SOU XENITE SIM!E COM MUITO ORGULHO!
Por: Colaboradores
Por Girrezi Duarte Ribas
Chega! Não agüento mais ser motivo de riso e piadinhas por ser xenite. Cansei de ouvir: “ai, tu gosta de Xena? ECAA, que coisa mais tosca!”, ou então “cresce, guria.”. Isso é uma coisa que me estressa demais, não somente pelo fato de criticarem XWP, mas pelo fato de não respeitarem minha individualidade. Cada um é um e acabou!
Aliado a isso, o fato de os leigos associarem Xena à homossexualidade é inegável. Pelo menos comigo aconteceu diversas vezes. Independente de ser subber, shipper ou bitexter, quando gostamos de algo, gostamos porque nos chama atenção ou tem algo que nos prende ou com que nos identificamos. E com certeza todos os xenites, antes de acreditarmos no romance da protagonista com A, B ou C, aprendemos a gostar da série. E quando ouço comentários fora do xenaverse, quase sempre são maldosos ou pejorativos justamente pelo motivo relacionado à sexualidade da protagonista. Falam sem ter ciência da realidade.
Mas no dia-a-dia é assim também: faculdade, trabalho, rua, shopping… Sinto que sempre estou sendo observada e criticada, acredito que muita gente se sente assim. Qualquer que seja minha atitude, sei que vão comentar e, às vezes “cravar a espada”.
Saindo um pouco do âmbito xenite, eu já deveria estar acostumada. O mundo é assim. Mas isso me revolta muito. Sempre há um juiz, para tudo; as pessoas têm o costume de exaltar defeitos e atitudes equivocadas dos outros, esquecendo-se que somos humanos e passíveis de cometer erros. Quase sempre erramos tentando acertar, contudo são poucos que enxergam isso. É mais fácil jogar ao vento hipóteses sobre os outros.
Porque diabos as pessoas se preocupam tanto com o corpo alheio? Um só, seu próprio, já bastaria para tomar-lhe uma vida toda de cuidados especial e integralmente voltados para si. Mas não… As pessoas insistem em emitir opiniões e fazer intervenções hipotéticas nos corpos dos outros, com milhares de objetivos banais e justificativas sem fundamento. E o pior: quem o faz certamente esquece de zelar pela sua própria vestimenta carnal, deixando-a às moscas e fazendo com que cheirem pior do que julgam feder a do próximo. Se este indivíduo que se denomina juiz de seus semelhantes terráqueos aponta as feridas alheias, é certo que não percebe as chagas, muitas vezes mais horrendas, que cobrem seu próprio corpo e nem se incomoda mais com a dor que lhe causam desde que ainda tenha voz para gritar ao mundo como é tenebroso o corpo dos outros.
Por que se preocupar tanto com o vizinho que chega tarde, aonde ele foi e o que fez? Ou com a jovem que só se veste de preto, usa piercings e é tatuada? Ou com o garoto que é bailarino? Ou com a jovem que é a melhor no futebol? As pessoas esquecem que enquanto põe defeito nos gostos e valores alheios podem estar sofrendo críticas ainda mais severas a respeito do estilo de vida que optaram levar e crêem ser o correto, e se descobrem, ficam extremamente chateadas e se acham injustiçadas. Que contradição, não é mesmo? Será que para elas existe a lei de “dois pesos, duas medidas”?
Se a energia que nos criou, que chamo de Deus, mas há pessoas que a denominam de outras formas, quisesse que uns cuidassem dos corpos dos outros, certamente teria feito os seres grudados, para que tomassem conta mutuamente dos corpos. No entanto, essa não é a realidade: somos únicos, cada um com formas, meios e órgãos necessários para ser independentes e cada um cuidar de si. O que as pessoas fazem, ou com quem o fazem, entre quatro paredes não diz respeito a ninguém. E isso não implicará em alterações na vida em sociedade que essas pessoas levam.
Portanto, você que só presta atenção nas chagas alheias, dê mais atenção às suas próprias, que devem estar putrificando o ar ao seu redor e você nem está percebendo. De resto, deixe que Deus, que sabe o que fazer e é tão justo, cuide e vele por todos nós. Não se preocupe, Ele não deixa ninguém desamparado e toma conta das outras pessoas para que você não tenha essa difícil tarefa e possa se dedicar a você em tempo integral.