A Maldição do Anel
Por: Yannara
Yannara Marques
Aviso: Pode conter revelações sobre o enredo.
Qualquer Xenite fã da trilogia nórdica, ao passar os olhos pelo DVD desse longa, já vai deslizando os dedos sobre o objeto para ver mais de perto a capa.
Empolgante, bem feita e chamativa, porém nunca julgue um filme pela capa.
Lançado em 2004 e dirigido por Uli Edel, o filme A Maldição do Anel (Ring of the Nibelungs / Curse of the Ring), é baseado no mito germânico (um pouco diferente da versão islandesa mostrada em XWP), logo de início mostra o garotinho Siegfried, que em meio a um ataque no reino de seus pais é colocado num barco na tentativa de salvar-lhe a vida.
Logo mais é encontrado por um bondoso ferreiro que o adota como filho. O garoto então cresce trabalhando na ferraria sem conhecimento de sua ancestralidade real
.
Um dia um barco de passagem o leva a conhecer a habilidosa guerreira, rainha da Islândia, Brunhilda, e a derrota num combate, bem como as runas haviam profetizado, jamais outro o faria.
Depois de se conhecerem a fundo (sim, tem subtexto nisso), seguem caminhos separados com a promessa de um dia se encontrarem, e enquanto isso, lembrar para sempre de seu amor.
Siegfried vem para o reino da Burgun, onde ele ganha o respeito do Rei Gunther e o amor da Princesa Kriemhilda. Porém, uma poderosa e má praga, na forma de um dragão, assola o reino, e cabe a Siegfried, armado apenas com a espada forjada com o metal dos deuses, matar o dragão Fafnir.
Nosso herói o mata ganhando com si a fama e imortalidade após se banhar com o sangue da criatura, e se apodera do ouro do dragão, mesmo avisado pelo Nibelungs (donos do tesouro) sobre a maldição que lhe cairia.
Uma profecia, um dragão, uma rainha, um príncipe que desconhece sua origem, tesouro amaldiçoado…
Tudo vai bem…chato.
Até quase a metade, do filme, não aparenta ser mais que um “sessão da tarde” melhorado.
Fizeram um ótimo trabalho com a trilha sonora e direção de arte, mas já não se pode dizer o mesmo da atuação de de Benno Fürmann (Siegfried), onde umas legendas do tipo [triste], [feliz], [entediado], [sofrendo] durante suas cenas viriam a calhar, já que a cara “super expressiva” do ator não ajuda muito.
Então o filme é tão ruim assim?
Sabe aquela sensação de mastigar chiclete que já acabou o gosto?
Você fica ali mastigando, mastigando instintivamente algo insosso.
A estória começa boa, mas chegou num ponto em que, parece, o chiclete perdeu o sabor.
Parece.
Voltamos aqui ao crime do parecer.
Afinal, estórias dão voltas, e ainda havia muita estória pela frente.
Já perdendo a esperança – sem trocadilhos –, quase na metade do filme inicia-se uma rede de tramas e reviravoltas do tipo que te deixam estático pelo resto da seqüência.
O Conselheiro de Gunther, que cobiça o ouro para si, usa magia negra para fazer Siegfried apaixonar-se por Kriemhilda e esquecer Brunhilda. O protagonista viaja à Islândia, não para se encontrar com o amor que os deuses escolheram para ele, mas para, disfarçado de Gunther, ganhar a mão de Brunhilda para o rei.
Quando a verdade começa a vir a tona e antigos conflitos se inflamam, segue-se uma história intensa sobre ganância, glória, amor, perdão, heroísmo, sacrifício e destino.
E encerra com uma frase que qualquer Xenite que assistiu até o FIN entende muito bem seu significado:
“Todos que caminham sobre a terra devem morrer, mas o verdadeiro herói nunca morre. Em nossa memória ele viverá para sempre”.
No fim, A Maldição do Anel surpreende até mesmo quem já conhece a lenda. E prova que aquela primeira impressão sobre a capa não estava de todo enganada.