Valquírias
Na sexta temporada, ficamos sabendo que Xena foi uma valquíria de Odin em seu passado, e o traiu fingindo-se apaixonada por ele, para que ele lhe dissesse a localização do ouro do Rin.
Principais Valquírias citadas na série: Xena, Grinhilda (transformada em um montro chamado Grindl, pela princesa guerreira, mas retornou à forma humana, graças à Xena) e Brunhilda (que apaixonou-se por Gabrielle e transformou-se no anel de fogo para protegê-la).
As Valquírias são as "Defensoras dos Assassinados" da mitologia nórdica, correspondendo às Erínias gregas. Mas elas não possuíam a ânsia grega de vingança do matricídio, a proteção da linhagem feminina ligada às Erínias. Mas, os nomes das Valquírias, tal como preservados em algumas histórias, retêm uma concepção das selvagens primais das Erínias, são eles: Hlokk (a Estridente), Goll (a Gritadora) e Skogul (a Violenta).
A mitologia nórdica foi escrita em um período de guerras extremamente patriarcal do desenvolvimento das sociedades germano-escandinavas e, por isso, as Valquírias, embora sem dúvida remanescentes de uma deusa tríplice anterior, têm estreitas ligações com o masculino heróico. Geirahod era a Valquíria que decidia a vitória nos combates, juntamente com um grupo de guerreiras chamadas "As Luzes da Noite", devido ao esplendor luminoso de suas armaduras. São as Vlaquírias também, que levam as almas nobres dos que perderam a vida nas batalhas para a companhia de Odin, em Valhala, onde essas alcançam a recompensa eterna.
Valhala é o grande palácio de Odin, onde ele se diverte em festas na companhia dos heróis que morriam em combate. Lá era servida a carne de javali Schrinnir e o hidromel fornecido pela cabra Heidrum. Quando não encontravam nos festins, os heróis se divertiam lutando. Todos os dias dirigiam-se ao pátio ou campo e lutavam até fazerem-se em pedaços. Esse era seu passatempo, mas chegada a hora da refeição, eles se restabeleciam dos ferimentos e voltam ao festim no Valhala.
Raramente se apresentavam as Valquírias como três. O seu aparecimento sempre se dava em múltiplos de três, como as Nove, ou as Três Noves e, em uma história, até como as Nove Noves.
As Valquírias tem freqüentemente inspirado poetas como mulheres guerreiras que cavalgam corcéis, armadas de elmos e lanças. Elas foram um arquétipo tão poderoso da alma nórdica, que foram vistas, em épocas ulteriores, como dotadas de uma faceta delicada e suave em sua natureza, podendo parecer como Donzelas-Cisne, capazes de voar através dos céus, carregando os guerreiros mortos para o Valhala. Os nórdicos desejavam a tal ponto suavizar e tornar agradável a terrível faceta primal da deusa que a representavam em uma forma mais branda, razão por que as Valquírias por vezes assumiam a forma de afáveis Donzelas-Cisne. Foi por isso, que elas passaram para o imaginário artístico moderno com as enormes asas laterais em seus capacetes.
Elas tinham múltiplas tarefas como:de selecionar os guerreiros mortos, que perecem na batalha ou em combate, como enfrentando um dragão, etc. Estes guerreiros mortos são conhecidos como os Einherjar, e são escolhidos para lutar ao lado dos deuses no Ragnarok. Os nórdicos acreditavam que chegaria um tempo que seriam todos destruídos, mas este tempo não chegaria inesperadamente e para este dia davam o nome de Ragnarok. Os Einherjar esperam pelo Ragnarök (O Crepúsculo dos Deuses), no palácio de Odin, chamado Valhala. As Valquírias tinham ainda a função de servir o hidromel em chifres ou taças para os Einherjar no Valhala (as donzelas-do-hidromel). E por fim ajudam ou protegem um guerreiro no campo de batalha (as donzelas-guerreiras e donzelas-escudeiras).
Três Valquírias aparecem na Völsungasaga (“A Saga dos Volsungos”) e nas Baladas Heróicas da Edda Poética. Sigrún (“runa-vitoriosa”) casada com o herói Helgi, o filho de Sigmundr. As outras duas Valquírias são Brunhild (“brilhante-na-batalha”) e Gudrun (“runa-da-batalha”), e estas duas são associadas com o herói Sigurd, um outro filho de Sigmundr. Gudrun também tem sido associada com Helgi em outra fonte, como a primeira esposa do herói.
Outra Valquíria que aparece nos poemas da Edda Poética é Svava, aquela que se enamorou do jovem herói Helgi, dando-lhe este nome e ensinando-o a falar. Svava porém seria outro nome para Sigrún, que é casada com Helgi, em outras duas baladas da Edda Poética, todas essas baladas seriam então versões diferentes de uma mesma história. Temos ainda, entre essas lendárias cavaleiras, a mais jovem Norn chamada Skuld.
Na Völuspá ("A Profecia da Vidente"-ver obs.1), da Edda Poética, vemos também descritas suas famosas cavalgadas através dos céus, imortalizada na música do compositor clássico alemão Richard Wagner. Richard Wagner, o famoso compositor clássico da tetralogia Der Ring des Nibelungen (“O Anel dos Nibelungos”), deu uma origem para as suas Valquírias, que seriam então nove filhas do deus Wotan (Odin) com a deusa Erda (Jörd), a Mãe-Terra. Aquelas que cavalgam pelos campos de batalha recolhendo os guerreiros mortos, sendo uma delas Brunhild (Brynhild), aquela que foi punida com a mortalidade.
Brunhild é a mais famosa de todas as Valquírias. Na Völsungasaga e na Edda Poética, Odin pune Brunhild, por auxiliar o rei errado a morrer em batalha. Odin então a condena a casar-se apenas com um guerreiro valente e destemido, então ela foi deixada adormecida em um Anel de Fogo, até o valente herói poder atravessar as chamas. Sigurðr atravessou através das chamas, duas vezes. A segunda vez, ela foi enganada para casar-se com Gunnar, o irmão de Gudrun, enquanto o herói casou-se com Gudrun. Por fim ela causou a morte de Sigurðr. Brunhild caída em desgosto, morre na pira funerária de Sigurðr.*
Brunhild recebe um nome diferente em uma das baladas da Edda Poética. Na "A Balada de Sigrdrífa", Brunhild é conhecida como Sigrdrífa (“estimuladora-da-vitória”), onde ela ensina para o herói a runa da vitória.
Dia 31 de janeiro é a data dedicada às Valquírias. Acreditava-se que a aurora boreal, o Sol da meia-noite dos países nórdicos, era a luz refletida pelos escudos das Valquírias ao levarem as almas para Valhala.
No primórdio dos tempos, as Valquírias foram adoradas com sacrifícios (geralmente animais), mas hoje elas possuem uma conotação mais benigna e foram trazidas para nossa vida atual. De Deusas de Guerra, passaram a representar o lado escuro de nossas mentes e corações. Quando uma Valquíria está ao nosso lado, podemos viajar à estes lugares e retornarmos mais fortalecidas. As Valquírias chegam até nossas vidas, para lembrar-nos, que assim como a semente precisa ser enterrada na terra escura, nosso espírito também necessita abraçar sua escuridão a fim de crescer.
Em cada um de nós há um herói, à deriva entre as correntes de ambivalência que se cruzam. Em cada um de nós há o arquétipo do herói, com a capacidade de fazer frente as desafios da vida. E, a única medida pela qual poderemos ser julgados quando tudo terminar, é pelo que nos tornamos diante de todas as forças que tentaram nos deter. As histórias de heróis podem nos guiar, mas cabe a cada um responder ao seu próprio chamado, individualizando-se.
A busca do verdadeiro
herói implica em uma viagem, da inconsciência até o conscientização,
das tenebrosas profundezas até as altitudes luminosas, da dependência
à auto-suficiência.
*Quem assistiu a trilogia Nórdica, notou algo muito familiar nesse trecho.