simpatiza com ela logo de cara. A Mara não faz cerimônia para nada: já chega se apresentando em alto e bom tom. E a Aline parece estar no fandom errado, à primeira vista, por conta de sua camiseta de Star Wars, mas é definitivamente uma de nós!
No hall do hostel, de repente sinto um volume enorme sendo jogado contra o meu peito, sem que antes eu pudesse sequer identificá-lo em meu campo de visão: era Thalita, que vinha a galope para se lançar nos meus braços. O abraço mais forte que eu já recebera até então! E ela pegava no meu rosto e me dizia, sem parar: “Você está lindo! Nossa, como você tá lindo!” Como se eu não ouvisse isso todo dia, haha (brincadeira!). Thalita sempre foi, ainda é. e não tenho dúvidas de que sempre será uma de minhas melhores amigas xenites, porque por mais que ela tenha optado por não ter mais Orkut nem Facebook, nós dois continuamos a nos comunicar por e-mails toda semana, falando sobre tudo e sobre nada, filosofia, religião, política, economia, sexualidade (principalmente sexualidade!).
A Déh nos fez sentar e começou a distribuir presentes! Ganhei um cantil da Calvin Klein, revestido de couro preto! Quer coisa mais xenite que isso?? Na mesma hora lembrei do cantilzinho que a Xena usa pra cuspir álcool contra uma tocha em Mortal Beloved para incendiar uma harpia que queria pegar o Marcus! Ganhei também um suporte de parede pra chaves, com a Xeninha e a Gabyzinha de Lúcia Nobrega desenhadas dentro de um chakram. Aí eu já tava sem palavras! E veio da Leila mais um bloquinho com estampa em marca d’água sobre o EX 2012. A Déh me deu uma camiseta Culture para que eu entregasse ao Fernando, meu namorado! E o Alessandro foi distribuindo ao longo dos 3 dias de EX um marca páginas lindo de Xena e Gabrielle clássicas.
Foi então que Chapo teve de nos deixar, pois tinha compromisso com o trabalho. Nesse entremeio, chegou a Déh Ruiz para ficar conosco. Ao entardecer, começamos a assistir Sins of the Past no telão do hostel, e preparamos pipocas “de laranja”, segundo a Thalita (a embalagem alaranjada era pra simbolizar o cheddar!). Mais tarde, já acompanhando A Necessary Evil, pedimos tele-entrega de pizzas, muitas pizzas!
Mara tinha mandado uma gráfica imprimir 300 cartinhas com temática XWP para jogarmos Uno. Eram fotos lindérrimas, provenientes de um link que Mary Anne lhe passou. Só dava xenite babando em cima do baralho, loucos para “escorregar” para dentro do bolso alguma daquelas belezinhas! Depois de uma vitória da Marisa e outra minha, a Mara deixou que escolhêssemos algumas para levarmos para casa.
À noite, Jasson, Alessandro, Thalita e eu fomos para a Tunnel, uma baladinha próxima do hostel. Ficamos pouco lá dentro, em função de todas as Skols que tínhamos tomado durante o dia, isso sem falar no cansaço de viagens longas de ônibus e avião. Fomos para casa e dormimos um pouco.
Sábado. Muito legal acordar num quarto cheio de beliches ocupados por xenites! Café da manhã cedinho na mesa xenite, e já começaram as discussões sobre o que comeríamos de almoço. Mara era a mais apressada, sem dúvida alguma. Optamos por assar um churrasco, então fizemos um pergaminho bem comprido com a relação dos ingredientes necessários para a comilança. Fomos ao hipermercado Extra, e peregrinamos por diversos setores, a fim de arrecadar 14kg de carne, batatas para a maionese, cervejas, refrigerantes, pão de alho e carvão.
De volta ao hostel, encontramos o xenite Rodrigo, “desaparecido” desde o EX de 2010, pronto para nos ajudar com o preparo do almoço. Ele e Alê se atracaram em passar sal grosso na carne e colocá-la para assar sobre umas brasas tímidas, logo atiçadas pelo secador de cabelos da proprietária da pousada.
Passamos a tarde comendo, comendo e comendo carne na farofa. Apesar da preocupação do Alê (“Será que vai ficar bom esse churrasco? E se não ficar?”), todos ficaram muito satisfeitos com a delícia de almoço com tempero xenite. Somavam-se a nós agora a Xeila, xenite carioca famosa pela tatuagem bastante popular em busca de “tattoo xena” no Google Imagens, e a queridona Maryana Herz, nossa musa do rock! Kéka também chegava, cumprindo sua promessa do ano passado de passar mais tempo com a gente esse ano. O Wladimir de Brasília, veterano do fandom, também havia chegado.
No fim de tarde, após assistirmos ao episódio Chakram, as xenites “arcanjas” Suhayla e Angelina, mais Adriéli, Juliana e Elaine, juntaram-se ao nosso grupo no hostel. Tornava-se impossível enumerar por exato quantos xenites haviam lá, talvez porque ninguém ficasse parado! Era muito papo pra ser posto em dia!
A Kéka, a Herz, o Wlad, o Alê e a Yan estavam na roda de violão no sofá, e cheguei junto para cantar Fucking Perfect da P!nk, Wonderwall do Oasis e Nobody’s Home da Avril Lavigne. Mais tarde, a galera resolveu sair para beber fora, e eu fiquei com o Alê, a Xeila, o Jasson, a Mara, a Déh e a Marisa no hostel para assistirmos o AFIN. Sonho xenite realizado! Depois do comovente episódio duplo, saímos para encontrar Diéli e a turma num barzinho de calçada, onde ficamos até de madrugada debatendo sobre a série.
Dormimos um pouco e já era manhãzinha de domingo, ou seja, IBIRAPUERA nos aguardava! Passamos no Extra para compramos mantimentos para o nosso piquenique (pãezinhos, frios, mostrada, biscoitos e sucos). Chapo voltou a se juntar a nós, após seu final de semana puxado no trabalho, e zarpamos de ônibus para o parque.
Chegando ao Ibira, fomos direto à procura de um gramado com sombra fresquinha, e nos pusemos a comer. Conforme iam terminando de comer, os xenites iam se levantando para praticar arremesso de chakram de sucata, aquele mesmo chakram que eu fiz ano passado e que a Chapo trouxe da casa dela. Preciso dizer que nos divertimos pra caramba? Não, né? Cada xenite arremessava e apanhava o chakram das maneiras mais engraçadas, e iam se aperfeiçoando a cada tentativa.
O xenite Pow já chegou girando seus sais bem na hora em que uma rápida partida de futebol xenite era organizada. De um lado, Alessandro, Suhayla, Cecília e eu, contra Adriéli, Thalita, Chapo e Ju. Qual time venceu? O meu, é claro, num placar de 2×0, um gol marcado pela Su e outro pela Ceci!
Depois de uma tarde de domingo bastante “suarenta”, voltamos para o hostel, onde a Vodka da Diéli nos impeliu a jogar “Eu Nunca”, numa roda onde todo mundo estava muito disposto a extrair os pecados do passado dos colegas xenites! Resolvemos alongar a noite e voltamos ao barzinho de calçada da noite anterior, onde ficamos conversando até depois da meia-noite, planejando novos reencontros!
Bom, pessoas, meu relato até aqui pode ter soado um tanto quanto “técnico demais”, porque só vim narrando o que nós fizemos em SP durante estes 3 dias. Mas é que eu já me conformei de que é impossível colocar (ou ao menos tentar) em palavras a emoção que é estar entre pessoas das mais diversas idades e culturas, todas irmanadas (palavra que a Déh adoooora usar!) por esse sentimento de amor à série Xena – a Princesa Guerreira. É emoção demais! Não me arrisco mais a dizer que o Encontro X foi melhor que o Encontro Y, ou que o Encontro Z será mais bacana do que esse Encontro do qual acabo de retornar. Parece que a cada ano que passa tudo se soma, então sinto como se os três Encontros aos quais já compareci formassem uma série única, e é claro que eu torço para que sempre seja renovada ao término de cada temporada!
Como a Mara mesma disse, existem “xenites fãs de xenites”, porque SIM!, nós somos criaturas fabulosas dignas de admiração, tanto quanto LL, ROC e cia! Sustentamos um legado que já poderia ter se perdido no tempo, mas NÃO! A gente luta para preservar a alma de Xena e Gabrielle de virarem piada contada em rodas de machistas por esse mundão afora. Encontro Xenite é celebração, não é apenas tirar fotos com chakrams genéricos fazendo pose de grego guerreiro. Trata-se de se sentir confortado com outros amantes da sua mesma paixão, aquele gosto pessoal que 90% das pessoas que vivem em nossa cidade desconhece e despreza.
Engraçado: quando parti para participar desse Encontro Xenite 2012, eu sabia que não estava deixando para trás a minha família. Dentro de mim, eu sinto que existe uma coisa muito mais importante do que os laços de sangue. A minha definição de LAR é essa certeza de que pertencemos a algo maior, a uma coisa mais sublime, e é isso que ser xenite significa para mim: minha IDENTIDADE.
Rob