Tristeza por perdas em XWP…

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                                                          Por Robson Cardoso dos Santos

 

 

Dedico este texto àquele que não desejo perder

 

“O silêncio da morte é enorme. O do meu coração, maior ainda.”
Marcus, em O Terceiro Travesseiro.

A perda foi um dos assuntos mais dolorosos que a série retratou. Parecia que os roteiristas adoravam deixar os xenites agoniados, semana após semana. Não raramente, Xena e Gabrielle sofriam uma separação brusca, alguém as deixava, ou perdiam uma perspectiva de vida. E éramos nós da Nação Xenite que ficávamos com as unhas no sabugo  de tanta aflição.

 

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Em geral, associamos o sentimento de perda à morte. Mas as perdas nem sempre são gigantescos carvalhos como a morte, nem sempre. Na maioria das vezes, elas chegam como ervas rasteirinhas. E é tão mais difícil seguir uma estrada forrada de ervas daninhas pinicando na sola do nosso pé do que simplesmente desviar de um carvalho em nosso caminho. Crescemos com a ideia pré-concebida de que algum dia teremos de enterrar nossos pais, pois a velhice os carregará para fora do invólucro que nossos avós deram a eles. Nossos pais, esses seres vitais sem os quais não teríamos desembarcado nesse mundo. Um grande carvalho do qual precisaremos desviar, pois sim, ele aparecerá em nossa jornada. E aí? Como seguir com a nossa vida, se uma pessoa amada deixou de viver? A dor estará lá

A chave é não se preocupar com o que você sentirá então, e sim com o que pode deixar de estar sentindo aqui e agora. Abrace os seus velhos, ria com eles, demonstre interesse pela vida deles, pelo passado deles. Nós filhos somos o maior presente que eles já tiveram e jamais terão.

 

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O laço de sangue, o mais forte que cultivamos desde nosso nascimento, às vezes pode se rasgar. Xena cresceu sem a presença do pai, teve a mãe e os dois irmãos, e vivia tranquila nesse aspecto. Mesmo assim, ela sentiu que o choque de encontrar Atrius em The Ties That Bind poderia devolver à sua vida algo que ela nunca antes tivera. E quando Toris reaparece em sua vida emDeath Mask, ela fica revoltada com a atitude “fazer justiça com as próprias mãos” do mano mais velho. E ao rever Solan já meninão em Orphan of War, Xena fica comovida por nunca ter podido ser sua mãe… Esses contatos com a vida que a gente não teve podem doer mais do que um martelo nas pernas.

“Nós duas temos famílias onde nascemos. Mas às vezes as famílias mudam e nós temos que construir as nossas. Para mim, nossa amizade é mais forte do que qualquer laço de sangue”. (Xena)

 

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Gabrielle, quando abandonou Potédia para seguir sua Princesa Guerreira, perdeu a companhia dos pais e da irmã, perdeu a promessa de casamento com um homem que ela não amava. Mas estas perdas foram escolhas de Gabrielle: ela sabia que sentiria saudade ao deixar pra trás a vida rotineira de camponesa, mas, se tivesse permanecido lá, será que ela não teria perdido outra coisa ainda mais valiosa? Seu sonho de conhecer o mundo e fazer dele uma estória?

“Minha mãe sempre quis que eu me casasse e tivesse filhos. Eu disse a ela que eu sempre seria grata pelo modo que me criou, mas ela não podia esperar que eu 
pagasse isso com o meu futuro”. (Gabrielle)

 

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De perdas de amigos, sentimos a ausência de Lyceus, Lao Ma, Boreas, Marcos, Solan, Ephiny, Eli… Assim como Xena perdera Solan, e quase veio a perder Eve, Gabrielle teve de perder sua filha. Isso sem falar no que aconteceu durante e após os 25 anos de Xena e Gaby no gelo: Cyrene e os pais e o cunhado de Gabrielle haviam sido assassinados. Amarice morrera em batalha. Cleopatra é vítima de um atentado. Joxer cai morto por causa de Livia. 
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Pior ainda, é quando percebemos que esse alguém que a gente perdeu… é ninguém mais, ninguém menos, que… NÓS MESMOS. Gabrielle foi campeã de ter sua personalidade aditivada por alguma entidade maligna e, apesar de ela sempre ter sido capaz de retornar desses poços (com o perdão do trocadilho), ela sempre voltava diferente, marcada pelo que a experiência ruim efetivara nela.

 

E por que ela conseguia voltar? Ou melhor, por QUEM? Xena, é claro. Se tivermos chão pra pisar, por mais que voemos na perdição, a gente volta.

“É mais fácil acreditar em si mesmo depois que alguém mais acreditou em você 
primeiro.” (Gabrielle)

 

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Acidentes… Tragédias… A gente nunca pensa que vai acontecer conosco. São apenas coisas tristes às quais já nos tornamos indiferentes, acostumados a escutar nos noticiários de TV, onde pessoas mortas por violência e imprudência são divulgadas como se fossem meros números… e não vidas.

E estar diante de um corpo sem vida… e ser tomado por aquele desespero enérgico de socar o punho no peito do seu amor, trazê-lo de volta… porque só pode ser um engano, ele jamais te deixaria… Não, não… Volte! Injusto você partir e me deixar aqui…

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“Há dois tipos de lágrimas: as lágrimas para aqueles que se foram e as lágrimas para aqueles que nunca partiram. E não te direi adeus, Xena, porque voltaremos a ficar juntas algum dia.” (Gabrielle)

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Também estamos sujeitos a magoar àqueles que amamos… e a sermos magoados por eles. O motivo disso? Só nos magoa quem tem poder para tanto. Errar é humano, mas perdoar é divino. “Não existe o amor, apenas provas de amor.”, já diziam os Titãs. E muita s vezes, nesses atos, a gente pode se expressar mal, e precisar de alguém que nos ame pelo que somos.

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Outra coisa que dói feito ferro em brasa na pele é perceber um estranho no olhar daquele a quem tanto amamos, como Xena sentiu em Remember Nothing, ao ver Gabrielle ali, tão perto, mas perdida pelo resto daquela vida. E ainda por cima estava encantada por Lyceus… Perda definitiva, a menos que Xena derramasse umas gotinhas de sangue. Só assim, recuperar aquela sua Gabrielle risonha e sonhadora.
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Parece coisa de cinema, de ficção, mas será que na vida real, uma pessoa que ama muito a outra, não daria sua vida por ela? Dizem que não existe amor maior do que o de uma mãe por seu filho, e que apenas esse carinho materno torna a pessoa capaz de tudo. Mas em XWP fomos testemunhas de provas de que o amor de uma alma-gêmea pode fazê-la renunciar a si mesma em sacrifício pelo bem de outra… Será que a gente acha a série tão bonita porque hoje em dia não existem amores como esse de Xena e Gabrielle? Por que será que há muitos xenites solteiros e tristes? Porque impera neles aquela sensação de ausência, de vazio, de algo a buscar para ser completo. E esse algo não pode ser qualquer alguém, um mero corpo para sexo. É crime pensar assim? Estaremos nos anulando simplesmente por não nos entregarmos a um relacionamento “quebra-galho”? Vale a pena esperar pelo amor que se doa?

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E para aqueles que não gostam do Joxer, um recado básico: Xena e Gabrielle não viviam numa bolha. Elas estavam sujeitas a gostarem de outras pessoas além delas mesmas, e serem amadas por alguém como Joxer. O contraste magnífico do warrior wannabe e das “profissionais” do ramo, uma bela amizade. Quem foi mesmo que se arriscou em Roma para tirar os corpos de Xena e Gabrielle das cruzes? Quem foi que respondeu à Esperança que Xena era a pessoa que Gabrielle mais amava nesse mundo? Joxer amava elas, perdeu-as por tantas vezes… perdeu Gabrielle no final de Sacrifice II, no final de Ides of March, no aparente “sumiço” dela em Looking Death in the Eye, e sofreu 25 anos sem notícias de suas amadas amigas. É, Joxer entende de perdas…
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A vida é assim mesmo. Cheia de perdas, mas também de conquistas. O importante é não estar sozinho, com dor, gelo ou ódio, na hora de enfrentar esses momentos. Se você sente que encontrou um amor que valha a dedicação de uma vida… diga a ele! Pôxa, Eli morreu pela CAUSA!! AMOR!! Honremos a missão dele, sem sermos chatos como a Eve pregadora, pois garanto que aquele par de lindos olhos azuis de Eli iria ficar radiante se percebesse que existe um pouco mais de amor no mundo de hoje.

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E para finalizar, eu devo dizer que conheço alguém que me disse que uma perda dói… mas eu digo a ele que jamais poder ter alguém… isso pode doer ainda mais.

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