Por: Mary Anne

Por Mary Anne M.W.

Ok. Sei que ao escrever esse artigo estou me sujeitando às pedras de uma parcela do fandom, mas nem por isso deixarei de me expressar.
Como vocês podem constatar pelo título, estou aqui para falar das Uber-Fics.
O que são Uber-fics?, os menos ambientados com o universo fanfic podem se perguntar.

A primeira menção de fanfics uber foi feita pela dona do site Whoosh, Kym Taborn, e a primeira fanfic considerada Uber na história do Xenaverse foi “Warrior’s Heart”, de Darkone.
Do que se trata o uber afinal?

A Uber-mania surgiu no momento em que foi ao ar o episódio “Xena’s Scrolls” da segunda temporada da série, dando início à viciante atividade de colocar personagens com características físicas e psicológicas iguais às de Xena e Gabrielle em ambientes e épocas diferentes.

O sub-gênero – que é presente em sua maioria na parcela Alt das fanfics – representa pelo menos a metade do Universo de fics do fandom xenite, e obviamente brincar com nossas personagens jogando-as em situações diferentes da Grécia antiga pode ser muito divertido, e é um dos fatos que mantêm a produção de histórias ainda tão ativa mesmo vários anos após o fim da série.

Até aqui nenhum problema.

Mas do que eu venho a reclamar aqui é da banalização do sub-gênero uber e do Universo das fics de um modo geral.
Não tem muito tempo em que escrevi esse artigo:
http://literaturaxenite.blogspot.com/2008/03/save-our-plots.html
O artigo reclama da cada vez mais constante necessidade das fics se transformarem num plot-what-plot (“enredo, que enredo?”). Esse é um fenômeno ainda mais constante quando se trata das uber-fics, mas o que mais incomoda é perceber que muitos escritores perdem o principal foco de que, embora ubers, as personagens AINDA são essencialmente ligadas à Xena e Gabrielle.
Tem se tornado cada vez mais raro encontrar uma mínima menção em tais fics que lembrem nossas personagens.
Provavelmente o fator XWP chega a passar despercebido, se não soubéssemos de antemão que o que estamos lendo é uma “uber fic” de “Xena”
O que é ainda mais frustrante é ver escritores que sequer são fãs da série construindo personagens com o padrão uber para ter um público garantido e uma aceitação mais fácil entre os aFICcionados. Padrão, me refiro a padrão físico, porque na maioria das vezes as personagens não lembram nem de longe a personalidade, o psicológico e a mágica de X&G.

Nacionalmente falando, podemos contar nos dedos as fics ubers que tenham alguma ligação com XWP realmente.
Internacionalmente falando, não chega a ser quase impossível, mas são escassas realmente, motivo pelo qual diminuí consideravelmente meu ritmo de leitura de fics uber. Simplesmente não há mágica, não há ligação, não há a química que tão bem conhecemos. Não há X&G. Há pegação, há erotismo, há sexo, há – por muitas vezes – vulgaridade, e como diz a colega fic-writer Mary Stocks, descrições quase ginecológicas. Uma imagem distorcida desse gênero literário que chamamos de FANFIC, porque tais fatores achamos em qualquer conto erótico vagabundo.

Também não estou dizendo que obrigatoriamente todo personagem uber devia ser um “update” da versão clássica que o cânon nos mostrou. Os ubers originais – reencarnações e descendentes – não se detinham a esse padrão, mas tinham a essência xenite. Brincar com a construção dos personagens e jogá-los em lugares inusitados, tomando atitudes inusitadas e vivendo situações inusitadas pode ser divertido, mas é legal lembrar que AINDA são personagens ubers e, para que sejam rotulados como tais, devem ter nem que seja 0,1% de Xena e Gabrielle, coisa que infelizmente é raro encontrarmos, e é nesse momento que o texto perde o status de fanfic. Não que isso seja ruim, mas seria a hora dos escritores pensarem um pouco antes de dizerem de boca cheia que são fic-writers. Contistas, romancistas, talvez, mas se entro num site pra ler fanfics de XENA, o mínimo que espero é algo xenítico.

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