Deveríamos fazer o que Xena faz?
Por: Yannara
Por Yannara Marques
NT.: Essa proposta pode parecer “viajada”, mas hein, eu tirei de um livro “viajado”, sem contar que o Xenaverse está sempre aberto há novas viagens.
Há algum tempo tive contato com um curioso livro: Buffy, A caça-vampiros e a Filosofia – Medos e Calafrios em Sunnydale. A série de Joss Whedon é uma das poucas as quais eu defendo com sais e espada – ou seriam estacas e besta no caso? – tanto quanto XWP. De fato um capítulo do livro me chamou a atenção (Deveríamos fazer o que Buffy faz?) e inspirou esse artigo.
Quem quando criança (ou até crescido) já não quis ser um “super-herói”, salvar o mundo, viver em perigo, e dar uma boa surra nos malvadões? Ou quem já não se imaginou vivendo como Xena, Gabrielle e Joxer viviam? Ou melhor, quem em determinada situação não se perguntou “O que Xena faria”?
Acordar de manhã, tomar um café… opa, olha aquele War Lord atacando uma vila! Lutar, colocar War Lord na prisão, comer peixe no café da manhã, subir no cavalo e seguir viajando até a próxima parada ou próximo perigo. Esse é mais um “A Day in the Life” na vida da guerreira. Entretanto, esse intenso estilo de vida não poderia ser aplicado nos nossos tempos.
Para fazer o estilo “Justiceiro moderno” teríamos que ser como a “Xena, a vigilante” que a pobre Annie acreditava ser em Deja-vu All Over Again.Levar uma vida dupla: trabalho pela manhã, ver os amigos e sair pela noite para tentar pôr um pouco de ordem ao caos. Quem se habilita?
Mas, espera aí, antes que você já saia calçando suas botas…
A inevitável verdade: você não é Xena.
\
Xena merece ser vista como uma pessoa de caráter moralmente exemplar, cujo comportamento poderia nos servir de modelo. Ela mantém certos compromissos profundamente morais que a levam a um padrão contínuo de ações heróicas e bondosas.
Existem umas diferenças básicas entre um ato de heroísmo e um de bondade.
“Ações heróicas envolvem uma pessoa realizando algo digno de louvor numa situação em que ela deve superar um medo significativo (ou na qual as pessoas comuns provavelmente sentiriam tal medo). Ações bondosas envolvem alguém realizando uma ação moralmente digna de nota, numa situação em que deve sacrificar significativamente seus interesses pessoais ou agir de forma contrária às suas fortes inclinações naturais. Assim, uma pessoa que entra correndo num prédio em chamas para salvar uma criança realiza uma ação heróica, pois é moralmente digna de nota e ela tem de superar um medo significativo (ou potencial). Uma pessoa que faz uma grande doação à caridade em vez de comprar para si um novo casaco de inverno para substituir seu casaco velho e fino realiza uma ação bondosa. Ela não precisa superar um medo significativo para fazer isso, e seu bem-estar imediato não está em jogo (portanto, não é uma ação heróica), mas está sacrificando de forma significativa seus interesses pessoais de maneira nobre; portanto, sua ação se qualifica como bondosa.” (Buffy, A caça-vampiros e a Filosofia – Medos e Calafrios em Sunnydale, Cap. 11 – Deveríamos fazer o que Buffy faz?).
Xena, com suas muitas habilidades, faz facilmente atividades que exigiriam uma grande quantidade de coragem da nossa parte. Mas, só porque ela não teme tanto os desafios não significa que sua tarefa é fácil ou que não exige sacrifícios. Ela era heroína e bondosa.
Voltando ao estilo de vida dela, a Princesa Guerreira abre mão de algumas coisas para levar sua vida de combates. Já começa sacrificando uma vida mais tranqüila e feliz (?) que poderia passar em Amphípoles, ficar mais tempo com sua família, e se poria em menos risco. Ainda assim ela segue o caminho do guerreiro. Caminho do herói.
Quanto a Joxer, por sua vez não tão corajoso, se vê preso numa situação que não poderia sair facilmente – não dependendo de suas habilidades de guerreiro – e precisa de uma ajudinha. Afinal, ele não tem as muitas habilidades possuídas por Xena, seus compromissos são diferentes e modo de pensar são diferentes.
Imaginemos que Joxer se veja confrontado por um grupo de bárbaros, e se pergunte o que Xena faria. Ela provavelmente aproveitaria suas singulares habilidades e acabaria com os bad guys em dois tempos. Mas se imaginarmos Joxer sem essas habilidades, tentando fazer as mesmas coisas, creio que teríamos um Joxer morto. Xena daria um de seus saltos olímpicos para trás (acompanhados do grito clássico “La-la-la-la-la-la-la-lai”) e imobilizaria ou perfuraria o bandido com a espada; Joxer — tentando fazer a mesma coisa — acabaria caindo de costas, e com sorte não acertaria a si próprio.
Então Joxer não tem vocação para herói?
Joxer seria então um bondoso nato, sempre se dedicando a (ou tentando) ajudar os necessitados e proteger quem ama. E mesmo Joxer, atrapalhado, medroso, desengonçado, prova ser um verdadeiro herói em Eve e tem uma morte digna de tal.
Xena, apesar de todo seu passado sombrio, não deixa de ser um exemplo de virtude e heroísmo. A partir do momento em que se levantou contra seu exercito para salvar a criança emThe Gauntlet, cumpriu uma tarefa que naquele estado exigia demasiada coragem e deu início a uma jornada de arrependimento e busca por perdão. Ali foi seu primeiro grande ato heróico. Admitir seus erros passados e tentar mudar requer tanto heroísmo quando enfrentar o exército persa inteiro sozinha.
O ponto-chave é que não devemos, necessariamente, imitar as pessoas boas, e sim nos deixar guiar por elas. Cada um de nós é um indivíduo com diferentes habilidades, preferências, relacionamentos e assim por diante; a ação certa para Xena corresponde às habilidades, preferências, relacionamentos dela. Mas, mesmo assim, podemos nos perguntar o que Xena gostaria que fizéssemos, considerando nossos talentos e compromissos. Talvez a pergunta certa não seja “O que Xena faria?”, e sim “O que Xena faria se ela fosse eu?”.
Agora, se mesmo assim, você ainda quer montar no seu Argo e sair pelas noites a fora, já não tenho culpa…
Incrível! Hoje mesmo comprei esse livro, tava à procura da capa pra poder anexar num comentário no status do facebook e o Google me deu uma foto da Xena, claro que eu cliquei pra ver qual era e vim parar aqui… Eu sempre comparo as situações das mídias que curto com o cotidiano e o livro da Buffy é isso de maneira oficial, feita por alguém que tem poder pra isso. Além disso vai me adiantar bastante coisa, ainda não vi todos os episódios. Já prevejo que quando eu for assistir vou só ficar pensando alto “Caraca, pode crer! É isso mesmo! É que nem aquilo!”
E quem nunca quis ser um heroi não é mesmo? Quem nunca quis enfrentar os problema do dia-a-dia como os personagens quase perfeitos que vemos na TV. Xena e Buffy nos mostram que todos comentem erro e sempre devemos estar dispostos a consertá-los! 😀
E mais uma coisa: Parabéns pelo texto! Confesso que até me identifiquei ^^
Parabéns pelo texto. Fiquei impressionada com o final !!! Coerente do início ao fim e com aplicabilidade diária. Parabéns mesmo !!!
Milis de parabéns.