Valente – The Brave One
Por: Nara Morgan
Tainara Nogueira de Souza
Como Mary é muito requisitada, e às vezes (quase sempre) ela fica muito apertada e não dá para ela preencher tudo, então eu comentei com ela sobre o filme que tinha alugado e, se fosse bom, eu falaria dele.
Fui à locadora com a intenção de alugar algum filme que me fizesse lembrar Xena. Procurei algo mitológico, lutas, e do nada eu achei o filme Valente. A princípio, o filme não parece ter muito a ver com XWP. É um filme de suspense e que aborda temas que muitas vezes foram também abordados em Xena. O que me chamou atenção foi a sinopse que dizia que Erica, uma popular apresentadora de rádio de Nova York, viu seu noivo morrer e, ela mesma, também quase virou vítima fatal de um inesperado e selvagem ataque. Agora ela descobria dentro de si uma pessoa que lhe é totalmente desconhecida, alguém que vaga pela cidade à noite, armada e em busca de vingança, em conflito consigo mesma. Bem Xena, isso. Erica e seu namorado com quem iria casar são espancados, ele morre e ela fica inconsciente por alguns dias.
Erica fala no filme que quando amamos algo, toda vez que um pedaço dele se vai, você perde um pedaço de si próprio, de como é difícil reviver tudo. Ela começa a se sentir perseguida, fora do ar, sem rumo. Morrer já não importa mais.
Uma senhora diz para Erica que há muitas maneiras de morrer, mas é preciso achar uma maneira de viver… E isso é o mais difícil. Eu me lembrei da frase em que Gabby fala para Xena no episódio “Xena Contra o Exercito de Persa”.
Gabby: “Me ensinou que há coisa na vida as quais vale a pena morrer”.
Quando Erica mata pela primeira vez, não exatamente para fazer uma justiça com o que aconteceu com ela, mas sim por medo, talvez, ela sente o poder, talvez o mesmo poder que Xena sentiu quando matou alguém pela primeira vez. Mas as mãos de Erica tremeram. Será que de Xena também?
É quando Erica fala que é surpreendente, estarrecedor, descobrir que dentro de você há uma nova pessoa estranha. Uma pessoa que tem seus braços, suas pernas, seus olhos, que continua andando, comendo, e continua vivendo.
Um detetive determinado começa a se interessar por Erica. O futuro de Erica é incerto, mas de uma coisa todos têm certeza:Valente é um filme tenso que desfere um soco emocional contra a boca do estômago.
Chega um ponto em que Erica aceita o que se tornou. Assim como Xena, ela tinha que viver… Xena não queria desaparecer.Xena cresceu livre e feliz ao lado dos irmãos e da mãe, até que sua vila é atacada por um exército. Seu irmão, Lyceus, morre no confronto.
Erica também era livre e feliz. Ela mesma diz que é horrível temer o lugar que parece ser o mais seguro, o lugar que um dia você amou, ver uma esquina que você conhecia tão bem e ter medo da sua própria sombra.
É difícil você entender como as pessoas têm medo, pessoas com medo de pessoas, da escuridão, da noite. Em minha opinião as duas sempre acharam que o medo pertencia aos outros e que ele nunca as atingiriam. E então ele atinge. Como Erica disse, quando ele atinge você descobre que ele esteve lá todo o tempo esperando, sob a superfície de tudo aquilo que você amava. E é nessa hora, creio eu, que seu coração adoece. Às vezes me pergunto se Xena se perguntava se um dia, um dia voltaria a ser o que era.
E depois que Erica mata novamente e Xena também… as mãos já não tremem mais.
Quando as mãos não tremem é a vantagem de estar do lado certo.
Será que Xena encontrava lugares e coisas quem nem ela sabia que existiam? Ou elas encontravam Xena?
Tanto Xena quanto Erica nunca voltariam a ser o que eram antes. Aquilo tudo que um dia se foi desaparece e acaba se tornando uma pessoa estranha. É quando nenhuma das duas podia parar para a morte, porque a morte gentilmente parou para elas.
Xena monta seu próprio exército e começa seu caminho de destruição e conquistas. Ela achava que podia machucar os outros, fazer o mal e sair ilesa, não queria saber as marcas que iria deixar e isso não assombrava ela. Matar com as próprias mãos, esperando que tudo simplesmente termine.
Erica e Xena se sentiam como Xena mesmo descreve:
Xena olha para um rio e fala pra Gabby que já foi assim (calma como a água); daí ela joga uma pedra (a água mexe), e fala que ficou daquele jeito; então a Gabby fala pra ela que depois a água fica calma novamente; então a Xena conclui: “Mas a pedra continua lá”.
Assim como Xena que tem Gabrielle, onde as duas trilharam um novo caminho, permeado pelo desejo de fazer o bem, destruindo as forças do mal pela força do poder que emana do amor e da amizade, Erica tem o detetive que a tira desse mundo estranho e escuro. Erica tem momentos Xena, Gabrielle e principalmente Callisto.
Enfim, um filme com boa produção; trilha sonora e atuação esplêndida de Jodie Foster (Erica Bain) e Terrence Howard (Detetive Mercer). Recomendo que assistam, para assim saber mais detalhes.
Tainara Nogueira de Souza