Esses Ubers que povoam a mídia
Por: Mary Anne
Mary Anne M.W.
Olá galera xenite!
Depois de alguns meses sem escrever estou voltando com um assunto que condiz com o momento: Ubers.
Como vocês sabem, está ocorrendo a promoção ABRX – Academia de Bardos RX, onde a missão dos nossos bardos brasileiros é escrever uma fanfic UBER que concorrerá aos DVDs de Xena.
Mas até então, uma parcela limitada do fandom entendia o que realmente eram UBERS – aquelas duplas ou casais que tem como característica serem uma versão diferente de Xena e Gabrielle, seja como um descendente, uma reencarnação, ou apenas um personagem que as lembre fisicamente.
Uma coisa engraçada e interessante que acontece quando a gente é exposto ao conceito de UBER, é o fato de podermos entrar em contato com diferentes duplas ou casais dentro da mídia ou da literatura e fazer uma relação de o quanto eles poderiam muito bem ser uma reencarnação ou uma dupla de descendentes das nossas guerreiras favoritas.
E nesse artigo, é exatamente isso que vou fazer: Listar 3 casais e duplas que eu particularmente considero como “muito Xena e Gabrielle”. Coincidentemente os 3 listados “nasceram” em livros pra passar posteriormente para as telas…Então recomendo aos leitores que antes de verem a versão das telas, considerem também conhecer os livros.
Mas cuidem com spoilers!
Idgie Threadgood e Ruth Jamison – Tomates Verdes Fritos.
Cena do Filme de 1990.
Quem conversou comigo nos últimos meses sabe da minha não tão recente paixão por Tomates Verdes Fritos. Eu já havia tido contato com o filme ano passado, mas depois de ler o livro é simplesmente impossível não ver uma versão alternativa de Xena e Gabrielle ali.
Nessa visão, Idgie seria a uber Xena e Ruth a Uber Gabrielle. Para quem não conhece a história aí vai uma prévia: Imogene Threadgood, mais conhecida como Idgie sempre foi uma criança diferente das outras, uma menina que tinha um espírito selvagem, de sede de liberdade. O único que conseguia lidar bem com isso era seu irmão Buddy, mas tragicamente os dias de Buddy são abreviados, o que faz a cabeça de Idgie virar – COF, não vão me dizer que vocês não notaram nada de familiar aqui -.
Idgie se torna uma pessoa fria, e melancólica, que procura se afastar dos demais familiares e amigos, e num desespero de fazer a filha voltar a ser o que era, a mãe de Idgie pede a ajuda de Ruth, uma doce menina filha de pastor que veio passar o verão em Whistle Stop catequizando crianças junto do reverendo Scroggins.
Ruth com seu misto de teimosia e doçura, começa a quebrar a parede de gelo que a burrenta Idgie construiu em volta de si mesma. – COF ², vocês já viram isso antes, não?.
Ali nasce então uma amizade e amor sem precedentes na vida de ambas, mas nem tudo são flores, porque as meninas da década de 20 tinham de casar e constituir família. E é aí que entra um Pérdicas da vida, conhecido como Frank Bennet, que trás alguns momentos de angústia para Idgie.
Não farei maiores revelações sobre o que ocorre, mas a paixão de Idgie pelos seus ideais é admirável e o bom coração dessecasal par disposto a ajudar qualquer um que precisem de seu auxilio é algo que lembra muito Xena e Gabrielle.
Outro ponto marcante são os sentimentos extremos de amor/amizade, proteção e lealdade que uma demonstra pela outra e embora esse romance tenha ficado no subtexto enquanto adaptação fílmica, no livro ele é trazido a tona de uma maneira tão natural, simples e delicada que o leitor, independente de suas “preferências subbers ou shippers na vida”, não vê como uma história que tem a homossexualidade como tema, mas sim uma história que tem o amor e a amizade como tema.
Robert Jordan e Maria – Por quem os sinos dobram.
Cena do filme de 1943.
Podem me chamar de nerd leitora de Ernest Hemingway. Mas quando li Por quem os sinos dobram me senti acompanhando a história de reencarnações de Xena e Gabrielle jogadas num episódio do estilo The Price, A Good Day ou To Helicon and Back. De Hemingway pode se esperar GUERRA, e é guerra que ele nos dá. Mas no meio dessa guerra tem duas pessoas que se encontram e, como se já se conhecessem previamente, se apaixonam, passando a serem o apoio um do outro.
Robert Jordan, ou Roberto como é chamado pelos espanhóis é um soldado Americano frio, estrategista e fechado, que no meio da Guerra Civil Espanhola recebe a tarefa de explodir uma ponte, pouco antes dos republicanos lançarem um ataque aéreo ao local. Lá conhece um grupo de guerrilheiros que se tornam seus aliados. Entre eles está Maria, ma moça que tinha sido capturada pelos soldados e violentada, mas conseguiu fugir para então se juntar ao resto do grupo. Ela e Roberto acabam se apaixonando, e Maria representa uma importante parte nas decisões e escolhas difíceis tomadas pelo mesmo.
Como é uma história de guerra, Por Quem os Sinos Dobram está cheio de escolhas difíceis, sacrifícios, mas também uma história de renúncia em prol do “Bem Maior”.
Alguns críticos podem dizer que Hemingway era um típico “machão” que escrevia sobre temas masculinos como guerra, bebida, mulheres e toradas, mas quem ler essa obra perceberá o quanto se sensibilidade esse escritor atormentado depositou na história.
“Mas eu vou contigo. Enquanto um de nós existir estaremos os dois juntos. Estás a perceber?”
“Não há despedida, guapa, porque não estamos separados.”
Richard Cypher e Kahlan Amnell– Legend of the Seeker.
Cena da série “Legend of the Seeker”, de 2008.
Lá vem a Mary falar de Richard e Kahlan de novo, vocês devem estar pensando. SIM, venho eu falar sobre eles, porque deixá-los de fora dessa seleção seria um sacrilégio, uma blasfêmia, um atentado ao gênero da fantasia. Tem um monte de meninas por aí que estão se dizendo “Gay For Kahlan”, mas eu, nesse momento, estou me dizendo “Shipper por Richard e Kahlan”, ou, como a nomenclatura do fandom Seeker traz, Conseeker, Richlan e derivados.
É difícil definir entre os dois quem seria Uber Xena e quem seria Uber Gab porque quando a gente acha a resposta, percebe que ambos são uma espécie de fusão de ambas, mas eu ainda penso que Richard, sendo um simples guia da floresta que não fazia idéia dos perigos do mundo tem uma tendência maior a ser Uber Gab, enquanto Kahlan, que foi treinada desde nova para lutar, entre outras responsabilidades, e é a responsável por tirar o inocente Richard do seu ambiente seguro e levá-lo para explorar o mundo dando porrada nos bandidos, está mais para Uber Xena. Mas não se pode ignorar quem em determinados momentos da história Richard tem comportamentos bem típicos de Xena, e Kahlan tem comportamentos típicos de Gabrielle.
Porém, nenhuma relação, seja de amor, seja de amizade é feita somente de alegrias. Sempre existem conflitos, decisões difíceis, crises, sacrifícios e elementos surpresa que povoam essas histórias e com Richard e Kahlan não é diferente. Talvez uma das frases que mais define esse casal como um Uber em potencial, é aquela proferida por Mistress Denna em determinada parte da obra – enquanto livro – “Conhecer Richard, é conhecer Kahlan”…Assim como conhecer Idgie é conhecer Ruth, conhecer Robert é conhecer Maria e por fim, conhecer Xena é conhecer Gabrielle.
Fico por aqui, e convido vocês leitores a falar sobre casais, duplas, pares que vocês consideram Ubers em potencial. Soltem o verbo.