As delícias de um amor proibido.
Por: Colaboradores
*** Mel Schocair ***
Alguns poetas, anjos personificados, afirmam: “Amores vêm e vão…”; “É um contentamento descontente”; “Que não seja imortal, posto que é chama”.
Ainda assim, muitos procuram a eternidade de um amor autêntico, um amor que drible as intempéries das relações desgastantes e mornas. Todos investem tempo, gastam saliva, estudam perfis, freqüentam analistas, como se houvesse fórmulas prontas ou Pedra Filosofal que transformasse ilusão passional em paz emocional.
Amor inesquecível, imorredouro, é o que não pode durar mais que os instantes de intensa entrega. Esses enlaces perfeitos morrem na hipocrisia social que se reveste de puritanismo, sob as vestes fantásticas da falsa moral, sem se permitir compreender: o negro e a loira – “Que absurdo!” ou “Tinha que ser loira, né?”- a mocinha – “Dezoito anos, menina!” – e o senhor na flor da maturidade; o bom rapaz – “Que pena que é espírita!” com a jovem cantora gospel; o padre “Que padre safado” e a fiel por quem se apaixonou à excomunhão e por que não dizer: a jovem menina “tão novinha, já está perdida” e outra jovem menina – um pouco mais velha – “Você levou minha filha para o mau caminho”. (?)
Amores são desafios constantes, pois requerem compreensão, renúncia, amizade, respeito. Amores são efêmeros, imortais, posto que não dividem a mesquinhez, não cobram o amanhã, não se esgotam nos diálogos acalorados por um pedaço menor de bolo, um copo de refrigerante ou uma coxa de galinha no almoço dominical. Amores são vividos por inteiro, já que não admitem, embora entendam, a impossibilidade natural de subsistir.
Até o dia em que todos os seres humanos entenderem que não pode haver limites para o amor, não existirá felicidade mais doce do que provar as delícias de um amor proibido.