Acha que ser Bitchpower é difícil?

Por:

BITCH POWER – n. 15

Tente ser hilariamente odiosa, isso que é difícil!

Por Alessandro Chmiel

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Dedicado a Maryana Raposo, a mente vitaminada que deu origem à nossa RX. Amiga longínqua, mas constantemente perto do coração. Minha talentosa musa da guitarra, da voz e do violão. Meu maior orgulho Xenite, pois ela passou a assistir Xena quando eu pude dar aquele empurrãozinho, e isso nos uniu mais do que tudo; em retribuição ou não, foi a “Maryãããna” a primeira a falar de gLee para mim. XENA nos uniu, e nossa amizade consolidada vai ser pra sempre forte. Como Xena.

 

Obs.: apenas leia, tá bacaninha e sem spoiler pra não acabar com seu barato. Aumenta o som e curte!

 

Retorna em abril uma das séries de TV de maior sucesso na atualidade. Vencedora do Golden Globe na categoria de melhor série de comédia/musical, gLee veio para ficar. Com apenas 13 episódios lançados da primeira temporada, sua repercussão pelo mundo foi admirável para um programa que prometia ser uma cópia esculachada de High School Musical. Até mesmo a Rede Globo já garantiu o show em sua programação futura (ai meu ouvidos com dublagens abismais!). Os episódios inéditos da continuação da primeira temporada serão lançados a partir do dia 13 de abril, então anime-se!

            Para quem não sabe, gLee conta a história do coral de uma escola americana reerguendo-se após um período de inatividade. O professor de Espanhol, por sua vez, decide tomar as rédeas dessa empreitada, mas ele não contava com as figuras que se inscreveriam: uma menina metida a popular; um cadeirante; um Beyoncé-wannabe; uma gaga (não a Lady); um aluno gay; e um jogador de futebol americano que cai de paraquedas para equilibrar o novo time de artistas. O grande potencial de gLee é ser uma série que adota quase todas as etapas de um clichê bobinho e se transforma em uma história envolvente, emocionante, reflexiva e que lhe faz, em todo episódio, se arrepiar e cantarolar uma ou outra canção. Como todo bom seriado que se preze – e nós, Xenites, sabemos bem disso –, não podia deixar de faltar uma odiosa Bitch Power – hilariamente odiosa.

  

            A treinadora das líderes de torcida é o pesadelo não só da turma do “Novas Direções”, o nome do Clube Glee. Sue Sylvester é a treva de qualquer ambulante daquela escola – aluno, professor, direção, você decide. Sempre com argumentos e contra-argumentos na ponta da língua, Sue é uma gladiadora das palavras, das artimanhas primorosamente calculadas e das piadas de todos os sabores e cores. Afiada como só ela, Sue observa e comanda tudo de cima, não se rebaixando para absolutamente ninguém. Seu nome também contribui: Sylvester é o nome do gato Frajola, originalmente – coitado de quem cair nas garras desses dois gatunos. A grande razão de suas maldades provém de qualquer um que se interponha em seu caminho, neste caso, o Clube Glee, que apenas por existir faz com que Sue receba menos verba para suas líderes de torcida. Sue não economiza planos obscuros – e sempre recheados de humor, pois ela se diverte em suas “bitchices” – quando o assunto é vencer. Mas essa fera pode esconder suas feridas também.

  

            Aos primeiros episódios, o que se pode perceber da natureza da Senhorita Sylvester é que ela faz parte do time de pessoas que não aceita a derrota – jamais! Orgulhosa, carrega o rei (a rainha, o bobo e todo o resto do reino) na barriga e não paga imposto para largar suas alfinetas aos quatro ventos. Ela é impagável, e nos links no final do artigo, bem como em algumas das imagens aqui presentes, você pode conferir alguns dizeres dessa profetiza da balbúrdia. Dos poucos episódios liberados, nada do passado de Sue foi explorado para que possamos analisar os porquês de toda essa fúria que, aparentemente, é gratuita. Uma das cenas mais emocionantes da série até agora contou com ninguém menos que nossa BP, e deixou os fãs estarrecidos e com a certeza de que em suas veias não corre apenas veneno. Em geral, as frases de maior impacto que gLee (o grande L, para quem não sabe, é do termo loser – “perdedor” –) saem das profundezas pensantes da temida gatuna esportiva. Sue sabe emplacar pontos de vista sobre o mundo e sobre as pessoas de modos provocantes e maliciosos, porém dignos de reflexão, sim senhores. É a velha regra da verdade dolorida: choca, faz chacoalhar nossos pilares da ética, mas no fundo são percepções sinceras que, de um modo ou de outro, podem fazer a diferença na história humana. Sue, contudo, não se encaixaria no grupo dos “faça o que digo, não o que faço”; é apenas alguém que sabe das coisas, observa, “sente” (da maneira que ela quiser entender os sentimentos!), e joga sujo pra se manter no topo. Todo “gleek” fica com a pulga coçando na orelha indagando o que faz Sue ser… Sue.

  

            Sue não pode ser comparada aos personagens terrenos de XWP. Sua “alma-gêmea” é olimpiana, indubitavelmente. Afinal, tia Sylvester é uma deusa da guerra, e seria uma espécie de Atena se não gostasse tanto de mover as engrenagens do caos estudantil. Seu “jeitinho” de ser consegue externalizar para fora do âmbito educacional, mexendo com os princípios das pessoas que habitam nosso mundo competitivo. Quem agia assim em XWP, senão nosso deus da guerra Ares? Está tudo lá: imponência, prepotência, meticulosidade, garra, fogo nos olhos, sede de combate. O professor Will Schuester (Matthew Morrison, 31) precisa equilibrar-se entre o caminho de Eli e a inconsequência das Fúrias diante de tamanha rivalidade. Não são poucas as vezes em que nos deparamos com Schue prestes a socar o rosto marmóreo dessa guerreira ariana, mas nem em todos os universos as coisas se resolvem na porrada. Será que a música do Clube Glee vai salvá-lo?

            Falando em musicalidade, a majestosa atriz Jane Lynch (49) anseia por um quadro musical só seu na série: até agora, Sue apenas remexeu as cadeiras aqui e ali, sem soltar a voz. Penso: conto as horas por isso ou temo o tenor catastrófico (não em qualidade ruim, mas destruidor em potencialidade)? A única certeza: a mais do que conhecida Vogue da Madonna é toda sua, Sue – com peitos de cone e tudo! –, em um episódio exclusivo dedicado à musa pop. Jane Lynch (que é assumidamente homossexual e inclusive muito bem casada com uma psicóloga) confessa adorar interpretar tamanha vilã, e abre o jogo dizendo que não é facilmente surpreendida pelo que sua personagem diz, mas que Sue de fato fala coisas que a fazem prender a respiração. Jane encarna tão bem a personagem que concorreu ao Golden Globe, em 2009, de melhor atriz coadjuvante, mas infelizmente só levou o troféu junto com todo o elenco pela melhor série – uma grande conquista para quem conta com somente 13 episódios até agora.

  

            Se gostaram dessa deliciosa maldade da BP de abril, não deixem mesmo de acompanhar gLee que está prestes a retornar. Para os apaixonados por 03×12 – The Bitter Suite e 05×10 – Lyre, Lyre, Hearts on Fire, vocês cairão de amores por esse seriado que lhe leva a extremos de sensações. A gente conhece bem seriados que nos fazem rir e chorar no mesmo episódio, não é verdade? No mês de maio, nada mais cabível do que uma vilã… mamãe. A CIA demorou para descobrir de sua existência, mas será que você arrisca? É bom correr para assistir ALIAS da Girl Power n.09 Sydney Bristow, de preferência até a segunda temporada, e ficar por dentro desse mundo louco da BP mais dúbia que já vi. A todos uma Páscoa tão doce quanto a Sue. Acha que escrever um artigo pra RX é difícil? Tente acabar com uma frase de efeito e meramente engraçadinha, isso que é difícil!

 

Fontes:

Entrevista com Jane Lynch:  http://clubglee.wordpress.com/2009/09/16/glee-interview-jane-lynch/

Info do site oficial de gLee: http://gleewiki.fox.com/page/Sue+Sylvester

Frases bombásticas de Sue: http://yepideea.blogspot.com/2009/10/frases-de-sue-sylvester-no-glee.html

O que gLee reserva para os próximos episódios: http://revistatvseries.blogspot.com/2010/03/as-novidades-de-glee.html#links

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