O único homem capaz de quebrar o Homem-Morcego

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Uma das coisas mais fascinantes dos super-heróis é saber que, como nós, eles estão absolutamente suscetíveis a apanhar, tanto da vida, quanto dos vilões, ou super vilões. Isso que os tornam atraentes, mas, acima de tudo, humanos. Isso nunca foi diferente na vida de Xena, ou de Gabrielle, e nem seria na de Batman, já que o Bad Boy desse mês é conhecido por ter destruído e humilhado o Homem-Morcego tanto no combate corpo a corpo, quanto psicologicamente.

Bane é para Batman quase o que César foi para Xena, um personagem caracterizado pelo simples fato de infligir mal nos seus inimigos, quem quer sejam eles, bastando apenas constituir um óbice a seus objetivos para que esteja na mira de um ser totalmente desvinculado de emoções humanas como amor, compaixão, misericórdia e discernimento entre o bem e o mal. E por oportuno, incluo aqui um paralelo óbvio entre Batman e Xena: os dois encontraram a sua maior queda da mesma maneira, uma lesão muito grave na coluna que os impossibilitou, temporariamente, de continuar, até que ambos fossem beneficiados pelo “Deux ex machina”¹ para voltar à ativa.

Criado em uma prisão muito distante de Gotham, o vilão criou diversas habilidades no mencionado combate corpo a corpo. Habilidades que vieram a ser usadas para causar o mal.

Em decorrência de uma rebelião na prisão, o personagem teve ferimentos irreparáveis no corpo, a ponto de ter a saúde sustentada por uma máscara e por um experimento de laboratório para criar um super soldado (‘venom’ = veneno) que lhe dá força sobre-humana e músculos, muitos músculos, não somente para manter uma postura altamente intimidadora, mas também para sobreviver. De forma que a sua vulnerabilidade jaz nos tubos que alimentam seu corpo.

Sua primeira aparição no universo da DC foi em 1993, “Batman: A Vingança de Bane” e, logo depois em “A Queda do Morcego”. Neste episódio das histórias em quadrinhos, o personagem empreendeu fulga de todos os grandes vilões de Batman aprisionados no Asilo Arkham, para deixar o herói cansado e, finalmente, destruí-lo. Quando Batman chega exausto e completamente desgastado de tanto trabalho para recapturar a maioria dos fugitivos, Bane o surpreende e, sendo vitorioso, aplica um golpe de misericórdia, quebrando a coluna do morcego, deixando-o paraplégico.

Os planos do vilão, tanto nas HQs, quanto no cinema, no mais recente Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, incluem a dominação de Gotham. Só que neste último, ele quer destruir a cidade, cumprindo os planos da Liga das Sombras, apresentado em Begins, primeiro filme da franquia. O vilão já foi apresentado duas vezes no cinema, uma no pavoroso Batman & Robin (reduzido a um mero capanga de Era Venenosa, interpertada por Uma Thurman), de 1997, e outra mais recente, em 2012, no encerramento da trilogia do diretor Christopher Nolan.

Na conclusão da trilogia de Nolan para o Cavaleiro das Trevas, muito bem interpretado pelo ator britânico Tom Hardy, o personagem surge ameaçador e perigoso já nos primeiros minutos da projeção. O destaque fica por conta de sua voz, que reflete uma pessoa fria e calculista, que faz com que o espectador tema a cada aparição do vilão na tela. Figurino pesado e frases de efeito ditas em uma voz arrastada, seguida de uma respiração completamente audível, refletem as intenções por trás da máscara, onde até nisso o seu interprete acerta, visto a impossibilidade de demonstrar expressões faciais em decorrência da máscara (que no filme se restringe a um gás analgésico), tão importantes na composição de um personagem. A fotografia e a direção também contribuem bastante para a composição ameaçadora anteriormente mencionada, já que constantemente o herói é visto em posição de vulnerabilidade em relação ao vilão (o jogo de câmeras faz com que Bane pareça sempre mais alto do que Batman, para mostrar, em outras palavras, ‘quem está no comando’ da situação), o que contribui para que fiquemos tensos e com medo do que acontece a seguir.

Como todo bom vilão, Bane acaba sendo destruído por sua única fraqueza: sua máscara. Por subestimar o fato de que ninguém nunca vá ousar a fazer o óbvio, que é destruir o tubo que o sustenta, ele acaba encontrando sua derrota.

¹Deux ex machina: termo originado do teatro grego, se refere a um conteúdo ou personagem incluído na trama para solucionar uma situação que foi bastante embaraçada, ou que, aparentemente, acabou sem explicação.  Caracteriza uma solução inesperada, improvável ou até irreal para um conflito.

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