Maternal Instincts

Por:


Thalita

 

Após dois meses sem escrever pra revista, estou voltando, e meu episódio escolhido nada mais nada menos do que Maternal Instincts. Estamos falando do 11º da 3º temporada. É com certeza o mais pesado, tenso, depressivo e um dos mais doloridos episódios de toda a série.  O titulo não havia de ser melhor para caracterizar a obra de arte desse precioso e inesquecível episódio. 
Ao contrário de outras analises que eu fiz, onde eu tenho como objetivo alavanca o subtexto, essa será diferente. Irei descrever sobre as emoções e ações dos personagens.

Após 1 ano 2 meses e 12 dias, Xena e Gabrielle voltam para a terra dos centauros, onde Solan filho de Xena mora sobe os cuidados de Kaleipus.  Seu grande amigo por quem será eternamente agradecida por cuidar de seu filho. Solan, no entanto não sabe que a guerreira que tanto admira é sua mãe, para ele, ela é apenas uma grande amiga. Passado dois minutos de alegria, e o clima muda, estabelece uma grande tensão no ar, essa será acompanhada por nós até o fim.

Eis quem surge das chamas do fogo de dentro da terra, Callisto. Libertada por Hope, Callisto esta mais poderosa do que nunca, e agora com uma grande aliada ou seria pequena? Hope sabe que precisaria de uma grande companheira pra acabar com Xena e ninguém melhor que Call.

Ephiny e Gabrielle se encontram já se passaram muito tempo desde último dia que se viram até Xenan filho da amazona já cresceu. Elas conversam sobre os últimos acontecimentos, é nítida a tristeza da barda ao contar sobre sua filha, Ephiny como poderia de se esperar tenta consolar sua amiga.

Enquanto isso Callisto bota fogo nos totens, enviando uma mensagem para Xena de que esta de volta, e com uma grande surpresa ao seu favor.
Hope, que se apresenta para Gabrielle e Xena como Felie, aparentando ser uma menina assustada e sozinha, manda um recado para Xena. Callisto sabe que Solan é seu filho, para o desespero da guerreira, que parece nunca ter paz, até mesmo quando vai visitar  seus amigos.

Callisto junto com Hope conversam sobre o desejo de acabar com Xena. Enquanto Call deseja que a guerreira sofra do mesmo jeito que sofreu todos esses anos, Hope deseja deter Xena para que seu pai Dakan possa reinar na terra. Podemos perceber a grande diferença entre a maldade de Hope e a maldade de Callisto. Enquanto Callisto é má dentro dos sentimentos consideramos humanos (vingança), Hope simplesmente é má sem motivos aparente como se fosse algo nato. Hope é má! E não se tornou como no caso de Callisto.

Hope aparece novamente para Gabrielle.  Porém, essa Hope parece ser ingênua, angelical sutil e inocente. A barda logo se comove. Hope conhecendo a mãe usa seu ponto fraco para engana lá e dar continuidade ao seu terrível plano.

Xena e sua velha rival começam a lutar e Callisto  retornou com força total. Callisto não perde a oportunidade de jogar na cara tudo que Xena fez sentir todos esses anos, a ferida continua aberta e parece não cicatrizar.
Ainda existe a grande vingança, a guerreira precisa pagar. Sua dor pela morte da família ainda é carregada dentro de sua alma, Call não irá descansar até conseguir fazer Xena sofrer.

Enquanto isso… Na cabana, Kaleipos vai atrás de Solan, mas, é Hope que o aguarda, e apenas com a força do pensamento atravessa a espada no coração do centauro. Morre o grande amigo de Xena, “pai” de Solan, então se instala a dor no coração da guerreira, e sua luz de vingança começa se acender, já desconfia que Callisto tenha uma ajudante.

Hope conta há história delas para Gabrielle, mas, como se fosse vitima de sua mãe, a barda fica emocionada, afinal, sua filha estava de volta, era gentil, meiga, assustada, do jeito que ela gostaria que fosse. Tomada de emoção e sentimentos não tinha como raciocinar, ainda porque, Hope assume que libertou Callisto e que sentia culpada, com certeza Gabi iria perdoar, compreender e querer proteger a filha. Gabrielle com sua alma humana, acredita que se Xena conseguiu “destruir” seu lado obscuro, Hope também poderia. Gabrielle sabe que ajudou Xena na maior parte se sua transformação. Poderia conseguir com sua filha também.

Solan triste com a morte de seu “pai” pede a Xena pra ir junto com ela, mesmo sem saber de que se trata de sua mãe. Depois de muita insistência do garoto, a guerreira resolve ceder ao desejo de seu filho e irá contar toda verdade pra ele. Estava disposta a correr o risco, pois, sua responsabilidade iria aumentar, porque além de se proteger, teria que proteger o menino, sem contar Gabrielle. Mesmo com todos esses obstáculos, como uma forte guerreira aceitou assumir seu filho.

Depois de estar com Hope e ouvir atentamente sua filha Gabrielle conta para Xena sobre Callisto querer matar as crianças da aldeia. Xena questiona o motivo de Gabrielle acreditar tanto na menina, e logo descobre que se trata de Hope.
Gabrielle com as emoções a flor da pele defendi sua filha. Xena contradizendo a barda alega que Hope é a aliada de Callisto, e que é o verdadeiro diabo. Afirmando que o único jeito de matar Esperança é o veneno. Gabrielle fica cada vez mais inconformada com Xena e sua desconfiança. Ao falar que mandou a menina para cabana de Kaleipus, Xena sai correndo desesperada.
 Há uma grande diferença entre a percepção de mundo entre Xena e Gabrielle. E essa diferença é bem acentuada, os dois extremos dos personagens. Uma é instintiva, racional, intensa, desconfiada de tudo e de todos. Já a barda é mais emotiva, curiosa, sensível, humanitária, procura compreender as coisas de forma emocional, sentimental.
Enquanto Xena compreende as coisas pela sua grande experiência devida o seu apurado instinto selvagem e humano e pela sua impulsividade “sincronizada”. Sempre haverá essa diferença entre as duas. Diferenças que acabam se complementando. Tanto Xena como Gabrielle são fieis a si mesmo, e naturalmente que atritos viessem acontecer, já que ambas sentem de forma distinta.

Ao chegar à cabana, Xena vê o que jamais gostaria, o que jamais deixaria acontecer. Solan estava morto. Gabrielle chega logo em seguida e ao ver Solan nos braços de sua amiga, não acreditava, ela adorava o garoto e sabia do amor que Xena tinha por ele. Xena com todo ódio do mundo manda Gabrielle embora, e fica ali com sua dor, sua raiva, seu desprezo, o que poderia estar pensando? – Como eu, a grande guerreira poderia deixar meu filho morrer enquanto esse ainda estava tão perto dela?Agora que poderia viver com ele. Ele estava morto e nada poderia ser feito, mesmo sendo há… 
mulher mais forte  não pode fazer nada.  Seu amigo centauro já se foi, agora era seu filho.

Seus gritos de dor foram ouvidos por Callisto, que se sentia aliviada com a missão comprida. Xena ainda com seu filho nos braços chorando e sagrando por dentro, dizendo que ele era teu filho. Contando tudo que gostaria ter falado e escondeu por motivos de sobrevivência própria de Solan.
Como teria reagido Solan? O menino mais feliz e mais orgulhoso do mundo por ter uma mãe forte e reconhecida e temida por  todos.
Aquela que sempre amou e admirou. Mas, morreu sem saber, morreu sem poder ter sua alegria de conviver ao lado de sua mãe, uma das mulheres mais experiente de toda  Grécia..

Gabrielle prepara o veneno para dar a Hope, E mais uma vez a menina diabólica tenta convencer de que é inocente, mas, a Barda não se deixa levar. 
É tão nítida a tensão de Gabrielle, abraçando a filha com olhar triste, vazio e cansado.
Sua filha retornou tão mal quanto antes, esmagando seus sentimentos de tentar salva-lá.  E Xena mais uma vez tinha razão, a desconfiança da guerreira parece nunca ser infundada, pressenti o perigo de longe, como uma espécie de instinto nato. Enquanto Gabrielle é emotiva, seu lado sensível e compreensivo sempre em primeiro lugar.

Callisto e Xena se enfrentam, mas dessa vez a rival esta mais poderosa, apenas um único dedo é capaz de botar fogo em tudo. Mas, será que esse poder é maior que a dor de Xena? Xena com raiva nos olhos, como há muito tempo não víamos, todo seu lado mal volta tona. Toda a sua dor, raiva, ódio, tristeza, angustia, agonia, desespero, isso tudo que Callisto viveu todos esses anos. Era Xena que estava sentindo. Pronto à vingança de Callisto estava concluída, depois de anos lutando, ela conseguiu ferir a grande guerreira. Mas, estava cansada e vazia, até ao ver a desilusão e o peso de sua rival, Xena no fundo sentiu pena, afinal, o que Callisto iria fazer agora? Onde esta o sentindo de sua vida? Callisto estava sentindo um grande nada, que até queria embora, abandonar a luta, nada mais na sua vida valeria a pena, mesmo matar Xena não haveria graça, Xena matou Callisto por dentro anos há trás, e agora só restaria mata-la fisicamente, e foi o que fez. Agora era Xena que passaria o resto da vida com sua dor, uma dor que consome toda alma.

Enquanto isso… Gabrielle depois de dar o veneno para Hope, por alguns segundos pensa em tomá-lo. Há querida, doce, alegre Gabi pensa em acabar com tudo, tamanho a angustia que sentia tamanho o desespero de matar sua própria filha. Justo quando teve ela de volta, justo quando pensou e sentiu que poderia salva-lá, todos seus sonhos de mãe se foi. E como não bastasse tudo isso, Solan estava morto, o menino que ela tanto gostava, brincava, filho de sua companheira morreu. Era dor e sofrimento demais para só coração.
Mesmo assim não engoliu o veneno, ela não poderia, seria muito dor pra Xena, perder seu filho e sua parceira no mesmo dia, não poderia fazer. Xena ainda de longe olha para Gabi, olhar de dor, tristeza, a barda olha com a mesma intensidade. Ambas estavam realmente acabas por dentro. Estariam sentindo a mesma coisa? A mesma revolta por não ter conseguido a oportunidade de viver junto com os filhos. Em frente à fogueira com os corpos dos filhos cada uma de um lado. 
Gabrielle tenta se justificar, dizendo que poderia ter ouvido Xena.
Xena com toda frieza diz que a culpa foi mesmo de Gabrielle.
Gabrielle com o “coração na mão”, desesperada…
G- Xena eu te amo.

Xena continua com sua postura olhando fixamente para fogo ignorando o sofrimento e a declaração de Gabrielle.
Gabrielle sai caminhando para cima, segurando seu corpo em seu bastão.
Xena fica por uns segundo no mesmo lugar, se desespera ainda mais e depois caminha para baixo do lado contrario de Gabi. De repente a tela se apaga e percebemos que estamos sentados na poltrona em nossa casa, e voltamos a si mesmo.

Logo nos perguntamos Xena estaria certa em não perdoar Gabrielle? De achar que a verdadeira culpa por tudo foi da sua fiel companheira.
Ou Gabrielle não foi culpada de nada, afinal foi tudo por causa de Callisto?
Ou não seria culpa nem de Xena e nem de Gabrielle, afinal, ambas estavam apenas seguindo o instinto maternal.

 

Observação:
Bom antes de dar adeus, não poderia deixar de falar sobre atuação de Hudson, Lucy e Renee. As três arrasaram!

Hudson – Conseguiu ser mais pesada, sarcástica, fria, dolorosa do que já era. Achei tão fantástica, tão absurdamente verdadeira, que por alguns segundos passei até dar razão a Callisto. Sua dor é tão real que tive pena dela e ódio de Xena, eu digo isso por alguns segundos. Ela é demais, se superou, e fazer um personagem com o grau de negativismo e densidade de Callisto não é pra qualquer um.

Renee – Impressionante como consegue ter uma dimensão de características emocionais e fazer com uma naturalidade espantosa. Estamos acostumados em ver uma Gabrielle animada, sorridente, alegre, descontraída, mas, soube mostrar o outro lado dos sentimentos. Passou praticamente os 42 minutos, tensa, angustiada, triste, dolorida e cansada. Renee nesse episódio mostrou o outro lado da Gabrielle totalmente humano, aquele lado de dor e sofrimento que às vezes ou até muitas vezes todos nós sentíamos. Foi extraordinário.

Lucy-Aqueles gritos de dor foram perfeitos, sua intensidade e seu ódio no olhar foram marcantes. Perder 2 pessoas queridas, e ainda desprezar seu grande amor e matar sua maior rival, aja postura emocional para agüentar tanta ação, e Lucy como sempre demonstra de forma extremamente natural e habitual, como se todo o sentimento realmente fosse dela, como se o instinto viesse de Lucy para Xena.

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