Homenagens de Xena (?) à Cultura Popular
Por: Mary Anne
Por Mary Anne M.W
Olá pessoal!
Estou aqui para mais uma coluna com o objetivo de esmiuçar episódios xeníticos em busca de referências à cultura popular.
Mas esse mês será um pouquinho diferente, não serão episódios tão xeníticos assim e sim, alguns episódios selecionados da série “Hercules The Legendary Journeys”. Eu sei que nesse momento vocês devem estar pensando “Ah, o escovinha não!”, mas eu não faria isso com vocês se não tivesse um motivo, faria? Pois bem, para alívio de vocês, o que pretendo analisar aqui são os episódios de HTLJ que tem alguma relação com XENA WARRIOR PRINCESS, sendo um Crossover ou simplesmente pela presença de algum personagem pertencente à XWP.
THE GAUNTLET
Esse é o segundo episódio onde a personagem XENA (Lucy Lawless apareceu antes como outras personagens) dá as caras em HERCULES THE LEGENDARY JOURNEYS.
É também o episódio onde ela “se torna” uma boa pessoa. Esse episódio, escrito por John Schulian e Robert Tapert, foi baseado no filme de Hong Kong “The Bride with white Hair”, dirigido por Ronny Yu.
No filme, uma jovem assassina que pertence a um culto herético de artes marciais se apaixona por um guerreiro do clã ortodoxo Wu Tang.
OUTCAST
Nesse episódio há a volta da personagem Lyla, interpretada por Lucy Lawless no episódio da primeira temporada de HTLJ, As Darkness falls, antes mesmo de ela pensar em ser Xena um dia!
Outcast, por sua vez, foi ao ar quando a série XENA WARRIOR PRINCESS já havia começado. Durante uma das cenas deOutcast temos o seguinte diálogo:
Salmoneus: Lyla, Lyla, ela não te lembra alguém que nós conhecemos?
Hercules: Parando pra pensar, ela parece um pouco com a Xena.
Salmoneus: É. Mas com gostos diferentes, hein? (subtexto?)
JUDGMENT DAY
Nesse episódio, Hercules está sem seus poderes, por ter se casado com Serena. Strife mata Serena e induz Hercules a um sonho, fazendo-o acreditar que ele é o real assassino. Por isso, além de enfrentar Ares e Strife, Hercules ainda tem de enfrentar o povo da vila que quer lhe linchar. E ele está SEM poderes? Solução? Xenaaaaaaa, heeeelp! Isso mesmo, aparecem para salvar a vida do grandalhão, Xena e Gabrielle. Por isso que eu sempre digo que Xena é muito mais habilidosa que Hercules, ela não tem poder algum, e ele sem os poderes apanha pra uns meros aldeões!
Mas vamos ao que interessa, a alusão ocorre se considerarmos que no mito original de Hercules, onde ele não era um grandalhão água com açúcar, o semi-deus mata sua mulher e filhos, num momento de loucura, assim como o Hercules de HTLJ é induzido a crer que fez.
LES CONTEMPTIBLES
Nesse episódio, umas espécies de reencarnações de Hercules e Iolaus se encontram na França pré-revolucionária e são dois vigaristas! A nossa adorada Danielle Cormack (Ephiny) participa como Marie de Valle, de quem François (Robert Trebor) cobiça o dinheiro.
Robert (o personagem reencarnação de Hercules) em determinado momento diz a seguinte frase: “Bom, um por todos e todos por Marie, não?” o que nos leva imediatamente aos três Mosqueteiros de Alexandre Dumas.
Num diálogo final:
Jean Pierre (Iolaus) : Então, como nos chamaremos?”
Robert (Hercules): Que tal Robert Hood, nós tomaremos dos ricos e daremos aos pobres.
François: Isso é muito inglês.
Jean Pierre: Que tal “The Powerful Rangers”?
François: Haha, não. É isso! Imaginem um banner, nossos retratados com uma letra gótica escrito “The Four Muskrats!”
Nesse trecho vemos referências a Robin Hood, Power Rangers e Os Três Mosqueteiros.
The Chartreuse Fox (a Raposa Chartreuse), citada no episódio como sendo Marie, é na realidade uma peça com a personagem Scarlet Pimpernel, uma agente disfarçada resgatando a aristocracia francesa durante a Revolução Francesa.
O titulo do episódio é uma paródia de Les Miserables, romance de Victor Hugo onde existe o personagem nobre Jean Valjean, do qual a personagem de Danielle Cormack, nesse episódio, é uma versão feminina.
STRANGER IN A STRANGER WORLD
Nesse episódio, um mundo paralelo é aberto por Zeus, onde nossos personagens são versões distorcidas de si mesmos.
Hercules é o Soberano, Xena é sua parceira, Ares é o deus do amor, Afrodite da sabedoria, Gabrielle é uma carrasca, Joxer um hábil guerreiro e Iolaus uma espécie de bobo da corte.
O primeiro ponto interessante a se notar é uma alusão invertida. O que quero dizer com isso? Há uma cena em que a desajeitada Xena, que não tem armas, nem armadura, usa unhas longas e pretas e cabelo curto, lança o seu sapato (!) durante uma pancadaria e ele tem um efeito chakram! Anos mais tarde, a Cinderela de Shrek baixa seu lado Warrior Princess e faz o mesmo!
A frase de Iolaus “Eu não sou um número, eu sou um homem livre” (I’m not a number, I’m a free man) foi retirada da série de 1967 The Prisioner.
ARMAGEDDON NOW I
Começando pelo título que lembra Apocalypse Now.
Nesse episódio, Esperança, que não tinha morrido após tomar o veneno que Gabrielle lhe dá em Maternal Instincts, liberta Callisto e lhe dá a missão de livrar o mundo de Hercules, lhe enviando para o passado para que matasse a mãe de Hercules.
Em determinado momento Ares diz a seguinte frase:
“Você não está na Terra do Nunca agora, colega” (You’re not in Neverland now, pal).
Provavelmente todos sabem que “Terra do Nunca” é o lar de Peter Pan, do livro de Sir J.M. Barrie.
YES VIRGINIA, THERE IS A HERCULES
Essa é uma das comédias do tempo moderno de HTLJ, e ela consegue surpreendentemente ser boa, uma vez que Kevin Sorbo não aparece muito! Brincadeira pessoal!
Na realidade, Sorbo havia sofrido um aneurisma nesse período da série, logo houve a necessidade de se criarem episódios onde ele não aparecesse muito, como este, onde depois de um terremoto em LA, o ATOR Kevin Sorbo some, e por causa disso, a equipe de produção entra em pânico porque não pode dar continuidade à série.
Essa famigerada equipe é formada por alguns rostos clássicos como Hudson Leick (Callisto), interpretando a roteirista e produtora Liz Friedman, Bruce Campbell (Autolicus) interpretando um muito odiado Robert Tapert, Ted Raimi (Joxer) como um roteirista atrapalhado, Robert Trebor (Salmoneus) como um chefão do estúdio, Gina Torres (Cleópatra) como a diretora de elenco, Kevin Smith (Ares) como o mau encarado escritor principal, Jerry Patrick Brown e Michael Hurst (Iolaus, Nigel, Caronte) como Paul Robert Coyle, outro roteirista atrapalhado.
MUITO (MUITO MESMO) destaque para a nossa adorada Hudson Leick conspirando para matar o chefe – Robert Tapert – e as briguinhas dela com o personagem de Kevin Smith.
Mas vamos às homenagens!
Durante a procura de uma saída pra substituir a série de Hercules, devido ao sumiço de Sorbo, alguém propõem “Jovem Hercules” ao qual Melissa Blake refere-se como: “It would be just like The Wonder Years, but with big snakes.” (Seria igualzinho a Anos Incríveis, mas com cobras grandes). Wonder Years/ Anos Incríveis é uma série onde um adulto narra as aventuras de sua adolescência nos anos 60.
Em outro diálogo, entre Strife e Ares:
Ares: Logo as Lendárias Jornadas de meu irmão serão uma memória distante e eu poderei assistir Millenium em paz.
Strife: Eu sinto falta de Coprock.
Millenium era uma série de ficção científica sobre um agente do FBI que lia a mente de serial killers. Coprock era uma série policial que contava as histórias em formato de musical.
Sobre o título, “Yes Virginia, there is a Hercules”. Ele provém do editorial do Jornal The New York Sun, de Setembro de 1987. Os coleguinhas de uma menina chamada Virginia contaram a ela que Papai Noel (Santa Claus) não existia. O pai dela sempre dizia que o Sun sempre publicava a verdade, então ela escreveu ao jornal pedindo uma resposta. O editor Francis Church respondeu com uma manchete na página inicial com a frase “YES VIRGINIA, THERE IS A SANTA CLAUS”.
FOR THOSE OF YOU JUST JOINING US
Esse episódio é como se fosse uma continuação de YES VIRGINIA, THERE IS A HERCULES, com os mesmos personagens só que agora com a adição de Lisa Chappell como Melissa Blake, a assistente de Tapert, e Renée O’Connor, a chefe de acampamento, SunnyDay.
Com a decadência da série e o número crescente de episódios non-sense, os nossos produtores resolvem ir para um acampamento recreativo a fim de esfriar a cabeça, aprender a trabalhar em grupo e ter idéias melhores. Outra comédia muito boa, mas dessa vez com mais presença de Kevin Sorbo que interpreta ele próprio, mas o mesmo guarda um segredo: ele é o próprio Hercules. Como sempre todos estão conspirando para sacanear Robert Tapert, o que nos arranca boas risadas.
Durante um diálogo com Sunnyday (ROC!!!) é perceptível que o sotaque usado por ela é baseado no do guia turístico do filmePeeWee’s Big Adventure. Nesse filme o guia diz “Can you say tortillas?” (Você consegue dizer tortillas?), como alusão, Sunny pergunta “Can you say Navajo?”
Em determinado, se referindo a série, o personagem Paul (Michael Hurst) diz “It could be like Braveheart!”
Braveheart, ou Coração Valente. é um filme de Mel Gibson sobre o herói escocês William Wallace.
B.S.: Essa é sua idéia de programa de qualidade?
Tapert: Qual é B.S., você me conhece, eu nunca me importei com qualidade.
B.S.: Essa é sua última chance, eu quero ação, eu quero romance, quero ver Salmoneus em mais episódios e quero os roteiros até o fim de semana ou você vai vender algodão doce num parque vestido de Pica Pau *dá risada do Pica Pau*.
No final do episódio há uma cena onde eles descobrem o vilão…
Todos Juntos: B.S. Hollinsfoffer?
B.S.: Eu teria escapado se não fossem vocês, crianças intrometidas!
O modo como a descoberta foi feita, todos dizendo o nome juntos e puxando a máscara, seguida da explicação de Sorbo, é uma homenagem ao desenho Scooby Doo.
Norma Bates, a cozinheira psicopata do acampamento é uma referência ao psicopata NORMAN Bates, personagem principal do romance Psycho (Psicose).