How To Bring Back Your Lover
Por: Mary Anne
P How To Bring Back Your Lover or Mary Anne M.W.
Ser uma xenite e ser fic-writer (escritora de fic) e leitora de fics me traz um problema. Vejo ubers em todo lugar. E quando digo isso, a situação abrange desde filmes, outras séries e livros.
Parece cômico, ou até divertido procurar uber-Xenas e uber-Gabs em toda obra que se tem contato, principalmente quando no meu caso, na qualidade de Estudante de Letras se é bombardeado com “trocentas” obras por ano para se ler, mas tem horas que a coisa fica SÉRIA!
Isso me ocorreu essa semana, quando na aula de literatura americana, o professor nos deu um conto do livro “Histórias verdadeiras de fantasmas”, chamado “A Aparição da Senhora Veal”, de Daniel Defoe – o mesmo autor de Robson Crusoé.
A história basicamente é sobre duas grandes amigas, a senhora Veal e a senhora Bargrave, duas mulheres “intimamente ligadas desde a infância”.
Ambas as mulheres juraram amizade eterna, mas pelo cruel destino foram separadas. Anos mais tarde, numa manhã, enquanto Bargrave sentada em sua casa, sozinha, lamentava sua vida desafortunada, Veal bate à sua porta vestida em roupa de montaria (me pergunto se tínhamos um uber-Argo oculto nessa história) para lhe fazer uma visita e consertar erros do passado. Não tão surpreendentemente (devido ao título), descobrimos mais tarde que na realidade a Senhora Veal havia morrido recentemente, logo, era um fantasma – fato que Bargrave, no entanto, desconhecia.
Atentem ao curioso trecho transcrito abaixo:
“Mas ela fez menção de se aproximar, com o que concordou a senhora Veal, até que seus lábios quase se tocassem”.
Inevitavelmente ao ler esse trecho fiz uma viagem mental até a cena ícone do subtexto xenite, o beijo de “The Quest”, onde Xena, na qualidade de fantasma, “beija” Gabrielle.
De acordo com a teórica Terry Castle, o não acontecimento do beijo e a figura do “fantasma” remetem ao modo como a relação homossexual era tratada na época, com uma barreira que impedia a realização das necessidades das personagens, devido aos paradigmas sociais do século XVIII.
Dois séculos mais tarde, Robert Tapert usou o mesmo recurso que Daniel DeFoe,provavelmente pelo mesmo motivo. Será que muita coisa mudou desde lá?
Mudando ou não, esse foi mais um casal de ubers para minha coleção mental, que ganha lugar junto de Maria e Robert Jordan, de “For Whom the Bell Tolls”, mas desses eu falo em um outro artigo.