A Princesa que vê a todos nós. De Avatar, uma Girl Power para não se esquecer.
Por: Alessandro
Por Alessandro Chmiel
GIRL POWER – n. 21
Dedicado a Grazielle Ruzzante, roommate e amiga letranda desde sempre! Por mais que vejamos o mundo de maneiras diferentes, a gente sempre consegue “se enxergar”. NÉ?!!
Obs.: Sem spoilers relevantes do filme Avatar [2009]. É ler pra ver!
Verão covarde assolando nosso Brasilzinho, clima propício para ar condicionado, e nada melhor para refrescar o corpo e a mente do que uma sala de cinema. Horas em frente à tela grande e uma bela história para se ver. Mas nem todo filme dessa estação garante momentos prazerosos, não é mesmo Sr. Sherlock Holmes que nunca foi nem nunca vai ser o famoso detetive? Após Bastardos Inglórios, um tesouro das mãos de Tarantino, minha grande surpresa em 2009 foi o brilhante Avatar, do já conhecido diretor James Cameron, que também dirigiu anteriormente o maior sucesso de bilheteria do mundo até então, Titanic [1997]. Claro que você já viu. Não?! Então veja o que está perdendo, afinal, esse também fará seu coração ir além.
Nessa esplendorosa aventura digital surge nossa Girl Power, mais uma princesa guerreira desfilando por aqui. Seu nome é Neytiri, princesa dos Omaticaya. Ela tem origem em Pandora – não a caixa de 01×04 – Cradle of Hope –, um mundo de maravilhas explorado pelos humanos nesse novo épico da ficção científica. Retratando a “realidade” do ano de 2154, Avatar conta a história de um soldado humano, Jake Sully (Sam Worthington [33]) explorando esse planeta (que na verdade se trata de uma lua com características terrenas) parcialmente conhecido pela humanidade. Interessada nas riquezas naturais de Pandora, uma imensa força de elite é enviada na missão de estudar esse mundo novo. Um dos principais trunfos dos humanos é a tecnologia de se criarem avatares, ou seja, personificando seres humanos em Na’vis, os seres azulados habitantes naturais de Pandora. É quase como em 05×08 – Little Problems, quando a mente da barriguda Xena controla o corpo da garota Daphne – exceto que com uma considerável dose de tecnologia e sem dedos maliciosos de Afrodite. É através de um avatar que Jake Sully inicia sua fantástica jornada, guiado pela primariamente selvagem Neytiri (Zoe Saldana, 31).
Filha do líder dos Omaticaya, o clã central do longa-metragem, Neytiri é fortemente ligada à espiritualidade de seu povo e sua terra, e acreditando em um “algo a mais” na persona do agora “Jakesully”, atua como sua guia e mentora ao longo da história, criando grossos laços afetivos com ele. O que ela tem para ensinar? Muito. O foco principal nesse processo de ensinamento é a compreensão da natureza como um bem sagrado, e o modo como os Na’vi conectam-se a ela e, assim, se fortalecem e vivem em uma comunhão mística linda de se ver. E nenhuma professora poderia ser melhor do que Neytiri, uma Na’vi que respeita as leis do lugar onde vive e aprende a lidar com tudo que uma guerreira precisa, ainda mais no momento crítico quando os terráqueos resolvem reclamar o que não é deles.
Cansado dessa ladainha de laços encantados com a natureza e espiritualidade? Pois saiba, para sua satisfação, que Neytiri mete porrada ensandecida sabe brigar quando preciso! A GP é dura na queda: ela sabe cavalgar e voar nos animaispra lá de exóticos de Pandora; tem mira precisa com seu grande arco e flechas que, ao atingirem um humano, o matam rapidamente; agilidade acima do normal, até mesmo para uma Na’vi; possui um nível de ferocidade que lembra muito a nossa Princesa Guerreira no momento da batalha, entre tantos outros traços de sua personalidade. No fundo, Neytiri é um tanto de Xena e outro tanto de Gabrielle.
Neytiri representa, no filme, através de todo o seu comportamento e crenças na justiça e equilíbrio, todas aquelas pessoas que assistem às atrocidades alheias e tentam de alguma forma contornar o caótico e o que não faz sentido para a vida. É de uma pureza tocante e sensibilizadora. Uma curiosidade dos Na’vi é o modo como eles se cumprimentam, dizendo “I see you” (“Eu vejo você”), gesticulando da fronte em direção ao outro, numa singela demonstração de respeito e compreensãodo próximo – algo que os humanos poderiam adotar, não é mesmo? Melhor do que um “Oi, tudo bom?” desinteressado. Nas minhas palavras pode soar absurdo, mas assistindo Avatar se compreende melhor essa magnanimidade.
Nas palavras de Zoe Saldana, “ela [Neytiri] está dividida entre fazer o que se espera dela e seguir seu coração”; desse modo, Neytiri é similar a Gabrielle nessa complicada bifurcação, onde a escolha de ambas define o destino de todo o resto. Sim, Destino. Nada mais Xenite que isso (passa na Bitch Power desse mês: essa palavrinha que nos persegue dá o ar da sua graça por lá também).
Por falar em Zoe, a atriz norte-americana passou por longas horas de treinamento, que incluíram artes de luta e maneiras de mover-se como uma Na’vi, e precisou adaptar-se às roupas para captação de movimentos, que eram registrados e em seguida artisticamente “plantados” em computação gráfica.
Espero que tenham gostado dessa bela e curiosa guerreira, e aos que não assistiram o filme, que marquem uma sessão-cineminha. O filme é uma revolução na história do cinema, tanto em recordes de bilheteria quanto no quesito de fazer a sétima arte acontecer. É tudo muito bonito, e a visualização em 3D se torna um mero detalhe adicional nessa história tão belamente contada.
Na GP do mês que vem, em conjunto com a BP, a principal heroína da saga Sword of Truth (A Espada da Verdade), saga de Terry Goodkind, também vista na série Legend of the Seeker, comandando por aqui. Eu já vou confessando: adoro ela demaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais!!!
Vejo vocês em março. Votos e comentários são sempre bem-vindos. Abraços e beixenites!