Virgil e os Bardos Homens

Por:


Por Robson Cardoso

 

 

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   Desde que adentrei o Orkut, em 2006, e adotei as comunidades de Xena como minhas primeiras favoritas, vim recebendo muitos comentários sobre a minha personalidade, ora temperamental, ora sensível. Mas o traço que os Xenites mais destacam em mim é minha habilidade de escrita, daí o meu apelido no nosso fandom: bardo. E daí a surgirem comparações do Robson com o Virgil, o poeta filho de Joxer e Meg, foi questão de pouco tempo.

   Da onde teria surgido a paixão de Virgil pela escrita? Certamente foi através dos pergaminhos de Gabrielle, que Joxer lia para seus filhos ao longo do sumiço da autora dos mesmos por longos 25 anos. Virgil não poderia ter herdado de Joxer nem de Meg esse gosto. Eu também fui assim: nunca tive em quem me espelhar pra puxar essa paixão. Ler, devorar livros, escrever e registrar tudo que rolava à minha volta, criando pilhas de cadernos de arquivos, sempre foi uma coisa muito íntima minha, vinha de dentro.

   Houve um tempo em que eu pensava que essa minha sede de escrever devia-se à minha pouca confiança na minha memória e, por medo de perder no esquecimento as emoções que vivi, eu ia deitando elas no papel, pra caso algum dia me faltasse a lembrança, eu teria uma fonte à qual recorrer. E me apoiando nessa ideia de segurança, eu me descobri amante das palavras. Jamais permiti que elas me dominassem, mas eu não era um tirano sobre elas: eu sempre esperava a inspiração me atingir, preferia convidar cada sílaba a ilustrar as espirais aqui da minha fértil mente.

   E como flui! Quando tu te descobres bom numa coisa, como não amá-la? Dedicação é a alma do negócio de quem deseja se expressar por palavras, porque o maior inferno dos bardos é ter uma ideia genial na cabeça, e não saber COMO escrevê-la. Engavetar rascunhos é algo que todo bardo já fez. Mas bardo que é bardo não desiste; ele se sintoniza com sua inspiração, senta debaixo duma árvore, escuta o vento, respira a sombra fresca, e dá-se conta que os elementos pra enriquecer suas páginas estão onde sempre estiveram: à sua volta, esperando para serem tomados como sementes para os futuros frutos.

   Nós bardos escrevemos como se o material fosse um diário público, permeamos o texto com nossas emoções, tristezas e alegrias, e o público-alvo muito frequentemente vira nosso cúmplice, identificando-se com essa linguagem infelizmente tão em decadência nessa geração cibernética: a leitura.

   E há quem pense que não temos vida social, mas não vivemos encasulados! Temos família, namoramos, choramos, vivemos. E faria sentido não termos tais coisas? Claro que não. Tendo experiências humanas, podemos energizar nossa criatividade, seja pra criar um drama baseado em fatos reais, seja pra criar uma fábula anos-luz distante da realidade.

   Certa vez eu li algo assim: “o escritor jamais pode ser feliz, porque ele vive a vida de seus personagens”. Bom, se isso é verdade, é um preço que eu estou disposto a pagar nem que seja à prestação!

   Só caras que amam ler e escrever, como eu e Virgil (tá, o Alessandro também ^^) sabem a urgência que essa raça tem de riscar o preto no branco, perpetuando estórias. O prazer que existe em deixar um legado por meio de nossas obras, de fazer alguém se emocionar com nossa narrativa, não tem preço! E receber elogios e críticas, como o staff aqui da RX recebe, é a maior recompensa que podemos ter de nossos leitores! E ser homem, e ser criativo… fazemos o que de melhor podemos com isso! Sem falar no charme que é um homem escritor perdido em seus devaneios, mordendo a ponta da caneta!

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