As lições de Gabrielle
Por: ABarda
Por Cris ‘Barda’ Penoni
Falar da evolução de Gabrielle já é até clichê. “Em seis anos ela deixou de ser a garotinha tagarela e inocente de Potédia e se tornou a Barda Guerreira. Deixou de ser a sidekick da Xena, passou a ser sua companheira, alma-gêmea e blábláblá…” Todo mundo já deve ter lido muita coisa sobre isso, já deve ter discutido a evolução da Gabrielle à beça. No entanto, parece que não acabam as possibilidades de abordagem sobre o tema.
Gab em “Dreamworker” – Inocência em destaque
Se pegarmos lá no início da primeira temporada, como vocês descreveriam Gabrielle? Provavelmente, como ingênua, sonhadora, curiosa, tagarela, desastrada… Era assim que ela era. Uma… criança.
Pensem agora na Gabrielle do FIN.
6 (ou 29) anos depois, uma nova guerreira forjada no calor da batalha.
Como descrevê-la? Ela é ainda a mesma pessoa, mas está tão diferente. Ela está complexa, apresenta uma profundidade inexistente lá no início. Ela agora sabe de coisas com as quais apenas sonhava em conhecer. Ela é uma barda e uma guerreira. É possível conciliar as duas coisas? É claro que sim. Os caminhos da vida dela a levaram a se desenvolver como barda (ela já tinha o talento para isso), a escrita era algo natural. Mas esses mesmos caminhos a ensinaram a lutar. Primeiro, foi o cajado, com as amazonas. Depois, em Ides Of March, a vemos lutando furiosamente com a espada. Na quinta temporada, os sais. E, na sexta, (SPOILER – FIN) o pinch e o chakram. Gabrielle vai da inocência máxima até o status de uma guerreira habilidosa.
E não é só nesse aspecto mais “prático” que vemos as mudanças de Gabrielle. As emoções dela. Não vou ser capaz de descrever esse tipo de evolução, até porque essa evolução é tão interessante que não merece ser descrita em palavras. É digna de admiração, isso sim. O mais interessante em Gabrielle é que a escuridão pode se aproximar, e às vezes, até mesmo dominar seus sentimentos por algum tempo. Mas ela sempre volta à luz que é tão característica dessa personagem. Isso é marcante.
Observando Gabrielle, sua trajetória e sua evolução, nós poderemos pensar que ela se tornou outra pessoa com o passar do tempo. Só que isso não é verdade. A Gabrielle de A Friend In Need é exatamente a mesma Gabrielle de Sins of The Past. A diferença é que a do FIN é a versão mais adulta, madura, da de SOTP.
Gabrielle nos dá algumas lições com a sua trajetória.
A primeira é que, quem tem algum objetivo deve crescer para realizá-lo. Ela não queria que Xena a ensinasse tudo o que sabia? Isso só foi possível quando Gabrielle havia crescido o suficiente.
A segunda é que as nossas experiências nos mudam de forma irremediável. Cada coisa pela qual Gabrielle passou (receber o direito de casta amazona, casar-se com Pérdicas, matar pela primeira vez, morrer inúmeras vezes, lutar com demônios, ser possuída, tornar-se um demônio, viajar para a China e o Japão…) a modificou de uma forma muito visível e irreversível. (Isso lembra aquela filosofia do lago, lá em Dreamworker… “Estará calmo outra vez, mas a pedra estará para sempre ali”). Não adianta querer não ter vivido isso ou aquilo; já vivemos. Agora é aprender o que for possível com essa experiência.
E a terceira lição que a evolução de Gabrielle nos ensina é que nós podemos manter a nossa essência. É claro que Gabrielle sofreu com as perdas e injustiças pelas quais ela passou. Ela até quis vingança, em alguns momentos. Mas ela manteve-se fiel ao que era bom dentro dela mesma. E foi isso que lhe deu força para seguir a sua busca, o seu caminho, a seu evolução.
Algumas vezes, precisamos de modelos. Modelos que nos inspirem, que nos deem força para seguir em frente. E Gabrielle, com toda a sua evolução, é um dos modelos com grande capacidade de inspirar as pessoas.