A vida docemente amarga

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A princípio fiquei meio sem entender algumas coisas. Sempre vendo episódios que mais gosto, perdi um pouco da noção da seqüência de acontecimentos. Acredito que todos nós em algum momento perdemos. E então recobrei algumas lembranças da terceira temporada, que reluto em assistir porque acho que se trata ser a escuridão que precede a luz (4ª temporada e o Caminho). E então entendi essas coisas, ou não.

A terceira temporada é digna! Tem Esperança sendo abandonada, tem Solan voltando e sendo assassinado, Esperança sendo morta pela mãe que quase engoliu veneno também, briga entre Xena e Gabrielle, Bitter Suíte, Gabby quase morrendo por flechada e meu Deus! Quase se perde o fôlego!

Então seguindo a sequencia, fui ver forget me not aonde Gabrielle ainda sente uma dor dilacerante. Tamanha é esta dor que ela deseja simplesmente esquecer tudo. Apagar de sua memória todos seus erros, Solan, Esperança, Lao Ma. Ela quer simplesmente ser um pote vazio.

E Gabrielle devia estar muito desesperada mesmo pra recorrer a uma Titanide, Mnemosine.

Penso que, antes de tudo, Mnemosine era também um pouco sádica. Não é possível que tenha sido coincidência aquela garota parecidíssima com a mulher que Gabrielle matou sair do templo bem na hora ela ia entrando. Até o penteado parecia. Embora Meridian seja mais bonita, em minha humilde opinião.

 

Gabrielle passa pelo rio dos tormentos e as lembranças vêm: Gabrielle matando pela primeira vez, o cavaleiro que Esperança bebê matou enforcado, Crassos morrendo por decisão dela.

Em seguida o rio do infortúnio que traz os grandes fracassos de Gabrielle, a começar por trair Xena e confiar no dragão verde (quem não se lembra do tapa na cara que Gabrielle dá em Xena?). Todos seus pecados, erros e faltas vindas como uma grande onda, mas em água parada.
Ares era uma personificação do que jamais queria ser. Má por natureza, por diversão, mas talvez acima de tudo, alguém que usa Xena e suas fraquezas. Mesmo a amando acima de qualquer coisa.

 

Vale a pena tanta dor em busca das respostas?

E perceberam como não importa qual lado você siga? Seja Gabrielle, seja uma Callisto, o peso do destino e de nossas escolhas tende a nos derrubar. Não adianta soberba, orgulho, não adianta olhar para o lado e fingir que nada acontece ou que amanhã será resolvido. Tanto Callisto no final da terceira temporada quanto Gabrielle nesse ponto da trama tinham exatamente o mesmo desejo. Ser um pote vazio, ser esquecida, ganhar o sumiço.

Curiosamente era o que Eli precisava que fosse atingido para chegar ao estado de amor que ele chegou. O equilíbrio por vezes é mais confuso que a queda.

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5 Responses to “A vida docemente amarga”

  1. Mára disse:

    O equilíbrio é mais confuso que a queda !!! Grande frase, destas de se gravar em pedra. UAUUU

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  2. Fabuloso texto, cheio de insights parecidos com os que eu sempre tive sobre a 3a temporada! Arrepiei com a moça descendo os degraus parecida com a Meridian!

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  3. Mary disse:

    Engraçado, também sempre reluto em re-assistir a season 3, por a considerar uma temporada muito pesada. Maternal Instincts, por exemplo, assisti apenas duas vezes, porque é angustiante demais.

    Mas enfim, uma ótima reflexão e bem verdadeira. O aprendizado que as respostas trazem é dolorido e ninguém escapa ao karma =/

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  4. A terceira temporada é a minha preferida! Mas concordo com o “peso” dela.
    Tem seus momentos perturbadores, de fato… Como em “The Bitter Suite” a Xena com todo aquele ódio pela Gabrielle, em “The Deliverer” Xena sendo capaz de matar um bebê, em “Instintos Maternos” Gabrielle matando a própria filha…
    Eu simpatizo com essa dor que a série passa, essa coisa de querer acabar com o sofrimento.
    Uma situação que eu estava me perguntando esses dias: Gabrielle teve seus momentos ruins a ponto de querer desistir da vida. “Instintos Maternos”, “Forget me Not” e “Sacrifício” são exemplos disso. E na quarta temporada ela volta totalmente disposta à Vida, porque preferiu, e conseguiu, recomeçar?
    Eu diria mais… Diria que quando Gabrielle “se matou” (e não morreu) pra salvar a vida de Xena ela se deu conta de muita coisa sobre sua vida e o valor dela, mesmo dando prioridade à vida de Xena.
    Ah! E gosto mais da Callisto suicida do que da Callisto vingativa 😉

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  5. Alê Chmiel disse:

    Essa mulher é mesmo muito parecida com a Meridian!!!! Que medo que me deu agora. Estranho ou não, FORGET ME NOT é um dos meus episódios favoritos. Talvez por eu entender bem a dor que XWP nos passa – estou humildemente exímio neste quesito depois de ver BUFFY, ANGEL, SIX FEET UNDER…
    Que belo texto! E que saudade que to de ti, Chapo! <3

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