Mitologia céltica: natureza, druidas e bardos

Por:

Por Cris “Barda” Penoni

 

            Bem-vindos a mais um artigo de Mitologia na RX! Mês passado, eu resolvi fugir um pouco à regra e não falei de mitologia greco-romana ou nórdica. O mesmo acontece desta vez. Só que não é para falar mais uma vez da mitologia egípcia; este mês, eu trago uma espécie de introdução à mitologia céltica.

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Durante muitos séculos, a cultura e religião celtas só foram conhecidas através de informações dadas por autores gregos e, principalmente, romanos. O motivo para isso era o fato dos antigos celtas não conhecerem a escrita. Com a cristianização da Irlanda, os monges introduziram o alfabeto latino e assim criaram as línguas escritas célticas, entre elas o gaélico. Por volta do século XII, as tradições orais – épicas e mitológicas – foram reunidas em manuscritos. Através do estudo da arte e da literatura celta, chegou-se à conclusão de que havia um substrato espiritual comum aos diversos povos célticos: um sentimento mágico da natureza e uma rejeição do realismo, sendo completamente contrária às crenças greco-romanas.
O conhecimento religioso dos celtas ficava aos cuidados da classe intelectual dirigente, os druidas. Eram sacerdotes, poetas e sábios, que desde a infância aprendiam todo o conhecimento literário e histórico, além das leis célticas. Eles, além de atuarem como juízes, ensinavam às pessoas e praticavam adivinhação, magia e sacrifícios (poucas vezes se tratava de sacrifício humano).
Os druidas ensinavam a literatura e a religião aos bardos e vates, que eram responsáveis por transmitir as histórias. Com a desaparição da classe druida, após a chegada do cristianismo, os bardos galeses e os filidh irlandeses herdaram, preservaram e ampliaram a cultura céltica, e é através da reunião das histórias bárdicas que hoje se conhece a tradição celta. As mais antigas histórias coletadas estão no Leabhar na h-Uidhe (O livro da vaca castanha), também chamado de O livro de Ulster, e o Leabhar Laighneach (Livro de Leinster), ambas no século XV. No século seguinte, importantes coletâneas, como o Livro do leão de Lismore, se juntaram a esse acervo.

            Crenças: Os celtas veneravam diversos animais, como o javali, o touro, o urso, o cavalo, o porco e a serpente. O culto, inicialmente, era celebrado nos bosques, e seguia um calendário baseado na agricultura. Suas festas mais importantes eram o Beltane, em 1º de maio, e o Samhaim, em 1º de novembro. 
O panteão destes cultos é bastante complexo e, apesar das tentativas romanas, não há correspondência precisa entre os deuses celtas e os latinos.
Havia três principais deuses: Lug – deus druida, mago, sábio e rei dos deuses -, Dagda – senhor dos elementos e das tormentas. Os gauleses o chamavam de Taranis, e ele era frequentemente representado como Cernunnos, senhor dos animais – e, por fim, Ogme – deus da guerra. 
Havia outras divindades, e as femininas, como a deusa-égua Epona, tinham grande importância nos ritos de fertilidade.
As divindades celtas não eram antropomórficas (de forma semelhante ao homem – N.R.) e não possuíam funções específicas; na maior parte, estavam ligados a esferas não tão precisas. 
Os celtas possuíam uma concepção do mundo como perpétua metamorfose, e isso pode ser exemplificado através do deus do mar, Mannanan, uma força mágica e misteriosa que escondia as terras férteis do futuro (Tir na nog, “terra da juventude”, em irlandês, ou Ynys Afallach, “país das maçãs”, em galês). Essa terra deu origem à ilha de Avalon, que se destaca nas lendas sobre o rei Artur.

            Bom, pessoal, é isso por enquanto. Se quiserem saber mais coisas sobre a mitologia celta, ou qualquer outro assunto, deixem comentários com sugestões e eu farei o meu melhor!
Até a próxima RX!

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