Alessandro, o escritor por trás do GP e do BP!
Por: Robson Mechlowicz
Olá Xenites,
Depois de dois meses sem entrevista, eu voltei!
Este mês trago aqui a entrevista com nosso Xenite Alessandro, que recentemente escreveu uma monografia sobre Xena em sua faculdade. Ele conta um pouco sobre essa experiência e responde a perguntas sobre o xenaverse em geral.
Lucy: Olá Alessandro! Primeiramente vou começar lhe fazendo perguntas básicas. Como foi que você conheceu Xena?
Alessandro: Foi em meados de 2000. Já devo ter falado dessa experiência em uma crônica, mas posso contar outra vez sem problemas. Na época eu tinha 10 anos, e só conhecia XWP de uma época remota do SBT – quando eu não gostava do programa, por ela “sempre estar em lugares marrons” – e através do jogo de Playstation 1, que gostei muito. Meu pai tava zapeando os canais da SKY quando ele passa pelo canal mosaico, e as imagens de Xena movendo sua espada passavam na tela. Meu pai pulou o canal e eu berrei um “volta lá!” e pude ouvir “Xena, no USA”. Quando assisti pela primeira vez – por coincidência o episódio SINS OF THE PAST – me apaixonei na hora. Nascia a maior heroína da minha vida.
L:Acho que muitos de nós Xenites vimos que você apresentou um trabalho sobre XWP na faculdade…
A:Sim, sim, na verdade eu não apresentei, mas escrevi uma monografia envolvendo
tradução e XWP.
Recentemente eu encaminhei o trabalho para publicação, que deve estar impresso até o final do ano.
L:Como surgiu essa ideia de fazer uma monografia de XWP?
A: A monografia era uma tarefa de avaliação final exigida para a cadeira de Tradução: Teoria e Técnica do curso de Letras – Bacharelado aqui da UFRGS, que forma tradutores e revisores. Escolhendo o tópico sobre intertextualidade – basicamente, a noção de que todo texto está sempre ligado a outro(s) texto(s) -, eu não havia escolhido trabalhar com XWP de primeira. Estava com a cabeça no filme A LIGA EXTRAORDINÁRIA, onde havia 8 personagens das literaturas britânica e americana na trama, e seria legal focar o diálogo e suas adaptações dos livros para o filme, dando conta do intertexto. O fato é que após ler 6 livros e meio para o projeto, quando reassisti o filme, não havia NADA com que eu pudesse trabalhar.
Faltava apenas uma semana, e o desespero bateu. Até que minha colega e amiga Vânia jogou essa: “Ah, Alê, faz sobre a Xena”. Eu ri, dizendo “Ah sim, claro, fazer sobre a Xena, imagina…”. O fato é que no dia seguinte, indo para a faculdade de ônibus e mais desesperado do que nunca, finalmente me dei conta de que a sugestão não era uma piada, e tinha MUITA coisa com que eu poderia trabalhar e um fator essencial ao mísero tempo que eu tinha nas mãos: eu não precisaria de uma pesquisa muito forte, porque eu já havia estudado por anos, afinal de contas! Após uma semana de trabalho árduo, com a ajuda de alguns Xenites – em especial a Mary Anne – eu consegui terminar.
L:Como você procurou Xena nesse trabalho?
A:Bom,tentei manter ao máximo o fator acadêmico – a seriedade do trabalho, centrando a pesquisa e os seus objetivos, não dando ênfase à grandiosidade do seriado -, mas o lado Xenite gritava mais forte aqui e ali. Eu precisei estudar as legendas amadoras e os trechos onde o seriado fazia alusões a obras exteriores, ou seja, incontáveis referências!
Num primeiro momento, eu deveria criar uma parte introdutória para aqueles que não conhecessem a série, então dediquei um bom espaço do trabalho na apresentação da série e do quanto ela foi importante na cultura americana e mundial, inclusive.
L:De que forma a Mary te ajudou?
A: A ajuda da Mary Anne foi imprescindível, não somente nas dúvidas de última hora como na parte da pesquisa, na escolha dos trechos mais curiosos do roteiro, nas fontes, na Enciclopédia Xenítica que eu nem sabia que existia, enfim, até mesmo tendo o nome
dela online no meu MSN já me dava forças para fazer um trabalho digno de XENA.Acho que nunca disse isso pra ela, mas eu AMO TU, viu Mary Anne? Obrigado sempre.
L:Você teve que mostrar pontos negativos da série?
A:Ah sim, eu não deixei de falar nas restrições financeiras da Universal nem dos “defeitos” especiais, mas eu tratei isso como mais um fator que contribuiu para toda essa grandiosidade, uma vez que XENA vive até hoje mesmo não sendo a melhor obra em termos de tecnologia etc.
L: Seu trabalho deve ter ficado ótimo. O que seus professores e colegas acharam dele?
A: Meu trabalho foi selecionado entre os 12 melhores, e isso me deixou muito contente. Dos meus colegas eu só recebi elogios, e alguns ficaram encantados com a conquista disso para mim e para a série como um todo. Eu nem me dei conta, no começo, de como isso poderia afetar de modo positivo o fandom brasileiro. Minha professora que orientou o trabalho, Patrícia Reuillard, deu todo o apoio para o projeto, mesmo quando precisei mudar o tópico de última hora. Lembro de ela perguntar se eu conseguiria arranjar tudo a tempo. Na hora eu devo ter dito algo como “Deixa comigo”, mas queria muito ter dito “Eu tenho muitas habilidades”, como todo Xenite que se preze.
L: Você deve ter ficado muito orgulhoso, com uma sensação de vitória por conseguir trazer pra dentro de sua faculdade uma paixão muitas vezes discriminada por pessoas que não conhecem a série. E você pelo que parece mostrou a importância e o que Xena representou na vida de muita gente…
A: Na verdade o trabalho foi feito individualmente e entregue à professora responsável por dar a nota final. Este trabalho só chegará às mãos dos outros colegas através da publicação, então não deu para “se gabar” muito. Mas eu jamais faria algo do tipo, tenho certeza que meu trabalho poderia ter sido ainda melhor e de que há trabalhos com tamanha ou maior qualidade. Assim que tiver publicado, será um prazer disponibilizá-lo para os Xenites brasileiros.
Quanto à sensação de vitória, logicamente foi gratificante ter alcançado uma boa nota através de XENA, sem dúvida. Xena me salvou outra vez, é realmente minha eterna heroína.
L: Durante a vida, enquanto Xenite, você costuma ouvir comentários desagradáveis a respeito do seu gosto pela série?
A: E qual Xenite nunca ouviu? Eu cansei de brigar sério com amigos meus na escola, discutir com meu irmão e com estranhos a respeito do valor da série. Algo que acredito que quem gosta de verdade já teve de passar. Até pretendo, em breve, escrever uma crônica sobre sentir vergonha de gostar da série. Acho que os principais fatores que geram certo preconceito é a qualidade da série em termos de efeitos especiais como já dito, o tempo que a série foi produzida que faz muita gente dizer que XENA é uma série velha, e exponencialmente o fator de Xena & Gabrielle possuírem esse “algo a mais” na relação. Desse tipo de preconceito meus ouvidos já estão gastos, mas eu jamais vou baixar a cabeça para quem venha criticar XENA e qualquer um desses aspectos. Tudo e todos têm defeitos no fim das contas, e a maioria nunca assistiu XENA de verdade.
L:Que conselho você daria a outros Xenites que convivem com esse tipo de preconceito e costumam ouvir comentários maldosos em relação a série?
A: Não sei se sou bom em conselhos, mas sempre gosto de dar minha opinião. Acho que o Xenite que sofre algum tipo de comentário abusivo – assim como qualquer pessoa que goste de alguma coisa – deve buscar a verdade dentro de si, o que XENA representa para ele/ela no seu íntimo e no seu mundo. A melhor forma de defendermos XENA é mostrarmos nosso amor pela série sem medo de sofrer críticas. Eu sofri muito enquanto tive vergonha de admitir que XENA fosse a série da minha vida, mas a partir do momento em que confessei para mim mesmo a importância inigualável de XENA para mim, as pessoas ao meu redor começaram a tentar me compreender, a ouvir sobre XENA e a me admirar como fã, como Xenite. Adoro aquela comunidade do Orkut ASSUMA SEU AMOR POR XENA (< http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=21610116 >), eo título diz muito por si só.
L:O que mais te chama atenção na série?
A:Pergunta difícil e perigosa! Hum… Acredito que seja essa “coisa” (porque não sei definir exatamente o que é) que transcende a série como um programa de TV ou como um seriado de que a gente gosta. É essa “coisa” de ir além de uma história de aventura de uma guerreira em busca de redenção e sua amiga fiel. É algo que mexe lá dentro e que dá uma reviravolta na alma toda vez que o nome XENA aparece na minha cabeça. Talvez por isso seja tão difícil explicar o porquê gosto tanto de XENA para quem nunca viu. É algo intrínseco a quem assiste e reconhece os traços de valor no seriado, e que antes de conhecer o pessoal da comunidade jamais pensei que outra pessoa pudesse sentir. Pode ser que a melhor definição, entre as hipóteses, seja a capacidade que XWP tem de produzir esse arrepio desde 2000 até hoje. E quanta gente já me disse que isso era passageiro…
L:Você tem muitas coisas de Xena em casa?
A: Bom, eu tenho um quadro de Xena na parede do meu quarto, e os DVDs da primeira temporada lá na sala, bem como aquela edição de episódios de XENA e HÉRCULES da Universal. Eu tenho também uma caixa de XENA, onde guardo desde episódios em CD até revistas em quadrinhos, notícias, reportagens em outras revistas, imagens… Se o assunto for software, eu tenho uma pasta de muitos gigas contendo imagens, músicas e afins que nunca saem do meu PC.
L:Como é seu relacionamento familiar em relação a Xena?
A:A maioria realmente não dá bola, acha que é só mais uma das bobagens que eu gosto. Nos últimos tempos meu pai, minha madrasta e minha tia vem prestando mais atenção quando o assunto é XENA, mas é um longo processo.
L:Em que Xena mais marcou sua vida?
A:Uma das coisas que mais me marcou foi o fator identificação. Ao longo dos anos eu cada vez mais me enxergo através de Xena e Gabrielle, e esse reflexo permeia a minha vida como um todo. XENA moldou muito das minhas atitudes e pensamentos, e não raro eu penso nelas como pessoas a se espelhar na hora de agir e tomar decisões. Se sou o que sou hoje, devo grande parte a Xena. E a Gabrielle, claro.
L: Então, pode-se dizer que Xena mudou sua vida! Certamente há um Alessandro antes e depois de Xena…
A:SEM DÚVIDA! Posso dizer com certeza mais que absoluta: eu não faço ideia de quem seria hoje sem XENA.
Olha, o processo todo eu não vou contar porque está tudo na crônica que saiu na RX nº03, de agosto de 2008 (< http://revistaxenite.vndv.com/cronica5.html >). Mas respondendo objetivamente, acredito que eu sempre estive em busca de alguém em quem me espelhar, alguém completo como Xena foi para mim. Eu admirava muito quem lutava, sempre gostei especialmente de heroínas, pelo fato de serem mulheres que não se rebaixavam aos homens e podiam lidar de igual para igual com eles. Sempre me fascinei por esse lado Davi contra Golias, e quando criança – e mesmo hoje em certos momentos ainda – me sentia muito como Davi. Fiz a comparação agora, mas acho que posso me colocar no lugar do menino triste do episódio piloto, o qual Xena causou-lhe danos de início – quem leu a crônica entende – mas depois lhe leu de comer e alguma esperança nos trotes sobre Argo que se seguiram. Como Xena, tive todo um processo de Fênix, ou seja, um renascimento antes, durante e pós XENA. O melhor de tudo é que essa influência nunca terminou e volta e meia me surpreendo com alguma coisa da série.
L:Você sempre gostou de Xena na mesma intensidade? Desde 2000 até hoje?
A:XENA sempre foi forte em mim, sem dúvida, mas a intensidade varia como qualquer amor na vida. Hoje eu consigo viver plenamente uma época muito feliz com meu lado Xenite, em especial pela existência da RX, ideia DOS DEUSES que a Maryana Raposo teve. Preenche minha vida e prova que Xena VIVE.
L: “Hoje consigo viver vive plenamente uma época muito feliz…” Antes não vivia?
A:Quis dizer que hoje, depois de tanto tempo e tanto caminho andado junto de XENA, tenho outra percepção sobre o que ser Xenite significa. Ter orgulho, prezar o
Bem Maior, lutar por um mundo mais justo, tudo que a série nos transmite.
L: Qual seu maior sonho em relação a Xena?
A:Conhecer Lucy Lawless e Renée O’Connor, claro! Também gostaria de conhecer Robert Tapert e agradecê-los imensamente por terem mudado a minha vida e transformado-a em algo muito melhor.
L:O que você mais admira no fandom xenite?
A:O respeito, a união e a amizade que existe. Sinceramente, PRECISO falar mais
alguma coisa sobre os Xenites?
É simplesmente delicioso conhecer este lado XENITE do Alessandro. Eu fiquei com uma dúvida… Quem é Lucy? Quero dizer a entrevista está assinada pelo Robsom mas quem faz as perguntas é Lucy. Não entendi isso mas esta visão que o Ale tem da Xena e de sua relação com ela é maravilhosa. Brigado por partilhar e sempre que possível façam uma referencia a artigos da RX pra que nós que estamos chegando possamos nos dar conta do que há nos artigos e cronicas que podemos não ter visto ou dado a devida atenção. Parabéns.